segunda-feira, 25 de abril de 2016

Flamengo despreza pequenos torcedores e se recusa a entrar em campo com a meninada uniformizada de Manaus. É o moderno marketing do futebol?

Reprodução Internet

Reprodução Internet

Reprodução Internet

por Omelete

O Flamengo alardeia que é dirigido por "homens do mercado". Está entregue a "executivos" e "marqueteiros" que aparentemente entendem de tudo menos de futebol.

O time não ganha nada, só o Vasco já o eliminou de umas três competições. Até do torneio da Liga, do qual o carrasco Vasco não participou, o time dançou.

O Flamengo é um dos poucos times brasileiros que não pode reclamar de calendário ou excesso de jogos: os caras nem vão até o fim das competições...

Ontem, em Manaus, os marqueteiros do Flamengo aprontaram uma grosseria. Quiseram provavelmente atingir o Vasco e agrediram apenas seus próprios torcedores que estavam no estádio.

O Vasco entrou em campo, os jogadores levando crianças locais, pequenos torcedores, como muitos clubes fazem. Os cruzmaltinos, juizes e auxiliares se perfilaram, aguardando o adversário. E o Flamengo entra em desabalada carreira rumo ao centro do campo.  Eu, hein!.

Meninos e meninas uniformizados viram, decepcionados, os jogadores rubro-negros passarem batido. A meninada flamenguista foi largada lá. Parte da torcida vaiou. Certamente orientados pelos marqueteiros, o jogadores rubro-negros fincaram uma bandeira no centro do gramado. Palhaçada, apenas. Quiseram dizer que o estádio era deles? Tomaram na tarraqueta por 2x0. E foram despachados do Campeonato Carioca.

Hoje, na internet, circulam memes trolando a Flamengo. Já virou moda. E bomba um vídeo mostrando a estupidez que os caras fizeram com as crianças de Manaus. Os próprios torcedores do clube estão reclamando disso na web.

Tudo em nome do moderno marketing dos tecnocratas do futebol que mais parece coisa de perebas que jamais viram uma bola na vida. E nem a boa educação esportiva. Vai ver nem gostam de futebol. E devem achar que torcida é essa gente diferenciada que atrapalha e enche o saco.

Veja na reprodução da Internet. O Flamengo fez o marketing da palhaçada. Correu para fincar uma bandeira no campo e largou os pequenos torcedores que esperavam entrar em campo com o time. Abaixo, o vídeo da vergonha. As imagens não são muito nítidas mas dá para ver que as crianças levam um chega-pra-lá e são impedidas de entrar com o time, bem ao contrário do que fez o Vasco.
VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI 


domingo, 24 de abril de 2016

Sexo em tramitação no banheiro da Câmara dos Deputados



A visitante usava um crachá de livre acesso à Câmara dos Deputados. Reprodução

por Ed Sá

Política e sexo são ingredientes que, juntos, esquentam o noticiário. Na atual campanha americana ainda não surgiu um escândalo de cama, sem mesa, capaz de virar o assunto do dia. Mas bem que os repórteres tentam - e os staffs dos pré-candidatos também - encontrar alguma coisa. Por enquanto, tentam atingir Hillary Clinton requentando o caso Monica Lewinski.

Há poucas semanas, a ex-estagiária da Casa Branca deu uma entrevista com muitos detalhes do affair que manteve com Bill Clinton, dos encontros no Salão Oval com direito a sexo oral. Donald Trump tem dado algumas estocadas em Hillary criticando seu comportamento na época daquele escândalo.Há poucos dias, arrumaram uma sósia de Ted Cruz, ela conseguiu aparecer no noticiário, e recebeu propostas de sites pornôs para protagonizar um versão do pré-candidato republicano.

Nesse ponto, Brasília está mais quente. Conforme o portal R7 divulgou, vazaram fotos de uma modelo em um dos banheiros da Câmara dos Deputados com cenas explícitas entre a visitante e um sujeito de terno preto. Mais do que a votação do golpe, as fotos, algumas impublicáveis, foram o assunto da semana nos grupos de Whatsapp de suas excelências. Vê-se uma mão teclando voto, há defesa oral de projeto e outros trâmites. Suspeita-se que o agraciado seja um político. Terá ele votado sim ou não na sessão do golpe?
No banheiro, aparentemente, ele disse sim a tudo, sim, sim, sim!

