segunda-feira, 9 de maio de 2022

Pedro Jack Kapeller (1938-2022): a última página

Do site Janela Publicitária, de Márcio Ehrlich

"Faleceu no sábado, 07/05, Pedro Jack Kapeller, conhecido como Jaquito por uns e Jackito por outros, sobrinho mais jovem de Adolpho Bloch e que, além de homem forte por muitos anos na Bloch Editores, comandou o grupo após a morte de seu fundador, em 1995. Ele tinha 83 anos — nascido em outubro de 1938, faria 84 este ano — e sofreu um ataque cardíaco em sua casa no Rio de Janeiro.

Quando a TV Manchete quebrou, em 1999, por dívidas com INSS e Embratel, entre outras, Jaquito tentou desesperadamente vender a emissora, chegando a fazer acordo com a Igreja Renascer em Cristo, de Estevan Hernandez e Sônia Hernandez, o que acabou não indo adiante, já que os religiosos não pagaram nem mesmo a primeira parcela do valor combinado. Depois, acabou fechando com Amílcare Dallevo, no que se transformou na RedeTV!

Segundo fontes da Internet, ele ainda estaria controlando a empresa Bloch Som e Imagem, responsável por manter preservadas as novelas produzidas após 1995, além de ser sócio da BCD Consultores e da Rádio Manchete, arrendada para outros grupos de comunicação.

Jaquito era casado com Doris Kapeller e teve como filhos Jacqueline, Carla, Boris, Rosana e Daniela".

(Da Janela Publicitária, com a colaboração da jornalista Renata Suter)

 Comunicado da Família Kappeller

No complexo de revistas e gráfica.

Como executivo, Pedro Jack Kapeller esteve à frente da Editora Bloch e da Gráficos Bloch no período áureo das Revistas Manchete, Fatos&Fotos, Amiga, Desfile, Mulher de Hoje, Ele Ela, Geográfica, Pais&Filhos, Sétimo Céu e demais publicações do complexo jornalístico presidido por Adolpho Bloch e que encerrou suas atividades no ano 2000.

domingo, 8 de maio de 2022

Artistas gravam o novo clipe "Lula Lá"


Chico César, Maria Rita, Lenine, Pablo Vitar, Duda Beat, Paulo Miklos, Martinho da Vila, Zelia Duncan, Mart'nália, Otto, Tereza Cristina, Odair José, Gilson, Russo Passapusso, Mateo, Antonio Grassi, Francis Hime, Olívia Hime, Daniel Ganjamen, Dadi Carvalho, Luciana Worm, Rogério Holtz, Ju de Paulo e Flor Gil (a menina que aparece na abertura, filha de Bela Gil) estão no clipe com a nova versão do jingle "Lula Lá", a música "Sem medo de Ser Feliz", usado pelo PT na campanha de 1999. Ontem, no lançamento oficial da pré-campanha 2022 de Lula, em São Paulo, o novo clipe foi a surpresa reservada para o candidato por sua noiva, a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. "Sem medo de Ser Feliz" viraliza nas redes sociais. 

VEJA AQUI

Fotomemória da redação: como 'frila' da Manchete, Lacerda entrevistou Tom Jobim

Foto Manchete 

Em outubro de 1970, Carlos Lacerda já estava cancelado pela ditadura que ajudou a implantar, como um dos principais líderes civis do golpe de 1964, quando Adolpho Bloch convidou o ex-governador para colaborar com entrevistas para a Manchete. Assim como abrigou na redação vários jornalistas de esquerda perseguidos pelo regime militar, a revista recebeu figuras da direita golpista como Lacerda e David Nasser. Como free lancer, Lacerda dedicaava-se a fazer longas entrevistas. Geralmente os entrevistados, como Tom Jobim, o recebiam em casa. Nesse caso, o encontro se estendeu por dias. 

No texto para a Manchete, Lacerda se refere ao momento registrado na foto. Infelizmente, a revista não deu crédito ao fotógrafo.  

sábado, 7 de maio de 2022

Mídia: Augusto Nunes leva invertida de Boulos

 

Reprodução Twitter

"Vão pra casa, Zelensky e Putin!

Olena Zelenska

Alina Kabaeva

 
Como diria Jô Soares: "Vai pra casa, Padilha!". Era o bordão que o personagem do programa "Planeta dos Homens" ouvia dos amigos indignados com Padilha por deixar seu mulherão em casa.  
Zelensky e Putin estão em guerra pela OTAN que o ucraniano quer e a OTAN que o russo não quer. A encrenca é tamanha que a mídia praticamente não fala mais em negociações de paz. Os líderes não se entendem e a tragédia avança. 

Talvez seja a hora de trocar os negociadores da paz. Sai a agressividade dos "falcões", entra a elegância das "garças". Melhor dizendo, chegou a hora de dar voz às duas personagens mais discretas entre as figuras em guerra: Alina Kabaeva, ex-ginasta olímpica, medalha de ouro nos Jogos de Atenas em 2004 (trocou o esporte pela política), é atual mulher de Putin; e Olena Zelenska, arquiteta e roteirista, primeira-dama da Ucrânia.

Quem sabe elas seriam capazes de dar uma chance à paz. Na pior das hipóteses, representariam melhor as mães que querem tirar os filhos das trincheiras.


Documentário "O Povo Pode?" revela como o Brasil construiu o caos político e social nos seis últimos anos.


Foi lançado ontem em São Paulo  "O Povo Pode? - um país pelo olhar de brasileiros". O filme agrega os fatos que trouxeram o Brasil ao lixão institucional representado pelo bolsonarismo e foi realizado por um grupo de cineastas e jornalistas independentes. No roteiro, o ambiente político e tóxico dos últimos seis anos, desde o golpe contra a presidente Dilma Rousseff.  A caminhada do Brasil rumo ao contexto atual é comentada sob o olhar de trabalhadores. Em entrevista (*) à TV 247, o diretor Max Alvim falou sobre o papel da mídia nesses seis anos de construção do caos. Para retratar esse pilar do golpe e da degradação política e social do país, foram analisados mais de três mil conteúdos da imprensa. "O Povo Pode?" é uma produção do Instituto Alvorada Brasil, a Rede TVT e o Canal iProduções.

