quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Há 19 anos, a falência da Bloch Editores. O dia que nunca terminou...

Há 19 anos, um vendaval varreu a Bloch. Foto:bqvManchete.

Essa foto sintetiza o drama que os funcionários da Bloch Editores viveram no dia 1° de agosto de 2000. Papeis soltos no chão, pastas sobre a mesa, ordens de serviço que jamais seriam cumpridas.

Um aviso colado na porta principal do Edifício Manchete foi a trombeta silenciosa que anunciou a falência. Em poucas linhas, decretava o 'game over' da empresa e abria um vazio nas vidas de milhares de profissionais.

Carlos Heitor Cony recordou certa vez o clima de tragédia da rendição do prédio. Contou que na sua sala, antigo gabinete do Juscelino e do Dr. Alberto Sabin, que a ocuparam durante anos, havia seguranças e oficiais de justiça. Luzes apagadas, um lampião aceso que mal dava para iluminar o caminho, era impossível retirar as coisas pessoais. O jornalista e escritor desceu as escadas no escuro, um oficial de justiça a iluminar o caminho com uma lanterna. Cony escreveu que sentia-se amortecido, "sem acreditar que tudo aquilo acabou".

E esse era o sentimento comum a todos que deixaram às pressas o lugar ao qual suas vidas profissionais se ligaram por anos e décadas. A Bloch acabou, mas a Massa Falida da Bloch Editores, não. Ainda há um número reduzido de processos trabalhistas inconclusos. Embora a maioria dos ex-funcionários tenha recebido os valores de indenizações, são credores da correção monetária correspondente. Muitos fecharam acordos desfavoráveis na esperança de receberem mais rápido o total dos seus direitos. Há até quatro anos atrás a Massa Falida pagou três parcelas dessas indenizações. Surpreendentemente, tais pagamentos foram suspensos por decisão intempestiva de um antigo síndico. A Manchete possuía bens que garantiam parte dos pagamentos trabalhistas, prioritários segundo a lei. Mas além do tempo que costumam demandar, massas falidas têm uma característica: elas devoram os próprios patrimônios em custos legais e administrativos. Por isso, a cada dia que passa cresce o risco e se estreita a perspectiva de quitação final dos créditos trabalhistas.

Depois do drama, a longa e injusta espera.

Aqueles instantes dramáticos de 1° de agosto parecem fazer parte de um dia que nunca terminou.     

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Gestão de crise: presidente empresta Bic para repórter anotar entrevista "fofa".

Você deve ter visto a postura corajosa do repórter Leonardo Vieira, do portal UOL, durante coletiva com o general Rego Barros, porta-voz de Bolsonaro. Vieira fez as perguntas necessárias e obrigatórias a um jornalista (veja o vídeo no post deste blog, abaixo: "Governo sinaliza trevas na relação com jornalistas").

O oposto disso está no Globo de hoje.

O jornal publica uma "entrevista" com Bolsonaro, que não é bem entrevista, apenas cede a palavra ao atual morador do Alvorada. No dia em que uma sequência de declarações indignas e bizarras do presidente ecoam na mídia e nas redes sociais, a matéria que ocupa uma página solenemente ignora a agressão de Bolsonaro ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, passa ao largo do vazamento de mensagens da Lava Jato e dispensa o assassinato de um chefe indígena, evita questionar o "entrevistado" sobre a recusa em receber o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, isso apenas para falar nas pautas jornalísticas de ontem.

Em suma, matéria passiva, que se limita a levantar a bola para presidente. O Globo foi apenas ator na gestão de crise que visa minimizar o impacto dos seus últimos e desastrados movimentos.

Um dos mandamentos do gerenciamento de imagens é abrir diálogo com a imprensa. Solícito, o "entrevistado", que tanto ofende jornalistas, emprestou a própria Bic para a repórter lavrar seu depoimento.

Durante muito anos, o slogan da marca no Brasil foi "Bic, é assim que se escreve".

Foi o que Bolsonaro fez especialmente para O Globo.
 

É o marketing, estúpido! - Quando presidentes "perebas" levam a bola pra casa. Documentário mostra quando a política tenta se apropriar do futebol

Cena do documentário "Memórias do Chumbo: o futebol nos tempos do Condor".
Foto:Reprodução

Como ferramenta para a busca da popularidade dos ditadores brasileiros, o  futebol cumpriu seu papel compulsório nos anos 1960-1970.

Campanhas de relações públicas das tropas escaladas para a comunicação dos governo introduziram Costa e Silva e Médici nos estádios e bastidores da então CBD e penduraram os generais na fama de alguns craques da seleção.  O envolvimento do governo com a seleção que se preparava para a Copa do México, encontros com jogadores até para almoços em palácio fartamente fotografados e o advento da Loteria Esportiva fizeram parte dessa ofensiva de marketing político.

O tema é tão atual que o atual inquilino do Planalto, o notório Bolsonaro, com a popularidade em baixa, segundo repetidas pesquisas, tem se escalado para assistir jogos do Palmeiras, do Flamengo e da seleção brasileira. Provavelmente nunca assistiu tanto futebol na vida. Em várias ocasiões, entrou em campo e recebeu vaias das torcidas, com alguns aplausos dos seus fanáticos seguidores.

Um bom momento para ver o documentário “Memórias do Chumbo: o futebol nos tempos do Condor”, produzido pelo jornalista e historiador Lúcio de Castro para o canal ESPN.

A referência à Operação Condor - aliança dos órgãos de informações do Cone Sul para assassinar políticos e militantes da esquerda - está presente no documentário que dedica um capítulo a cada um dos países envolvidos no braço do terrorismo de Estado, com a participação da CIA,  promovido pelas ditaduras do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

O DOCUMENTÁRIO “MEMÓRIAS DO CHUMBO : O FUTEBOL NOS TEMPOS DO CONDOR" ESTÁ AQUI

terça-feira, 30 de julho de 2019

Ou dá ou desce: demitidos da Editora Abril receberão indenizações reduzidas após negociação selvagem...