Tocha Olímpica a caminho da Rio 2016


Como manda a tradição, a Tocha Olímpica da Rio 2016 foi acesa na Grécia, na cidade de Olímpia.


A chama sagrada de Zeus percorrerá 31 cidades da Grécia. 

A atleta grega Stela Koumpli, duas vezes campeã mundial de remo, veste a camisa da Rio 2016.
A atleta olímpica Alexandra Tsiavou

A "escolta" da tocha na Grécia. Na próxima quarta-feira, 27, a chama será oficialmente entregue ao Brasil e seguirá para o Museu Olímpico, em Genebra. No dia 1° de maio chegará a Brasília. A partir da Capital Federal, 12 mil condutores se revezarão nas ruas de 327 cidades até a chegada ao Maracanã, para a Cerimônia de Abertura dos Jogos, no dia 5 de agosto. Fotos Roberto Castro/ME


Ratinho dá um bico em caixa de papelão e constrange assistente de palco



Ninguém pode negar que a TV brasileira, embora seja uma concessão pública, é terra de ninguém, sem lei e nem ordem. Além dos programas policiais que abertamente instigam a violência e o preconceito, agora exibe cenas explícitas de humilhação de assistentes de palco. As imagens do apresentador Ratinho, do SBT, chutando uma caixa sob a qual trabalhava a atriz Miline Pavorô falam por sí. Nas redes sociais, foram milhares os comentários de internautas chocados com a violência, o constrangimento e as lágrimas da atriz.
Na história do SBT caixas de papelão já tiveram papel mais digno: dizem que o dono do canal, quando era um humilde camelô, alugava caixas na Av. Rio Branco, no Rio, para a galera que não podia ir para as arquibancadas poder ver melhor os desfiles das escolas de samba.
E ninguém chutava o pessoal.
Veja o video, clique AQUI

Memórias da redação: o dia em que JK chorou...

por Alberto Carvalho (do livro "Eu, Tura")

"Um dos maiores prazeres da minha vida, quando trabalhava na Manchete, foi fazer uma projeção de fotos no apartamento do Presidente Juscelino Kubistchek, na Av. Atlântica, no Rio, assim que ele voltou do exílio. As fotos eram de Brasília, feitas especialmente a pedido do Sr. Adolpho Bloch, para ele assistir, junto da esposa, dona Sarah. 
Por determinação do governo militar, JK estava proibido de pisar na Capital Federal. Como passou muitos anos no exílio, ele não acompanhou o desenvolvimento da cidade que construiu. O ex-presidente não sabia daquela projeção. Era uma surpresa que o 'seu' Adolpho havia preparado pra ele.
A cada foto projetada, eu sentia que a emoção tomava conta do seu coração.
Catetinho, Brasília.
Mas a foto que mais comoveu o Presidente foi a do Catetinho, a primeira construção do Planalto feita para ele e seus assessores se reunirem quando de visitas às monumentais obras da futura Capital. E, no final, de pé ao meu lado, as lágrimas correndo pelos seus olhos, caindo sobre o meu ombro, JK me abraçou, emocionado. Dona Sarah, também chorava. Naquela noite, eu não conseguia dormir pensando no que aquela cena simbolizava. Acho que ele, também não."

sábado, 23 de abril de 2016

Exclusivo: o que pensa, o que veste, o recato, a beleza e o que usa a mulher brasileira pós-golpe segundo a revista Scenna Muda

por Omelete
Estou há uma semana tentado descobrir quem é aquela mulher que a Veja apontou como símbolo da mulher brasileira, exemplo perfeito de bela, recatada e do lar.

Esqueçam Pagu, Leila Diniz, Olga Benário, Anita Garibaldi, Iara Iavelberg, Maria da Penha, Maria Quitéria, Zilda Ars, Bertha Lutz, Nise da Silveira e tantas outras indisciplinadas e despudoradas que tentaram ir além do cafofo. Elas perderam suas batalhas.

De onde a Veja teria tirado esse novo padrão da mulher pós-golpe?