(*) Com informações da TV 247

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Fotomemória da redação: Justino Martins e Ruy Guerra no 25º Festival de Cannes em 1971

 

 
Ruy Guerra e Justino Martins em Cannes, 1971. Foto Manchete

Para o diretor da Manchete, Justino Martins, cobrir o Festival de Cannes, todo ano, era uma rotina que ele cumpria com prazer. Sob a direção de Justino, Manchete fez intensa cobertura do Cinema Novo e seus diretores, como Ruy Guerra, atores e atrizes, apoiando os cineastas daquela geração. Os arquivos desaparecidos da Manchete guardavam milhares de imagems dessa fase do cinema brasileiro. A foto acima só existe porque a Biblioteca Nacional digitalizou 
a coleção da Manchete e preservou memórias.
Em 1971, o filme de abertura do festival foi Gimme Shelter, o documentário com os Rolling Stones. A Palma de Ouro foi para The Go Between (O Mensageiro), de Joseph Losey. 
O Brasil concorreu com Pindorama, de Arnaldo Jabor e Anselmo Duarte fez parte do júri. O festival homenageou Charles Chaplin. Os tempos são outros e a edição desse ano homenageia Tom Cruise. O filme Top Gun Maverick deve estrear em Cannes. O festival comemorará 75 anos, entre 17 e 28 desse mês, com um ano de atraso já que a Covid impossibilitou o evento em 2020.

A Democracia torturada

 


Marina Silva se posicionou no twitter sobre a nova e grave crise da democracia. O comentário que se segue é deste blog .
O grande erro de Fachin, Barroso, talvez com boa intenção, foi convidar um general para um desnecessário comitê de transparência para as eleições 2022. As apurações dos votos não estavam sob suspeita. Apenas eram alvo de ataques milicianos inspirados na estratégia semelhante de Donald Trump. Ao incluir o milico no exótico comitê, Fachin deu assento ao golpismo. A história conta que as Forças Armadas têm mais experiência em ocupar instituições civis do que expertise em combate.  Assim um gatilho de crise institucional foi instalado dentro do TSE. Difícil desativa-lo, fácil imaginar o que pode acontecer.  Diz-se agora que o TSE criou esse posto militar fake para evitar um golpe. Na prática, botou um centurião com a mão na tecla "confirma". Comentaristas da mídia neoliberal insistem em falar em "polarização". Estão obcecados com isso. Não vêem que ao lado o "gado" avança. Não acredite em "polarização" A luta é em defesa da Democracia.

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Relaxa na 'corrupa'

 

Reprodução Twitter

TBT- O músico e compositor Antônio Adolpho relembra MANCHETE

Capa da Manchete, 1970. 
Foto de Gil Pinheiro
 

Um Rayo brasileiro na noite mágica do Real Madrid


Rodrigo comemora. Foto Divulgação\www.realmadrid.com

por Niko Bolontrin

O jogo Real Madrid 3 x 1 Manchester City (6x5 no placar agregado, ontem, no Santiago Bernabeu, foi um desses momentos épicos que mostraram porque o futebol é tão fascinante. A vitória veio em uma virada histórica, com gols de Benzema e Rodrygo que levaram o Real à final da Champions League, no dia 28 de maio no Stade de France, em Paris. Benzema é uma força da natureza, mas o protagonista foi o brasileiro Rodrygo, o Rayo. O primeiro gol dele foi aos 44 minutos do segundo tempo, quando o Real perdia por 1x 0. Dois minutos depois Rodrygo fez o gol que fechou o 2x1 no tempo normal (cravando 5x5 no placar agregado) e levou o jogo para a prorrogação. Benzema, de pênalti, carimbou a passagem para Paris.  

"Com esta camisa lutamos sempre até ao fim e foi assim”, disse Rodrygo ao site do Real Madrid. "Estou muito feliz por poder marcar dois gols na semifinal e levar o Real Madrid à lugar onde sempre pertenceu - a final da Liga dos Campeões - e vencê-la. Não consegui ouvir o que meus companheiros de equipe estavam dizendo para mim porque eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Estávamos perdendo o jogo, meu primeiro foi gol aos 90 minutos e estávamos mortos, e então o que aconteceu foi o que aconteceu?".

O que esse jogo tem a ver com o Brasil, além do espetáculo que ofereceu?. Muito. Primeiro, ensinar a nossa seleção a não desistir. O City já comemorava, já se sentia na final. Desistir lembra apatia como aquele, trágica, dos 7x1. A Copa vem aí e o Brasil não estará testado contra seleções europeias. Nesse ponto, vai para o Catar no escuro. Segundo, a seleção precisa do Rayo que até já foi convocado por Tite em três ocasiões, mas foi pouco aproveitado. Melhor, olhar de novo. 

Veja trechos omitidos pela mídia neoliberal na entrevista de Lula à TIME, principalmente opiniões sobre a guerra na Ucrânia

A entrevista de Lula à revista Time é a polêmica do momento. Embora tenha afirmado ser  contra  a invasão da Ucrânia, o ex-presidente considerou Putin e Zelenski igualmente  responsáveis pela escalada do conflito. Essa segunda parte da declaração é criticada pela mídia há três dias. 

A entrevista é longa, outros pontos são ignorados. E muito importante divulgá-la para que se conheça o que Lula pensa doze anos depois de deixar o Planalto, onde governou por oito anos. 

