terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Folha de São Paulo: Arnaldo Niskier e Ruy Castro recordam Cony

A MEMÓRIA DE CONY


por Arnaldo Niskier (para a Folha de São Paulo, 12/01/2018)


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CONY AO PIANO


por Ruy Castro (para a Folha de São Paulo,20/01/2018)

Poucos sabem, mas, em matéria de música, Carlos Heitor Cony gostava mesmo era de ópera. Em música popular, no entanto, tinha dois amores – dois compositores dos anos 1930. Um, brasileiro, Ary Barroso (1903-1964), de quem ficou amigo e com quem conversou muitas vezes. Outro, americano, não era Cole Porter, nem George Gershwin, mas o hoje quase esquecido Nacio Herb Brown (1896-1964).

Brown é o autor das canções ouvidas no filme “Cantando na Chuva” (1952), de Gene Kelly e Stanley Donen. Seu parceiro nelas é o letrista Arthur Freed, produtor do filme e mandachuva dos musicais da Metro durante décadas. Freed era tão poderoso que Kelly, Fred Astaire, Judy Garland e o próprio Vincente Minnelli eram seus subordinados no estúdio. E sua ideia para “Cantando na Chuva” era a de usar as canções que ele e Brown tinham feito no passado, para gloriosos musicais em preto e branco, e costurar uma história ao redor delas.

Entre outras, essas canções eram “All I Do is Dream of You”, “You Were Meant for Me”, “Should I?”, “You Are my Lucky Star”, “Beautiful Girl”, as espetaculares “Broadway Melody” e “Broadway Rhythm”, e a canção-título, “Singin’ in the Rain”. Cony gostava delas desde que as conhecera naqueles mesmos filmes, que vira em criança nos anos 1930.

Corta para o futuro. Por algum tempo, há anos, tive em casa um piano -para as visitas, claro, porque não toco nem “O Bife”. Um dos poucos que se sentaram ao seu teclado foi Cony. E o que ele iria tocar? Sugeri-lhe “Paradise”, “Temptation”, “You Stepped Out of a Dream”, todas de Brown.

Mas Cony preferiu “Alone”, que Allan Jones cantava para Kitty Carlisle em “Uma Noite na Ópera” (1935), dos Irmãos Marx. E, assim, por alguns minutos em pleno século 21, Nacio Herb Brown reviveu no Leblon. 


O listão dos nomeados para o Oscar 2018 e os candidatos ao Framboesa de Ouro de piores do ano

OS FINALISTAS DO OSCAR 2018

(Veja os nomeados para as principais categorias. A cerimônia de premiação acontecerá no dia 4 de março)

Melhor filme 
Me chame pelo seu nome
Dunkirk
O destino de uma nação
Corra!
The Post
Lady Bird: É hora de voar
A forma da água
Trama fantasma
Três anúncios para um crime

Melhor diretor
Guillermo del Toro - A Forma da Água
Christopher Nolan - Dunkirk
Paul Thomas Anderson - Trama Fantasma
Greta Gerwig - Lady Bird: É Hora de Voar
Jordan Peele - Corra!

Melhor atriz
Sally Hawkins - A Forma da Água
Frances McDormand - Três Anúncios Para um Crime
Meryl Streep - The Post:A Guerra Secreta
Margot Robbie - Eu, Tonya
Saoirse Ronan - Lady Bird: É Hora de Voar

Melhor ator 
Timothée Chalamet - Me chame pelo seu Nome
Daniel Kaluuya - Corra!
Gary Oldman - O Destino de Uma Nação
Denzel Washington - Roman J. Israel, Esq.
Daniel Day-Lewis - Trama Fantasma

Melhor roteiro original 
Doentes de amor
Corra!
Lady Bird
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor roteiro adaptado
Me chame pelo seu nome
O artista do desastre
Logan
Molly's Game
Mudbound: Lágrimas sobre o Mississippi

Fotografia
Dunkirk
A forma da água
Blade runner 2049
O destino de uma nação
Mudbound

Melhor Edição de som
Baby driver
Blade runner 2049
A forma da água
Star wars: Os últimos jedi
Dunkirk

Melhor Atriz coadjuvante
Mary J. Blige - Mudbound
Leslie Manville - Trama Fantasma
Alison Janney - Eu, Tonya
Laurie Metcalf - Lady Bird: É Hora de Voar
Octavia Spencer - A Forma da Água

Melhor Ator Coadjuvante
Willem Dafoe - Projeto Flórida
Richard Jenkins - A Forma da Água
Christopher Plummer - Todo o Dinheiro do Mundo
Sam Rockwell - Três Anúncios Para um Crime
Woody Harrelson - Três Anúncios Para um Crime

Melhor filme em língua estrangeira: 
Uma mulher fantástica
The Insult
Loveless
Body and Soul
The Square

Melhores efeitos visuais
Blade Runner 2049 (Leia crítica aqui)
Guardiões da Galáxia Vol.2
Kong - A Ilha da Caveira
Star Wars - Os Últimos Jedi
Planeta dos Macacos

Melhor montagem 
Em ritmo de fuga
Dunkirk
I, Tonya
A Forma da Água
Três Anúncios Para um Crime

Melhor trilha sonora 
Dunkirk
Trama Fantasma
A Forma da Água
Star Wars - Os últimos jedi (Leia crítica aqui)
Três Anúncios Para um Crime


Os Piores Filmes do Ano - Os Prêmios Razzies (Golden Raspberry Awards - Framboesa de Ouro) serão 
entregues na véspera do Oscar.

Pior Filme
Baywatch: Marés Vivas
Emoji: O Filme
As Cinquenta Sombras Mais Negras
A Múmia
Transformers: O Último Cavaleiro

Pior Atriz
Katherine Heigl (Unforgettable)
Jennifer Lawrence (Mãe!)
Dakota Johnson (As Cinquenta Sombras Mais Negras)
Tyler Perry (Tyler Perry's Boo 2! A Madea Halloween)
Emma Watson (O Círculo)

Pior ator
Tom Cruise (A Múmia)
Johnny Depp (Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias)
Jamie Dornan (As Cinquenta Sombras Mais Negras)
Zac Efron (Baywatch: Marés Vivas)
Mark Wahlberg (Transformers: O Último Cavaleiro e Pai Há Só Um… Ou Dois)

Pior ator coadjuvante
Javier Bardem (Mãe! e Piratas das Caraíbas: Homens Mortos Não Contam Histórias)
Russel Crowe (A Múmia)
Josh Duhamel (Transformers: O Último Cavaleiro)
Mel Gibson (Pai Há Só Um… Ou Dois)
Anthony Hopkins (Collide – A Alta Velocidade e Transformers: O Último Cavaleiro)

Pior atriz coadjuvante
Kim Basinger (As Cinquenta Sombras Mais Negras)
Sofia Boutella (A Múmia)
Laura Haddock (Transformers: O Último Cavaleiro)
Susan Sarandon (Mães à Solta 2)
Goldie Hawn (Olha Que Duas)

Pior diretor
Michael Bay (Transformers: O Último Cavaleiro)
Darren Aronofsky (Mãe!)
James Foley (As Cinquenta Sombras Mais Negras)
Alex Kurtzman (A Múmia)
Anthony Leonidis (Emoji: O Filme)



Os "influencers" e a prática do jabaculê digital...

por Pedro Juan Bettencourt

Como subproduto das redes sociais surgiu o jabaculê digital. Trata-se da prática dos influenciadores da internet, aqueles que acumulam muitos seguidores, de promover produtos em meio à interação com os seus públicos. Muitos recebem cachês em dinheiro e outros pedem presentes às marcas e grifes em troca de um elogio. E há denúncias sobre influencers que insinuam falar mal do produto caos este não lhe dê algum "benefício". A tática não é nova. Assis Chateaubriand. como conta o livro Chatô, de Fernando Morais, pedia dinheiro a empresários e políticos e, se alguém negasse, veria a vingança estampada nas páginas da sua poderosa rede de jornais.

