sexta-feira, 20 de janeiro de 2017
Passaralho: Globo passa o rodo em dezenas de jornalistas...
Depois do passaralho na TV Globo e na Globo News, chegou a vez da Infoglobo, que edita o Globo, Extra e Expresso.
O grupo mandou embora ontem mais de 30 jornalistas. A alegação é a mesma de Abril, Estadão, Folha etc: "reestruturação do negócio", "novo modelo", "crise"...
Esse padrão de atuação dos patrões tem ditado que algumas vagas são extintas, outras preenchidas por um exército de trainees e mais outras ocupadas por jornalistas contratados a salários bem mais baixos do que aqueles demitidos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro publicou uma nota de repúdio ao processo de enxugamento arbitrário, "em total desrespeito aos trabalhadores". A representação dos jornalistas declara " solidariedade aos profissionais dispensados" e informa que estará atenta "a qualquer tipo de ilegalidade que possa ocorrer no processo de demissão".
Prestar solidariedade e fiscalizar é, na prática, o que o sindicato poderá fazer. É pouco, mas é uma consequência das limitações legais e da fragilidade da categoria. Em muitos países capitalistas, uma empresa não pode, por exemplo, demitir profissionais para preencher vagas, em seguida, com salários mais baixos. Ou, ainda, precarizar o trabalho sobrecarregando, como geralmente acontece, as equipes mantidas. Em casos de crises ou de "reestruturação do negócio", empresários sentam-se à mesa com representantes do trabalhadores para equilibrar e racionalizar o processo e conter ao máximo os danos.
Aqui, é a selvageria que predomina nesses momentos. Uma espécie de fundamentalismo patronal que tudo pode.
No Brasil, o negócio de mídia, esse que passa por traumática "reetruturação", tem características "especiais". TVs e Rádio são concessões públicas; a mídia impressa recebe subsídios na aquisição de insumos, o papel, por exemplo. Recentemente, ainda no governo Dilma Rousseff, as corporações receberam uma milionária desoneração sobre a folha de pagamentos. Supostamente, o governo pensava em evitar demissões. Se pensava, foi miseravelmente enganado. De 2013 para cá cerca de 5 mil jornalistas foram demitidos em todo o Brasil. Com poder junto ao governo federal, as empresas de mídia conseguem benefícios públicos, como acesso ao dinheiro barato do BNDES, sem qualquer contrapartida trabalhista. Alguns governos estaduais concedem descontos em ICMS a grupos de comunicação. Em nenhum desses casos, os beneficiados foram levados a assumir compromissos como, por exemplo, preservação de empregos. E a nova onda de demissões na mídia chega em um momento em que Michel Temer aumenta as verbas publicitárias para as grandes corporações em proporções megassênicas.
As perspectivas não são boas para os jornalistas. Há tempos, o superintendente de uma revista paulista comentava abertamente que não precisava da equipe trabalhando de segunda a sexta. Segundo ele, bastavam dois dias para que a redação fechasse a revista. Tudo indica que não está longe esse dia. Entre outras propostas, a reforma da CLT que vem aí pretende permitir a modalidade de trabalho/hora, com o profissional ficando à disposição da empresa para convocação a qualquer momento mas com direito a remuneração só a partir do momento em que sentar a bunda na cadeira.
Houve uma época em que alguns veículos - alternativos, principalmente - fizeram várias reportagens investigativas sobre o mundo cão dos boias-frias explorados em canaviais.
Nesse ritmo, os jornalistas poderão em breve retomar essas pautas. Agora, na primeira pessoa.
O grupo mandou embora ontem mais de 30 jornalistas. A alegação é a mesma de Abril, Estadão, Folha etc: "reestruturação do negócio", "novo modelo", "crise"...
Esse padrão de atuação dos patrões tem ditado que algumas vagas são extintas, outras preenchidas por um exército de trainees e mais outras ocupadas por jornalistas contratados a salários bem mais baixos do que aqueles demitidos.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro publicou uma nota de repúdio ao processo de enxugamento arbitrário, "em total desrespeito aos trabalhadores". A representação dos jornalistas declara " solidariedade aos profissionais dispensados" e informa que estará atenta "a qualquer tipo de ilegalidade que possa ocorrer no processo de demissão".
Prestar solidariedade e fiscalizar é, na prática, o que o sindicato poderá fazer. É pouco, mas é uma consequência das limitações legais e da fragilidade da categoria. Em muitos países capitalistas, uma empresa não pode, por exemplo, demitir profissionais para preencher vagas, em seguida, com salários mais baixos. Ou, ainda, precarizar o trabalho sobrecarregando, como geralmente acontece, as equipes mantidas. Em casos de crises ou de "reestruturação do negócio", empresários sentam-se à mesa com representantes do trabalhadores para equilibrar e racionalizar o processo e conter ao máximo os danos.
Aqui, é a selvageria que predomina nesses momentos. Uma espécie de fundamentalismo patronal que tudo pode.
No Brasil, o negócio de mídia, esse que passa por traumática "reetruturação", tem características "especiais". TVs e Rádio são concessões públicas; a mídia impressa recebe subsídios na aquisição de insumos, o papel, por exemplo. Recentemente, ainda no governo Dilma Rousseff, as corporações receberam uma milionária desoneração sobre a folha de pagamentos. Supostamente, o governo pensava em evitar demissões. Se pensava, foi miseravelmente enganado. De 2013 para cá cerca de 5 mil jornalistas foram demitidos em todo o Brasil. Com poder junto ao governo federal, as empresas de mídia conseguem benefícios públicos, como acesso ao dinheiro barato do BNDES, sem qualquer contrapartida trabalhista. Alguns governos estaduais concedem descontos em ICMS a grupos de comunicação. Em nenhum desses casos, os beneficiados foram levados a assumir compromissos como, por exemplo, preservação de empregos. E a nova onda de demissões na mídia chega em um momento em que Michel Temer aumenta as verbas publicitárias para as grandes corporações em proporções megassênicas.
As perspectivas não são boas para os jornalistas. Há tempos, o superintendente de uma revista paulista comentava abertamente que não precisava da equipe trabalhando de segunda a sexta. Segundo ele, bastavam dois dias para que a redação fechasse a revista. Tudo indica que não está longe esse dia. Entre outras propostas, a reforma da CLT que vem aí pretende permitir a modalidade de trabalho/hora, com o profissional ficando à disposição da empresa para convocação a qualquer momento mas com direito a remuneração só a partir do momento em que sentar a bunda na cadeira.
Houve uma época em que alguns veículos - alternativos, principalmente - fizeram várias reportagens investigativas sobre o mundo cão dos boias-frias explorados em canaviais.