A entrevista não é obviamente um programa de governo. No dia 7, mais conhecido como o próximo sábado, a candidatura de Lula será anunciada oficialmente. A partir da formalização, ele e equipe deverão elaborar o programa de governo, trabalho que já está em andamento. Antes disso, qut tal conhecer mais da entrevista à Time, principalmente o que não foi divulgado pela mídia conservadora? Até para conhecer outros pontos polêmicos e algo do mapa do caminho que o candidato oferecerá ao Brasil. 

Caso seja eleito e caso as eleições e a posse de fato aconteçam. 

Abaixo, destacamos alguns tópicos da entrevista. E você, se preferir, pode acessar o Blog do Esmael que publica na íntegra a matéria da revista americana. Basta clicar AQUI


A seguir, leia 13 trechos da entrevista com Lula feita pela repórter Ciara Nugent, da TIME em fins de março e publicada na mais recente edição. 

1 - Quando o Supremo Tribunal Federal restaurou seus direitos políticos no ano passado, você já estava, segundo a mídia brasileira, se preparando para uma vida mais tranquila, fora da política. Você decidiu imediatamente voltar à política quando isso aconteceu?

Eu na verdade nunca desisti da política. A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa. Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre— todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego—, tudo isso foi destruído, desmontado. Porque as pessoas que começaram a ocupar o governo depois que deram o golpe na presidenta Dilma [Rousseff] eram pessoas que tinham o objetivo de destruir todas as conquistas que o povo brasileiro tinha obtido desde 1943.

2 -A situação do Brasil hoje — a polarização política, a economia, o panorama internacional — é muito diferente do que quando você ganhou a Presidência pela primeira vez. Não vai ser mais difícil governar desta vez?

O futebol americano tem um jogador, que aliás é casado com uma brasileira que é modelo, e que é o melhor jogador do mundo há muito tempo. A cada jogo que ele faz, a torcida fica exigindo que ele jogue melhor do que no jogo anterior. No caso da Presidência é a mesma coisa. Só tem sentido eu estar candidato à Presidência da república porque eu acredito que eu sou capaz de fazer mais e fazer melhor do que eu já fiz. Eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas [do Brasil]. Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres.

3 - Muitas pessoas no Brasil dizem que houve muitas encarnações do Lula, especificamente em política econômica. Qual Lula temos hoje?

Eu sou o único candidato com quem as pessoas não deveriam ter essa preocupação, porque eu já fui presidente duas vezes. E a gente não discute política econômica antes de ganhar as eleições. Primeiro você precisa ganhar para depois saber com quem você vai compor e o que você vai fazer. Quem tiver dúvida sobre mim olhe o que aconteceu nesse país quando eu fui presidente da República: o crescimento do mercado. O Brasil tinha dois IPOs. No meu governo fizemos 250 IPOs. O Brasil devia 30 bilhões, o Brasil passou a ser credor do FMI, porque emprestamos 15 bilhões. O Brasil não tinha um dólar de reserva internacional, o Brasil tem hoje 370 bilhões de dólares de reserva internacional. […] Então as pessoas precisam ter em conta o seguinte: ao invés de perguntar o que é que eu vou fazer, olhe o que eu fiz.

4 -Quero falar da Ucrânia. Você sempre teve orgulho de poder falar com todos—Hugo Chávez e também George Bush. Mas o mundo de hoje é muito fragmentado diplomaticamente. Quero saber se sua abordagem na diplomacia ainda funciona. Você poderia falar com Putin depois da invasão da Ucrânia?

Nós, políticos, colhemos aquilo que nós plantamos. Se eu planto fraternidade, solidariedade, concórdia, eu vou colher coisa boa. Mas se eu planto discórdia, eu vou colher desavenças. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema.

5 -Você acha que a OTAN foi a razão da Rússia para invadir?

Esse é o argumento que está colocado. Se tem um segredo nós não sabemos. O outro é a [possibilidade de a] Ucrânia entrar na União Europeia. Os europeus poderiam ter resolvido e dito: ‘Não, não é o momento de a Ucrânia entrar na União Europeia, vamos esperar’. Eles não precisariam fomentar o confronto!

6 -Mas acho que tentaram falar com a Rússia.

Não tentaram. As conversas foram muito poucas. Se você quer paz, você tem que ter paciência. Eles poderiam ter sentado numa mesa de negociação e passado 10 dias, 15 dias, 20 dias, um mês discutindo para tentar encontrar a solução. Então eu acho que o diálogo só dá certo quando ele é levado a sério.

7 -Então se você fosse presidente neste momento, o que você faria? Você seria capaz de evitar o conflito

Eu não sei se seria capaz. Eu, se fosse presidente hoje, teria ligado para o [Joe] Biden, teria ligado para o Putin, para a Alemanha, para o [Emmanuel] Macron, porque a guerra não é saída. Eu acho que o problema é que, se a gente não tentar, a gente não resolve. É preciso tentar. Às vezes eu fico preocupado. Eu fiquei muito preocupado quando os Estados Unidos e quando a União Europeia adotaram o [Juan] Guaidó [então líder da assembleia nacional da Venezuela] como presidente do país [em 2019]. Você não brinca com democracia. O Guaidó para ser presidente da Venezuela teria que ser eleito. A burocracia não substitui a política. Na política são os dois chefes que mandam, os dois que foram eleitos pelo povo, que têm que sentar numa mesa de negociação, olho no olho, e conversar. E agora, às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado. O Saddam Hussein era tão culpado quanto o Bush. Porque o Saddam Hussein poderia ter dito: ‘Pode vir aqui visitar e eu vou provar que eu não tenho armas’. Ele ficou mentindo para o seu povo. Agora, esse presidente da Ucrânia poderia ter dito: ‘Olha, vamos deixar para discutir esse negócio da OTAN e esse negócio da Europa mais para frente. Vamos primeiro conversar um pouco mais.’

8 -Então Zelensky tinha que falar mais com Putin, mesmo com 100,000 soldados russos na sua fronteira?

Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação.

