domingo, 19 de março de 2017

Repórter brasileira é "assediada" por mascote do Manchester City...


A repórter da ESPN, Natalie Gedra, foi alvo agora há pouco de uma "investida" cordial do mascote do Manchester City, que jogou com o Liverpool neste domingo.A brasileira, que já foi especulada em sites de celebridades como suposta namorada do jogador Gabriel Jesus, levou na esportiva o "assédio" do mascote. VEJA O VÍDEO AQUI

A interminável conta do golpe


Já se disse aqui que Temer não cai. O esquema que o sustenta é poderoso. O "presidente" tem um serviço a entregar: os pedidos dos mais variados lobbies que vão desde às privatizações e desonerações aos desmontes das legislações trabalhista, previdenciária, dos sistemas de saúde pública, de proteção do meio ambiente etc.

Fiscalização, independentemente de subornos e corrupção pagos a funcionários públicos para "amolecer" vigilância, é coisa que incomoda o neoliberalismo. Quando essa corrente de politica econômica pede Estado mínimo está quase sempre reivindicando Estado nenhum para fazer valer com desenvoltura suas apropriações.

Então, são essas tarefas a entregar aos promotores do golpe a viga-mestra do governo Temer. Nem a Lava Jato, nem as ruas vão tirá-lo do poder. Temer fica.

Vejam o caso do trabalho escravo. O governo recorreu à Justiça para impedir a divulgação da lista suja de empresas que exploram trabalhadores em condições degradáveis e criminosas. Na verdade, não apenas a lista suja está censurada como a fiscalização diminuiu.

É mais um item da conta do golpe.

Trabalho escravo é um atentado aos direitos humanos. O Globo noticia que a número de libertados caiu em 61%. Curiosamente, o mesmo jornal publica um entrevista com a Secretária Especial de Direitos Humanos do governo golpista em que ela exalta a política do atual governo para os... Direitos Humanos. Com acentuada dose de hipocrisia, o país que não combate o trabalho escravo acaba de indicar a titular da Secretaria, Flávia Pìovesan, ex-aluna de Temer, para a OEA, onde, se eleita, será a representante do governo golpista na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Na entrevista, ela diz que o governo está "inovando" na área.

Não que a OEA seja tão relevante agora que mais do que nunca faz uma linha auxiliar do Departamento de Estado do governo americano.

Mas um país que cede às corporações a liberdade e a dignidade do trabalhador não tem o direito de reivindicar vagas em comissões de Direitos Humanos. Nem em organizações multilaterais, nem no clube da esquina, nem na desmoralizada OEA.

A ira do senhor. Segundo colunista, Marcelo Crivela manda demitir repórter do jornal O Dia. Prefeito desmente e jornalista diz que ele mente...


(do Notícias por Minuto) 

Repórter do jornal 'O Dia' teria irritado prefeito após escrever reportagem sobre situação de postos de saúde em meio ao medo da febre amarela
 
Um repórter do Rio de Janeiro, Caio Barbosa, teria sido demitido do jornal 'O Dia' por ordem do prefeito da cidade, Marcelo Crivella após a publicação de uma reportagem na última quinta-feira (16) sobre a condição dos postos de saúde durante as vacinações contra febre amarela.

A matéria fala em "filas, mau atendimento e falta de informação" em diversos postos de saúde da capital carioca. O texto original da reportagem, que continua on-line, teria sido substituída por uma versão editada.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO PORTAL NOTÍCIAS AO MINUTO, CLIQUE AQUI


ATUALIZAÇÃO EM 20/3 DE 2017

O PREFEITO MARCELO CRIVELLA DIVULGOU NOTA DESMENTINDO QUE TENHA INTERFERIDO NA DEMISSÃO DO REPÓRTER. LEIA A SEGUIR:

"É falsa a informação divulgada nas redes sociais atribuindo a mim o pedido de demissão do jornalista Caio Barbosa do Jornal O Dia. Jamais faria isso. Declaro de forma veemente que respeito os profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa", diz o prefeito no texto.