Nesse ritmo, os jornalistas poderão em breve retomar essas pautas. Agora, na primeira pessoa.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Manchete Esportiva em tese de mestrado - "Futebol em Revista no Brasil: dos primeiros títulos à resistente Placar"
por Niko Bolontrin
O jornalista Celso-Dario Unzelte construiu um completo painel da ligação entre o futebol e o meio revista. A informação é do Portal Comunique-se.
Pesquisa iconográfica e entrevistas com profissionais da área valorizam o trabalho. Destaques para a Placar, a mais antiga publicação do gênero, editada desde 1970, a Manchete Esportiva, que deu um tratamento de revista ilustrada ao esporte mais popular do Brasil, a Revista do Esporte, além de publicações pioneiras, desde 1914, quando o futebol ainda se afirmava no país como esporte de massa.
PARA LER A TESE COMPLETA, CLIQUE AQUI
Leia na CartaCapital: "Agora há jornalistas dizendo aos patrões para serem mais reacionários do que já são"
Depois de 27 anos de trabalho na redação, em abril de 2016 o jornalista Moisés Mendes pediu demissão de Zero Hora – o mais importante jornal do grupo RBS, afiliado da Rede Globo no Rio Grande do Sul. O estopim para a saída foi a redução da periodicidade da coluna de opinião que Mendes assinava: de quatro para três dias da semana.
O colunista também perdeu o espaço nobre do domingo, porque Zero Hora deixou de circular nesse dia com a criação da chamada “superedição” de fim de semana, distribuída aos sábados.
O jornalista diz não se surpreender com o corte no espaço que ocupava, porque acredita que o “alçapão” para preparar a sua saída já estava sendo armado. “É como um casamento ou uma relação de amizade: tem uma hora em que você estabelece um limite. Eu estabeleci um limite em relação à RBS e fui embora, até porque eles iriam me pegar mais adiante”, avalia.
Moisés Mendes e outro colunista do jornal haviam criado, embora involuntariamente, uma espécie de “Gre-nal” de opinião, “ele à direita e eu à esquerda, que é uma posição que sempre tive”, explica.
Mas os tempos andam áridos para o exercício da pluralidade na imprensa brasileira: “Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante”, diz. Para Mendes, o debate sobre o oportuno conceito de pós-verdade, um dos termos-chave de 2016, não pode eximir a imprensa. “A internet mente como as pessoas sempre fizeram no mundo, mas a imprensa institucionalizada não pode mentir.”
Aos 62 anos, o jornalista – que começou a trabalhar em redações do interior gaúcho aos 17 – publica uma coluna no jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul, e mantém um blog “porque escrever é uma cachaça e não é possível parar”.
Também é convidado frequente em debates sobre jornalismo e política (“depois que saí da Zero Hora, virei o ‘Homem Elefante’: ninguém queria o meu trabalho, mas queriam me ver e me ouvir”, brinca). No final do ano, lançou uma reunião de crônicas no livro Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim, 160p., R$ 39,90). Sobre o livro e os rumos da imprensa e do País, Moisés Mendes concedeu em Porto Alegre a seguinte entrevista:
CartaCapital: A imprensa brasileira vive o seu pior momento?
Moisés Mendes – Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante. Um dia escrevi que, na época da ditadura, os patrões mandavam os jornalistas escreverem a favor do golpe; agora há jornalistas dizendo aos patrões para serem mais golpistas do que já são.
A gente pega a capa d’O Globo, por exemplo, vê as chamadas para quatro colunistas ou formadores de opinião do jornal e os quatro são conservadores, para não dizer reacionários. Na Folha, escapa o Janio de Freitas. É uma coisa meio assustadora.
O jornalismo fez uma escolha conservadora para preservar o público que o sustenta e que mantém os jornais vivos, e esse público é conservador. Há uma crise profunda no ambiente político, e a mídia é parte disso ao fazer a opção pelo golpe. (...)
O colunista também perdeu o espaço nobre do domingo, porque Zero Hora deixou de circular nesse dia com a criação da chamada “superedição” de fim de semana, distribuída aos sábados.
O jornalista diz não se surpreender com o corte no espaço que ocupava, porque acredita que o “alçapão” para preparar a sua saída já estava sendo armado. “É como um casamento ou uma relação de amizade: tem uma hora em que você estabelece um limite. Eu estabeleci um limite em relação à RBS e fui embora, até porque eles iriam me pegar mais adiante”, avalia.
Moisés Mendes e outro colunista do jornal haviam criado, embora involuntariamente, uma espécie de “Gre-nal” de opinião, “ele à direita e eu à esquerda, que é uma posição que sempre tive”, explica.
Mas os tempos andam áridos para o exercício da pluralidade na imprensa brasileira: “Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante”, diz. Para Mendes, o debate sobre o oportuno conceito de pós-verdade, um dos termos-chave de 2016, não pode eximir a imprensa. “A internet mente como as pessoas sempre fizeram no mundo, mas a imprensa institucionalizada não pode mentir.”
Aos 62 anos, o jornalista – que começou a trabalhar em redações do interior gaúcho aos 17 – publica uma coluna no jornal Extra Classe, do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul, e mantém um blog “porque escrever é uma cachaça e não é possível parar”.
Também é convidado frequente em debates sobre jornalismo e política (“depois que saí da Zero Hora, virei o ‘Homem Elefante’: ninguém queria o meu trabalho, mas queriam me ver e me ouvir”, brinca). No final do ano, lançou uma reunião de crônicas no livro Todos querem ser Mujica (Editora Diadorim, 160p., R$ 39,90). Sobre o livro e os rumos da imprensa e do País, Moisés Mendes concedeu em Porto Alegre a seguinte entrevista:
CartaCapital: A imprensa brasileira vive o seu pior momento?
Moisés Mendes – Na Zero Hora e em todos os grandes jornais brasileiros, a opção pelo ultraconservadorismo é uma coisa impressionante. Um dia escrevi que, na época da ditadura, os patrões mandavam os jornalistas escreverem a favor do golpe; agora há jornalistas dizendo aos patrões para serem mais golpistas do que já são.
A gente pega a capa d’O Globo, por exemplo, vê as chamadas para quatro colunistas ou formadores de opinião do jornal e os quatro são conservadores, para não dizer reacionários. Na Folha, escapa o Janio de Freitas. É uma coisa meio assustadora.
O jornalismo fez uma escolha conservadora para preservar o público que o sustenta e que mantém os jornais vivos, e esse público é conservador. Há uma crise profunda no ambiente político, e a mídia é parte disso ao fazer a opção pelo golpe. (...)
LEIA A ENTREVISTA COMPLETA NA CARTA CAPITAL, CLIQUE AQUI
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
terça-feira, 17 de janeiro de 2017
Axé no Carnaval Carioca. Vieira Souto vai se chamar Circuito Crivela, a Primeiro de Março vai atender pelo nome de Circuito Riotur...
por O.V.Pochê
O Rio é provavelmente a cidade mais aberta à multiculturalidade musical. Por ter sido capital do Império e capital da República atraiu brasileiros de todas as regiões a assimilou sons, ritmos e comportamentos.