O Portal Imprensa publica uma matéria contundente sobre os bastidores do polêmico acordo que a Abril, agora sob o controle de investidores, fez com centenas de funcionários demitidos em redações, gráfica e áreas administrativas.

A manobra vil que prejudicou os trabalhadores começou com os irmãos Civita, herdeiros do grupo, que mandaram funcionários embora pouco antes da decretação da Recuperação Fiscal do grupo. Com isso, as verbas rescisórias passaram a fazer parte do complicado processo judicial que, de cara, deu aos então controladores da Abril prazo de 180 dias para quitar a dívida trabalhista.

Com a venda do grupo, a negociação passou a se dar com os novos donos que adquiriam a Abril por uma pequena parcela em dinheiro mais a dívida que ultrapassa 1 bilhão de reais. Assim, quanto mais jogarem duro na negociação das dívidas bancárias e trabalhistas mais os investidores lucrarão com o negócio. E foi o que se deu. As verbas rescisórias serão pagas na maioria a prestação e com enormes descontos. Era isso ou praticamente ficar na saudade. Quem topu o acordo abre mão de reivindicar direitos na Justiça. Para quem não assinou o documento, resta entrar ações judiciais e encarar longa disputa.
Leia a matéria no Portal Imprensa AQUI

Governo sinaliza trevas na relação com jornalistas

A relação do governo com jornalistas vem emitindo seguidos sinais de trevas e autoritarismo. Demissões de profissionais por ingerência política, agressões e ameaças se sucedem. Dois exemplos atuais, apenas.

Na recente coletiva do porta-voz da Presidência, general Rego Barros, um episódio mostrou ao mesmo tempo a relação tensa entre repórteres que tentam exercer sua função dignamente - e não festejar o governo como certos comentaristas de TV preferem - e a estrutura oficial de comunicação do Planalto, o próprio Bolsonaro e seus ministros.

O repórter do portal UOL, Leonardo Vieira deu uma lição de integridade profissional ao questionar o porta-voz quando ele acusa o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, de "crime", que ele não consegue tipificar, por divulgar conteúdo basicamente jornalístico de mensagens trocadas por Sergio Moro e sua facção de procuradores.

Nesta mesma semana, o apresentador do Roda Viva, Ricardo Lessa, acusa a TV Cultura de censurar veladamente uma entrevista com o general Santos Cruz, ex-chefe da Secretaria de Governo há pouco tempo demitido por Bolsonaro.

Segundo Lessa, ao convidar o general para ir ao programa foi "aconselhado" a não fazer a entrevista. Como pediu que enviassem por escrito o veto, recebeu  autorização para gravar. Em represália, a TV Cultura fez algo inédito: pautou duas entrevistas para o mesmo dia do Roda Viva, sendo que o programa com Santos Cruz passou para meia noite. Às 10, horário habitual, foi pautada uma entrevista com o economista Bernard Appy sobre a reforma tributária, tema que ainda não começou a ser discutido no Congresso.

Lessa acusou a TV Cultura de atitude "indigna e vil". Antes, segundo o apresentador, os "aiatolás" da emissora do governo João Dória, vetaram pelo menos mais dois entrevistado: Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência, e Marcos Truirro, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério de Economia.

A Cultura divulgou nota explicando que exibiu dois programas na mesma noite porque planejou uma "maratona". E não respondeu à grave acusação de Lessa sobre a pressão para vetar Santos Cruz, nem comentou o impedimento de entrevistas com Bebbiano e Truirro.

VEJA AQUI TRECHO DO VÍDEO ONDE O REPÓRTER DO UOL FAZ A PERGUNTA QUE ENCURRALA O PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA. AQUI

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Publimemória: Acredite, isso já foi moda...


por Ed Sá

Em 1972, o movimento hippie decaía. Mesmo tardiamente, marcas populares brasileiras pegavam carona na contracultura fashion. O anúncio da extinta Ducal foi publicado no JB e na Fatos & Fotos. Os garotos-propaganda eram os Fevers, mas os estranhíssimos figurinos que eles mostram na foto não eram roupa de cena ou palco. Estavam à venda a preços módicos e por um sistema pioneiro de crediário. Os bichos-grilos não salvaram a Ducal. Pouco depois dessa campanha, a rede entrou em crise e começou a fechar lojas. A última apagou as luzes no começo dos anos 1980. 

domingo, 28 de julho de 2019

Ruth de Souza (1921-2019): o adeus da dama negra


Aos 98 anos, Ruth de Souza sai de cena. Ao longo da sua brilhante trajetória, ela acumulou pioneirismos: foi a primeira atriz negra a atuar no teatro, cinema e TV brasileiros; foi a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de Melhor Atriz (Festival de Veneza, 1954, filme "Sinhá Moça"); foi a primeira atriz brasileira a conquistar bolsa de estudos da Fundação Rockfeller para temporada nos Estados Unidos, onde passou um ano e atuou na peça "Dark of the Moon", de Howard Richardson e William Berney. Ela foi também a primeira negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

E, por último, a primeira negra a sair na capa de uma revista brasileira. No caso, Manchete, em 1953. Dona Ruth foi fotografada por Zigmund Haar. Salomão Scliar fez o ensaio das páginas internas  e Neli Dutra entrevistou a atriz.

Em defesa da liberdade de expressão

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Jogos Pan Americanos: acorda mídia, Lima é escala para Tóquio...

por Niko Bolontrin
Já com algumas competições em andamento acontece, hoje, às 20h30, a cerimônia de abertura dos Jogos Pan Americanos, em Lima, Peru.
Os direitos de transmissão para TV aberta são da Record. A emissora adquiriu o pacote há alguns anos mas, na verdade, nunca soube bem o que fazer com o evento esportivo. Esporte, aliás, não é o forte da rede do 'bispo".
A abertura não será transmitida ao vivo pela emissora dona dos direitos: só entrará no ar quatro horas depois e em versão editada.
Sorte que para aliviar o caixa, a Record cedeu para o Sportv 2 a transmissão em canal por assinatura (também estará disponível no a cabo Record News), o que dá uma opção ao vivo a um universo menor de telespectadores, mas evita que a abertura passe em branco, assim como favorece a cobertura de boa parte das modalidades para as quais a Record aberta não terá tempo.
A mídia em geral falou pouco do Pan até hoje. Provavelmente com o avanço das competições dará mais visibilidade aos Jogos. Embora um tanto esvaziado pelo calendário por coincidir com o Mundial de Esportes Aquáticos na Coréia do Sul e com a preparatório do Mundial de Atletismo em setembro, no Catar, o Pan de Lima tem grande importância para o Brasil por valer como classificação para as Olimpíadas de Tóquio no ano quem vem em pelo menos 22 modalidades. O caminho para Tóquio passa por Lima.