O hotel White Moose, em Dublin, na Irlanda, talvez cansado de ser assediado por jabaculeiras resolveu resolveu encarar a influenciadora britânica Elle Darby. Com 91 mil seguidores no You Tube e 80 mil no Instagram, ela pediu a Paul Stenson, dono do hotel, hospedagem gratuita em troca de falar bem do White Moose. Stenson negou o jabá, tornou pública a proposta e proibiu a entrada de influenciadores no local. Ele foi criticado pelos fãs de Darby, mas recebeu apoio de empresários que não aguentam mais o assédio dos influencers e, principalmente, não confiam nesse tipo de publicidade, já que muitos sites oferecem venda de seguidores-robôs e fazem bombar contas artificialmente. 

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

É guerrilha! Agência de publicidade oferece "cartazes de combate" para ilustrar manifestações contra o assédio sexual




Uma agência de publicidade de Nova York, a Barker, com uma equipe onde 70% são mulheres, criou uma série de cartazes que podem ser baixados gratuitamente. A ideia é facilitar a difusão de mensagens femininas contra o assédio sexual. Os cartazes podem ser impressos ou gravados em camisetas para ilustrar as várias marchas de mulheres que ocupam as ruas das cidades americanas. Há opções para as militantes mais radicais e para as mais cordiais. Veja mais no site Creativity AQUI

O mundo bizarro do presidente com filtro

por O.V.Pochê

Temer é oficialmente um presidente com filtro. A prova está aí ao lado.

Moreira Franco, em dupla com um marqueteiro apropriadamente chamado de Elsinho Mouco, se encarrega de lavar a jato o noticiário eliminando as críticas ao ilegítimo. Só passa notícia boa. Um mundo filtrado por Moreira Franco só pode ser bizarro

Tá explicado porque Temer pensa que está agradando e toda noite ao voltar do 'serviço' conta em casa que foi informado pelo Mouco que os críticos são surdos e a voz do povo está levantando a sua bola.

Temer só toma conhecimento do que é cor de rosa choque. Vazou que seu livro de cabeceira é Poliana, de Eleanor H. Porter, e o "jogo do contente" é a diversão do Jaburu.



A coluna de Lauro Jardim, ontem, e a Folha, hoje, comentam a nova política de comunicação do Planalto. Deduz-se que Temer parou de ler jornais e revistas. Quase parou, ainda deve acompanhar o folhetim prisional dos parças Geddel e Cunha. Na verdade, para saber se eles deduraram alguma coisa e já ir separando muda de roupa e  escova de dentes.

Fora isso, recebe os "relatórios" do Moreira e do Mouco. Eles tentam aliviar. A Folha e o colunista não contam, mas vazou no barbará do Planalto que se um jornal publica que a febre amarela é uma ameaça, os filtradores minimizam, dizem que o amarelo pálido será a cor preferida dos brasileiros na folia. Amarelo é a febre do Carnaval? Temer fica feliz por saber que o povo está se divertindo. Se a mídia destaca que o presidente vai responder a um questionário sobre supostas falcatruas no Porto de Santos. Moreira e Mouco relevam, "relaxa, é apenas um formulário para concorrer a um cruzeiro no Caribe". Temer ri e comemora antecipadamente: "ganhá-lo-ei".


Não é fácil a vida dos assessores. A nova estratégia de comunicação do Planalto é a 203ª a ser posta em prática em quase dois anos. A mídia bem que tenta ajudar. Os colunistas de economia se esforçam para mostrar ao povo que o Brasil é o mais novo "Barcelona" do desenvolvimento. A Veja fez até uma capa oferecendo um caminho vencedor para a conquista da popularidade. Deu em nada. Um grupo de jornalistas encenou uma coletiva para Temer brilhar. O homem foi exaltado até como bonito e conquistador. Virou mico. Armaram uma viagem de Temer à Noruega, como "estadista". Quase deu certo. O problema é que ele pensou o tempo todo que estava na Suécia. Quis até conhecer o estádio onde o Brasil foi campeão em 1958.

Os noruegueses não gostaram e o embarcaram de volta para o seu mundo bizarro. 

Esse mesmo, bem aqui onde moramos.


A política do filtro tem falhas. Só dará certo se Temer nunca mais sair do palácio. No último domingo, sem o Mouco para quebrar o galho e com Rodrigo Maia, genro de Moreira, ao lado, ele caminhou do Jaburu ao Alvorada. Riu quando foi chamado de "golpista", deve ter entendido "estadista", "ladrão", que ouviu "lindão" e foi xingado de "bandido, que soou aos seus ouvidos como "querido".

E foi em frente, feliz da vida.

Veja o vídeo AQUI 

domingo, 21 de janeiro de 2018

Não dê mole: em ano de eleição, alguns staffs de políticos podem tentar roubar seus dados e agenda de celular. Eles são bons nisso...

por Pedro Juan Bettencourt 

Ao mesmo tempo em que amplia a circulação de informações muito além dos compromissos e interesses da mídia conservadora, as redes sociais carregam fake news.

Há várias iniciativas institucionais ou de aplicativos para tentar controlar esse fenômeno. A verdade é que nenhuma país chegou a consolidar regras que evitem as notícias falsas sem interferir na liberdade de expressão que é essencial à internet. É um debate em movimento.

As fake news são apenas parte do problema. A medida em que a campanha eleitoral começa a esquentar no Brasil, núcleos de mídia social de alguns presidenciáveis ensaiam suas estratégias digitais.

E, acredite, o jogo nem sempre será limpo e o seu smartphone, que carrega agendas ou dá acesso a grupos, poderá ser um alvo preferencial para multiplicar mensagens. Informe-se. Bons sites de tecnologia ensinam aos usuários como se proteger.

Leia 5 dicas: 

1 - Cuidado com os apps gratuitos baixados fora de serviços confiáveis como o Google Play e AppStores. Durante a polêmica e recente campanha presidencial nos Estados Unidos, eles abriram a porta para roubo de dados, agendas, localização, levantamento de perfis, gostos, posições políticas etc. Links falsos também podem dar acesso aos seus dados. De posse dos contatos do seu círculo social, robôs, algoritmos e hackers eleitorais entram em ação e passam a enviar informações, notícias e avaliações positivas dos candidato. É possível também que você passe a ser convidado a participar de pesquisas de opinião. Não duvide: os "cabos eleitorais" digitais vão encher o seu saco. É melhor você se manter informado, checar notícias e analisar os movimentos dos candidatos através da mídia tradicional - se concorda com as posições dela  - ou dos portais profissionais alternativos de esquerda. De qualquer forma, use o máximo de fontes, procure saber o "outro lado" , evite o "pensamento único". Fuja das "correntes", das contas de Facebook, do email, do Twitter e dos invasores de WhatsApp que espalham boatos sem citar fontes confiáveis ou atribuindo origem falsa a falsas notícias. Se você compartilha notícia falsa, passa a ser também responsável pela disseminação de mentiras.