Daí, o foco da discussão sobre trios de axé ocupando ruas no carnaval carioca não ser bem sobre a música ou supostos preconceitos musicais.
Há menos de duas décadas, o carnaval de rua, no Rio de Janeiro, estava quase extinto. O foco público concentrava-se, praticamente, no Sambódromo. Uns poucos, heroicos e insistentes blocos de bairros, mais antigos, ainda saiam com menos de 100 foliões, em alguns casos.
Foi o carioca das Zonas Sul e Norte e do Centro que, em iniciativas de amigos e vizinhos, sem apoio inicial de governos e patrocinadores, fez voltar os blocos na rua. E a população foi atrás. Depois, vieram os turistas. E o Rio passou a fazer um dos maiores e mais animados carnavais de rua do mundo, sem que as escolas de samba deixassem de brilhar no Sambódromo. Ao contrário, os ensaios em quadra e os ensaios técnicos na passarela passaram a atrair multidões, sem falar nos desfiles principais de sábado, domingo, segunda e no Sábado das Campeãs.
Naturalmente, o sucesso do carnaval de rua do Rio despertou o interesses dos empresários de blocos comerciais. Vieram os grandes trios com megacaminhões. Um deles, há alguns anos, provocou acidente com morte na Avenida Atlântica. Há anos, esses empresários tentam privatizar as ruas e implantar aqui os tais abadás caros que criam "áreas vips", fora do alcance do povão. Muitas dessas iniciativas foram rejeitadas, mas com prestígio e influência alguns desses shows comerciais obtiveram autorização para desfilar (por enquanto, sem cobrar abadá) e estão aí os trios elétricos da Preta Gil, da Anitta, blocos de promoção de sertanejos etc.
Agora, há novas turbulências no horizonte do carnaval de rua que o carioca recriou.
A Banda Eva, de Salvador, está autorizada a desfilar no Rio. Não foi informado ainda se vai cobrar abadá como faz a indústria do carnaval de Salvador.
O ex-prefeito Eduardo Paes tinha o bom senso de limitar esses exageros. A administração Crivela, aparentemente, tende a abrir a porteira. O raciocínio dos empresários de blocos comerciais é simples: se Preta Gil pode, se Anitta pode, se a Banda Eva pode, cadê o Camaleão, o Nana Banana, o Coruja, Bloco Cerveja e Cia e o Largadinho? Ano que vem dá para botar todo mundo na Vieira Souto, que vai se chamar Circuito Crivela, na Primeiro de Março ficará o Circuito Riotur, na Avenida Atlântica, o Circuito Marcelo Alves (o novo presidente da Riotur, dono de empresa de eventos) que afirma no Globo de hoje que quer "democratizar" o carnaval. Democratizar? Ou baianizar?
Meu rei, ói paí ó, esse cara nunca saiu no Simpatia, no Suvaco, no Bola Preta, no Céu na Terra, no Escravos da Mauá, e centenas de outros onde a democracia dá samba e abadá pago não entra?
Melhor ele passar o carnaval em Salvador. A internet já está vendendo abadá de 300 a 1.140 reais.
ATUALIZAÇÃO EM 29/01/2017 - Segundo informações divulgadas por vários veículos, A Banda Eva desistiu do Carnaval carioca. Em momento de bom senso, a Prefeitura proibiu os baianos de desfilarem na orla e transferiu o show do bloco comercial para o Parque Olímpico. A turma do axé preferiu desligar o trio elétrico e vai ficar pela Bahêa mesmo.
O Rio é provavelmente a cidade mais aberta à multiculturalidade musical. Por ter sido capital do Império e capital da República atraiu brasileiros de todas as regiões a assimilou sons, ritmos e comportamentos.
Daí, o foco da discussão sobre trios de axé ocupando ruas no carnaval carioca não ser bem sobre a música ou supostos preconceitos musicais.
Há menos de duas décadas, o carnaval de rua, no Rio de Janeiro, estava quase extinto. O foco público concentrava-se, praticamente, no Sambódromo. Uns poucos, heroicos e insistentes blocos de bairros, mais antigos, ainda saiam com menos de 100 foliões, em alguns casos.
Foi o carioca das Zonas Sul e Norte e do Centro que, em iniciativas de amigos e vizinhos, sem apoio inicial de governos e patrocinadores, fez voltar os blocos na rua. E a população foi atrás. Depois, vieram os turistas. E o Rio passou a fazer um dos maiores e mais animados carnavais de rua do mundo, sem que as escolas de samba deixassem de brilhar no Sambódromo. Ao contrário, os ensaios em quadra e os ensaios técnicos na passarela passaram a atrair multidões, sem falar nos desfiles principais de sábado, domingo, segunda e no Sábado das Campeãs.
Naturalmente, o sucesso do carnaval de rua do Rio despertou o interesses dos empresários de blocos comerciais. Vieram os grandes trios com megacaminhões. Um deles, há alguns anos, provocou acidente com morte na Avenida Atlântica. Há anos, esses empresários tentam privatizar as ruas e implantar aqui os tais abadás caros que criam "áreas vips", fora do alcance do povão. Muitas dessas iniciativas foram rejeitadas, mas com prestígio e influência alguns desses shows comerciais obtiveram autorização para desfilar (por enquanto, sem cobrar abadá) e estão aí os trios elétricos da Preta Gil, da Anitta, blocos de promoção de sertanejos etc.
Agora, há novas turbulências no horizonte do carnaval de rua que o carioca recriou.
A Banda Eva, de Salvador, está autorizada a desfilar no Rio. Não foi informado ainda se vai cobrar abadá como faz a indústria do carnaval de Salvador.
O ex-prefeito Eduardo Paes tinha o bom senso de limitar esses exageros. A administração Crivela, aparentemente, tende a abrir a porteira. O raciocínio dos empresários de blocos comerciais é simples: se Preta Gil pode, se Anitta pode, se a Banda Eva pode, cadê o Camaleão, o Nana Banana, o Coruja, Bloco Cerveja e Cia e o Largadinho? Ano que vem dá para botar todo mundo na Vieira Souto, que vai se chamar Circuito Crivela, na Primeiro de Março ficará o Circuito Riotur, na Avenida Atlântica, o Circuito Marcelo Alves (o novo presidente da Riotur, dono de empresa de eventos) que afirma no Globo de hoje que quer "democratizar" o carnaval. Democratizar? Ou baianizar?
Meu rei, ói paí ó, esse cara nunca saiu no Simpatia, no Suvaco, no Bola Preta, no Céu na Terra, no Escravos da Mauá, e centenas de outros onde a democracia dá samba e abadá pago não entra?
Melhor ele passar o carnaval em Salvador. A internet já está vendendo abadá de 300 a 1.140 reais.