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Cinema brasileiro sob ataque: Ancine vai para Brasília sob condução coercitiva e revista Variety noticia a volta da censura


A ideia não é nova. O ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels, conduziu um amplo projeto de submissão do cinema à política de governo. A ordem era instrumentalizar a tela para difundir os valores da família, da religião, o nacionalismo, os heróis da pátria, a xenofobia, a posição inferior das mulheres e a qualificação do "inimigo" sempre presente.

A revista Variety comenta a decisão de Bolsonaro de levar a Ancine, a agência que cuida do Fundo Setorial do Audiovisual, principal instrumento para fomento da indústria, para o Palácio do Planalto diretamente sob o controle do executivo. O objetivo da ultradireita é policiar o cinema brasileiro, impor um "filtro", como o governo chama, e na prática controlar ideologicamente o que pode ser filmado.

LEIA A MATÉRIA DA VARIETY, AQUI

Viu isso? Paramount HD acha engraçado o preconceito


O Brasil vive dias em que o politicamente incorreto tem sido exaltado pelos donos do poder político. Mas o canal por assinatura Paramout HD não precisava exagerar. O filme "Tommy Boy" ganhou um título supostamente engraçadinho em português: "Mong & Loide". Uma claríssima alusão ao pejorativo "mongolóide", termo usado para classificar pessoas portadoras da Síndrome de Down. O significado original da palavra remete à raça mongol. Já o "monoglóide", esse que a Paramount incorpora, é xingamento mesmo. Lamentável.

Memória da redação: quando Manchete perdeu a noção da realidade...


Essa edição da Manchete é de 1969. Uma das chamadas de capa é um primor de alheamento editorial. O que levou a revista a perguntar em plena ditadura, pouco depois da decretação do AI-5, "qual a posição do Exército?". Àquela altura, só a Manchete não sabia.

terça-feira, 23 de julho de 2019

Rio: esse visual Crivella não consegue destruir...

Foto J.E

Não é fácil escapar da incompetência aguda do prefeito Marcelo Crivella e sua equipe de apadrinhados. O Rio está um caos. Apesar de tudo, o visual escapa. Que assim seja, como mostra essa foto, feita a partir das imediações do Quadrado da Urca, há poucos minutos. A foto não é perfeita, o dia de inverno à carioca, sim.

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Gisele Bündchen: a defesa da Amazônia


Gisele Bündchen é capa da Elle americana de julho. Ela cada vez mais usa seuprestígio para denunciar a ameaça que paira sobre a Floresta Amazônica.

Do Twitter: políticos nordestinos que apoiam Bolsonaro terão vergonha na cara?

Reprodução do Twitter do jornalista Reinaldo Azevedo

Serenou na capa da Sports Illustrated

 A tenista Serena Williams postou no Instragram a capa que fez para a Sports Illustrated, ensaio assinado por Jeffery Salter, fotógrafo de Miami que é o preferido das celebridades do esporte.

domingo, 21 de julho de 2019

"Easy Rider": o filme que nasceu pra ser selvagem agora é cinquentão...


por José Esmeraldo Gonçalves 

As duas motocicletas que levaram Hollywood de carona direto para a contracultura estão de volta aos cinemas americanos em 400 salas e versão restaurada 4K.

Quando "Easy Rider" ("Sem Destino", no Brasil) foi lançado em 14 de julho de 1969, há 50 anos, as salas americanas exibiam "Hello Dolly", "Airport" e "Patton". O filme custou menos de meio milhão e arrecadaria mais de 250 milhões de dólares, apenas nos Estados Unidos. Na vida real, o que estava em cartaz era a guerra do Vietnã, Charles Manson e o rescaldo tardio das cinzas da era Kennedy. Por aí pode-se imaginar o impacto que a trama causou nas plateias americanas. Talvez duas produções anteriores tenham dado pinta de que Hollywood estava mudando: "Bonnie and Clyde" e  "The Graduate", de 1967, deixaram algumas escoriações no mundo perfeito de "Hello Dolly", mas ainda não eram aquele filme-marginal que faria o público largar a pipoca.

O ronco inconfundível das motocicletas Harley de "Easy Rider" ecoou no conservadorismo ao mesmo tempo em que levou uma geração de jovens americanos desiludidos, que já não acreditavam nos "valores wasp" (branco, anglo-americano e protestante, na sigla em inglês), a se identificar com Wyatt( Peter Fonda) e Billy (Denis Hooper). O envolvimento dos dois atores, aliás, foi muito além de apenas interpretar os personagens principais. Fonda co-escreveu o roteiro, ao lado de Terry Spouthern, e Hopper dirigiu o filme. "Easy Rider" não marcava a estréia de Jack Nicholson, mas foi o papel do advogado pinguço George que lhe deu o status de estrela. Ainda no elenco, Karen Black, Luana Anders, Luke Askew, Toni Basil, Warren Finnerty, Sabrina Scharf e Robert Walker.

Não é exagero dizer que as duas motos também se tornaram superstars. Na verdade, a produção usou quatro Harley-Davidson Hydra-Glides personalizadas. Eram máquinas construídas entre 1949 e 1950 que pertenceram a esquadrões policiais. O filme acabou consagrando a estilo Chopper, caracterzado, entre outras adaptações, pelo garfo alongado e amortecedores dianteiros compridos. A bordo dessas motos desenrola-se a trama. Wyatt e Billy (os nomes eram uma referência a Wyatt Earp e Billy the Kid) vendem uma partida de cocaína e, com o dinheiro, aceleram as motos desde a Califórnia até New Orleans, onde pretendiam curtir a Mardi Gras. Na estrada, cavalgam a metáfora da liberdade, que não deixa de lhes cobrar o alto preço das tensões da América.