2 - Vale a pena ter um programa de proteção contra mensagens indesejadas. O SMS Filter, por exemplo, bloqueia spams em mensagem de texto. E o SMS será muito usado na próxima campanha.
O sistema Android tem um app, o Blacklist, onde você escolhe o que é spam e bloqueia o mau elemento. As companhias telefônicas são obrigadas a cancelar recebimento de propagandas via SMS. De acordo com sua operadora, envie Sair para 888 (Claro), 55555 (Oi), 4112 (TIM) e 457 (Vivo). Se você não for atendido em 24h reclame com a Anatel no telefone 13331. No caso do WhatsApp, há recursos para bloquear os indesejados. E, para se manter informado, você tem a opção de solicitar convite para fazer parte dos grupos dos seus candidatos.

3 - Use o modo de navegação segura. Assim você acessará sites sem deixar pistas e sem armazenar cookies, senhas, histórico e dados de navegação. Antes de fechar o navegador do seu smartphone habitue-se a fazer logoff dos sites que foram abertos por meio de senhas.

4 - Não deixe de instalar e atualizar o antivírus no seu smarphone.

5 - Alguns políticos vão importunar você através de telemarketing, sem pedir licença. Um bom bloqueador de números suspeitos de telefone vai manter esses picaretas digitais em silêncio.

Caixa Cultural abre exposição de fotos inéditas de Pierre Verger



Foto de Tomaz Silva/Agência Brasil Brasil)

A exposição "Dorminhocos" reúne 145 imagens inéditas do fotógrafo e antropólogo Pierre Verger. São fotos produzidas nas décadas de 1930 a 1950, em vários países, mostrado pessoas em momentos de descanso. Baianos, pernambucanos e maranhenses estão entre os retratados brasileiros. O material exposto na Caixa, Rio de Janeiro, pertence ao acervo da Fundação Pierre Verger, em Salvador, e ficará em cartaz até 18/3/2018. Pode ser visitada de terça a domingo, das 10h às 21, na Almirante Barroso, 25, Centro, Rio de Janeiro.

Fotógrafo recria anúncios antigos para mostrar o machismo na publicidade



O fotógrafo Eli Rezkallar refez anúncio antigos trocando de lugar modelos masculinos e femininos. Nas peças publicitárias dos anos 50 e 60, as mulheres eram estigmatizadas como serviçais dos homens. No alto, a "dona de casa" faz um carinho em uma enceradeira; acima, outra vira tapete. A matéria está no Daily Mail, onde o o fotógrafo lista outros exemplos. Clique AQUI

sábado, 20 de janeiro de 2018

Posto de Escuta: vídeo de celular só na horizontal, a volta dos "colloridos", Câmara terá robô jornalista, fãs querem Henrique Meirelles no BBB, roubaram as mesóclises de Temer...

por O.V.Pochê

* Diante das reações - até o Globo se manifestou em editorial - as forças-tarefas vão mudar o método de condução de presos da Lava Jato. Vazou uma imagem do ensaio da transferência dos acusados  feita por um celular paraguaio (ao lado).

* Sérgio Cabral denuncia tortura: encontrou na solitária para onde foi levado o livro "Virou o carro, virou minha vida" de Antony Garotinho.

* Segundo Maurício Lima, do Radar on Line, um comentário do apresentador do Big Brother Tiago Leifert em rede social não agradou à TV Globo. A emissora lança a campanha "Que Brasil você quer para o futuro?”, em que  - seguindo a lição da escolinha do "Professor Bonner", pede ao povo que envie vídeos gravados mas só na posição horizontal.

Leiffert ironizou a "didática". Além disso, desconfio que a Globo não vai gostar dos recados de muitos dos vídeos solicitados no clima da campanha eleitoral. Vai ter que montar a maior mesa de edição e censura da história da TV mundial.

* Vídeo mostra entra e sai de políticos e empresários no apé onde Geddel guardava a bufunfa. Em uma das cenas, uma alta autoridade se joga sobre as malas de dinheiro e tem um ataque de riso. Não foi veiculado na TV porque foi filmado por celular na vertical.

* Collor é candidato a presidente. Os "colloridos" que vão voltar às ruas pretendem inscrever modelos Fiat Elba no quadro "Lata Velha", do Caldeirão de Luciano Huck.

* A Globo já se prepara para nova edição do futuro debate Collor X Lula se as duas candidaturas chegarem à boca da urna.

A polícia de Ilhéus (BA) recuperou esquipamentos do show de Caetano Velloso roubados na estrada. O assalto não foi obra das tropas do ódio que atacam Caetano nas redes sociais. Aparentemente. Certeza, certeza, não é já que os bandidos conseguiram fugir.

* Apoiadores da candidatura de Henrique Meirelles a presidente estudam pedir que ele seja um "visitante-surpresa" na casa dos Big Brother. Seria uma forma de aumentar a popularidade e o número de amigos nas redes sociais do ministro. Por enquanto, ele tem apenas cinco seguidores: Temer, de quem é ministro, Lula, de quem foi ministro, a Polícia Federal (ele foi citado na Lava Jato), Joesley Batista (de quem foi funcionário) e um pastor evangélico com quem ele tenta descolar futuros votos.


* O  blog Jornalismo nas Américas noticiou que Câmara dos Deputados terá robô jornalista para cobrir sessões e comissões. Ao ler a notícia, uma fonte anônima mas com mandato perguntou quando vão chegar as robôs sex dolls e se haverá verba de representação para adquirir modelos hi tech do "brinquedo".

* Temer respondeu por escrito 50 perguntas da Polícia Federal. Melhor levar o documento para a perícia. Acho que não foi ele quem escreveu. Em todo o longo texto não há um só "não fi-lo", "nâo qui-lo", negá-lo-ei até à morte", "sê-lo-ia", "procurar-me-iam", "falar-lhe-ei'", tratá-los-ei"... Muito suspeito. Sequestraram as mesóclises de Temer no trajeto entre o Planalto e a PF.

* Levou mais de 10 dias, mas o governo acaba de liberar o nome de Cristiane Brasil, filha do delator e condenado no Mensalão Roberto Jefferson, para o Ministério do Trabalho. Por ser condenada em ação trabalhista, a deputada estava impedida de assumir o cargo. O governo pretendia recorrer ao STF, mas deu medinho. Teve a intuição jurídica de que ir ao STJ era melhor. E deu-se bem.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Correntes, algemas, presos midiáticos e as capas dos sonhos da Veja


Jornalista que já frequentou o bunker da Marginal garante que a capa da Veja dessa semana (acima) é a segunda na lista das mais sonhadas pela revista desde os anos 1980.

A primeira capa mais acalentada virá depois da condenação de Lula pelo TRF-4, em Porto Alegre, já que a chance de absolvição claramente não existe. Nem mesmo um placar de 2x1 é esperado. Lula vai levar um hat trick desses que o Cristiano Ronaldo faz de vez em quando: 3x0.

A sentença condenatória em segunda instância, aumentando a pena, de preferência, renderá capa, mas ainda não será a mais sonhada. Essa virá se Lula sair do TRF-4 preso preventivamente - uma  possibilidade que existe - ou, quando esgotados os recursos, o que tudo indica também acontecerá,  ele for levado pela PF a um presídio de segurança máxima.

Essa será a foto de capa dos wet dreams da Veja.