9 - Não seria um pouco difícil dizer isso a Zelensky? Ele não queria guerra, mas ela chegou.

Ele quis a guerra. Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo [ao confronto]! Você fica estimulando o cara [Zelensky] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: ‘Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer’. E dizer para o Putin: ‘Ô, Putin, você tem muita arma, mas não precisa utilizar arma contra a Ucrânia. Vamos conversar!’

10 -O que você acha de Joe Biden?

Eu fiz até um discurso elogioso ao Biden quando ele anunciou o primeiro programa econômico dele. O problema é que não basta você anunciar um programa, é preciso executar o programa. E eu acho que o Biden está vivendo um momento difícil. E acho que ele não tomou a decisão correta nessa guerra Rússia e Ucrânia. Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar isso, e não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada. E eu acho que ele não fez.

11 -Biden deveria ter feito mais concessões a Putin?

Não. Da mesma forma que os americanos convenceram os russos a não colocar mísseis em Cuba em 1961, o Biden poderia falar: ‘Vamos conversar um pouco mais. Nós não queremos a Ucrânia na OTAN, ponto’. Não é concessão. Deixa eu lhe contar uma coisa: se eu fosse presidente da República e me oferecessem ‘o Brasil pode entrar na OTAN’, eu não ia querer.

(...) 

É urgente e é preciso a gente criar uma nova governança mundial. A ONU de hoje não representa mais nada. A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU. Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo.

12 -No Brasil, durante a pandemia, a população negra sofreu um risco de mortalidade maior que os brancos, e uma taxa maior de desemprego também. E os problemas com a violência policial pioraram durante o governo do Bolsonaro. Você tem coisas que vai fazer para melhorar o mundo para os brasileiros negros especificamente?

Olha, eu li muito sobre a escravidão quando eu estava preso e eu às vezes tenho dificuldade de compreender o que foram 350 anos de escravidão. E eu tenho mais dificuldade de compreender que a escravidão ela está dentro da cabeça das pessoas, o preconceito está dentro da cabeça das pessoas. Aqui no Brasil, na periferia brasileira, milhares de jovens são mortos quase todo mês, todo ano. Então não é possível isso continuar. Quando eu estava na presidência nós criamos uma lei para que a história africana fosse contada na escola brasileira. Para que a gente aprendesse sobre a história africana para não ver os africanos como cidadãos inferiores. Então nós precisamos começar essa educação dentro de casa, na escola. E o Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito. Aí tem outros presidentes também na Europa, na Hungria, [que fazem o mesmo]; está aparecendo muito fascista, muito nazista no mundo.

13 -O Bolsonaro tem culpa pelo racismo hoje no Brasil ou é um país racista?

Eu não diria que ele tem culpa pelo racismo porque o racismo é crônico no Brasil. Mas ele estimula.

Na política, o golpe anunciado

 

Ruy Castro , na Folha de São Paulo de hoje 

Conspirações são geralmente feitas à sombra. Essa se desenvolve sob holofotes e ampla cobertura da mídia. É focalizada no noticiário quase como se fosse um fato banal. Quando a panela  do golpe chega ao ponto de fervura o chef baixa o fogo, é elogiado pela  "volta do bom senso", mas a gororoba continua cozinhando. Alguns ingredientes, como STF eTSE, já estão queimando. 


Na economia, a catatonia

 

Muito antes da pandemia e da crise provocada pela guerra na Ucrânia, o governo já buscava desculpas externas para a economia paralisada. A OCDE, o country club onde o Brasil maltrapilho de Bolsonaro e Guedes quer ser penetra, acaba de divulgar que o país tem a maior inflação entres os integrantes do G20. A crise afeta a todos, mas somos os piores na crise. Haja desculpas: excesso de chuvas, falta de chuvas, ano eleitoral, preço do petróleo, a queda na bolsa do Tuvalu, a taxa de juros em São Tomé e Príncipe...

quarta-feira, 4 de maio de 2022

O mapa furado das grandes celebridades da Europa



O mapa acima está circulando nas redes sociais. E, como sempre, quando se trata de escolhas do tipo, provoca polêmica. O historiador Antônio Luiz. M.C. Costa apontou no twitter várias das incoerências do tal mapa, que aponta o lutador Conor McGregor como pessoa mais famosa da Irlanda e releva James Joyce e Oscar Wilde.







Na capa da Time

 


Deixa rolar...

 


terça-feira, 3 de maio de 2022

O primeiro muguet de maio • Por Roberto Muggiati

Vendedoras de muguet de 1° de maio. Paris, virada dos anos 1950/1960. Place Victor Basch. Foto de Izis, fotógrafo francês (1911-1980). Divulgação/ArtNet


São coisas que a gente só aprende em Paris. No dia 1º de maio é costume usar na lapela um buquezinho de muguet (lírio-do-vale). Em 1961, o feriado caiu numa segunda-feira, no começo da tarde eu caminhava pelos Champs Élysées abarrotados com minha primeira namorada francesa, Jacqueline, uma gracinha, Vários quiosques e ambulantes vendiam a florzinha, Jacqueline comprou uma e espetou na minha lapela. Conheci a moça uma semana antes, no lançamento do romance American Express do poeta beat americano Gregory Corso. O editor Maurice Girodias, da Olympia Press – o homem que publicou Lolita do Nabokov – levou os remanescentes do fim de festa em dois táxis para cearem no La Coupole, em Montparnasse. Jaqueline e eu saímos de lá de mãos dadas. Foi uma noite de lançamento de romance duplo...