Rodando em sebos de revistas no Centro do Rio encontrei a prova que faltava e o livreiro nem precisou fazer delação premiada. A matéria da Veja é inspirada em uma edição da revista Scenna Muda, de 1922. As brasileiras "bellas", recatadas e do lar estão lá fotografadas e descritas. Até os anúncios da revista são dirigidos às mulheres perfeitas do começo do século passado.

Essa mesma imaculada que a Veja - com um texto caipirinha -  se orgulha de resgatar agora como espelho para suas leitoras.

As revistas atuais têm especialistas que fazem permanentes pesquisas sobre audiência para conhecer seus leitores. Não se enganem: se a Veja vendeu tanto a imagem da mulher ideal, a nova mulher brasileira pós-golpe, é porque suas leitoras assim se identificam e é o que esperam e o que vão imitar. A isso se dá o nome de formação de opinião. Coisa fina. Não desdenhe do perfil das vencedoras.

Como contribuição desinteressada, retiro da Scenna Muda algumas fotos das perfeitinhas de 1922. Figurinos, penteados, produtos que consumia, está tudo aí.
O pessoal vitorioso já pode tirar a camisa amarela: o figurino da Scenna Muda é a moda.

Sugestão para adereço ideal para cerimônias de posse.

A mulher pós-golpe não dá mole em rede social, usa diário e desabafa, quando o faz, em forma de sonetos. É o máximo que se permite de rebeldia chique. Ela e o marido adoram se comunicar por cartas.

Nada de decotes. Só um par de joelhos e nada de mostrar as coxinhas.

A mulher pós-golpe tem "criadas" e se orgulha disso. 


Vai um cházinho? A mulher pós-golpe é solícita e se antecipa aos desejos do "maridão". Entende que ele pode estar cansado de conspirar, de ir a manifestações e de receber ordens, de ouvir os pedidos, de ser chamado de traidor. "Coitado!, vivo pra ele" - ela escreve sempre no diário.  

O maridão precisa relaxar. A mulher pós-golpe entende isso, ela o distrai com seus dotes musicais e o incentiva a "libertar o galináceo" (era a expressão da época para "soltar a franga"). 

Mesmo quando leva um puxão de orelhas, ela sorri. É de brincadeirinha.
A harmonia conjugal permite tais folguedos. 

A mulher pós-golpe também se diverte: na foto, ela ensaia um minueto baseado nas músicas de Chiquinha Gonzaga, perdão pela comparação, vai aqui só como uma referência da juventude, que era uma Anitta da época. Mas tudo isso no recato dos jardins da mansão, longe de olhares indiscretos e de vazamentos para a imprensa. 
A mulher brasileira pós-golpe não compartilha nada do que vê e ouve em casa. Consciente do seu papel, ela orienta as amigas  e as "criadas" para não falar pra ninguém sobre os assuntos de trabalho do maridão,  política, programa de governo, inquéritos, essas coisas de homem. 

A Veja ainda não divulgou se fará uma eleição da "Mais Recatada de 2016", mas, em 1922, a "Revista da Semana" anunciava  na Scenna Muda o seu concurso da "A Mais Bella Mulher do Brasil ".  Era, dizia a revista, para escolher "a joia mais perfeita da nossa raça". 

A mulher pós-golpe usa pó-de-arroz em doses hospitalares: parecer sempre mais branca é essencial
Finalmente, por entender que a mulher brasileira pós-golpe viveu momentos de tensão na Av. Paulista
e em Copacabana, a Scenna Muda recomenda o Amargo Sulfuroso do Dr. Kauffmanns. Cura nervosismo, fraqueza, urina turva, "venenos mineraes que permanecem em vosso organismo" e  até eliminam "botões desgraciosos
no rosto". 