"Repudio, tenho desprezo e nojo a perseguições políticas, e no meu primeiro discurso depois de eleito, roguei a Deus que nos livrasse da praga maldita da vingança. Aliás, apenas para desmascarar essa descabelada infâmia, lembro que o irmão do deputado Marcelo Freixo, Guilherme Freixo, encontra-se no quadro de funcionários da prefeitura. Termino afirmando que jornalistas de todos os veículos são atendidos por mim e por minha assessoria de forma isenta e respeitosa".


Logo depois da publicação do prefeito em suas redes sociais, o jornalista também se pronunciou. "A nota oficial do prefeito é uma mentira. Não apenas sobre mim. Sobre ele. Mente do início ao fim. Uma pena. Mentir é pecado. Deve ter sido escrita por um assessor. Espero. Errar e reconhecer o erro é virtude que Deus perdoa. Insistir na mentira é feio", disse.

EM RESPOSTA, O REPÓRTER CAIO BARBOSA AFIRMA QUE A NOTA É MENTIROSA: 
"A nota oficial do prefeito é uma mentira. Não apenas sobre mim. Sobre ele. Mente do início ao fim. Uma pena. Mentir é pecado. Deve ter sido escrita por um assessor. Espero. Errar e reconhecer o erro é virtude que Deus perdoa. Insistir na mentira é feio".


O JORNAL O DIA PUBLICA HOJE EDITORIAL EM QUE NEGA INTERFERÊNCIA EXTERNA EM DEMISSÃO

O DIA realiza reestruturação em busca de maior eficiência

Rio - O jornal O DIA, avançando no seu processo de reestruturação de pessoal, assim como outras empresas do mercado editorial, realizou, nesta última semana, um ajuste em sua equipe de funcionários nas diversas áreas de gestão, tais como administração, gráfica, comercial e jornalismo.

Além disso, reduzimos ou mudamos alguns fornecedores que atendiam a companhia nas áreas de TI, matéria-prima, conteúdo editorial (agências de notícia) e outros.

Entre os diversos critérios usados neste processo de reestruturação, a empresa manteve-se firme em um propósito: levar às bancas um produto de qualidade e, principalmente, imparcial, no qual nossos leitores possam confiar. Este é um compromisso histórico do jornal O DIA.

Portanto não houve, e nem poderia haver, qualquer interferência externa nas decisões de corte, em nenhuma área da empresa. O jornal O DIA repudia qualquer insinuação neste sentido.

Ciente do importante papel que desempenha na sociedade, a empresa se mantém empenhada com colaboradores, parceiros e fornecedores na busca permanente por equilíbrio financeiro, garantindo, sem sobressaltos, a continuidade de suas atividades, com a circulação diária dos jornais O DIA e Meia Hora, bem como a manutenção do emprego de 250 funcionários diretos e mais de 1.000 parceiros indiretos.


Como ocorre há 65 anos, seguimos em frente com a certeza de que cumprimos, diariamente, nosso dever de levar informação correta, bem apurada e imparcial à população carioca. Compromisso do qual jamais vamos abrir mão.


Trumpolini ou Mussolump?



por Jean-Paul Lagarride
Mussolini e Hitler
 em Berlim, 1937.
Em 1937, Mussolini visitou Hitler, em Berlim. Foi um choque de egos em praça pública. Três anos depois, Charles Chaplin ironizou o encontro dos dois ao lançar o filme "O Grande Ditador". 

Hitler era Adenoid Hynkel e Mussolini virou Benzino Napaloni. "O Grande Ditador" não foi um projeto assim tão fácil de emplacar. Chaplin teve que financiar do próprio bolso toda a produção. Hollywood tinha parcerias cinematográficas com a Alemanha e tentou desestimular Chaplin a filmar a paródia. 