No 1º de maio, eu subia o Champs com a amada na mão e uma ideia na cabeça. Perto da Étoile ficava o palacete de Paulo Berredo Carneiro, embaixador do Brasil na Unesco. Sua mulher se recusava a deixar o Brasil, Paulo se dava bem na sua solteirice em Paris. Seu sobrinho, Octávio Carneiro Lins, meu melhor amigo, morava com ele. Eu tinha livre acesso à mansão do 19 rue Auguste Vacquerie, sempre com a porta literalmente aberta, nem chave tinha. Aquele salon era para mim o Du Côté de chez Carneirô. Adentrei o palacete com Jacqueline – a francesinha ficou impressionada – não havia ninguém por lá, logo nos pusemos à vontade, deitamos e rolamos nos sofás do salão neorrococó. 

Conhecedor profundo da alma humana, Paulo sabia muito bem os usos galantes que sua entourage fazia de sua casa, até mesmo os estimulava.  Por isso – elegante como só ele – costumava chegar sempre assobiando bem alto para alertar os eventuais transgressores. Foi o tempo justo para que Jacqueline e eu nos recompuséssemos e cumprimentássemos o embaixador, que apenas sorriu de leve. A minha “primeira vez”, em Curitiba, dez anos antes, fora marcada pelo cheiro acre dos maços de arruda que a polaca tosca tinha na sua mesinha de cabeceira. Agora, em Paris, Veni, vidi, vici: da minha primeira vez com uma francesa, ficou para sempre o suave aroma do muguet. 


Grandes times querem Liga Nacional de Futebol. É solução ou confusão?

 

Matéria no Globo de hoje anuncia reunião para a formação de uma "liga independente" no futebol. Pode ser um grande passo para a modernização do futebol brasileiro. 

Pode? 

O problema é que quase tudo por aqui começa torto. A tentativa de formação da liga é comandada por instituições financeiras interessadas em comprar o "produto". Uma dessas corretoras é, como se lê no Globo, "conectada ao grupo formado pelo Flamengo e cinco paulistas da primeira divisão". Bom os demais clubes e SAFs ficarem ligados. A futura" liga independente" pode não ser tão independente assim. Se não houve direitos reconhecidos para todos os times que integrarem a nova liga e um regulamento equilibrado pode rolar dissidência. Não seria a primeira vez. Entre 1933 e 1937, o futebol carioca teve duas ligas e campeonatos separados. Conflitos entre amadores e profissionais e entendimento racistas de alguns clubes de "elite" motivaram a briga. 

Nada impede que times insatisfeitos ou excluídos formem outra liga. Há pontos sensíveis. Os direitos de transmissão dos jogos nas várias plataformas. Na lei brasileira o time que tem o mando de campo negocia com TV, You Tube e demais redes sociais e de streaming. Os futuros donos da liga respeitarão a lei? Os clubes participarão da formação de tabela de jogos. Haverá relacionamento com sites de apostas? Haverá regra de fair play financeiro? A distribuição do faturamento com direitos de transmissão será mais justa, como na Premier League, ou beneficiarão exageradamente os principais times, com faz a Bundesliga onde só dá Bayern de Munique?

ATUALIZAÇÃO EM 03-5-2022 - A reunião dos clubes, hoje em SP, citada no texto acima, terminou sem acordo coletivo. Os participantes ainda não se entenderam quanto aos detalhes para formação da liga. União apenas, como previsto, de Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino e Flamengo. Estes e mais Ponte Preta e Cruzeiro assinaram um documento que prevê a eleição de um Conselho. A grande maioria dos times favoráveis à formação de uma liga nacional não gostou que os clubes de SP e mais Flamengo já aparecessem com uma espécie de estatuto pronto. Achavam que iriam começar a discutir justamente o estatuto. Foi marcada nova reunião na CBF, no dia 12 de maio. A divergência agora é que os clubes que asisnaram o documento afirmam que a liga está criada. Os demais não pensam assim. Houve até quem dissesse que se não houver justiça e equilíbrio é melhor o grupo liderado por Flamengo e Palmeiras criar uma lliga só para eles. A confusão começou bem mais cedo do que se imaginava.

Brasil cancelado

Reprodução Twitter

O Brasil é hoje um país cancelado em vários fóruns internacionais. Não há porque convidar o país para reuniões ambientais, econômicas, educacionais, de saúde pública, de segurança alimentar etc. Já são conhecidas as ideias e a animosidade de Bolsonaro e sua facção. Muito antes da Rússia ser isolada pelos países ocidentais, o Brasil se autoboicota. O que mais ilustra o isolamento é que os demais países, com exceções daqueles governados pela ultra direita, não mais se preocupam com o Bananão (apud Ivan Lessa), apenas o ignoram.

Só duas coisas podem mudar esse quadro.

1-  Torcer para que esses países "amigos" neofascistas recoloquem o Brasil na agenda com convites para motociatas, congressos fundamentalistas de curas e expulsão do diabo do corpo, workshops sobre emendas secretas, rachadinha, sigilos de 100 anos, como exterminar indígenas, formação de milícias, tráfico de robôs superfaturados para escolas que não têm nem merenda e como liberar agrotóxicos proibidos em outros países,  como destruir uma corte suprema, como deixar a Covid matar mais de 600 mil pessoas e como governar preparando um golpe de Estado. 

2- A outra saída é derrotar Bolsonaro nas urnas.

 

Frase do Dia: teoria

 "O primeiro dever da inteligência é desconfiar de si mesma.”

ALBERT EINSTEIN

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Memórias da redação: quando uma crônica valia um angu

Nosso colaborador sênior Niko Bolontrin garimpou um recorte do tempo em que  em que era cronista da Última Hora e nos enviou para publicação. E contou que a maioria dos seus textos tinha bares cariocas como cenário. Esse aí "aconteceu" no Rainha do Leme original, que hoje é passado, mas era muito frequentado por jornalistas boêmios como Bolontrin. Ele confessa que citar um bar em uma crônica dava direito a chope a angu de graça. Muitos coleguinhas da época praticavam essa "instituição" mais conhecida como "permuta amiga". Era uma compensação para os baixos salários pagos pelos antigos jornais cariocas. Tempo, diz Niko, em que o décimo-terceiro era um garrafão de vinho Sangue de Boi e uma marmita de Natal enviada pelo Capela.