ATUALIZAÇÃO EM 29/01/2017 - Segundo informações divulgadas por vários veículos, A Banda Eva desistiu do Carnaval carioca. Em momento de bom senso, a Prefeitura proibiu os baianos de desfilarem na orla e transferiu o show do bloco comercial para o Parque Olímpico. A turma do axé preferiu desligar o trio elétrico e vai ficar pela Bahêa mesmo.
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Repórter da Globo/Globo News é agredida ao vivo durante cobertura de rebelião de presos
por Niko Bolontrin
Muitas pessoas se despediram de 2016 com alívio. Mas 2017 está mostrando que não veio para brincar. Não é só a temperatura que está alta, a tensão também. E a indignação. Nesse clima, muitos repórteres, aqueles que botam a cara nas ruas, têm sido vítimas de agressões absurdas.
A repórter Larissa Carvalho, da TV Globo/Globo News, foi agredida na madrugada de hoje quando fazia a cobertura ao vivo da rebelião no Presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, MG.
Uma mulher, supostamente parente de um detento empurrou a jornalista. Um policial militar deteve a mulher. Larissa informou depois que não se machucou e registrou queixa.
Com base em informações da PM, a repórter dizia ao vivo que não havia feridos no interior do presídio. Segundo Larissa, que após a agressão voltou a noticiar o caso, a confusão aconteceu porque parentes de presos não concordaram com essas informações da PM, que após o incidente voltou a afirmar que a rebelião estava contida e não havia feridos nem fugitivos.
Não está fácil a vida dos repórteres que cobrem tais conflitos.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI
Ôba! Chegou a hora de privatizar a febre amarela, a zika, as ciclovias, as prisões, os transplantes, as bolsas de colostomia, as praias...
por Omelete
Um dos principais argumentos dos privatistas se baseia na ideia de que aliviar o Estado de administrar empresas e serviços públicos acaba com a corrupção. Desligando-se os governos dessas atividades, restam fechadas as portas para roubos e desvios, é a pregação messiânica dos neoliberais. Se o Estado não tem empresas, promove concessões. E nessa modalidade, como se vê, o cofre público continua provedor e generoso. Em nome da "eficiência", espalhou-se a terceirização e a privatização disfarçada de escolas, hospitais públicos, parques, serviços essenciais etc transferido para "ongs", "organizações sociais", "igrejas" e "entidades não-lucrativas". Várias delas são alvo de denúncias e de investigações por superfaturamento, desvio de recursos e corrupção "social'.
Foi preciso uma explosão de sangue em um presídio de Manaus para vir a público a privatização dos porões que são as prisões brasileiras. Aquele mundo cão dá lucro para uns e outros. E mesmo presídios que ainda não foram privatizados fazem dos fornecedores de comida terceirizados alguns dos milionários do país.
Vai ver a solução está aí.
Aparentemente, não falta muito para o Brasil privatizar: redes de esgotos, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica... que mais?
A privatização de presídios já é um indício de que a bocada está chegando ao fim e, digamos, é hora de raspar o tacho. Serviços exóticos como administrar o submundo das prisões entram na lista do empresariado nacional. Se um preso dá lucro, porque um doente de zika não pode ser um ativo, como se diz no mercado?
Porque criminalizar o trabalho escravo? Pode estar aí uma boa fonte de lucro como o governo já percebeu. é hora de acabar com a CLT ou qualquer regra, permitir a contratação por hora e até minutos sem maiores burocracias, pagamento em vale, o trabalhador vai estar "empregado" que é o que importa e o empresário não precisa se preocupar com frivolidades como férias, segurança no trabalho etc.
Já há "organizações sociais" faturando com abrigos para cracudos. Devem vir aí, transporte e comércio de órgãos para transplante, cemitérios já são terceirizados, mas pode vir aí o pedágio para movimentação do caixão do defunto entre o IML e a cova. Estádios já estão privatizados, mas os campos de pelada ainda não. Falta cobrar pedágio das ciclovias. A orla está privatizada, mas a areia não. Que tal um empresa para cuidar das vítimas da zika? O governo repassa a verba e a empresa passa a ganhar um bom percentual por sobrevivente e uma indenização por doente que passar desta para outra. Faz sentido. Veja, como tudo está terceirizado acabaram esquecendo da febre amarela, que há muito tempo não dava as caras em forma epidêmica. No vazio da órgão público para cuidar disso, a amarela está de volta. Privatizem já!.
O governo fornece bolsa de colostomia de graça? Assim não dá. Tem empresa privada aí que agilizaria esse serviço cobrando um jabazinho de responsa.
Vamos lá, Temer! Imaginação no poder.
Analisem o caso do Congresso. Já é um clube fechado, praticamente privatizado, e o custo ainda é por conta do governo. Um modelo ideal seria o do Hippopotamus. Deputados e senadores seriam escolhidos por concessionários do Congresso e pagariam uma mensalidade. Seriam tratados como sua excelência sócio, deputado-sócio etc. O governo sairia no lucro e economizaria em verbas de campanha e o custo dos tribunais eleitorais.
Pra finalizar, resolva esse enigma. Se o Brasil privatiza desde os anos 90, se Lula e Dilma seguiram a mesma cartilha e se tantas empresas e serviços que davam prejuízo já estão nas mãos eficientes de empresários porque a corrupção só cresce e os impostos idem?
Peçam para os seus bisnetos começarem a pensar na resposta que eu vou ali oferecer a minha avó em licitação publica para um concessionário em previdência privada.
Um dos principais argumentos dos privatistas se baseia na ideia de que aliviar o Estado de administrar empresas e serviços públicos acaba com a corrupção. Desligando-se os governos dessas atividades, restam fechadas as portas para roubos e desvios, é a pregação messiânica dos neoliberais. Se o Estado não tem empresas, promove concessões. E nessa modalidade, como se vê, o cofre público continua provedor e generoso. Em nome da "eficiência", espalhou-se a terceirização e a privatização disfarçada de escolas, hospitais públicos, parques, serviços essenciais etc transferido para "ongs", "organizações sociais", "igrejas" e "entidades não-lucrativas". Várias delas são alvo de denúncias e de investigações por superfaturamento, desvio de recursos e corrupção "social'.
Foi preciso uma explosão de sangue em um presídio de Manaus para vir a público a privatização dos porões que são as prisões brasileiras. Aquele mundo cão dá lucro para uns e outros. E mesmo presídios que ainda não foram privatizados fazem dos fornecedores de comida terceirizados alguns dos milionários do país.
Vai ver a solução está aí.
Aparentemente, não falta muito para o Brasil privatizar: redes de esgotos, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica... que mais?
A privatização de presídios já é um indício de que a bocada está chegando ao fim e, digamos, é hora de raspar o tacho. Serviços exóticos como administrar o submundo das prisões entram na lista do empresariado nacional. Se um preso dá lucro, porque um doente de zika não pode ser um ativo, como se diz no mercado?