"O Grande Ditador" foi indicado para o Oscar de 1941 em cinco categorias. Surpreendentemente, não levou nenhuma estatueta. Embora tenha feito uma genial e admirada caricatura da época, Chaplin revelou anos depois, quando os horrores patrocinados por Hitler e Mussolini
Os dois ditadores em cena
do filme de Chaplin
chocavam o mundo, que não teria feito humor com as duas figuras se soubesse do que acontecia nos campos e porões dos dois países.  Mas essa é outra história. 

Se Chaplin captou na ficção o ridículo e o grotesco dos ditadores quando ainda havia quem os admirasse, quando da visita, diante das multidões da vida real, Hitler e Mussolini disputaram expressões corporais ensaiadas. Queixos pra cima, mãos nas cinturas, passos firmes, como dois arremedos de Césares. Os documentários da época não escondem a pirotecnia gestual que inspirou o filme. 

A postura de Donald Trump, há pouco dias, quando se recusou a apertar as mãos de Angela Merkel, finalmente revelou o modelo visual que inspira o presidente americano. Puro Mussolini nos gestos, nas atitudes, na permanente fixação em parecer "poderoso", "invencível" e "determinado". 

Nesses primeiros encontros com líderes mundiais, mesmo com aliados como Alemanha e Canadá, Trump parece disposto a passar um hostil recado de intimidação. Ou recusa cumprimento, como ao receber Merkel, ou tenta destruir o "oponente", no caso o  primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, com um aperto de mão que mais lembrou as "encaradas" dos lutadores de MMA nas coletivas de promoção dos combates. 

O "presidente" Michel Temer revelou todo excitado que recebeu um telefonema de Trumpolini, que teria convidado ou convocado o brasileiro a visitá-lo. Temer, que já se emocionou por ter uma suposta amizade com um vice-presidente americano - ele conta isso pra todo mundo, até em uma famosa carta para Dilma Rousseff - não vai dormir mais até chegar ao Salão Oval. Isso se não for barrado no aeroporto em função das restrições para estrangeiros. Temer que se cuide: se botar um bigode vai ficar com cara de Pedro Armendáriz, o ator mexicano de filme de cowboy; se for de touca branca dos antepassados sírios vai disparar o alame no aeroporto. Uns e outros não estão dando muito ibope no país do Tio Trump.  

Temer 'curtiu' telefonema de Trumpolini
e Angela Merkel levou uma humilhante
esnobada do americano.  

Trumpolini vira a cara ao ouvir um pedido de aperto de mãos formal para fotos. 

Os fotógrafos insistem e ele fecha a cara. 

Com um misto de delicadeza e submissão - que vai lhe custar alguns votos na Alemanha - Merkel fala baixinho: "eles querem um aperto de mãos". Trumpolini não está nem aí. 


VEJA O VÍDEO EM QUE TRUMPOLINI DÁ UMA ESNOBADA NA ANGELA MERKEL. CLIQUE AQUI

Uái, sô... fragou?

  Nota na coluna de Lauro Jardim, Globo, hoje.

sábado, 18 de março de 2017

Só rindo: as redes sociais temperam o escândalo da carne podre com memes mais saborosas














Memórias do império: a última sessão de cinema dos Bloch

Geraldo Mayrink, colaborador da Época, foi redator da revista Manchete. Ele esteve em Cannes em 1983 e testemunhou uma despedida: Justino Martins não sabia mas naquela noite de maio participava pela última vez 
do festival que tanto frequentou. 




por Geraldo Mayrink 

O filme havia acabado e, numa noite de maio de 1983, o jornalista Justino Martins apareceu para jantar. Ele chegou ao restaurante Le Martis, em Cannes, impecável em seu smoking, por volta de 11 da noite, e sentou-se sozinho a uma mesa. Foi reconhecido pelos brasileiros presentes, quase todos jornalistas. Logo arrumou companhia, brasileira. E parecia triste.

Justino, alto e moreno, gaúcho e vibrante, era uma referência histórica. Passara a vida como diretor da revista Manchete e sabia fazê-la como ninguém, quando ela era um sucesso. Passara parte da vida em Paris e, quase todo mês de maio, no Festival de Cannes. Passara também a vida passando em revista, em casa, em Cannes ou aonde quer que fosse, as mulheres mais belas que punha na capa da revista Manchete

Orgulhava-se disso, não escondia.