As cenas inesquecíveis de Easy Rider se associaram à memória musical. A trilha sonoro é tão explosiva quanto o filme. As motos roncam ao som de "Born to Be Wild", o rock do Steppenwolf, "If 6 was 9", de Jimi Hendrix, "If you want to be a bird", do Santo Modal Rounders, "Don't Bogart Me", do Fraternity of Man ou "Kyrie Eleison", com The Electric Prunes, música religiosa transformada em "viagem" psicodélica, e a única escrita para o filme, "Ballad of Easy Rider", de Roger McGuinn.

"Sem Destino" chegou ao Brasil em janeiro 1970, em plena ditadura. A coisa aqui estava preta, mas o filme não foi vetado. o que não quer dizer que teve vida mansa nas telas. Foi censurado para menores de 18 anos e, na maioria das capitais, ficou em cartaz por apenas uma semana.

Para as gerações que chegaram atrasadas, vem aí a chance de ver "Easy Rider" em 4K, o que significa resolução até melhor do que a original.

VEJA UM TRECHO DO FILME E OUÇA "BORN TO BE WILD", DO STEPPENWOLF, AQUI

sábado, 20 de julho de 2019

Mistério: imagens originais da chegada do homem à Lua desapareceram...



por Flávio Sépia

O Brasil tem fama merecida de não preservar imagens da sua memória. Museus se incendeiam, negativos de filmes se deterioram e arquivos de fotográficos desaparecem. O que existe é graças a abnegados que se dedicam conservar acervos preciosos. Até as pedras lunares que o país recebeu de Richard Nixon sumiram.

Os Estados Unidos, ao contrário, preservam seus arquivos. Mas não todos. Nos últimos dias, você deve ter visto como parte das celebrações dos 50 anos da chegada do homem à Lua a célebre cena de Neil Armstrong descendo a escada do módulo lugar Eagle. É uma reprodução. A site Mashable publica hoje uma matéria sobre o sumiço do tape original. A Nasa designou uma equipe para vasculhar arquivos em busca do material. Não o localizou e concluiu que pode ter se perdido definitivamente ou se deteriorou por ter sido guardado de forma inadequada.

Outra revelação do vídeo do Mashable: as imagens vistas nas televisões do mundo inteiro naquele dia 20 de julho de 1969 não eram, pelo menos diretamente, aquelas captadas pela câmera do módulo Eagle. Por problemas de resolução e codificação na transmissão, a Nasa teve que filmar com uma câmera comum a tela de um dos monitores da sala de comando que recebiam as imagens e assim repassá-la para as televisões.

Acrescento algo que não está no Mashable: as duas Hasselblad que registraram a chegada do homem à Lua, há 50 anos, estão lá até hoje. Logo após Armstrong e Aldrin pisarem no solo lunar, eles retiraram as câmeras do suporte para as filmagens da caminhada. Uma dessas tinha um rolo de filme Kodak fotográfico. Concluído o tour na Lula, os astronautas retiraram filmes e tape e jogaram fora os equipamentos para diminuir o peso da Eagle.

As sete missões da Apollo que foram à Lua largaram 10 Hasselblad na poeira lunar. Se nenhum ET as recolheu, estarão lá à disposição das futuras missões.

É de quem chegar primeiro. 

VEJA O VÍDEO DO MASHABLE SOBRE O DESAPARECIMENTO DAS IMAGENS ORIGINAIS DA CHEGADA DO HOMEM À LUA,
CLIQUE AQUI

A ofensa racista de Jair Bolsonaro

Reprodução/Bandnews

Bolsonaro acumula episódios de racismo e intolerância. Índios, mulheres, negros e homossexuais são frequentemente agredidos pelo sujeito. É crime, mas as leis não o alcançam. Vários desses rompantes já foram gravados. Como esse, que o próprio serviço de TV oficial gravou. Os governadores do Nordeste lançaram uma nota de protesto. Mas há deputados federais da região que apoiam Bolsonaro. Bom que as suas bases vejam isso. Na mesma cena, ele manda "não dá nada", referindo-se a verbas, para o governador do Maranhão, Flávio Dino, deixando claro que não é o presidente de todos e age como um 'gauleiter' ensandecido que pune que não o apoia. Acima, a reprodução do que foi ao ar pela Band, Veja o vídeo AQUI

Na capa da Carta Capital: "la garantia soy yo"

sexta-feira, 19 de julho de 2019

Essa edição da Veja está sinistra, acredita? :"Anhangá", da "Sociedade Secreta Silvestre", ameaça tocar o terror no Brasil

Que a Veja tem um longo histórico de apostas inacreditáveis, basta consultar a coleção da revista. A capa da edição desta semana está agitando as redes sociais.

Aparentemente, na busca de uma exclusiva, os editores fizeram uma jogada de risco. Foram buscar na internet profunda, a chamada Deep Web, o "Anhangá", um sujeito que se apresenta como membro de uma organização terrorista que se intitula "ecoextremista" e atende pelo bucólico nome de "Sociedade Secreta Silvestre". Das profundezas digitais, ele denuncia um suposto plano da SSS para matar Jair Bolsonaro, Ricardo Salles e Damares Alves.

Um jornalista da revista alega ter feito contato com o terrorista através do ambiente da Deep Web que é irrastreável, o que também torna difícil, quase impossível, confirmar a fonte da informação. O "Deep Troath" da Veja diz que tem contato com uma organização terrorista internacional, a "Individualistas que Tendem ao Selvagem (ITS), que fornece know how ao braço brasileiro da multinacional do terror. "Anhangá" se diz preparado e vai botar pra quebrar. Queria, por exemplo, segundo a revista, atacar Bolsonaro logo na posse, mas adiou a ação por causa do forte esquema de segurança. Em vez disso, os "Silvestres"teriam  colocado uma bomba em uma igreja católica a quilômetros de distância do Planalto. Apesar da assessoria técnica do ITS, a artefato não explodiu, supostamente por falha no detonador. O que a igreja tinha a ver com as calças, o terrorista e a revista não explicam. Depois, apesar de "ecologista", a "Sociedade Secreta Silvestre" teria incendiado carros do Ibama,  precisamente a instituição que tenta defender o que resta da Amazônia e que, por isso, tem sofrido fortes pressões do atual governo. O terrorista e a revista nem tentam  explicar a contradição.