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Psiquiatras investigam a vida e o comportamento de Marilyn Monroe e lançam um livro em que revelam que a atriz era autista

Uma das fotos de Marilyn Monroe que serão leiloadas em Hollywood mostra a atriz em um intervalo no set do filme"The Misfits" ("Os Desajustados"), em 1960. É do fotógrafo Eve Arnold. Marilyn, às vezes, ficava distante, absorta, mesmo no ambiente agitado das filmagens. 
por Clara S. Britto
Um livro lançado na Itália - "L'Altra Marilyn" ("A Outra Marilyn") - apresenta uma nova tese sobre a personalidade de um dos maiores mitos do século passado. Os autores,  psiquiatras Lilliana Osso e Riccardo Dalle Luche, promoveram, com a ajuda de uma grande pesquisa, uma verdadeira "sessão de psicanálise" com Marilyn Monroe. Entre outras coisas, afirmam que ela era autista.

De acordo com essa teoria, a síndrome tanto contribuiu para levá-la tornar-se ícone do cinema como foi fator importante na sua queda. O livro vem com dezenas de fotos - algumas, dizem os divulgadores, rejeitadas pela atriz que, em vida, não permitiu que fossem publicadas - e tem capítulos extremamente técnicos sobre a sua psicopatologia auto-destrutiva, a múltipla personalidade, o perfeccionismo e os riscos psicológicos de todas essas forças em conflitos interiores.

Mas uma das atitudes que permitiu sua ascensão teria sido a pertinácia e o perfeccionismo, características coincidentemente apontadas no jogador do Barcelona, Messi, que seria portador de uma forma também branda de autismo. Autistas tendem a adotar um padrão e repeti-lo. Possuem grande memória. São obstinados, perseguem uma meta. No caso do jogador, isso ajudaria na repertório de dribles, em antever movimentos do adversário e na obstinação em busca do aperfeiçoamento.
Marilyn foi tema de quase 100 livros, biográficos ou não, mas esse é o primeiro que analisa sua estrutura psicológica. A estrela morreu aos 36 anos, em 1962, mas sua imagem e tudo o que se relaciona a ela ainda faturam cerca de 27 milhões de dólares por ano. A agência CMG Worldwide e Anna Strasberg, viúva de Lee Strasberg, professor de teatro de Marilyn, estariam entre os beneficiários já que atriz não deixou herdeiros naturais. Frequentemente são vendidos objetos da sua memorabilia. Ainda este ano, em Hollywood, acontecerá um grande leilão de joias, vestidos, móveis, fotos e até um piano e livros que pertenceram a ela. 

Curiosamente, Marilyn, que incorporou o estereótipo de loura inconsequente, tinha na sua estante obras como "A Queda",  de Albert Camus; "On the Road", de Jack Kerouac; "Ulysses", de James Joyce; "Adeus às Armas", de Ernest Hemingway; "As Aventuras de Huckleberry Finn", de Mark Twain; "Crime e Castigo", de Dostoevsky; "O Capital", de Karl Marx;  e "Madame Bovary", de Gustave Flaubert.
No auge do sucesso, em 1958, Marilyn foi capa da Manchete. A chamada: "Drama na Vida de Marilyn Monroe". Entre 1957 e 1958, ela sofreu dois abortos espontâneos causados por endometriose e surgiram os primeiros sinais de dependência às drogas. 

A trágica queda da ciclovia, no costão da Niemeyer, no Rio, pode ser tudo, menos acidente...







Fotos Fernando Frazão/Agência Brasil

Em tempo em que urubu voa de costas, não se pode comemorar nada. O Rio recebeu há apenas três meses a Ciclovia Tim Maia, que passa pelo costão do Niemeyer.

Uma obra bem-vinda não apenas por abrir um caminho para as bicicletas rumo a São Conrado e, em seguida, Barra, como por proporcionar aos passantes uma vista deslumbrante. Ontem, a cidade foi abalada por uma tragédia, no local, com vítimas fatais. Desabou um seção da pista, com duas mortes confirmadas. Nesse momento, os bombeiros buscam outras três supostas vítimas. A prefeitura do Rio contratará um perícia independente para analisar o acidente.

Infelizmente, convive-se no Brasil com frequentes desastres ou exemplos de obras precárias que falham logo após inauguradas. O arco que sustentava a cobertura do Engenhão entrou em ameaça de colapso e passa por obras de reforço. Uma das possibilidades teria sido um erro de projeto, segundo a prefeitura. A empresa responsável se defende na Justiça. Enquanto isso, o estádio que sediará os Jogos 2016 ficou interditado por cerca de dois anos. Em 2014, um viaduto desabou em Belo Horizonte. Haveria menos ferro do que o necessário. A barragem da Samarco, em Mariana (MG), desaba e provoca o maior acidente ecológico da história do Brasil. A lista seria grande: desabamentos, calçadão que afunda, ponte que a água leva na primeira enchente, estrada inaugurada e logo fechada para reforma, conjunto habitacional interditado antes do habite-se, elevatória instalada e que não funciona por erro de projeto etc.