Crônica de Niko Bolontrin. Clique
na imagem para ampliar 


DJ é obrigada a tirar as calças em aeroporto


As calças da discórdia


Fotos Instagram Soda

por Clara S. Britto
Ao tentar embarcar em um voo a DJ sul-coreana Soda foi obrigada a tirar as calças diante de um piloto e parte da tripulação.  Não, o caso não aconteceu no Afeganistão do talibã, nem na Arábia Saudita, muito menos no Irã. Foi em Nova York. O aeroporto foi o JFK e a companhia aérea a American Airlines. Um tripulante teria se incomodado com a estampa das calças da DJ Soda onde estava escrito fuck you. Não se sabe se algum passageiro reclamou. O comandante decidiu que ela só podia embarcar se tirasse as calças. Nas redes sociais Soda denunciou constrangimento ilegal e assédio. Ela informou que tirou as calças e ficou seminua antes de providenciar outra vestimenta. Alegou que só se submeteu ao vexame porque tinha apresentações contratadas na Califórnia.
 

De tanto ouvir fuck you nos filmes americanos a DJ deve ter achado que era expressão comum no país. 


Frase do Dia: fora da caixa

  “A imaginação deveria ser usada não para fugir da realidade, mas para criá-la".

COLIN WILSON, autor de The Outsider (1956).


Vai partir o "bateau" do PSG. Neymar pode ser um dos "passageiros"

por Niko Bolontrin

A "barca" vai desatracar. No jargão do futebol, o PSG vai lotar um ferry boat cheio de jogadores que serão negociados ao fim da temporada 2021-2022. Praticamente um feirão. A torcida parisiense vem sistematicamente vaiando o time na reta final do campeonato francês. O título de campeão chegou por antecipação mas não acalmou os ânimos. Segundo o site Fanáticos, Neymar será um dos passageiros da "barca". Um dos interessados seria o Newcastle, da Premier Ligue. O PSG estaria pedindo 90 milhões de euros para passar adiante o polêmico craque brasileiro. Em 2017 os qatari, donos do time francês, pagaram 222 milhões de euros para tirar Neymar do Barcelona. O jogador renovou contrato até 2025. Com Mbappé de saída para o Real Madrid (o PSG ainda tenta segurar o francês) e Messi com vínculo por mais um ano, o trio MNM poderá se desfazer sem ter emplacado.

domingo, 1 de maio de 2022

A ressaca do curralzinho vip

 

Reprodução Twitter

Dois toques entre lendas do futebol

 

Reprodução Manchete Esportiva

O reencontro na inauguração da estátua de Roberto Dinamite
em São Januário.Foto de Daniel Ramalho/Vasco


,

Roberto eternizado na Colina. Foto de Daniel Ramalho/Vasco

Na ultima quinta-feira, o Vasco inaugurou em São Jamuário uma estátua de Roberto Dinamite. Zico foi lá prestigiar a homenagem. Os dois jogadores protagonizaram duelos lendários entre Vasco e Flamengo. O Maracanã e as gerações que tiveram o privilégio de vê-los jogar serão eternamente gratas ao talento dessa dupla. Guerreiros em campos opostos, juntos na história do futebol brasileiro e mundial.

Fotografia - A imagem que resume uma guerra

Foto de Thomas Billhardt

O autor da foto, hoje. 

Em um dia como ontem, há 47 anos, o fotógrafo alemão Thomar Billhardt fez essa foto: um piloto americano capturado por uma guerrilheira vietnamita. Uma das imagens mais representativas do fim da guerra da poderosa máquina de guerra dos Estados Unidos contra a guerrilha vietnamita e as tropas do Vietnã do Norte. O dia 30 de abril de 1975 marcou a queda de Saigon, Houve outras imagens marcantes naquele dia. E o próprio Billhardt fotografou ao longo da guerra cenas extremamente dramáticas. A debandada dos americanos produziu cenas dramáticas como a correria para telhados onde helicópteros tentavam resgatar os retirantes. Ao largo do Vietnã tripulações de porta-aviões jogavam aeronaves ao mar para abrir espaço para a leva de helicópteros que deembarcava tropas e políticos do Vietnã do Sul que haviam colaborando com a invasão americana. A foto de Billhardt não retrata máquinas. Apenas a fragilidade da vietnamita resguardada pelo seu fuzil, baioneta calada, e o militar rendido. É leitura da guerra escrita por uma foto: o povo contra um império. 

Veja mais fotos de Thomas Billhardt AQUI 

De Ruy Castro para a Folha: cinearqueologia

 

Reprodução Folha de São Paulo - 1-04-2022.Clique na imagem para ampliar

O passado chegou...

 

Reprodução Twitter

Deu no G1 - Assessora bota "mordaça" no presidente do INSS e não deixa que ele responda pergunta da jornalista Monica Carvalho, da Rede Globo

Reprodução G1 (link abaixo)

O novo presidente do INSS -  Guilherme Serrano - dava entrevista à jornalista Monica Carvalho, via vídeo, e tudo ia bem até a repórter perguntar sobre análise de pedidos de benefícios em atraso em função da queda do número de servidores na instituição. Foi quando irrompeu na tela imagem da assessora de imprensa interrompendo de maneira intempestiva a fala do titular do INSS. Até então não havia indícios de que o entrevistado estava sob monitoramento. Serrano já pode enviar à ONU um pedido por  liberdade de expressão.