Sergio Cabral é o primeiro ex-governador e preso midiático a usar algemas presa em cinto de segurança e correntes nos pés, o que já confere ao dispositivo status de peça do futuro Museu da Lava Jato. Se o mesmo figurino for aplicado a Lula, ex-presidente, as correntes e as algemas vão para o Museu da República para figurar ao lado do pijama de Getúlio.

Reprodução/Estadão
Nesse caso, o espetáculo montado para Sérgio Cabral de algemas e acorrentado visto em TVs e no Estadão (acima) - além de ter agradado a muitos funcionários públicos do Estado do Rio que estão com seus salários atrasados (a julgar por "carinhas felizes" nas redes sociais) - seria uma espécie de trailer do que Lula pode esperar. O promotor Matheus Pinaud, do MP do Rio, deu uma declaração premonitória que resvala no ex-governador do Rio e acerta Lula: "Ele foi chefe de Estado, mas não será chefe de cadeia". Como Cabral nunca foi "chefe de Estado" deduz-se que o chute em curva mirou outro alvo. A autoridade quis dizer que Lula vai em cana e não será o "xerife" da cela?

Inovação: você já pode usar bitcoins para escapar do Chifrudo

por O.V.Pochê

Ontem recebi a nota ao lado, que já doei a um centro religioso afro-brasileiro como presente para Iemanjá, cujo dia se aproxima. Deve ter pertencido a um sujeito que achou melhor deixar reservados os cinquentinha dos procuradores de Jesus. 

Pagar dízimo em ultrapassadas cédulas de dinheiro pode ser em breve coisa do passado. A sacolinha virtual já existe para quem não quer ser fritado no microondas infernal do Chifrudo..

Igrejas evangélicas e católicas nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Suíça já botaram plaquinha nos púlpitos e altares informando aos fregueses que já aceitam bitcoins. 

A moeda virtual, embora tenha se desvalorizado nos últimos dias, ganha espaço no mundo real. 

Bandidos que assaltaram uma casa de câmbio em Copacabana, há dois dias, limparam o cofre, pegaram os celulares dos funcionários para checar se eles tinham contas de bitcoins. Não acharam pistas, desistiram, mas isso mostra que já estão ligados na tecnologia.

Indeniza! Jornalista é condenada por publicar fake news

Joice Hasselmann foi condenada no ano passado ao informar que Luiza Nassif, filha do jornalista e blogueiro Luís Nassif, havia liderado uma manifestação contra o juiz Sérgio Moro, em Nova York. Ficou provado que era fake news. Havia uma manifestante homônima, mas Hasselmannr, uma ativista tietada pela direita radical, sequer apurou a informação antes de publicá-la.
Ela recorreu da primeira sentença e, agora, perdeu recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo. Segundo o GGN, terá que pagar a Luíza Nassif uma indenização de R$15 mil, além de arcar com os custos do processo.A informação está na Fórum.
Joice Hasselman é ex-Rede Massa, ex-RicTv, ex-CBN, ex-Veja, ex-Band, ex-SBT e, atualmente, está na Jovem Pan. Em 2015, O Conselho de Ética do Sindicato dos Jornalistas do Paraná concluiu que ela plagiou 65 reportagens de 42 profissionais diferentes, entre junho e julho de 2014. Segundo o presidente do Conselho de Ética, Hamilton Cesário, a jornalista teve o direito de questionar as denúncias, mas não atendeu à convocações.


"Foto dos cílios congelados" que viralizou nas redes sociais assusta torcedores. A "Suderj" avisa que durante a Copa da Rússia o sol vai se pôr às 11 da noite e o calor entra em campo...

A foto da menina Anastasia Gruzdeva fez sucesso na internet.
Foi feita no domingo, 14, na região de Yautia, a cinco mil quilômetros de Moscou. Reprodução/Twitter
Era também véspera de uma Copa do Mundo quando a Manchete fez a capa acima como
sugestão de maquiagem para o Carnaval de 1970.
A diferença é que, aqui, fazia +40°C.
Reprodução

por Niko Bolontrin

O Comitê Organizador da Copa de 2018, na Rússia, escalou uma seleção de embaixadores  encarregados de promover o evento em todo o mundo.

"Posso ajudar"?: Victoria Lopireva é
uma das anfitriãs da Copa da Rússia.
Foto Instagram
Entre os nomes, a atleta Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica no salto com vara, o cosmonauta Oleg Kononenko, a modelo, ex-miss Rússia e apresentadora de programa esportivo Victoria Lopireva, o goleiro Igor Akinfeev, personalidades da TV como Yana Churikova, Nikolai Drozdov e Sergey Belogolovtsev.

Não vai faltar trabalho.

O inverno na Rússia está botando pra congelar. Picos de menos 50C e  até -67C em uma região distante 5 mil quilômetros de Moscou, embora a média fique em torno de - 10C. O clima de Copa, que já estava nas ruas da capital, deu uma recuada. A "foto do cílios congelados", que viralizou nas redes sociais, assustou alguns torcedores que já estão com passagens compradas. Mas nenhum turista brasileiro vai correr risco de virar picolé durante a Copa. Normalmente, as baixas temperaturas vão até março, quando o termômetro fica menos radical. Durante o mundial que vai começar uma semana antes do verão oficial, as temperaturas poderão chegar a +30C. Com uma vantagem, os dias são longos e a festa nas ruas irá até tarde à luz do sol. No auge do verão, a rodada de vodca pode ir até mais tarde: o sol se pôe por volta das 11h da noite.


quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Marketing, câmera, ação...



Como produto de uma das muitas reformas editoriais da Fatos & Fotos, a Fatos & Fotos/Gente foi lançada em abril de 1975, quando a Bloch comprou os direitos de uso no Brasil de fotos e textos da People. A F&F tornou-se uma típica revista de celebridades e passou a replicar com personagens brasileiros o estilo da revista americana lançada um ano antes e sucesso editorial nos Estado.

A mudança foi bem recebida e o Marketing da Bloch criou uma peça promocional da nova Fatos & Fotos/Gente para ser enviada às agências de propaganda. "Revela tudo", prometia a peça. Ao puxar a seta, os anunciantes em potencial podiam ler números e perfil dos leitores.

Dez anos depois, em 1985, a Fatos & Fotos foi fechada e reabriu como Fatos, revista de informação e análise. Um tipo de publicação que naturalmente atrai assinantes. E fazia parte do projeto da revista evitar a dependência excessiva da venda em bancas. Dizia-se que Adolpho Bloch não se empolgava muito com venda de assinaturas. Preferia o velho e tradicional jornaleiro e mantinha o hábito de visitar várias bancas para saber como iam as vendas, o que achavam das capas das suas revistas etc. Um parêntese: caso não gostasse de uma determinada capa, o jornaleiro estragava o dia do editor da revista mal avaliada. Para Adolpho, não havia argumento capaz de superar a opinião do dono do ponto de venda. "E ele sabe", dizia, referindo-se ao "italiano" do ramo.

Mas a aposta nas bancas tinha outra justificativa bem mais pragmática. Muitas vezes, para pagar a folha, Adolpho recorria à distribuidora que abastecia bancas do Rio e de todo o país e descolava um adiantamento em espécie. Já o dinheiro do assinantes ia pingando a perder de vista.

Apesar disso, ele acabou concordando que Fatos lançasse uma campanha de venda de assinaturas que dava ao comprador, como brinde, uma câmera fotográfica. A revista e a campanha não deram muito certo. Já a pequena Kodak/Fatos sobreviveu para ilustrar essa história.