Mas Justino parecia triste naquela noite. O filme que vira, Furyo, de Nagisa Oshima, de modo algum o aborrecera. Aos 66 anos, aparentando menos, divagou sobre os fantasmas do festival – gente morta, amigos que não veria mais. Falou de hotéis, pousadas, coisas volatilizadas. Estava doente de um câncer agressivo e fatal, mas não sabia disso. Sua tristeza deveria ter outra causa, impossível de diagnosticar.

Aí lhe perguntaram sobre seu futuro e esse futuro se chamava Rede Manchete, prestes a ser inaugurada. Era para ser uma coisa do outro mundo, com equipamento fabuloso. Bebendo vinho e comendo lasanha, Justino ficou ainda mais triste. Disse: “Não vai dar certo. Equipamento não faz televisão. O que faz é cabeça. E eles não têm cabeça para isso”. Eles eram todos da família Bloch, que havia erguido um império nos moldes luxuosos da velha Hollywood, vendendo ilusões e fantasias na forma de papel colorido, impresso em revistas.

Como se estivesse na Metro-Goldwyn-Mayer, Justino fez da revista Manchete a maior do Brasil num período. Seus companheiros de mesa acharam que ele estava enciumado da televisão, que lhe roubaria o trono espetacular. Nesse momento aconteceu uma coisa de cinema. Foi quando anunciaram que estava chegando ao local o rei do futebol, Pelé, para quem arrumaram uma mesa enorme, apesar da aparição fora de hora. O restaurante, já quase fechando as portas, ressuscitou. Pelé chegou acompanhado de uma loura, mas não uma branquela qualquer. Era uma louraça com vestido curto, branco, mostrando pernas e coxas, jóias no pescoço e dedos. Exibia um sorriso capaz de paralisar a platéia e um nome estranho – Xuxa. Ninguém sabia quem era. A presença de Xuxa provocou uma fila no toalete das mulheres, cuja porta muitos cavalheiros rondavam. Pelé concedeu entrevistas burocráticas. A moça voltou à mesa, muda. Ela sorria, ele se comportava. Comeram e foram embora. Justino observou tudo em silêncio. Mas os jornalistas ainda andavam atrás de realismo e queriam saber por que estava tão pessimista quanto ao futuro da Bloch.

Caminhando pelas vielas de Cannes, de volta ao hotel que ele imaginava cheio de lembranças e de fantasmas, Justino disse que a futura Rede Manchete colocaria Xuxa diante das câmeras e faria referências caridosas a Pelé. Que faria referências encomiásticas a ele, Justino, e haveria outras pessoas mandando no pedaço. Não parecia ressentido. Mas achava que a nova rede de TV iria à falência e seria fechada, tragando a Manchete e todas as demais revistas do império Bloch, que seriam reduzidas a pó. Despediu-se. Seus companheiros de noite acharam aqueles comentários coisa de um grande profissional que apenas estava triste, numa noite de mau humor em Cannes.

Justino Martins, alma da Manchete, carro-chefe dos Bloch, morreu três meses depois, sem tempo – e também sem o desgosto – de ver como estavam certas suas previsões mais sombrias, miradas num abismo onde não vislumbrava nada parecido com um happy end.


UPA: tratamento VIP e cinco estrelas. Quebrei a cara em Botafogo e recorri ao SUS. E não é que cuidaram bem de mim?


por Roberto Muggiati

Tropecei no meio-fio e mergulhei de cabeça no asfalto da rua. Imediatamente um rapaz e uma moça me ajudaram a levantar, queriam que eu encostasse na calçada. Agradeci e expliquei que morava perto e estava bem. Não estava tão bem assim.