A Veja diz que a Polícia Federal está investigando os terroristas silvestres. Esperar que as autoridades botem a mão no Anhangá talvez seja a única chance de provar mais essa inacreditável e especulativa reportagem de capa da revista que agora pertence a executivos do mercado financeiro.

Até aqui, o fato faz lembrar dois momentos tão surpreendentes quanto ridículos do bravo jornalismo brasileiro. Um, tendo a própria Veja como protagonista, foi o famoso caso do "Boimate". Os editores da revista leram na britânica New Scientist uma piada publicada no Dia da Mentira, brincadeira comum adotada tradicionalmente pelos veículos locais. Só que Veja acreditou e reproduziu a matéria que dava conta de um fantástico feito científico: a fusão de células bovinas com tomates que resultaram em uma nova espécie, a Boimate. A vantagem, dizia a Veja, seria poder colher um dia um filé ao molho de tomate diretamente da horta. Depois de sofrerem merecida gozação, os editores pediram desculpas aos leitores.
O outro momento deep foi do programa do Gugu. Talvez por achar complicado entrevistar bandidos do PCC, a produção resolveu... produzir. Arrumaram dois mascarados que, entrevistados, deram uma lista de autoridades e jornalistas ameaçados de morte. A farsa foi desmascarada e o SBT multado.

Sem propostas concretas, Neymar se oferece a vários clubes e sofre bullying midiático

ESPN/Reproduçõa twitterAdicionar legenda

A ESPN lançou no Twitter a questão acima. Aproveitando o gancho de La Casa de Papel, cuja terceira temporada a Netflix disponibiliza a partir de hoje, o canal especula sobre o complicado destino de Neymar, que pretende sair do PSG, mas não recebeu proposta concreta.

O jornal espanhol Mundo Desportivo também publicou uma "lista de Ney", citando clubes para os quais Neymar pai já teria oferecido o filho que está no desvio e acrescentando o Bayern às supostas possibilidades.

Enquanto espera, o PSG fez dois amistosos preparatórios, sem Neymar, que finaliza recuperação. O jogador acompanhará a delegação do clube à China, ainda como parte da pré-temporada. O PSG não confirma se ele entrará em campo. Neymar tem contrato com o time francês até junho de 2022 e corre contra o tempo - as janelas europeias de transferências começam a se fechar nas próximas semanas - para encontrar uma saída.

Há pouco tempo tido como um dos jogadores mais valorizados do mundo Neymar vive fase de baixíssimo astral: responde a processos nos fiscos da Espanha e do Brasil; é alvo de investigação sobre acusação de estupro e soma uma incômodas sequência de contusões.

Caso não apareça um proposta que atenda aos interesses do PSG - o clube não abre mão de recuperar o alto investimento - Neymar terá que cumprir o contrato. O seu ambiente no clube vai ser testado na turnê chinesa. Ao final da Copa da França, quando o PSG foi derrotado pelo Rennes, ele criticou companheiros e provocou mal estar interno.

Nessa época do ano, enquanto aguarda o início da temporada 20019-2020, a mídia esportiva europeia tem menos notícias. As especulações sobre o mercado do futebol são o tema principal e algumas transferências milionárias já se efetivaram. Com isso, o impasse sobre o destino do Neymar ganha ainda mais espaço.

Alex Morgan, campeã do mundo pela seleção americana de futebol, vai montar uma empresa de mídia. Ela é a favor de ocupar todos os espaços, posa para revistas, faz filmes e escreve livros....

A jogadora Alex Morgan, campeã do mundo pelos Estados Unidos, posou para a Sports Illustrated. Reprodução


Ela atuou no filme Alex & Me" lançado no ano passado e...


...é autora de uma coleção de livros infantis. Para ela, as jogadores de futebol
feminino precisam ocupar espaços na mídia. 

por Niko Bolontrin

Campeã pelos Estados Unidos e um das artilheiras do Mundial Feminino recentemente disputado na França, a jogadora de futebol Alex Morgan está formando uma empresa de mídia. Ela não pretende se associar a nenhuma grande empresas jornalística e visa focalizar público feminino, atletas, especialmente meninas. Morgan revelou seus planos em entrevista à Bloomberg, ontem, mas não deu maiores detalhes da empresa.

Morgan sempre defendeu maior divulgação para o futebol feminino e tem incentivado as colegas a ocuparem mais espaço na mídia. "Quero compartilhar as histórias que eu acho que muitas pessoas querem ouvir, e as meninas precisam ter acesso a elas". A jogadora já escreveu livros infantis sobre futebol, atuou no filme "Alex & Me", lançado no ano passado e não vê problemas em fazer fotos sensuais. Ela já posou duas vezes para a Sports Illustrated, sendo que o último ensaio fotográfico foi publicado dias antes da última Copa do Mundo.

Muita mutreta pra levar a situação...

Reprodução/Época/22/07/2019. Clique na imagem para ampliar
Articulista da Época, Conrado Hübner Mendes, professor da USP, analisa "a fronteira entre a corrupção criminosa e a corrupção normalizada". Comenta como "a Lava Jato turbinou a blindagem da magistratura. Tornou-se símbolo incorruptível da moralidade e gozou da presunção absoluta da legalidade. Não se testa sua legalidade, presume-se".
O artigo vem a propósito do escândalo da Vaza Jato, os truques que dominavam seus protocolos e ausência de resposta das instituições. É um bom contraponto no momento que figuras da Justiça considerarem normal a malandragem e o jogo de interesses particulares como instrumento autorizado desde que seja no combate à corrupção. Pois é, essa estratégia tem sido defendida até em editoriais da grande mídia. O atropelo da lei pela lei já se configurou em muitos episódios, mas as revelações do Intercept Brasil demonstram que nesse pântano institucional sempre será possível encontrar justificativa para dar um passo a mais.

quinta-feira, 18 de julho de 2019

O Sr. Embaixador em Washington DC: Eduardo Bolsonaro vai morar no cafofo que já recebeu Roberto Campos, Walter Moreira Salles, Vasco Leitão da Cunha. Mário Gibson Barbosa e Paulo de Tarso Flecha de Lima

A residência oficial do embaixador brasileiro em Washington (Reprodução MRE)

E o prédio da Chancelaria, o local de trabalho vizinho à residência. (Reprodução/MRE)

A Embaixada do Brasil em Washington já foi bem frequentada.