Jornalistas & Cia divulga ranking 2017 dos veículos de comunicação mais premiados da história.




O portal Jornalistas & Cia divulga nessa semana o Ranking Jornalístico dos + Premiados Veículos de Comunicação da História.

As revistas Manchete e Fatos & Fotos figuram mais uma vez na lista que destaca os principais veículos da atualidade sem apagar da memória publicações que cumpriram um papel importante no jornalismo brasileiro até encerrarem suas trajetórias.

Enquanto circulou, Manchete ganhou 10 prêmios, incluindo o Esso, o mais prestigiado da época. No critério do J & Cia somou 590 pontos e ficou em 60° lugar entre os 100 mais premiados.

A Fatos & Fotos conquistou 6 prêmios, entre os quais Esso de Jornalismo e de Fotografia, acumulou 445 pontos e alcançou a 76° posição entre os 100+.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Uma capa, dois momentos



* A tenista Serena William posou para a capa de fevereiro da Vogue americana. Ainda por conta do nascimento de Alexis Olympia, sua filha com Alexis Ohanian, o fundador da Reddit, a campeã desistiu de participar do Australian Open, que está acontecendo agora em Melbourne.

* A capa foi fotografada por Mario Testino. Provavelmente seu último trabalho para a Vogue. O fotógrafo foi afastado desde que, há poucos dias, foi denunciado por assédio sexual nas redes sociais. Os advogados do fotógrafo afirmam que os acusadores "não são fontes confiáveis".

Em entrevista a David Letterman, Obama fala do risco de nova crise global gerada pela especulação financeira

por Flávio Sépia

O talk show "O próximo convidado dispensa apresentação", de David Letterman, no Netflix, é um oportunidade de ouvir Barack Obama novamente.

O ex-apresentador do Late Show, demitido pela NBC, mudou, e não apenas por manter agora uma barba volumosa. O local do programa foi um auditório da Universidade da Cidade de Nova York. Sem cenários, sem música, só luz, som e as câmeras focalizando entrevistador e entrevistado.

Não se falou em Donald Trump, mas esteve implícito em alguns temas levantados o desastre em progresso da administração do empresário.

Obama revelou sua rotina pós-Casa Branca, falou da família, repetiu elogios a Michelle Obama e abordou questões cruciais como o racismo, mídias sociais, polarização política e defendeu uma reforma no sistema eleitoral americano que, segundo ele, cria obstáculos para os eleitores e é desenhado para desestimular a participação popular.

Nas ideias, na maneira de se expressar, na capacidade de aprofundar temas, na visão social da economia, Obama deixou muito claro, sem citar Trump, como é profundo o fosso entre a sua administração e a do seu sucessor.

David Letterman é um admirador de Obama. Isso fica mas do que claro. São amigos. Nem por ser um fã, o entrevistador deu aquele célebre show de horrores e subserviência que um grupo de jornalistas brasileiros proporcionou ao entrevistar Temer em coletiva memorável pelo vexame e pelo ridículo. Não foi subalterno e nem se colocou, como é típico por aqui, como mais importante e mais reluzente estrela do que o entrevistado.

Transcrever aqui os melhores momentos do talk show seria oferecer um spoiler sem alerta, contar  fim do filme ou o placar final do jogo. Mas aí vão dois trechos que podem servir ao atual momento do Brasil, cujo governo opta por um neoliberalismo predatório, de repúdio ao social, de obediência a o lobby do mercado, na contramão das lições que vários países aprenderam com a crise econômica gerada pela especulação financeira desenfreada, em 2008.

- Sobre o momento em que assumiu a Presidência: "Eu acho que as pessoas esquecem o quanto as coisas estavam ruins. A economia entrava em colapso mais rápido do que durante a grande depressão. No mês em que assumi o cargo, perdemos 800 mil empregos. Uma das coisas que mais me orgulham é que, em um ano, a economia voltou a crescer. E, em um ano e meio, passamos a criar empregos novamente em vez de perdê-los .

- Sobre a possibilidade de nova crise financeira mundial - "Existem algumas tendências de longo prazo que ainda são um problema. Ainda estamos produzindo uma crescente desigualdade. A combinação de tecnologia e globalização significa que há indústrias inteiras e categorias de empregos que estão sendo eliminados. Se todo o dinheiro for para algumas pessoas, no topo, com elas investindo em todo tipo de coisas porque querem maximizar seus retornos, você obtém bolhas. É assim que você começa a obter um sistema financeiro superaquecido ".

 VEJA O UM CLIP DO PROGRAMA AQUI

Foco no assédio: revistas de moda criam códigos de conduta para sessões fotográficas


por Clara S. Britto 

As denúncias de assédio sexual envolvendo fotógrafos como Bruce Weber, Terry Richardson e Mario Testino levou as revistas de moda a criar códigos de conduta especiais para sessões de fotos com modelos. Segundo reportagem em The New York Times, a primeira editora a colocar no papel as novas regras, desde fins do ano passado, antes mesmo do novo escândalo, foi a Condé Nast, que edita a Vogue e a Glamour, entre outras revistas. Alguns tópicos do código:
- Não trabalhar com modelos de menos de 18 anos.
- Nada de bebidas alcoólicas no estúdio.
- Haverá um canal de denúncias anônimo à disposição das equipes e modelos.
- Um funcionário da editora acompanhará o trabalho de fotógrafos, produtores, maquiadores, para que a equipe jamais fique sozinha com modelos.
- Figurinos ou poses "sexualmente sugestivas"  deverão ser expressamente aprovados pelas modelos envolvidas.

Revista do século 19 já antecipava capas do Governo Temer...

Duas capas de revistas atualíssimas registram as principais realizações do Governo Temer.

Não adianta procurar nas bancas, provavelmente já estão esgotadas.



A Revista Illustrada se antecipa à Veja e à Istoé e mostra o jornalista e político Quintino Bocaiúva pintando um quadro sobre a febre amarela enquanto as autoridades apenas observam.

A febre amarela é uma das realizações mais estratégicas de Temer. Foi planejada desde que a farra do ajuste fiscal a todo custo cortou verbas da Saúde para animar a festa do "mercado".


E a mesma Revista Illustrada destaca outra conquista do governo. Foi divulgado hoje que o número de operações para a erradicação do trabalho escravo caiu 23,5% em 2017 em comparação com 2016. No mesmo período, a fiscalização resgatou menos 61,5% de trabalhadores em regime de escravidão. Empresários que exploram essa mão de obra 0800 estão comprando liteiras importadas para ir ao Planalto agradecer o incentivo.

Nas duas capas, o traço genial de Angelo Agostini, o editor e dono da revista. A da febre amarela é de 1886. A dos trabalhadores escravizados é de 1880.

Mas as datas são meros detalhes.

Dolce vita...

A vida é bela para alguns condenados pela Lava Jato. Segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, hoje, a doleira Nelma Kodama, condenada a 14 anos de prisão, mas solta há nove meses pelo juiz Sérgio Moro, pretende comandar um talk show sobre a operação. A ex-amante de Alberto Youseff informa que dois canais de TV demonstram interesse. Estão listados na sua pauta de entrevistas os delatores premiados, acusados, advogados, juízes e promotores.
Alberto Yousseff, duas vezes delator premiado (Casos Banestado e Lava Jato), já cumpre pena em liberdade, está de volta a apê em bairro da elite paulistana e pode dar entrevista ao programa da futura âncora Kodama, se quiser.