Porque criminalizar o trabalho escravo? Pode estar aí uma boa fonte de lucro como o governo já percebeu. é hora de acabar com a CLT ou qualquer regra, permitir a contratação por hora e até minutos sem maiores burocracias, pagamento em vale, o trabalhador vai estar "empregado" que é o que importa e o empresário não precisa se preocupar com frivolidades como férias, segurança no trabalho etc.
Já há "organizações sociais" faturando com abrigos para cracudos. Devem vir aí, transporte e comércio de órgãos para transplante, cemitérios já são terceirizados, mas pode vir aí o pedágio para movimentação do caixão do defunto entre o IML e a cova. Estádios já estão privatizados, mas os campos de pelada ainda não. Falta cobrar pedágio das ciclovias. A orla está privatizada, mas a areia não. Que tal um empresa para cuidar das vítimas da zika? O governo repassa a verba e a empresa passa a ganhar um bom percentual por sobrevivente e uma indenização por doente que passar desta para outra. Faz sentido. Veja, como tudo está terceirizado acabaram esquecendo da febre amarela, que há muito tempo não dava as caras em forma epidêmica. No vazio da órgão público para cuidar disso, a amarela está de volta. Privatizem já!.
O governo fornece bolsa de colostomia de graça? Assim não dá. Tem empresa privada aí que agilizaria esse serviço cobrando um jabazinho de responsa.
Vamos lá, Temer! Imaginação no poder.
Analisem o caso do Congresso. Já é um clube fechado, praticamente privatizado, e o custo ainda é por conta do governo. Um modelo ideal seria o do Hippopotamus. Deputados e senadores seriam escolhidos por concessionários do Congresso e pagariam uma mensalidade. Seriam tratados como sua excelência sócio, deputado-sócio etc. O governo sairia no lucro e economizaria em verbas de campanha e o custo dos tribunais eleitorais.
Pra finalizar, resolva esse enigma. Se o Brasil privatiza desde os anos 90, se Lula e Dilma seguiram a mesma cartilha e se tantas empresas e serviços que davam prejuízo já estão nas mãos eficientes de empresários porque a corrupção só cresce e os impostos idem?
Peçam para os seus bisnetos começarem a pensar na resposta que eu vou ali oferecer a minha avó em licitação publica para um concessionário em previdência privada.
Despedidas... só que não
por Ed Sá
O cantor Silvio Caldas entrou para o folclore da música por ter feito várias despedidas oficiais da carreira. Eram shows de adeus emocionado, plateia em lágrimas, entrevistas, comoção nacional. Daí a pouco olha lá Silvio Caldas outra vez. Foram várias despedidas.
Sílvio Caldas não está mais sozinho como exemplo de vai-e-volta..
Duas celebridades resolveram engrossar o cordão dos que fingiram que foram e voltaram. Felipe Massa disse adeus e fez Galvão Bueno gastar algumas lágrimas ao vivo e em vão. Pilotos e mecânicos abraçaram e aplaudiram Massa nos boxes enquanto ele supostamente acelerava para a aposentadoria. Deletem a cena; Massa está de volta à Fórmula-1 exatamente na mesma equipe, a Williams, de onde havia saído.
A outra famosa a se despedir foi a apresentadora Fernanda Lima. no ano passado ela anunciou o fim do programa Amor & Sexo. Em entrevistas, declarou que a Globo lhe deu liberdade para escolher o que fazer e ela decidiu encerrar o programa depois de oito temporadas. Já deu, alegou. "Colocamos um ponto final", disse. Bom, o adeus foi revogado e Fernanda Lima volta a comandar o programa neste 2017 com cara de replay.
Bernardinho, da seleção masculina de vôlei, acaba de se despedir. No seu caso, a julgar pelas declarações consistentes e motivos pessoais, o treinador não parece que vai voltar ao modo "Sílvio Caldas".
O cantor Silvio Caldas entrou para o folclore da música por ter feito várias despedidas oficiais da carreira. Eram shows de adeus emocionado, plateia em lágrimas, entrevistas, comoção nacional. Daí a pouco olha lá Silvio Caldas outra vez. Foram várias despedidas.
Sílvio Caldas não está mais sozinho como exemplo de vai-e-volta..
Duas celebridades resolveram engrossar o cordão dos que fingiram que foram e voltaram. Felipe Massa disse adeus e fez Galvão Bueno gastar algumas lágrimas ao vivo e em vão. Pilotos e mecânicos abraçaram e aplaudiram Massa nos boxes enquanto ele supostamente acelerava para a aposentadoria. Deletem a cena; Massa está de volta à Fórmula-1 exatamente na mesma equipe, a Williams, de onde havia saído.
A outra famosa a se despedir foi a apresentadora Fernanda Lima. no ano passado ela anunciou o fim do programa Amor & Sexo. Em entrevistas, declarou que a Globo lhe deu liberdade para escolher o que fazer e ela decidiu encerrar o programa depois de oito temporadas. Já deu, alegou. "Colocamos um ponto final", disse. Bom, o adeus foi revogado e Fernanda Lima volta a comandar o programa neste 2017 com cara de replay.
Bernardinho, da seleção masculina de vôlei, acaba de se despedir. No seu caso, a julgar pelas declarações consistentes e motivos pessoais, o treinador não parece que vai voltar ao modo "Sílvio Caldas".
domingo, 15 de janeiro de 2017
Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus: o maior espetáculo da terra baixa a lona para sempre
por Ed Sá
Reportagem do USA Today, hoje, confirma que o Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus apaga as luzes e baixa a lona. Foram 146 anos de atividade percorrendo pequenas e grandes cidade americanas, além de turnês internacionais.
Nos últimos anos, o lendário circo já havia diminuído suas atividades. Custos altos e queda na venda de ingressos contribuíram para o fim das atividades. Um fator importante para a decadência do circo foi a atuação dos grupos que defendem os direitos do animais. Não só esses ativistas lutam por uma causa justa como sua luta sensibiliza as novas gerações. Embora não haja proibição legal em todos os Estados Unidos (no Brasil, por exemplo, leis estaduais e municipais proíbem a exploração de animais em picadeiros) o circo foi alvo de numerosas ações judiciais.
A companhia ainda fará 30 espetáculos até maio. A última sessão do Ringling Bros. e Barnum & Bailey Circus acontecerá no dia 21 de maio, no Nassau Veterans Memorial Coliseum, em Uniondale, N.Y.
Ficam a lenda e as imagens de uma superprodução de Hollywood, dirigida por Cecil B. De Mille, em 1952. No elenco de "O Maior Espetáculo da Terra", destacavam-se Charleston Heston, no papel de Brad Braden, o dono do circo, o trapezista "Grande Sebástian" vivido por Cornel Wilde, o palhaço interpretado por James Stuart e a trapezista Holly ( Betty Hutton).