Um experiente engenheiro apontou duas causas para esses desastres, que, segundo ele, podem ser tudo menos acidentes. Uma delas: a formação profissional negligenciada em muitas universidades. Em segundo lugar - ele dá um peso maior a esse ponto - o chamado desmonte do Estado. Se há setores que, de fato, o Estado deve deixar por conta da iniciativa privada, há outros em que sua ausência é catastrófica. O governo - dizia ele - já não dispõe mais de corpo técnico capaz de avaliar todos os detalhes de um projeto que encomenda. No caso das estradas, com a implosão do antigo DNER, que tinha distritos com pessoal capaz de projetar, construir e fiscalizar efetivamente grandes e pequenas obras, faz-se a licitação, empresas privadas elaboram projetos e executam a obra. Se o projeto é correto, se os materiais são adequados ou suficientes, tudo isso fica a depender do contratado, que, obviamente, tem como parâmetro principal do seu negócio o lucro. Caberia ao corpo técnico do contratante, equipado em quantidade e qualidade de material humano, vigiar rigorosamente todas as fases da obra. Mas, cadê? Isso vale para todos os níveis de governo, o federal, o estadual e o municipal. O poder público - desmontado desde que foram impostos os interesses privados que pregam o Estado mínimo e faturam às custas da falência dos braços técnico e de fiscalização -, só depois dos desastres vai descobrir que pagou gato por lebre.

Não vale pôr a culpa nas ondas que batem no costão. Até Estácio de Sá sabia disso, tanto que foi desembarcar bem longe dali, em uma praia tranquila e favorável entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão.

Quer uma prova da incompetência?

Veja, na reprodução abaixo, os três arcos de pedra construídos exatamente no ponto onde desabou a seção da ciclovia. Sabe o que é aquilo? É a Gruta da Imprensa, inaugurada em 1916. Faria parte da sustentação de uma linha férrea que ligaria Botafogo a Angra dos Reis. Os trilhos jamais foram montados, mas os arcos estão lá até hoje. Firmes. Apesar das ondas.

Reprodução Globo News
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As ondas não levaram a Gruta da Imprensa, construída há 100 anos. O local ganhou esse nome porque os jornalistas esportivos que cobriam a corrida automobilística "Circuito da Gávea se posicionavam na mureta do viaduto. Foto:Reprodução

Atualização: em reforço às consequências do desmonte do Estado, assinale-se que os jornais de hoje informam que a própria empresa que projetou e construiu a ciclovia era responsável pela "fiscalização". Isso equivale a pedir ao dono da boca-de-fumo para reprimir a venda de droga no reduto dele.

Europa pode ser epicentro de nova crise. Alguns países defendem combate à especulação e regulação do mercado. Tudo indica que Brasil da chapa Cunha-Temer irá na direção oposta, a do bundalelê financeiro

por Jean-Paul Lagarride
Há poucas semanas, o governo italiano transferiu dinheiro público para a especulação privada, alegadamente para salvar bancos que, se quebrassem,"'colocariam em risco o sistema financeiro". Esse suposto risco é usado como uma espécie de chantagem em períodos de crise de liquidez geralmente provocada pelos próprios bancos.  Aconteceu no Brasil, no embalo do neoliberalismo predatório dos tucanos no final do anos 1990. Aconteceu em 2008, na crise americana, na festa especulatória do criminoso subprime, dos derivativos e de outros mecanismos de espoliação que arrastaram o mundo e estão até comprometendo economias.

Tem crescido na Europa a tendência para, finalmente, regular o mercado financeiro. Sem isso, a crise não será superada. Pior, há sinais claros de uma próxima grande crise. Mercados voláteis - como esse que vive atualmente o Brasil com a ajuda e o impulso da conspiração golpista e com muitos grupos, inclusive corporações da mídia, ganhando muito dinheiro em "aplicações" -, e a depreciação de preços de commodities estão entre os gatilhos do caos.