 Veja a matéria no G1. Clique em 

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2022/05/01/assessora-interrompe-entrevista-e-nao-deixa-novo-presidente-do-inss-responder-a-pergunta-sobre-reducao-do-quadro-de-servidores-video.ghtml

Folhetim de redação

por J.A. Barros 

Estamos acompanhando neste blog a extraordinária autobiografia de Roberto Muggiati, o mais duradouro editor da revista Manchete. Na verdade, é a  história de um paranaense que nasceu jornalista e que hoje, embora ainda atuante como tradutor e colaborador de alguns veículos, poderia estar gozando sua aposentadoria em Nice, na França. O conjunto de textos já publicados aqui mostra a trajetória de um verdadeiro profissional. Tão criterioso que, como tradutor de livros em inglês, montou uma ampla biblioteca de obras de consultas. Imagina, sei que na sua estante há até um livro, ilustrado, com nomes de tipos de selas de montaria. Como conhecedor da história do jazz, do rock e do fenômeno dos Beatles, Muggiati é autor de livros sobre esses assuntos.

Por trabalhar com Roberto Muggiasti durante alguns anos, descobri que a sua cultura não tem fim. Conhecedor da língua portuguesa, ele também domina os idiomas inglês, francês e italiano. 

O jornalista trablahou em Londres, na histórica Albion - como jornalista, claro - e em Paris. Nesta, já contou que visitou o "Père-Lachaise" onde viu de perto os túmulos de grandes figuras do passado como Oscar Wilde, Edith Piaff, além do mausoléu de Napoleão, (este no Panteão), e tantos outros famosos. A sua febre de saber, conhecer  e entender não cessou e até hoje, isso desde as vilas da São Clemente aos ares da Glicério. Sua velha Olliveti, há muito trocada por um computador, é testemunha do seu conhecimento da natureza humana. Roberto Muggiati, um homem, uma história de vida, de cultura, de conhecimento, de saber, talvez o único conhecedor na história do cinema norte-americano da existência de Sidney Guilaroff. Ele, grande cinéfilo saberá que me refiro a uma saborosa história já contada neste blog.  

Brasil: "análogo" a país

Os crimes de racismo estão em alta no Brasil. No futebol, por exemplo, houve uma explosão de casos nos últimos três anos. Racismo é crime inafiançável. Mas, na prática, isso é de mentirinha. O cidadão é vítima de racismo e resolve fazer um B.O. Sai de lá geralmente com um papel que fala em "injúria racial", Essa foi a brecha que os legisladores brasileiros bolaram para... não punir o racismo. 

Segundo a lei quase em efeito, o crime de racismo é configurado quando a ofensa é contra um grupo ou coletividade. Injúria é quando o agressor usa palavras depreciativas referentes a raça e cor. Ora, é imensa a zona de sombra nessas tipificações. A autoridade policial em quase 100% dos casos opta por "injúria". O racista paga uma fiança e sai pra outra. Quando condenado, se o for e se o processo andar, pega moleza de "prestãção de serviços" que ninguém fiscaliza. 

Um torcedor argentino imitou um macaco durante o jogo Corinthians x Boca Juniors, na Itaquerão, na última terça-feira. Torcedores filmaram a cena e chamaram a polícia. O "hermano" racista foi preso. Levado à delegacia, foi logo solto após pagar fiança. Nem ele desembolsou a grana, o consulado argentino providenciou a "plata". O torcedor virou heroi entre os "barra brava". A vítima de racismo acaba sofrendo humilhação tripla: no ato da agressão, ao se encaminhar à delegacia e ver que sua denúncia vira vento e, depois, se o caso for à justiça, quando o racisma recebe "penas" para divertidas como passar no mercado e levar um cesta básica para uma instituição qualquer. Fica barato.

Leis como essa, no Brasil, perdem a capacidade de punir. Aparentemente, não são levadas a sério. Em Brasília, um rapaz foi vítima de racismo, ontem, nas redes sociais. Denunciou, as agressoras foram identificadas e mídia já noticiou o caso como "injúria" antes mesmo da autoridade policial classificar o crime. A mídia, sei lá porque, costuma adotar eufemismos que mininizam crimes. Quer um exemplo? Casos de trabalho escravo também explodem no Brasil. Não para a mídia nepliberal, onde são chamados de "trabalho análogo à escravidão". Devem achar que se não tiver corrente nos pés e flagrante no tronco não é escravidão. Em outros casos, o de menores assassinos, a mídia copia e cola a expressão que a lei determina. Se um menor bandido comete um homicídio durante um assalto, não é homicídio, é "ato infracional análogo ao homicídio". O assassinado, coitado, jaz estendido no chão sem saber que foi morto, apenas estão em estado análogo à morte. 

O empresários sonegou? Não, diz o advogado, ele praticou "elisão fiscal". O deputado ofendeu a deputada? Nada disso, a suposta ofensa foi "tirada do contexto".  

O Bassil não precisa de George Orwell: já tem o eufemismo como novilíngua.    

Frase do Dia: remate

 “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição.”

MÁRIO DE ANDRADE

sábado, 30 de abril de 2022

Na capa da IstoÉ: a conspiração

 

Bolsonaro usa as Forças Armadas como se fossem o seu partido político. Um "centrão" fardado e privê. A IstoÉ é otimista. Acredita que os ataques à Constituição ainda estão "no limite". Bolsonaro e suas  facões já ultrapassaram esses parâmetros várias vezes. Até riem e fazem piadas sobre a desenvoltura com que sapateiam sobre leis e instituições. Para a democracia brasileira esse assédio autoritário não é piada. Surpreende que parte da população, segundo pesquisas, junto com setores da mídia dominante,  do mercado, do agronegócio etc, aleguem "falta de opção" e se disponham a reeleger o sociopata. Pensando bem, não é  surpresa. Essas forças estiveram na raiz da ditadura, reagruparam-se no golpe contra Dilma Rousseff, manobraram (como atesta a ONU) para impedir a canditaduta de Lula em 2018. Fazem ordem unida agora para atacar o STF e o TSE. Em suma rasgam a Constituição.

Frase do Dia: sem suspense

 "A televisão é como as torradeiras: aperta-se o botão e sai sempre a mesma coisa.”