Se assumir o cargo de representante brasileiro nos Estados Unidos, Eduardo Bolsonaro circulará nos corredores da residência e nos gabinetes da Chancelaria
adjacente, na 3006 Massachusetts Avenue NW, onde já passaram figuras como
Walter Moreira Salles, Ernani do Amaral Peixoto, Roberto Campos, Vasco Leitão da Cunha, Mário Gibson Barbosa. Antonio Azeredo da Silveira, Marcílio Marques Moreira, Sergio Correa da Costa, Rubens Ricúpero e Paulo Tarso Flecha de Lima.

Ele pode não ter a mais remota ideia da função que os diplomatas citados já exerceram, mas vai morar igualmente bem. A residência do embaixador do Brasil, a Villa McCormick, como é conhecida, é uma referência arquitetônica em estilo neoclássico na capital norte-americana. É obra do arquiteto John Russell, que assinou outros prédios públicos em Washington DC. O prédio da Chancelaria, construído no terreno da residência, também tem planta ilustre. Em estilo moderno, foi projetado por Olavo Redig de Campos.

Se realmente for morar lá, é melhor Eduardo não desfazer as malas. O ministro
Paulo Guedes já declarou que pretende vender, quem sabe na black friday, os prédios das
embaixadas brasileiras em vários países.

A anunciada indicação do Bolsonaro júnior como embaixador tem provocado
polêmicas e gerado memes nas redes sociais. O alvo principal é o inglês do
sujeito. Há vídeos e áudios mostrando que o futuro embaixador fala o idioma de
Shakespeare com adaptações tropicais muito peculiares. Um desses vídeos,
gravado durante uma entrevista à Fox News registra momento de pânico do atual deputado ao não conseguir completar uma frase e obrigado-se a retornar à língua máter para admitir candidamente: "Caralho, deu branco". Sejamos justos: o inglês do Eduardo não chega ser o do treinador Joel Santana, que virou sua marca registrada intransferível. Certo que a pronúncia lembra um pouco a do indiano Hrundi V. Bakshi, personagem que o ator Peter Sellers viveu em "Um Convidado Bem Trapalhão". Uma diferença, talvez, é que no filme o inglês era intencionalmente caricatural sem espancar a sintaxe.

Uma das qualificações do indicado, além de ter admitido que já fritou hambúrger - isso também virou piada -  nos Estados Unidos, seria, segundo afirma o governo, o fato de ser amigo do Donald Trump e dos seus filhos. São assim, ó,  capazes de diálogos íntimos do tipo "how do you do, Dudu" e "how do you 'tru', Trump".
 

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Quer ganhar até 20 mil dólares? A chinesa Huawei lança Concurso de Fotografia no Brasil.


A Huawei, que está entrando no Brasil, abre o Concurso de Fotografia  Huawei Next-Image 2019. São para fotos nas categorias #EmotionTag, Olá, vida!, Rostos, Explorando distâncias, A vida agora e Storyboard.

Regulamento e descrição de características exigidas para cada categoria estão no site da Huawei (link abaixo)

Haverá um premiação de US$ 20 mil para o vencedor do “Grande Prêmio”, US$ 6 mil por categoria e a chance de participar da Paris Photo 2019. Além disso, os 50 trabalhos que se destacarem levarão um smartphone Huawei P30 Pro.

Detalhe importante: só podem concorrer fotos feitas por smartphones da Huawei, de qualquer modelo. As inscrições vão até o dia 31 de julho e os vencedores serão conhecidos no dia 9 de setembro, durante a Paris Photo 2019.

Instruções e detalhes do concurso estão AQUI


Parabéns a todos os envolvidos: a barbárie social que o Brasil pediu nas urnas já se instalou...

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A capacidade de Jair Bolsonaro desmontar a civilização e implantar a barbárie social no Brasil é espantosa e veloz. Ontem, o jornalista Arnaldo Bloch, do Globo, listou os itens da cartilha neofascista com que o governo ataca todas as áreas. As medidas oficiais tomam as quatro colunas do texto. Enquanto a gráfica rodava o jornal, o inquilino do Planalto divulgava mais duas decisões inacreditáveis.
A primeira, suspende contratos para a produção de 19 medicamentos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O corte atinge laboratórios públicos que fabricam remédios que custam ao governo 30% mais baratos do que os equivalentes dos laboratórios privados para pacientes que sofrem de câncer e diabete ou que passaram por transplantes. Mais de 30 milhões de brasileiros dependem desses medicamentos.
A segunda, em nome da desburocratização e para atender a pedidos de entidades empresariais, Bolsonaro quer reduzir a cota de menores aprendizes e de pessoas com deficiências que as empresas são obrigadas por lei a contratar.
As medidas a serem implantadas mereceram pouco repercussão na mídia oligárquica. Por um simples motivo: editorialistas, editores e colunistas de política e economia parecem considerar que se este desmonte é o preço a pagar pela reforma da Previdência, reforma tributária e aos dogmas em geral da economia neoliberal, que assim seja. Os 13 milhões de desempregados, os mais de 20 milhões de subempregados, o fim das políticas sociais, o desprezo ao meio ambiente, agrotóxicos para todos, a demonização da Cultura, o fundamentalismo religioso contaminando o Estado laico, o neofascismo que dirige comportamentos, as ameaças estilo tropas de choque hitleristas a jornalistas independentes ampliam as desigualdades e cobram alto custo da democracia e da liberdade. Mas o que importa tudo isso se o confisco da Previdência se realiza? 


terça-feira, 16 de julho de 2019

Neil Armstrong foi à Lua e, na volta, pousou na Manchete onde ouviu de Hebe Camargo: "O senhor é uma gracinha".