Economista que previu 2008, o britânico George Magnus disse em entrevista que desenha-se um quadro muito semelhante às vésperas do desastre de oito anos atrás. Durante a conversa, o repórterassinalou que Magnus bateu três vezes na madeira ao pronunciar o agouro.

Do jeito que está, como mercado fazendo o que quer, as crises financeiras tornaram-se cíclicas, obedecendo a um padrão: 1987 (quando o índice  Dow Jones  caiu em quase 23% em um dia); em 1994 (quando o México era o "queridinho" do mercado financeiro internacional, que gerou uma "bolha", afundou a terra de Pacho Villa e provocou o "efeito tequila" que atingiu dezenas de países. Um efeito agravado porque, para conter prejuízos, bancos americanos fizeram lobby para o FED aumentar brutalmente os juros no Estados Unidos, o que atraiu capitais para o país, fragilizando outras economias); em 2001, estourou a "bolha" das empresas de alta tecnologia (os especuladores valorizaram artificialmente a cotação da corporações da internet, decidiram realizar os lucros em manada e derrubaram os preços); em 2008, a "bolha" do subprime.
Economistas afirmam que só não estourou outra grave crise, ainda, porque a de 2008 não acabou totalmente. Mas os sinais estão aí: há alguns meses, títulos do governo americano sofreram uma queda-relâmpago de 40 pontos, logo recuperados, mas o fenômeno foi visto como uma luz vermelha de advertência. Especula-se que a próxima crise envolverá títulos de dívida pública da Europa, atualmente inflados e procurados por mercados do mundo inteiro já que proporciona, na prática, empréstimos mais baratos.

Reprodução/O Globo
Enquanto analistas sérios lançam, lá fora, essas advertências - e a necessidade de regulação - , no Brasil, os sinais apontam para direção oposta, uma virtual associação com o mercado, que pode levar o país a disparar junto com a manada da especulação. A mídia aponta como provável ministro da Fazenda do governo da chapa do golpe, Cunha-Temer, o presidente da Federação dos Bancos (Febraban) Murilo Portugal. Portugal era, em 1998, representante do Brasil no FMI. Foi a época em que  o governo - que hoje é credor - caiu de quatro diante do Fundo.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Pulitzer premia fotógrafo brasileiro e reportagens investigativas. E mostra que jornalismo e grande mídia não precisam ser incompatíveis

Milhares de coletes, câmaras de ar, botes de borracha na ilha grega de Lesbos, deixados por refugiados sobreviventes ou que deram à praia após naufrágios frequentes, que têm causado milhares de mortes. A foto, feita em novembro do ano passado pelo brasileiro Maurício Lima, do New York Times, é uma das vencedoras do Prêmio Pulitzer 2016.  
Com a foto acima, o brasileiro Maurício Lima (The New York Times) foi um dos vencedores do Prêmio Pulitzer 2016. Mas três fotógrafos do jornal (Sergey Ponomarev, Tyler Hicks e Daniel Etter),
tiveram trabalhos destacados na categoria Breaking News, abordando o drama dos refugiados que lutam para chegar à Europa.

Nos quesitos de texto, esta talvez tenha sido a edição do Pulitzer que mais selecionou, entre os vencedores e finalistas, reportagens investigativas e de interesse social que saíram em grandes publicações, várias delas até classificadas como "conservadoras". Um alento contra os sinais de crise do jornalismo. Ou, por contraste, uma preocupante constatação: a grande mídia brasileira não tem produzido reportagens imparciais com tal alcance social ou comunitário.

Pelo menos não desse tipo, com fortes denúncias de interesse da sociedade, dos consumidores, dos cidadãos, enfim, que envolvam corporações poderosas, agressões ao meio ambiente, trabalho escravo etc, à margem do foco corporativo ou político-conspiratório.