ALFRED HITCHCOCK


sexta-feira, 29 de abril de 2022

O melhor menu do mundo na Manchete • Por Roberto Muggiati

 “Somos um restaurante que por acaso também imprime revistas.”

   ADOLPHO BLOCH DEFININDO SUA EDITORA

Chef Severino Dias, do restaurante da Manchete

Às vezes me vem água na boca ao lembrar os almoços no restaurante de Bloch Editores. Particularmente agora, quando se fala muito do prato nacional da Ucrânia, o Frango à Kiev, recordo a primeira espetada de garfo gauche no empanado recheado e o esguicho de creme quente na gravata. A receita (veja no final do texto) vinha da babuschka de Jitomir e fora repassada a Severino Ananias Dias, o “inevolúvel” chef da Bloch (ele criara o adjetivo discursando em louvor de Adolpho). O empresário amava sua cozinha. Era preciso ver, nos momentos de descanso, as panelas de cobre reluzentes compradas em Paris penduradas na cozinha asseada como uma sala de cirurgia. Nos momentos de faina, os vapores e sabores pairavam convidativamente no ar. Meia hora antes do almoço, um núcleo duro de bacanas (editores, redatores, publicitários) se amontoava no balcão de mármore por onde sairiam as travessas de comida, para traçar algumas doses de vodca hipergelada. 

Embora tivesse morado dois anos em Paris e três em Londres (o restaurante da BBC, na temporada de caça, servia aves dignas dos Windsor, como a famosa grouse, um delicioso faisanídeo), vim a conhecer no restaurante do Adolpho sofisticados pratos da culinária internacional. Seu Gulash Húngaro era impecável, o Cassoulet à Francesa também. A pièce de resistance das sextas-feiras alternava numa semana a Feijoada à Brasileira (Sartre e Simone provaram na gráfica de Parada de Lucas) com o portentoso Cozido à Portuguesa na outra. Havia o Arroz de Braga, que provocou em 1969 uma crise com dois redatores de Fatos&Fotos, da qual eu era o editor. “Xiiii, é o Arroz de Praga, porra!”, bradou o Sérgio Augusto para o Paulo Perdigão, ou vice-versa, e deram meia-volta e foram almoçar fora. O Oscar Bloch, de tocaia atrás de uma coluna, assistiu ao acinte e foi aguardar na redação a volta dos culpados, que foram sumariamente demitidos. Acontece que o Perdigão tinha um tio general que era presidente do Supremo Tribunal Militar e foi prontamente readmitido. Sérgio Augusto, sorte dele, foi fazer uma bela carreira no Pasquim. Devo consignar que a implicância da dupla com o Arroz de Braga era mais ideológica do que gastronômica.

Como editor, eu participava também dos jantares de Pessach (Páscoa), rigorosamente alinhados com a tradição judaica, com a sopa de Matso Balls ou Kneidl, em iídiche ( bolinhos de pão ázimo, ovos e gordura), o Gefilde Fische e o Pato Kasher.


Uma noite destas, assistindo a um filme noir francês que adoro, Le Casse/Os ladrões, revi a cena em que o tira Omar Shariff encontra o meliante Jean-Paul Belmondo num restaurante de Atenas comendo um prosaico bife com fritas. Com cara de nojo, manda recolher o prato, senta-se à mesa com Bebel e lhe dá uma aula de culinária grega (fortemente influenciada pelo domínio turco, durante o Império Otomano). A cozinha inteira se mobiliza para agradar o policial, na sua boca-livre literal costumeira e, entre outras coisas, serve uma moussaka (Confiram a cena no anexo).  A Bloch também servia Moussaka, e das mais esmeradas. Senti uma vontade louca de comer moussaka, mas onde, no Rio, àquela hora? Ou melhor, nos tempos de hoje? A minha moussaka blochiana tinha ido se juntar, havia muito, à madeleine proustiana, na névoa do tempo.



FRANGO À KIEV

INGREDIENTES

3/4 de xícara de margarina

1 colher (sopa) de salsinha picada

1 colher (sopa) de cebolinha verde picada

Sal e pimentadoreino a gosto

6 filés médios de frango

1/4 de xícara de farinha de trigo

1 ovo

1 colher (sopa) de água

Cerca de 3/4 de xícara de farinha de rosca

Óleo para fritar

MODO DE PREPARO

1. Misture a manteiga, a salsa, a cebolinha, o sal e pimenta e forme um retângulo; embrulhe-o em papel-manteiga e leve à geladeira.

2. Bata os filés de frango com o batedor de carne até que fiquem com 1/2 cm de espessura.

3. Corte o tablete de manteiga em 6 partes iguais e coloque um no centro de cada filé.

4. Enrole os filés, dobrando também as extremidades para cobrir completamente a manteiga.

5. Prenda com palitos e repita com os filés restantes.

6. Passe-os numa mistura de farinha de trigo e sal a gosto.

7. Bata o ovo com a água num prato fundo e coloque a farinha de rosca sobre uma folha de papel.

8. Passe os filés na mistura de ovo e por último na farinha de rosca.

9. Arrume os filés numa assadeira, numa só camada, cubra-os com uma folha de papel e leve à geladeira por 1 ou 2 horas, para permitir que a farinha de rosca seque na superfície.

10. Numa panela grande, esquente uma boa quantidade de óleo e frite 2 filés de cada vez.

11. Frite-os até que estejam dourados e firmes quando pressionados com um garfo.

12. Não os fure.

13. Retire os palitos e mantenha os rolinhos quentes, enquanto frita os restantes.

 

P.S • Rápido no gatilho, Sérgio Augusto me corrige: “O tio do Perdigão era almirante: alm. Armando Perdigão. A birra com o arroz não era ideológica; afinal sou português. Ele era ruim, daí porque o apelidei de ‘Arroz de Praga’”.

Na capa do Libération: Recado para o Brasil