Coincidentemente, na mesma semana em que o Ringling Bros anuncia o encerramento das suas atividades, os comediantes Renato Aragão e Dedé Santana. Na trama de "Saltimbancos Trapalhões, eles tentam salvar um circo. No Brasil, espetáculos circenses também caminham para a extinção.
sábado, 14 de janeiro de 2017
A edição número 12 da revista Fatos foi para as bancas em 10 de junho de 1985. Pelos títulos das matérias poderia circular amanhã. Confira: o Brasil e o mundo parecem estar em looping...
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Reproduções de títulos da revista Fatos, junho de 1985. |
por José Esmeraldo Gonçalves
Looping, você sabe, é a configuração que faz um vídeo repetir-se ao infinito. Chega ao fim e retorna ao começo, como um incansável Sísifo digital. O Brasil parece dar voltas nesse modo replay. E o mundo, em parte, idem.
A Fatos foi uma tentativa da Bloch, ou melhor, na Bloch, de produzir uma revista semanal de informação e análise. Por desafiar, de alguma forma, a cultura e os interesses da empresa, durou apenas um ano e meio. Carlos Heitor Cony era o diretor, J.A. Barros, o diretor de Arte e eu o editor-executivo. Projetamos e enterramos a revista ao perceber, em meados de 1986, que já estava combalida por problemas políticos, pressões corporativas e, em consequência, falta de investimento e contenção de circulação. Mas essa é outra história.
Vamos ao que interessa: aquela edição da Fatos poderia até ser digitalizada e postada hoje na web.
Em 1985, Ronald Reagan era o presidente americano. Aqui, o PMDB assumia a presidência com José Sarney. Neste 2017, a dobradinha repete a coincidência partidária e a incerteza política: o republicano Trump lá, o peemedebista Temer aqui. Reagan implantava política que ficou conhecida como Reaganomics, de redução de gastos, desregulamentação etc, algo parecido com a atual Temernomics.
O Brasil tentava deixar para trás a ditadura militar, mas a direita civil se articulava intensamente para não perder o poder. Naquela semana, a Fatos pôs nas capa "o novo guru da direita", o general Newton Cruz. Sob o título "Direita: por dentro do ovo da serpente", os repórteres Luiz Carlos Sarmento e Carlos Eduardo Behrendorf foram a campo ouvir os políticos e fizeram uma entrevista exclusiva com Newton Cruz.
Alguma semelhança com a atualidade? Viu o Bolsonaro por aí?
Ainda na rubrica Política, uma reportagem da sucursal de Brasília destacava o esfacelamento dos partidos em nome de interesses pessoais. Também da Capital Federal, o repórter Gilberto Dimenstein mostrava que o Congresso queria discutir uma Lei de Greve liberalizante mas o SNI, ainda atuante, e militares de alta patente "ponderavam" contra o projeto. Nesse contexto, as repórteres Lenira Alcure e Maria Luíza Silveira entrevistaram o presidente da CUT, Jair Meneguelli, que via ameaça aos direitos do trabalhadores e avaliava que o país trocara uma ditadura militar por uma ditadura econômica.
A repórter Sandra Costa ouvia o então ministro da Reforma Agrária e Desenvolvimento, Nelson Ribeiro, e a própria entrevista deixava claro que aquela reforma dificilmente sairia do papel.
No Rio, o repórter Rodolfo de Bonis, fora do tempo e a quilômetros do espaço das prisões de Manaus, entrava nas unidades do Instituto Penal Lemos de Brito para mostrar o inferno do sistema prisional.
Na editoria internacional, a União Soviética era acusada de utilizar detetives particulares americanos para colher informações estratégicas. Ainda não se especulava sobre os cyber espiões da Rússia e a prova encontrada era uma prosaica sacola de lixo com documentos sobre movimentação da frota americana.
No Kwait, terrorista suicida da organização Jihad Islâmica explodia uma bomba no centro da capital do país matando dois guarda-costas do alvo do atentado, que escalou ileso, o xeque Al Sabah.
O terrorismo não estava entre as preocupações da Bélgica, naquele momento, mas uma grande tragédia abalava a Europa. Em Bruxelas, durante um jogo do Liverpool, da Inglaterra, e do Juventus, da Itália, brigas de torcedores levaram pânico à multidão e o tumulto resultou em 41 vítimas fatais.
Em apenas uma edição, essa de referência, a de número 12, a Fatos analisava inflação e juros altos, como os jornais de hoje.
E tal qual hoje, o "medo" do comunismo gerava histeria. Sarney recebia comunistas no Palácio do Planalto pela primeira vez em 40 anos e era criticado pela direita e por religiosos. Alíás, a comitiva do PCB era liderada por Roberto Freire, atual ministro da Cultura de Temer. O partido levava seu apoio à primeira Nova República - há quem apelide o atual governo de segunda Nova República - ao mesmo tempo em que lutava pela legalização.
Assim como João Dória está varrendo São Paulo, o prefeito da cidade a ser eleito em fins de 1985 era também da vassoura; Jânio Quadros. E se Dória hoje está apagando os grafites de São Paulo, em 1985, no Rio, a polêmica eram os painéis que alunos pintaram no muro do Solar Grandjean de Montigny, na PUC. O arquiteto Lúcio Costa protestou e o Patrimônio Histórico mandou apagar os murais.
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Trecho de abertura do artigo de Alberto Tamer, na Fatos, em 1985. |
Mick Jagger, que hoje é apontado como um "símbolo" do trabalhador brasileiro do futuro, aquele que terá a obrigação de ser longevo, lançava seu disco solo - "She's the boss".
A tentativa não deu muito certo e ele permanece nos Rolling Stones até hoje, sem se aposentar como Temer gosta.
Por falar em Temer, desculpe, Tamer, isso mesmo, Alberto Tamer, jornalista de economia, escreveu naquela Fatos artigo que falava em déficit público, cortes, recessão e autoridades batendo cabeça.
Parece que foi hoje.
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Kim Kardashian: revistas sofisticadas se rendem a um fenômeno popular
Essas três capas - Vogue, GQ e Bazaar - lideram a lista de melhores de 2016. Em duas delas, a campeã de covers no ano, a onipresente Kim Kardashian. A socialite foi capa em mais de 100 revistas, no mundo. Entre estas, descartando-se as revistas de celebridades populares, as mais icônicas publicações dos Estados Unidos. Não está fácil para ninguém. São os novos tempos. Todo dia é dia de vender revista, bebê! (Clara S. Britto)
TeresinaLeaks: Hackers piauienses captam sinais de gigantesca "operação blindagem" no Planalto Central
por Omelete
Fotos captadas por satélites e reveladas por hackers piauienses mostram que nos últimos dias vários comboios de carretas transportando placas de aço se dirigem a Brasília.