Na última década, a mídia cartelizada privilegiou o engajamento político-partidário com todo o impacto e a distorção que tal posicionamento causa no verdadeiro jornalismo. E muito citada - e geralmente em contexto suspeito - a famosa frase de Millôr Fernandes ("Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados"). Certo. Mas a "oposição", no caso, sendo Millôr quem foi, não deve se aplicar apenas a governos. Mercado financeiro, grupos poderosos, madeireiras predadoras, corruptos (mas de todas as siglas, não só os alvos de denúncia seletiva), empresas que usufruem de trabalho escravo etc. também fazem parte do sistema, da "situação", no sentido do complexo de forças que predomina, influi e governa o país. Esses, muito raramente, são temas de matérias de interesse social na grande mídia.

O Pulitzer premiou a Associated Press por uma matéria investigativa sobre trabalho escravo cujos beneficiários são grandes supermercados e redes de restaurantes dos Estados Unidos. Vai encarar? Aqui, a mídia pouco se interessa sobre um projeto de lei em andamento na Câmara para aliviar a fiscalização do trabalho em condições desumanas no Brasil. O que se explica: o projeto é defendido por grupos ligados a corporações midiáticas. Outro prêmio foi para uma reportagem sobre violência e negligência em hospitais psiquiátricos na Flórida e não apenas a rede pública; uma matéria sobre a construção de uma base de dados para denunciar os assassinatos por parte da polícia, geralmente vitimando jovens negros, foi vencedora.
Entre os premiados, além da AP e do NYT, estão veículos como Tampa Bay Times, Los Angeles Times, The Baltimore Sun, Sarasota Herald-Tribune, The Wall Street Journal e The Boston Globe.

Adivinhe: nenhum deles é de esquerda. Mas nem por isso se limitam a praticar apenas o coxismo jornalístico.

Mídia internacional denuncia o golpe

por Flávio Sépia
A imprensa internacional - com destaque para publicações como Der Spiegel, The Guardian, El País, New York Times - têm classificado a investida contra Dilma Rousseff de golpe, a maioria, ou lançado sérias dúvidas sobre a legalidade do processo de impeachment. Muitos incluem a grande mídia brasileira como indutora do golpe no papel de representante dos setores financeiros, industriais, do agronegócio e aliada à direita e a políticos investigados mas até aqui poupados pela Lava Jato.
Alguns jornais estão irados com essa repercussão. Atribuem a divulgação internacional do golpe à coletiva que Dilma deu à mídia estrangeira. Mas, quem se der ao trabalho de ler as matérias do repórteres que para aqui se deslocaram ou dos correspondentes verá que são destacados o inacreditável show dos horrores no último domingo, a que eles assistiram no Congresso, a ausência de crime (tese amparada pelos principais juristas do país, os independentes, entrevistados por eles) e as acusações que pesam sobre os líderes do golpe. É citada também a prevalência do modelo de golpe "constitucional" que substitui a quartelada, o mesmo que destituiu governos do Paraguai e de Honduras e mesmo o da Ucrânia.
O título da Der Spiegel, por exemplo, é "A Crise Institucional no Brasil: Um Golpe Frio”.

Na sessão que referendou o golpe, apenas 36 dos 513 deputados foram eleitos com seus próprio votos. A grande maioria é "biônica" e chegou lá no embalo de uma legislação absurda

por Flávio Sépia
O voto em legenda foi instituído, no Brasil, em meados do século passado. De lá para cá, a lei foi emendada diversas vezes, sempre para pior, favorecendo a eleição de candidatos que, na verdade, não eram os escolhidos diretamente pelo eleitor.

A ditadura, em 1965, ampliou esse deformação eleitoral mesmo para eleger um Congresso de maioria fake e servil, que já votava sob controle. Em setembro de 1997, a Câmara dos Deputados promulgou lei que passava a considerar voto para a legenda até aqueles em que fosse ilegível na cédula o nome do deputado, mas identificável o do partido. Estava instituída, de vez, a zona,  que não é eleitoral, é zona mesmo,  que ajuda a explicar o dantesco espetáculo de domingo passado.

Segundo a Secretaria Geral da Mesa da Câmara, apenas 36 dos 513 deputados foram eleitos com votos próprios. Os demais 477 foram levados pelo "arrastão" de votos dados a candidatos mais conhecido ou detentores de "currais eleitorais", alguns concessionários de rádios,TVs e donos de jornais ou controladores de ' máquinas" públicas ou, ainda, artistas e figuras populares recrutados especialmente por partidos de baixa representatividade.