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Memórias da redação: quando o assédio não atendia por esse nome

por José Esmeraldo Gonçalves 

Assédio sexual está na pauta. Nos jornais, nas revistas, na mídia digital, nas redes sociais, no rádio,  na TV, na mesa de jantar, no botequim.

Em meio à onda de denúncias na indústria do entretenimento americano, o manifesto das francesas trouxe à superfície a discussão sobre o suposto tom inquisitorial do movimento e atribuiu o que chamou de "exageros" à cultura puritana da terra do Tio Trump.

O documento pôs mais combustível no incêndio.

O "teste do sofá"

As mulheres brasileiras se manifestam nas redes sociais desde que a repercussão do caso do ator José Meyer, denunciado por uma figurinista, quebrou silêncios e provocou milhares de posts na linha do "me too" ("eu também").

Embora o "teste do sofá" seja uma antiga metáfora do poder masculino no mundo do entretenimento nacional, José Meyer parece permanecer até aqui, quase solitário, como o "assediador número 1" do Brasil, pelo menos no ambiente das celebridades. Muitas atrizes deram depoimentos genéricos, tornaram públicas experiências que gostariam de esquecer, mas quase todas preservaram nomes, bem ao contrário do tsunami moral americano que expõe o presente e o passado de Hollywood.

Falta alguém, ou alguéns, ao lado do Zé Meyer?

Revisionismo sexual 

O fato é que 50 anos depois da renovação de valores que Maio de 68 simbolizou está em curso o maior revisionismo sexual do comportamento desde a chegada da pílula anticoncepcional e do amor livre que as farmácias ajudaram a prosperar. Mas o assunto, aqui, é abordado como uma superficial "memória das redações" e não como tese sociológica, coisa que os especialistas já estão tratando.

Papo de botequim

Uma mesa de jornalistas em um botequim, na semana passada, levantou a pergunta que ronda a polêmica. E o assédio sexual nas redações?  Nesse campo afeito ao blog poucos casos vieram a público. O mais rumoroso talvez tenha sido de um editor do JB que, no fim dos anos 1970, manuseou os seios de uma recepcionista. O jornalista foi apelidado de "o amigo do peito" - e a jovem foi demitida.

Nas revistas, se é lenda ou verdade, sabe-se lá, dizia-se que o caminho de algumas modelos fotográficas iniciantes rumo a matérias de capa passava pela cama do diretor. Conta o folclore que outros, sem poder para determinar capas, faziam testes de produção fotográfica com aspirantes a modelos a pretexto de arquivar material no banco de imagens da Bloch "para uso futuro". Algumas produções até eram aproveitadas pelos editores, outras não tinham chance, se esgotavam no test drive.

Sem o rastilho da rede social, a maioria dos casos era comentada na rádio corredor e ficava por isso mesmo. A tendência das direções das empresas era considerar o assédio, isso quando tomavam conhecimento, uma "questão pessoal" dos envolvidos. Até os anos 1980, a prática de assédios moral e sexual ainda não se transformara em questão trabalhista e as corporações preferiam fingir que não era com elas.

"Estagiárias da PUC"

Nos anos 1960, jornalismo do tipo hard news era uma atividade majoritariamente masculina. As mulheres já estavam presentes em revistas femininas e nos suplementos dos jornais, mas eram minoria nas demais editorias. Na virada para os 70, as escolas de comunicação começaram a lançar no mercado as "estagiárias da PUC", como Nelson Rodrigues denominava nas suas crônicas as meninas que quebravam barreiras e conquistavam espaço nas redações. Nelson tentava depreciá-las com o apelido jocoso, mas elas nada tinham de ingênuas, eram talentosas e não pareciam indefesas naquele clube do Bolinha.

Meninas poderosas

Um dia algum comunicólogo vai reconhecer que muitas repórteres daquela geração revigoraram o jornalismo em uma época difícil para a mídia em geral e, na sequência, fizeram carreiras brilhantes e importantes.

E, sim, eram novidades, eram jovens, bonitas e impulsionavam a tensão dos megawatts nos fechamentos.

Havia a paquera, o termo da época, que se fosse insistente importunava quem dizia não. Certamente, aconteciam situações constrangedoras tão mais lamentáveis na mesma proporção da falta de educação do interessado, mas a rádio corredor não registrava ou não chegava a captar situações de uso de violência. E havia os casos de consentimento. Muitas dessas relações legítimas e naturais em um ambiente que, no caso da extinta Bloch, juntava centenas de homens e mulheres até viraram casamentos. Nos anos 70, apenas na Fatos & Fotos e em um espaço de menos de dois anos, aconteceram quatro casamentos. Os filhos e netos desses pares estão aí para confirmar. E a F&F nem tinha assim uma reportagem e uma redação tão numerosas.

Condução coercitiva 

Não se trata de analisar aqui o que acontece hoje. Culturas, comportamentos e tempos são outros. Quem viveu aqueles primórdios pode constatar que muitas daquelas meninas assediadas foram capazes de dizer nãos. O que não implica em desqualificar as atuais denúncias e as histórias pessoais de cada mulher.

Um não que aconteceu na Bloch. Uma repórter foi convidada para jantar e, após o encontro, o colega lhe deu carona para casa, No meio do caminho, sem avisar, o cara mudou a rota e subiu a rampa de um motel. Uma típica condução coercitiva. A repórter reagiu, ameaçou fazer um escândalo. Só assim o rapaz percebeu que o motel não estava necessariamente incluído no jantar. E aprendeu que não é não!

Ou o case da repórter que durante uma viagem foi cantada por um fotógrafo que, nessas ocasiões, arriscava um enfoque mais romântico. Ele, que tinha fama de bem dotado, ouviu um não e voltou resignado para o seu quarto. Não sem antes vaticinar: "você não sabe o que está perdendo, garotona". Os dois, aliás, permaneceram amigos a vida inteira.

Em sentido contrário, a Bloch teve uma repórter em meados dos ano 60 que de tão liberada incorporava uma Simone de Beauvoir e assediava os rapazes, geralmente com sucesso. Poucos anos depois, foi para a TV, ficou famosa, mas não perdeu o jeito.

Paredão

Um episódio mais agressivo, fora da Bloch, foi o de uma repórter assediada por um editor que a empurrou contra uma parede em um final de fechamento e com a redação quase deserta. Mesmo assim, ela conseguiu escapar. Era colaboradora e desligou-se da revista. O editor não sofreu qualquer consequência.

Mulheres que cobrem o Congresso Nacional já revelaram em entrevistas que é preciso muito jogo de cintura para fugir do assédio de algumas das suas excelências. Monica Iozzi, ex-repórter do CQC,  relatou o que sofreu. Em geral, o silêncio ainda impera naquele terreno.

Um episódio público recente foi o da repórter Giulia Pereira, que foi assediada pelo cantor MC Biel. Ela levou o caso à Justiça, mas acabou demitida pelo portal IG, onde trabalhava. Já a youtuber Carol Moreira foi assediada ao vivo durante uma entrevista com o ator Vin Diesel. Repórter do Warner Channel, ela registrou seu desconforto na rede social, recebeu apoio e não perdeu o emprego. O ator divulgou depois um pedido de desculpas.

Predadores existiam, mas eram minoria

Não há dúvidas de que alguns chefes em posição de poder fizeram estragos, embora fossem exceções. Que não fique a impressão de que as antigas redações eram reduto de canalhas.