A maioria estacionou perto da Praça dos Três Poderes. Como não há nenhuma obra gigantesca no local, ganha força o vazamento de que trata-se de material necessário para blindagem de alguns setores.
Coincidentemente, o fluxo de caminhões aumenta exatamente no momento em que são divulgadas denúncias sobre os poderosos do PMDB, Geddel Vieira e Eduardo Cunha e um esquema de propinas na Caixa Econômica Federal. Ao mesmo tempo, o mutirão do STF analisa delações premiadas.
Também por acaso a mídia noticia que emissários de Brasília tem visitado prisões curitibanas para empreender diálogos construtivos com algumas investigados que são granadas em pino ou verdadeiras bombas humana.
Alvos republicanos estão confiantes de que as placas de aço - dizem que várias siderúrgicas estão fazendo hora-extra para suprir as encomendas - poderão ser um alívio nos próximos meses. Os hackers piauienses obtiveram trechos de conversas no Whatsapp em que se consolida a suspeita de que lotes de placas de aço reforçarão a blindagem de parte relevante da mídia.
Estão reservadas placas de titânio para proteger alguns personagens especiais. Informações do TeresinaLeaks.
Fotos captadas por satélites e reveladas por hackers piauienses mostram que nos últimos dias vários comboios de carretas transportando placas de aço se dirigem a Brasília.
A maioria estacionou perto da Praça dos Três Poderes. Como não há nenhuma obra gigantesca no local, ganha força o vazamento de que trata-se de material necessário para blindagem de alguns setores.
Coincidentemente, o fluxo de caminhões aumenta exatamente no momento em que são divulgadas denúncias sobre os poderosos do PMDB, Geddel Vieira e Eduardo Cunha e um esquema de propinas na Caixa Econômica Federal. Ao mesmo tempo, o mutirão do STF analisa delações premiadas.
Também por acaso a mídia noticia que emissários de Brasília tem visitado prisões curitibanas para empreender diálogos construtivos com algumas investigados que são granadas em pino ou verdadeiras bombas humana.
Alvos republicanos estão confiantes de que as placas de aço - dizem que várias siderúrgicas estão fazendo hora-extra para suprir as encomendas - poderão ser um alívio nos próximos meses. Os hackers piauienses obtiveram trechos de conversas no Whatsapp em que se consolida a suspeita de que lotes de placas de aço reforçarão a blindagem de parte relevante da mídia.
Estão reservadas placas de titânio para proteger alguns personagens especiais. Informações do TeresinaLeaks.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
Somos todos Imperatriz ! Político ruralista quer censurar escola de samba carioca...
Com o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) à frente, o chamado agronegócio parte com suas alas virtuais de foices, enxadas, motosserras, tratores e agrotóxicos pra cima da Imperatriz Leopoldinense.
Como se fosse um seita, eles reúnem suas tropas para intimidar a tradicional escola carioca. O motivo da ira chega a ser inacreditável: ruralistas e suas bancadas e instituições dizem que o enredo da Imperatriz - "Xingu, o clamor que vem da floresta" - "ataca" o agronegócio brasileiro.
Os ruralistas costumam se colocar como um exército de patriotas que sustenta a economia brasileira. Não são. De fato, formam uma cadeia importante de produção. Mas atuam em um negócio como outro qualquer e o fazem para ganhar dinheiro e não por benemerência.
Além disso, o agronegócio é historicamente favorecido pelos cofres públicos em incentivos, empréstimos a juros subsidiados, perdão da dívidas etc, etc. E, sim, como a mídia independente noticia com alguma frequência, há empresas e proprietários de terras que são alvos de denúncias publicas e investigações sobre desmatamento, contaminação por uso inadequado de agrotóxicos que envenenam trabalhadores, rios e consumidores de frutas, hortaliças, arroz, feijão, milho etc, acusações de uso de trabalho escravo, queimadas, contrabando de madeira etc.
Se, claro, não são todos culpados, isso não significa que os crimes não existam.
O enredo da Imperatriz canta uma realidade - a usurpação das terras dos índios, a destruição dos seus habitats. E não diz que isso aconteceu apenas hoje de manhã e que Ronaldo Caiado e seus aliados são os culpados diretos pela ação histórica e continuada contra os primeiros habitantes do Brasil.
O samba-enredo sonha com um futuro em que o meio-ambiente seja preservado. E isso não é "atacar" o agronegócio, a não ser que o agronegócio queira assumir o papel de destruidor insaciável do meio-ambiente.
A Imperatriz não abomina o campo. Tanto que, no ano passado, no enredo que homenageou Zezé di Camargo e Luciano, cantou a viola, a porteira, o berrante, a colheita, a boiada e a cavalhada.
Mas Caiado está louco da vida e ameaça criar uma CPI para investigar a Imperatriz. Diz abertamente que quer descobrir os "financiadores". Ok, e se descobrir? Vai criminalizá-los, vai expulsá-los do país, vai exilá-los, vai obrigá-los a cancelar apoios, vai mandá-los para uma cadeia em Manaus, vai chamar os militares?
Se essa ala do autoritarismo não guardar seus adereços e fantasias, e suas ameaças, nos próximos dias, melhor a Imperatriz reviver na avenida o belo samba que lhe deu o título de campeã em 1989.
Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós...
Somos todos Imperatriz.
Conheça o samba de Moisés Santiago/ Adriano Ganso/ Jorge do Finge/Aldir Senna que fez a cúpula ruralista entrar em modo surto. Ouça AQUI:
"Brilhou coroa na luz do luar
Nos troncos a eternidade, a reza e a magia do pajé
Na aldeia com flautas e maracás
Kuarup é festa, louvor em rituais
Na floresta, harmonia, a vida a brotar
Sinfonia de cores e cantos no ar
O paraíso fez aqui o seu lugar
Jardim sagrado o caraíba descobriu
Sangra o coraçao do meu Brasil
O belo monstro rouba as terras dos seus filhos
Devora as matas e seca os rios tanta riqueza que a cobiça destruiu
Sou o filho esquecido do mundo
Minha cor é vermelha de dor
O meu canto é bravo e forte
Mas é hino de paz e amor
Sou o guerreiro imortal derradeiro
Deste chão o senhor verdadeiro
Semente eu sou a primeira
Da pura alma brasileira
Jamais se curvar, lutar, aprender
Escuta menino, Raoni ensinou
Liberdade é o nosso destino
Memória sagrada, razão de viver
Andar onde ninguém andou
Chegar aonde ninguém chegou
Lembrar a coragem e o amor dos irmãos
E outros herois guardiões
Aventura de fé e paixão
O sonho de integrar uma naçõa
Kararaô... kararaô... O índio luta pela sua terra
Da Imperatriz vem o seu grito de guerra
Salve o verde do Xingu, a esperança
A semente do amanhã, herança
O clamor da natureza a nossa voz vai ecoar... preservar"
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
A capa da Exame faz merchandising da reforma da Previdência, usa Mick Jagger de garoto-propaganda e quebra a internet
A direita brasileira parece estar segura de que tem uma vida de mamão-com-açúcar pela frente.