Dos 36 deputados que conseguiram alcançar esse quociente próprio na atual legislatura (que repete praticamente o quadro das anteriores), cinco são de São Paulo, cinco de Minas Gerais e cinco do Rio de Janeiro, quatro de Pernambuco, três no Ceará, três da Paraíba, dois de Goiás, dois de Santa Catarina. Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Sergipe e Roraima, elegeram, cada um, um deputado com votos "reais". O que equivale a dizer que aa bancadas desses estados têm, em sua maioria, deputados "biônicos".

Segundo o site DCM, nenhum deputado do Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Tocantins alcançaram o quociente eleitoral com votos próprios.

Ou seja: quando se diz que "brasileiro não sabe votar", é bom considerar essa legislação eleitoral calhorda. O problema não é saber ou não votar, o problema é que o destino desse tipo de voto, enquanto não for feita um reforma eleitoral digna desse nome - e o Congresso não parece disposto a mexer na mamata, a não ser para melhorar para os políticos que pegam carona na legislação e piorar para o eleitor. - pode ate ser legal mas não tem legitimidade.

Não é por acaso que o Plenário da Câmara dos Deputados tem um tapetão.

Bela, recatada e do lar: policial tira a roupa na viatura

A policia Nidia García, que é do lar, segundo os colegas, fez uma selfie que bombou na rede. Reprodução Facebook.

por Omelete
Talvez pelo terrível calor do deserto mexicano, a policial Nidia Garcia, de quem os colegas disseram que é disciplinada, recatada e do lar, fez uma selfie de topless na viatura. As imagens se espalharam pela web e Nidia foi suspensa pela corporação. Mas é agora a mais popular policial do México e ganhou o codinome de Airbag, já que seus atributos entraram para a tropa de elite entre os mais curtidos na internet..

domingo, 17 de abril de 2016

Acabou a sessão do golpe...


Câmara dos Deputados: começou a sessão do golpe

A Câmara dos Deputados, sob o comado de Eduardo Cunha,
se reúne para referendar o golpe. Foto Antonio Augusto.

Em 1964,mais  um momento vergonhoso de Congresso: o senador Aldo de Moura Andrade declara que Jango está fora do Brasil, quando o presidente ainda se encontrava no Rio Grande do Sul. Foi a patética "legalização" do golpe
por Flávio Sépia 
Historicamente, o Congresso, com poucas e corajosas exceções, não representa o povo brasileiro. Financiada por empresas, a maioria defende interesses próprios. As tentativas de uma reforma eleitoral que amplie a representatividade da Casa são sucessivamente barradas. Esse osso eles não querem largar.

Dá para contar nos dedos de uma mão os momentos, ao longo da curta prática de democracia na história do Brasil, em que a dignidade ganhou crachá para entrar no plenário.

A sessão que busca referendar o golpe começou há poucos minutos.

Vale lembrar, hoje, um dos momentos mais vergonhosos do Congresso. Em 2 de abril de 1964, parlamentares também se reuniram em um momento grave da vida do país. Os militares haviam tomado o poder e pretendiam o impossível: dar um caráter de legalidade ao golpe.

Servilmente o senador de triste memória Auro de Moura Andrade, do PSD, de São Paulo, convocou uma sessão relâmpago. Ignorou questões de ordem e declarou vaga a Presidência da República sob o argumento de que João Goulart havia deixado o país. Foi lido, mas desconsiderado, um ofício enviado ao Congresso por Darcy Ribeiro informando que o presidente se encontrava no Rio Grande do Sul, à frente de tropas legalistas e em pleno exercício dos seus poderes constitucionais. O resto dessa história e suas trágicas consequências, todos sabemos: por elas o Brasil pagou caro durante 20 anos.

Como em 1964, parlamentares estão reunidos agora para implodir a democracia. Como ontem, há deputados lutando, nesse momento, para deter golpe.

Só uma coisa não mudou: a precariedade moral e a ficha corrida de muitos engravatados que ali estão.

Copacabana: ato contra o golpe





Fotos Tania Rego/Agência Brasil