Hebe Camargo e Neil Armstrong no hall da Manchete, na rua do Russell, 1969. Reprodução




por José Esmeraldo Gonçalves 

Na data de hoje, 16 de julho de 1969, há 50 anos, foi lançada do Cabo Canaveral a Apollo 11, que levou à Lua os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins. O pouso ocorreu no dia 20 de julho. Os dois primeiros passaram pouco mais de duas horas na superfície lunar. Aldrin permaneceu a bordo do módulo de comando orbitando em torno da Lua.

A chegada do homem à Lua foi primeiro grande acontecimento transmitido pela TV a se beneficiar das redes de micro-ondas recém-instaladas em muitos países, inclusive no Brasil, o que multiplicou a audiência global.



A mídia se mobilizou. Aqui, a Bloch lançou rapidamente várias edições especiais de Manchete e Fatos & Fotos levando aos leitores imagens coloridas, com absoluta nitidez, e acrescentando mais informação ao fato visto inicialmente pela TV e em radiofotos publicadas em jornais, com resolução precária.

Um edição da Fatos & Fotos se destacou especialmente. Era uma revista multimídia, termo que não existia na época, integrando texto, fotos e ilustrações a um CD com o áudio dos diálogos entre os astronautas e o centro de comando da missão em terra.

O pouso dos primeiros astronautas na Lua assombrou o mundo, mas não demorou a se banalizar, como quase tudo que é alvo de intensa exploração da mídia. Até 1972, doze astronautas caminharam na Lua. Conta-se que já na segunda missão tripulada, a da Apollo 12, em novembro de 1969, os alto-falantes do Maracanã, ainda na época da "Adeg informa", anunciaram o pouso aos torcedores durante um lance de jogo crucial e o locutor foi vaiado, tal o desinteresse.

Outra curiosidade: o presidente americano, Richard Nixon, em uma jogada de marketing, distribuiu rochas lunares a todos os países. O Brasil recebeu uma dessas, mas como a Taça Jules Rimet, o pedregulho nacional sumiu.

Desde novembro de 1972, nenhum homem pisou mais na Lua.

China e Índia estão com programas espaciais adiantados e planejam missões lunares tripuladas na próxima década. Os Estados Unidos pretendem voltar até 2024 através de parcerias da NASA com empresas privadas.

Um recadinho para os nerds: o computador da Apollo 11 era praticamente uma reles calculadora. Os sistemas da nave tinham 64 KB de memória RAM e uma CPU de 0,043 MHz, sua capacidade de cálculo estava na casa dos milhares. Um iPhone 5, por exemplo,  usa processador de 1,3 GHz, uma memória RAM de 1 GB e faz milhões de cálculos por segundo. E o computador IBM central da NASA, embora um pouco mais potente, na faixa dos megas, era centenas de vezes mais rudimentar do que um Playstation 4 que trabalha com 500 gigabytes.

Neil Armstrong confessou que mais difícil do que ir à Lua foi cumprir a agenda de celebridade que lhe foi imposta e o levou a uma turnê mundial.

O astronauta pioneiro acabou, quem diria, na Manchete. Em viagem ao Brasil, ele almoçou no prédio do Russell, visitou a redação no 8º andar e deu  saída entrevistas. Já no hall, foi acoplado a Hebe Camargo e respondeu a algumas perguntas da diva da TV brasileira. "O senhor é uma gracinha", revelaria ela em suas impressões sobre Armstrong.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

A polêmica do VAR: os nerds têm mesmo que decidir jogos?

No atual Brasileirão o VAR tem se afirmado como mais uma instância de erro. Tornou-se uma espécie de muleta para árbitros inseguros. Na dúvida, eles dividem a responsabilidade com os nerds que operam o sistema.

Na prática, o VAR virou o Google dos árbitros

O Vasco, na última rodada, foi a nova vítima. A bela arrancada de Pikachu rumo ao segundo gol foi inutilizada pelos "sábios do mouse" ao alegar erradamente que em lance anterior outro jogador do Vasco, Rossi, teria feito falta em Matheus Henrique, do Grêmio. Àquela altura, o segundo gol do Vasco poderia ser decisivo. Perdendo do 2X0, o Grêmio, no mínimo, teria que avançar e se expor.

O Vasco pedirá punição do árbitro, mas, é aí, os três pontos já eram. Há quem diga que o cruzmaltino, enfraquecido, perdeu força para se defender e virou saco de pancadas do apito. A conferir. Mas o fato é que o Brasil se esforça para desmoralizar o VAR.

O que os árbitros tanto conversam com o técnico via rádio? Até para confirmar lateral, eles dialogam.

Se os árbitros não eram infalíveis e o VAR também não é, a redundância tem potencial de causar muita confusão. Até aqui, não veio para explicar, mas para confundir, como dizia o Chacrinha.

O VAR é um elemento válido no jogo, mas o protocolo deve ser aperfeiçoado. Por que não adotar o sistema do vôlei, que está em vigor há anos e não provoca tanta polêmica? Cabe o árbitro marcar e a cada treinador um número determinado de pedidos de revisão eletrônica. Só em caso relevante, quando os dois treinadores já esgotaram seus pedidos, o árbitro tem direito a recorrer à eletrônica.

Outra medida que ajudaria a baixar o nível de desconfiança: transmitir no sistema de som do estádio o diálogo do árbitro com os nerds do VAR. É assim no futebol americano: o juiz anuncia suas decisões para todo o estádio ouvir. Não seria problema já que, teoricamente, VAR e juiz não teriam nada a esconder. Torcedor paga ingresso para saber de todos os detalhes do jogo. E, agora, que um diálogo via rádio pode decidir uma partida tanto quanto uma jogada de um craque a galera quer saber o que as autoridade do jogo tanto conversam.