A maioria era do bem, estava em outro nível, sabia chegar sem atropelar. E nem teriam qualquer chance se assim não agissem. Intuíam que as mulheres há muito já não eram o "sexo frágil".

"Sexo frágil" não colocaria nas ruas a revolução feminista que elas praticaram no século passado.

O tema aqui foi o assédio, mas é bom não generalizar: havia vida inteligente e não só machismo e predadores nas antigas redações.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

É isso mesmo? Zuckerberg tira a escada do Face e deixa a mídia tradicional pendurada na broxa

Mark Zuckerberg anuncia que a partir dessa semana o Facebook privilegiará gradualmente posts de amigos, familiares e grupos.

Na prática, é como reservar uma autoestrada para o tráfego de pessoas e mandar as páginas de empresas de mídia, de celebridades que usam a rede como business e as demais postagens de marcas para uma estradinha vicinal.

Em suma: os computadores determinarão que no fluxo de informações conteúdos pessoais entrarão antes das notícias.

A nova política do preocupa jornais e revistas que, nos últimos anos, abriram páginas no Face e investiram em equipes especializadas em redes sociais em busca de seguidores, cliques e likes. Empresas de entretenimento que se instalaram na rede social ,que ostenta mais de 2 bilhões de usuários, também sairão perdendo. 

Zuckerberg argumenta que pretende levar o Facebook de volta às origens como a página de relacionamento que aproxima pessoas. E diz que uma ampla pesquisa lhe dá razão. Claro que, além disso, as novas regras trazem uma alta dose de pragmatismo. O Face, assim como o Google, tem sido pressionado a adotar medidas que contenham a circulação de notícias falsas que geralmente não são aleatórias e embutem um propósito, seja político ou comercial. Reduzir a exposição da rede social às fake news, ao uso de vetores de manipulação política, de comprometimento de reputações e ao impulsionamento de postagens mentirosas de fundo político-eleitoral pode ser o verdadeiro motivo da mudança radical de regras.

Provavelmente, Zuckerberg tenta se antecipar a problemas maiores: vários países, inclusive o Brasil, estudam legislação restritiva específica para "enquadrar" o Facebook. E aí são muitos e poderosos os interesses em jogo. Se a nova fórmula vai dar resultados financeiros para a empresa, uma das mais valiosas do planeta, só os acionistas dirão ou reclamarão.

Quanto à mídia, provavelmente não poderá dispensar a visibilidade que a rede social lhe dá e terá que se adaptar ao novo manual. O Face já foi responsabilizado por impor seu próprio sistema de publicidade a preços de ocasião, eficiente, direcionado, focado no comprador em potencial, o que demoliu o modelo de negócios de corporações que antes eram sólidas e não ameaçadas nos seus feudos. Talvez por isso, Zuckerberg tenha, há alguns anos, incentivando a mídia tradicional a participar do jogo. O que ele faz agora quase equivale a levar a bola pra casa e dizer que a brincadeira acabou.

5 pautas para o jornalismo investigativo...

por O.V. Pochê 

Janeiro é mês de poucas notícias. Com parte do Brasil em recesso, não custa sugerir algumas pautas investigativas

* Apurar se outros deputados, além de Bolsonaro, "comem gente" com verba pública.

* Checar se é verdade que uma OS (Organização Social) de garotas de programa fornece nota fiscal de posto de gasolina para suas excelências declararem o valor do michê na verba de representação.

* Tentar localizar uma das jovens que foi "comida" e obter depoimento de "conteúdo humano", saber se tem perfil profissional ou se vai aos apês funcionais por amor à causa política, como sinal de "patriotismo", se sonha com a volta da linha dura, se é "Fora Temer" ou "Dentro Temer". Redes sociais pedem que os jornalistas preencham as muitas lacunas de informação nesse assunto...

* O Banco Mundial é uma espécie de entidade à qual economistas e colunistas neoliberais brasileiros prestam reverência diária, como se fosse a Pedra Negra de Meca. Segundo denúncia de um dos seus diretores, o Banco Mundial manipulou relatórios com objetivos políticos. Fez isso para comprometer a gestão da presidente socialista Michelle Bachelet e favorecer o conservador Sebastián Piñera. Após a denúncia, crescem as suspeitas de contaminação política em diagnósticos relativos a outros países da América do Sul. No caso dos relatórios sobre o Brasil, um caso a investigar.

* Como não há verba para concluir a obra, a futura estação do metrô na Gávea será inundada. O mega poço é anunciado como medida de segurança para evitar desabamentos. Não se sabe se os aedes aegypti do Rio de Janeiro já marcaram encontro para lotear a nova moradia no que poderá ser o maior mosquitódromo do mundo. Os moradores da Gávea agradecem se o assunto virar uma pauta.



domingo, 14 de janeiro de 2018

Do álbum da Manchete - A arte (e o tédio) de receber Presidentes

1978 - José Rodolpho Câmara, Zevi Ghivelder, Murilo Melo Filho, João Baptista Figueiredo,
Arnaldo Niskier, Roberto Muggiati

1989 - Pedro Collor, Mauro Costa, Oscar Bloch Sigelmann, Fernando Collor de Mello, Pedro Jack Kapeller, Arnaldo Niskier, Daniel Tourinho, Roberto Muggiati. 
1989 - Adolpho Bloch, Luís Inácio Lula da  Silva, Osias Wurman, Carlos Heitor Cony, Roberto Muggiati, Jacó Bittar.
Anna Bentes acolhe Lula calorosamente. 

1988 - Janir Hollanda, Hélio Carneiro, Roberto Muggiati, Eduardo Francisco Alves, Fernando Henrique Cardoso.
Fotos: Acervo RM

Por Roberto Muggiati 

Jornalista desde 1954, colecionei meu retrato em branco e preto com cada Chefe Supremo da Nação. Em 1942, quando meu tio Achilles Muggiati organizou a Grande Exposição de Curitiba, eu tinha quatro anos e o Getúlio Vargas apertou minha mão. Infelizmente, não houve foto. Tenho flagrantes meus entrevistando o JK, o Jango e o Marechal Lott. Encarei um tête à tête com Jânio Quadros na mansão dos Camargo em Curitiba: conferi as partículas de caspa meticulosamente espalhadas pela ombreira do terno, mas não havia fotógrafo a postos. Dos presidentes militares, mantive distância, até o Figueiredo visitar a Manchete, já indicado para a Presidência da República, em 1978.
Um caso curioso se deu na disputa do segundo turno presidencial em 1989. Fernando Collor de Mello jantou na Bloch numa noite de segunda-feira depois do fechamento da revista. Adolpho Bloch deu uma desculpa esfarrapada e não compareceu, Jaquito e Oscar recepcionaram o futuro presidente. A Bloch teve uma mãozinha nesta história toda. Collor concorreu por uma legenda menor, o Partido da Reconstrução Nacional (PRN), antes Partido da Juventude, fundado por Daniel Tourinho, que trabalhou na área de recursos humanos da Bloch Editores entre 1974 e 1985, quando saiu para fundar o PJ. 
Num gesto insólito, na véspera do segundo turno, sábado, 16 de dezembro, Adolpho ofereceu no Russell um almoço a Luís Inácio Lula da Silva. Lula e comitiva vieram naquela manhã de São Paulo num jatinho. Adolpho tratou o líder sindicalista com toda a sua hospitalidade, levou-o a visitar o escritório do ex-Presidente Juscelino Kubitschek no prédio do Russell, que havia se tornado uma peça de museu depois da morte de JK em 1976. Lembro de um episódio durante o almoço, o Adolpho desconcertou Lula a certa altura por seu linguajar críptico (e típico) que só os mais próximos conseguiam captar:
– E ele é mais moço que eu, o senhor é capaz de imaginar uma coisa dessas?
E Lula, atônito: – Mas ele quem, seu Adolpho?
Adolpho se referia ao sogro, o general Abraham Ramiro Bentes, pai de Anna Bentes, que era realmente quatro anos mais moço do que Adolpho.
Itamar Franco não teve tempo de visitar a Manchete, mas Adolpho Bloch e Anna Bentes estavam ao seu lado no camarote presidencial durante o desfile das escolas de samba em que se deu o escândalo da acompanhante de Itamar, Lilian “Sem Calcinha” Ramos. Para encerrar, recebemos em 1988 a visita de Fernando Henrique Cardoso, que já então despontava como futuro presidenciável. Quem se colocou sob os refletores foi o redator Eduardo Francisco Alves, cuja mulher tinha um parentesco remoto com FHC. Quando Fernando Henrique se efetivou na Presidência, seu filho, Paulo Henrique Cardoso, não só ganhou um emprego na Rede Manchete de Televisão, mas foi agraciado com um banheiro privado, construído ao lado do seu escritório.
E mais não houve porque a Manchete – Bloch Editores – acabaria tendo seu mandato cassado em 1º de agosto de 2000.