Com os projetos enfileirados do governo Temer, eles tão que tão. Agora inauguram um novo formato jornalístico: o deboche marginal, aquele que vem colado à "notícia". É pra quem pode.
A reforma da Previdência obrigará os brasileiros a trabalharem por um período muito maior e a aposentar-se com menos. Como exemplo, apenas em torno de 1% dos trabalhadores brasileiros atualmente empregados têm 65 anos. Segundo a reforma, com essa idade o sujeito ainda vai estar na fila do emprego ou, quem sabe, do estágio e torcendo para ser efetivado.
Para ilustrar como será bom trabalhar até os oitentinha ou noventinha, a Exame foi buscar um exemplo relevante: Mick Jagger. Aos 74 anos, o roqueiro está na ativa e até faz filho a toda hora.
A Exame acha que ele é um típico representante do povo brasileiro.
A Exame pensa que a vida é um show.
Provavelmente, os coxinhas imaginam que todo trabalho se realiza no ar condicionado, em salas de tapetes macios, poltronas de couro, plano de saúde em dia e bônus no fim do ano. Vá alguém explicar para eles o que é trabalhar com mais de 70 encarando um forno de siderúrgica, um jornada para cortar cana, trabalhar nas fundações de um represa ou manejar uma britadeira ao meio-dia no verão do Rio de Janeiro.
Ou a Exame acha que serão oferecidos aos velhinhos do futuro apenas vagas de executivos?
A curriola do atual governo e a mídia deslumbrada com a oportunidade política para institucionalizar a selvageria social comemora uma reforma que, na prática, vai impedir que milhões de brasileiros se aposentem. Vão morrer antes de cumprir a fórmula da Previdência. Mas aí vai ter a previdência privada. Ah, bom. A maioria das pessoas já tem dificuldade para pagar planos de saúde extorsivos, imagina somar a isso o jabá financeiro da aposentadoria privada.
Por essa e por outras, a rede social fez um bullying básico com os coxinhas.
Ossos de Josef Mengele são usados em aula de medicina forense em São Paulo...
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Reprodução The Guardian |
Segundo matéria no The Guardian, estudantes Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo estudam em aula os ossos do médico e criminoso nazista Joseph Mengele, que fez experimentos em milhares de judeus no campo de concentração de Auschwitz durante a Segunda Guerra Mundial.
Por mais de 30 anos, diz o jornal, os ossos de Mengele estiveram guardados em uma bolsa de plástico azul no Instituto Médico Legal de São Paulo até que o Dr. Daniel Romero Muñoz, que liderou a equipe que identificou os restos do nazista em 1985, viu uma oportunidade de usá-los. O "anjo da morte", como era conhecido, morreu há quase há quase quatro décadas quando se afogou em Bertioga, na costa do estado de São Paulo.
Leia no Blog Nocaute: Fernando Morais entrevista com exclusividade o cyber ativista Julian Assange
O jornalista e escritor Fernando Morais publica no seu blog (Nocaute) os bastidores e a íntegra da entrevista exclusiva que fez com o cyber ativista e fundador do Wikileaks Julian Assange, que há quatro anos está exilado na Embaixada do Equador, em Londres.
Alguns tópicos:
Fernando Morais: Que evidências o WikiLeaks tem do envolvimento internacional na derrubada da presidente Dilma Rousseff no Brasil?
Assange: Não publicamos nada diretamente a respeito, mas muita coisa sobre as partes envolvidas, como eles agiram historicamente – incluindo o presidente Temer e outras pessoas do seu gabinete. A maioria trata de contatos com a embaixada americana. Vindo à embaixada americana, trazendo briefings e tentando fazer lobby para que ela apoie um partido ou outro.
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Assange e Fernando Morais. Foto/Blog Nocaute |
Assange: Algo entre as duas coisas, um golpe constitucional. Um golpe político, como pode ser chamado.
(...)
Fernando Morais: : Voltando ao Brasil, ao Michel Temer, na página dele do Wikileaks ele se dirige a alguém não identificado, isso foi uma conversa privada com um informante americano ? Quantas vezes isso aconteceu e o que isso sugere?
Assange: Sim, Michel Temer teve reuniões privadas na embaixada americana para passar a eles questões de inteligência política, a que não muitos tiveram acesso, e discussões das dinâmicas políticas no Brasil.
Isso não é pra dizer que ele é um espião pago pelo governo americano. Eu não sei, mas não existem evidencias que ele seja um espião pago em dinheiro. Estamos falando de algo mais, falando de construir um boa relação de forma a ter trocas de informação de parte a parte. E apoio político.
(...)
Fernando Morais: Você identificou alguma evidência da influência americana nos protestos do Brasil?
Assange: O que eu vi é que havia um grande numero de robôs online operando pra estimular esses protestos. E pensando em como são os programas americanos, vemos que essas coisas não acontecem na América Latina sem apoio americano. Financeiramente, com logística e inteligência, tanto no exato momento que acontece ou meramente juntando as partes envolvidas. Se ler nossas publicações você verá que acontece repetidamente isso e o Brasil é um país que atrai muito interesse.
Na verdade ao olhar a espionagem militar em diferentes países da América Latina, o Brasil é o país latino-americano mais espionado. Isso é muito interessante porque alguém imaginará ingenuamente que deve ser Venezuela ou Cuba que tenham mais espiões, porque historicamente foram os adversários com os quais os EUA mais se envolveram em hostilidades, e não o Brasil. Então por que o Brasil? É que o Brasil tem uma economia maior, o Brasil é simplesmente mais importante economicamente.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA E VEJA O VÍDEO NO BLOG NOCAUTE,
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O martelo da intolerância: Evangélica bota pra quebrar e arrebenta imagem de Nossa Senhora Aparecida
Deu na Fórum: "Uma mulher apontada como pastora evangélica aparece em um vídeo destruindo uma imagem de Nossa Senhora Aparecida. O caso aconteceu em Botucatu (SP) e gerou indignação ao ser postado na internet na terça-feira (10). Posteriormente, a gravação feita por membros da igreja foi retirada do ar, mas acabou salva e compartilhada por meio do aplicativo WhatsApp e das redes sociais. “Oh, senhor, meu Deus pai. Quebra toda a obra contrária. Oh, glória. Seu nome seja glorificado, senhor. Essa obra que foi feita pelas mãos do inimigo agora está sendo quebrada em nome de Jesus”, diz um dos obreiros enquanto a mulher destrói a santa católica com um martelo e o grupo entoa várias orações".
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