A transparência agradece.

domingo, 14 de julho de 2019

Memória da redação: a asa delta havia recém-chegado ao Rio quando o craque Doval, do Flamengo, tentou voar...



Foto: Hugo de Góes

por José Esmeraldo Gonçalves 

Em julho de 1974, há 45 anos, o francês Stephan Segonzac decolou da Pedra Bonita para o primeiro voo de asa delta no Brasil. Dias depois, assombrou a cidade ao pular do Corcovado e pousar no Jockey Club.

Antes do verão 74-75 despontar, o carioca Luís Cláudio já fazia os primeiros voos e se tornava instrutor para dezenas de interessados no novo esporte.

Na época, o atacante Doval era ídolo no Flamengo e o argentino mais carioca que os hermanos já mandaram para o Rio. Fora do campo, ele praticava surfe, fazia aulas de pilotagem no autódromo e treinava tiro no stand do clube. Não demorou a se interessar pelas asas que via aterrissar na Praia do Pepino.

Em agosto de 1975, a Fatos & Fotos me mandou cobrir as primeiras aulas do gringo com o instrutor pioneiro, o Luís Cláudio. As lições iniciais aconteciam em Jacarepaguá, aproveitando o declive de um pequeno morro. Doval logo provou que era muito melhor em fazer a bola voar do que ele mesmo sair do chão.

Depois de algumas tentativas, o instrutor assinalou a dedicação do aluno, mas não deixou de ironizar: "Ele já conseguiu passar quase três minutos sem encostar o pé no chão".

Doval foi três vezes campeão carioca, duas pelo Flamengo e uma pelo Fluminense. Morreu em 1991, aos 47 anos, vítima de infarto. Três dias antes, ele viu o Fla jogar pela última vez, em Buenos Aires, contra o Estudiantes de La Plata pela Supercopa Libertadores. O rubro-negro perdeu (2X0). Ele chegou a visitar a delegação do Flamengo no hotel que hospedava os brasileiros.

Folha de São Paulo: o CEO da Lava Jato


Lava Jato Ltda: mensagens do Telegram revelam o plano de negócios milionários por baixo do tapete da força tarefa...




Em parceria com Intercept Brasil, a Folha de São Paulo divulga novas mensagens do escândalo que revela a face secreta da Lava Jato. Dessa vez, o tema é dinheiro e de como faturar com a operação. O vazamento mostra que sob a aparência de legalidade, a Lava Jato é um iceberg cuja porção submersa  escondia negócios. Eventos, palestras e aulas patrocinados, a partir do conteúdo jurídico da Lava Jato, eram a base da "indústria" detalhada no grupo de procuradores no Telegram. O Procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, imaginou um plano de negócios para lucrar na esteira da fama e dos contatos conseguidos durante a operação. Empresas com sócios secretos e em nome de "esposas laranjas",  criação de instituto "sem fins lucrativos" e parcerias com promotores de eventos são elementos do plano dignos de um power point de faturamento que o C.E.O do esquema planejou. O material, que é espantoso, poderia render vários capítulos da série "promocional" da Lava Jato, "O Mecanismo", exibida pela Netflix. É o que mostram as mensagens obtidas pelo Intercept e analisadas em conjunto com a equipe da Folha de S.Paulo.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA EM THE INTERCEPT BRASIL
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sábado, 13 de julho de 2019

Festival de Veneza 2019 vai exibir "Extase", com Hedy Lamarr, o filme que mostrou primeiro nu frontal da história do cinema.






Hedy Lamarr em cenas e no cartaz de Êxtase. 

por Jean-Paul Lagarride 

O Festival de Veneza 2019 exibirá na abertura oficial, no dia 27 de agosto, o que teria sido primeiro nu frontal da história do cinema. A cena é do filme "Êxtase, de 1934, dirigido por Gustav Machatý, e que foi agora restaurado em modo digital 4K.

A protagonista é Hedy Lamarr, que também interpreta o primeiro ato sexual da tela.

"Extase" foi censurado, na época, há 85 anos, em vários países e ainda sofreu um inesperado percalço: o marido da atriz,  Firtz Mandi, tentou desesperadamente comprar todas as cópias disponíveis.

A reestreia do filme de Hedy Lamarr em Veneza tem um significado especial.  "Extâse" foi premiado em 1934, na mostra da cidade italiana, onde ganhou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. Na trama, Eva (Hedy Lamarr) se casa com um homem mais velho, rigoroso e adepto da ordem acima de tudo - o que no Brasil de hoje costuma se chamar de "homem de bem" -, que não demonstra muito entusiasmo na cama, o que a leva aos braços de um jovem.

No mais, você pode ver a trama completa e a histórica cena AQUI 

Por trás do glamour de estrela, a inteligência: Hedy Lamarr inventou 
a telefonia o celular e o Wi-Fi. 

A atriz austríaca foi muito além das telas. Em 1940 ela desenvolveu um sistema  cujos parâmetros levaram aos atuais telefones celulares e à transmissão de dados por Wi-Fi. Inicialmente, seria um aparelho para confundir radares nazistas. 
Por incrível que pareça, a inspiração veio através da música. O compositor George Antheil tocava piano e Lamarr se divertia repetindo as notas em escala diferente. A partir do diálogo musical, a atriz percebeu que duas pessoas poderiam conversar entre si em frequências diferentes desde que o fizessem ao mesmo tempo. Eles se dedicaram a por em prática um sistema de rádio experimental e, dois anos depois, obtiveram a patente do invento. Só no começo dos anos 1960, o Departamento de Estado mandou construir os primeiros dispositivos. O trabalho de Lamarr foi reconhecido apenas em 1997 (Anthiel não viveu para ver o sucesso do invento), quando ela foi premiada e homenageada pelo governo americano.
Apesar disso, Hedy Lammar teve problemas financeiros e chegou a ser presa duas vezes por roubar pão e remédios. Só não morreu na mais total miséria porque ganhou de uma empresa americana um processo por uso indevido de imagem. 
Hedy Lamar faleceu em 2000, aos 85 anos, quando celulares e Wi-Fi se espalhavam pelo mundo.