Kim Jong-un é o" Dr. Evil" que assusta o Havaí


Kim Jong-un, mesmo quando faz nada, provoca pânico no Pacífico. O alerta acima assustou o havaianos. Autoridades avisavam que um míssil estava a caminho do arquipélago. Milhares de pessoas se abrigaram em porões e estacionamentos subterrâneos. Só 15 minutos depois, constatou-se que a informação era falsa, embora a fonte do alerta fosse oficial.


Passaram-se mais 30 minutos até que a mesma fonte enviou nova mensagem aos celulares do havaianos desmentindo o ataque. AS TVs divulgaram a ameaça. Depois do incidente, a mídia local foi criticada por ter veiculado o alerta sem comprová-lo. Editores alegaram que o site da Agência de Gerenciamento de Emergência do Havaí estava sobrecarregado e não respondeu.

Erros semelhantes quase levaram o mundo à guerra nuclear.

Em 1971, um operador de silo de míssil disparou um alarme denunciando que a então União Soviética havia disparado foguetes rumo aos Estados Unidos. A resposta atômica foi preparada, mas o erro foi constatado a tempo.

Em 1983, foi a vez de uma base soviética observar nos radares um míssil americano em direção à URSS. Os oficiais de plantão apontarem ogivas para  a Europa Ocidental. Um dos militares desconfiou de um defeito nos computadores e retardou o aviso de retaliação nuclear. Quando Moscou foi avisada, a falha já estava comprovada.

Em 1995, cientistas norueguesas lançaram um míssil para estudar a aurora boreal. Os russos captaram o lançamento nos seus sistemas e alertaram a frota de submarinos nucleares. Boris Yeltsin já estava com o dedo no botão quando o incidente foi esclarecido.

Como a União Soviética, a Rússia tem linha direta, - o famosos telefone vermelho - com a Casa Branca.

Para o inconsciente coletivo dos havaianos em pânico, o suposto míssil que ameaçou o Havaí vinha da Coréia do Norte.

Ao contrário de Estados Undos e Rússia, Trump e Kim Jong-un não têm uma linha especial para evitar incidentes nucleares.

O que, tratando-se de Trump e Kim Jong, é mais perigoso ainda.

Um é o Dr.Evil o outro é o Coringa. 



sábado, 13 de janeiro de 2018

Ninguém tira as calças da família brasileira...

Reprodução Twitter
por Ed Sá 

No dia 8 de janeiro aconteceu em vários metrôs do mundo The No Pants Subway Ride. É apenas um  flash mob bem-humorado que agita a cada ano algumas capitais, isso desde 2005.

As redes sociais bombaram essa semana com fotos do No Pants em Praga, Nova York, Londres, Washington, Berlim, até Jerusalém ensaiou uma rápida indisciplina.

O Brasil, especialmente São Paulo, já aderiu a esse movimento.

Este ano, parece que broxou por aqui.

O país anda tão mal-humorado que a transgressão-relâmpago não obteve adesões. É famosa a frase do político mineiro registrada pelo Febeapá (Festival das Besteiras que Assola o País) quando a minissaia chegou a Belo Horizonte: "Ninguém vai levantar a saia da mulher mineira". Pois é, o clima não está para flahs mob. Só de for com o terço ou a bíblia na mão.

Já o Carnaval parece resistir. Por enquanto.

Imprensa - Donald Trump deixou os jornais com um shithole na mesa de edição



Donald Trump demorou, mas conseguiu com uma palavra encurralar o moralismo da mídia mundial. E fez isso ao usar a expressão shithole em um dos seus ataques hidrófobos de racismo. 

Shit é merda e hole é buraco. Ponto. Não há como disfarçar. O Haiti e todo o continente africano são, para ele, "buracos de merda". E o Brasil só não entrou no time como titular porque a questão que motivou a ofensa não incluía, naquele momento, esse lado de baixo do equador.

No Brasil, O Globo de ontem pediu os sais, calçou luvas, espartilho e polainas e optou por traduzir o xingamento de Trump por um suave "pocilga". O Houaiss diz que "pocilga" é "curral de porcos", no máximo admite a variação "lugar sujo". Mas imagino a reunião de cúpula que shithole exigiu até que a palavra mais famíliar fosse encontrada e desidratada para consumo da família brasileira. 

No Globo de hoje, shithole
foi traduzido como "países de merda"
Na capa de hoje, suitando a declaração, a Folha escolheu "país de merda", O Globo de hoje mudou de ideia e adotou a mesma tradução: "país de merda", bem mais fiel do que o delicado "pocilga" da edição anterior.. 

O site da Veja também chamou a "criada", pediu o chá-das-cinco e foi de "pocilga". O Estadão conseguiu publicar um artigo inteiro, hoje, onde fala de "linguagem vulgar" e de "países fracassados" sem botar a mão na shit. 

Ao gourmetizar a tradução, os jornalões apenas aliviam a barra de Trump fazendo com que ele pareça menos grosseiro. Praticam uma modalidade de fale  news.

Sasha Lekach, do Mashable, achou interessante pesquisar mundo afora como os grandes jornais enfrentaram o shithole de Trump. Veja algumas tentativas de tradução para disfarçar o óbvio e a curiosa variação adotada pela Finlândia:

A Croácia traduziu por "vukojebina", segundo Lekach algo como "lugar onde ursos trepam"

A Tailândia por "lugar onde os pássaros não põem ovos"

O Japão: "países sujos como privadas"

Itália "países-toilette

México: "países de merda"

França -"países de merda".

Canadá - "buraco de rato" 

Haiti - "buraco de merda"

Finlândia "países cus"

Alemanha - "sumidouro" ou "buraco do vaso"

Irã - "países "buraco de toilette"

Atualização -

No Globo deste domingo, 14/01, a jornalista Dorrit Harazim evita o "tucanês" (como se denomina a tradicional linguagem liofilizada do PSDB) e, no seu artigo, sem copidescar Trump, assume que shit é merda.