O detalhe hediondo: eu tinha comprado um potinho de curau temperado com canela e o carregava como um bem precioso, mas de repente curau, sangue e canela se misturaram, ainda hesitei antes de jogar o pote fora. Em casa, avaliei o prejuízo: joelhos e palmas da mão ralados, o joelho esquerdo inchado e doendo e uma devastação geral no rosto na lateral do olho direito. A maçã do rosto escorchada, com perda de uma parte da pele. Um talho obsceno na pálpebra superior direita que obviamente requeria sutura. “Que saco,” pensei, “deixa pra lá.” Eram sete horas da tarde e eu nem havia almoçado, trabalhava para pagar as contas, tendo completado 63 anos de jornalismo nos idos de março, dia 15. Mas ainda persistem fiapos de bom senso nesta velha carcaça. Separei o livro que estou lendo, Os belos e malditos, de Fitzgerald, e – desobedecendo meu programa Transporte Zero – peguei um táxi até a UPA de Botafogo, esperando o pior dos horrores.

Entrei e me surpreendi: o ambiente parecia acolhedor, ar condicionado, tudo certinho. Muita gente esperando, aquilo me afligiu. Mas a mocinha da recepção logo sentiu que meu caso requeria “pronto atendimento”, como a sigla UPA promete. Achou que precisaria de sutura, tirou minha pressão (13/10) e me encaminhou adiante, dez minutos depois me convocam para a triagem na Classificação de Risco. Uma jovem robusta que, depois fiquei sabendo, sofreu um tombo parecido, senão pior que o meu, me levou para uma sala onde uma enfermeira simpática, a Jaci, fez os primeiros curativos. Ela comentou comigo que era imensa a quantidade de pessoas que davam entrada na UPA em consequência de ferimentos provocados por quedas devidas ao péssimo estados dos pisos e calçadas.

Veio então o cirurgião, Diego Nascimento, aplicou a anestesia e suturou quatro pontos. Um pessoal solidário, humano, rindo da própria desgraça – os salários atrasados – adorei a UPA de Botafogo. Mil vezes melhor e menos engessada do que o meu antigo Plano de Saúde Adventista Silvestre (religião embutida nunca dá certo). Na única emergência em que recorri ao Silvestre – e tive que subir até quase ao sovaco do Cristo Redentor – fui pessimamente tratado. Esperei das três da manhã até as onze, para ser medicado de uma luxação num dedo.

Lembro ainda de outro episódio, quinze anos atrás, com fortes lesões nas costelas, sem saber se tinham quebrado – meu filho me desovou na emergência do Miguel Couto, onde fui também muito bem tratado. E atendido em menos de hora e meia, com chapa de raios-X , laudo e medicação.
Voltando às reflexões costuradas com a enfermeira Jaci, enquanto o doutor suturava minhas pálpebras, concordamos que o acidente com a colega dela e meu tombo terrível tinham tudo a ver com o mau estado do piso das calçadas da cidade.

"Eu me feri por causa de um
buraco na calçada do
Palácio da Cidade, a mansão de festas
do prefeito carioca,
na Rua São Clemente". 
Depois, ainda, me dei conta do simbolismo do acontecido: eu me feri por causa de um buraco na calçada do Palácio da Cidade, a mansão de festas do prefeito carioca, na Rua São Clemente. Nada acontece por acaso, a vida é rica em associações, e o desastre me aconteceu justamente no dia do terceiro aniversário da operação Lava-Jato. Concluindo, lembrei-me de uma declaração contundente lida dias antes, feita pelo procurador Deltan Dallagnol e publicada pelo blog da Política Brasileira.

A corrupção mata

“A corrupção mata. A corrupção é uma assassina sorrateira, invisível e de massa. É um serial killer que se disfarça de buraco de estradas, de falta de medicamentos, de crimes de rua e de pobreza” (Deltan Dallagnol, procurador da República)

A frase acima, proferida no discurso do procurador, em discurso à Câmara dos Deputados, revela bem o caráter da corrupção no Brasil. Sem dúvidas, ela é o nosso maior problema. Por conta da corrupção, direta ou indiretamente, a economia do país encolhe, pais de família perdem seus empregos, a criminalidade aumenta, e os cidadãos pagam a conta.

Se o senso comum for observado, veremos que a sensação de impunidade, e de que “tudo ficará como está” impregna as mentes dos brasileiros e, mesmo que surjam iniciativas populares com o objetivo de promover alguma mudança no cenário, muito pouco acontece, e a esperança acaba por se esvair.

Dallagnol (na foto) falou para poucos presentes, a maioria, membros da sociedade civil, e esta é a maior prova de que nossos representantes estão pouco comprometidos com atitudes que possam mudar os rumos da política no Brasil.

Mas, independentemente dos políticos, a sociedade precisa se comprometer mais. O brasileiro precisa encontrar e recuperar o gosto pela política, precisa debater, viver, participar. As estruturas partidárias precisam se revigorar e atrair novos membros, uma nova geração realmente comprometida com a mudança. Os políticos precisam se comprometer com a reforma política.

O país precisa encarar a política da mesma maneira que os gregos a encaravam na idade de ouro da civilização ocidental, com entrega e seriedade. A esperança reside nos espaços online, e na força de mobilização que o debate nas redes sociais incita. E reside no papel que o brasileiro desempenhará nas urnas, daqui em diante.

Do contrário, a corrupção continuará vitimando: pessoas, sistemas e estruturas.


sexta-feira, 17 de março de 2017

Fotomemória da redação - Justino Martins, 100 anos: lembranças de um revisteiro...

Justino na noite carioca. 

No Canecão, ao lado do jornalista Renato Sérgio. 

Na redação da Manchete; No sentido horário, Célio Lyra, Muggiati, Justino e Alberto Carvalho.


Em 1960, Jean-Paul Sartre visitou o Rio e foi conhecer a gráfica da Manchete em Parada de Lucas.
Justino, em primeiro plano à direita, o acompanhou. No detalhe, almoçando na gráfica, Simone de Beauvoir.
Naquele dia, Sartre autografou o mural das oficinas. Infelizmente, esse painel que recebeu assinaturas de personalidades brasileiras e estrangeiras foi destruído após a falência da Bloch. A foto é de Gervásio Baptista. 

Na redação da Manchete, comemorando aniversário. Da esquerda para a direita, Lairton Cabral, Antonio Rudge, Roberto Muggiati e Wilson Cunha. Ao fundo, Murilo Melo Filho.


Na Revista do Globo, em Porto Alegre, anos 1950. Fotos Reproduções, Arquivo Pessoal.
Foto Trip Advisor/Divulgação

Justino Martins nasceu em Cruz Alta, no dia 13 de abril de 1917, há 100 exatos anos. Morreu em 1983, aos 66 anos. Com alguns breves intervalos, dirigiu a Manchete de 1959 até agosto de 1983. Embora a publicação já existisse havia sete anos, ele foi o responsável por modernizá-la e transformá-la no sucesso editorial que desbancou O Cruzeiro, a semanal que até então liderava o mercado de revistas brasileiro.
Na sequência de fotos acima, algumas imagens da sua trajetória.
A cidade natal o homenageou com a instalação da Casa de Cultura Justino Martins.

JUSTINO MARTINS: O CENTENÁRIO DE UM REVISTEIRO

O maior revisteiro do Brasil


Morto há pouco mais de três décadas, o gaúcho Justino Martins, que nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 13 de abril de 1917, permanece na memória do jornalismo brasileiro como o criador do estilo da extinta revista Manchete


por Roberto Muggiati (especial para a Gazeta do Povo)
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Justino Martins morreu há 33 anos no mês de agosto. Foi uma morte simbólica, três meses depois que a TV Manchete foi ao ar. Ele já previa que a televisão iria matar as revistas da Bloch Editores. Diretor e criador do estilo da Manchete, Justino era emocionalmente apegado à revista e preferiu partir antes. Trabalhei 18 anos com ele, seis anos na mesa de edição, cotovelo contra cotovelo. Guardo a lembrança de um homem amante da vida, apaixonado por seu trabalho e com uma curiosidade ilimitada pelas pessoas. Cinéfilo extremado, ia todo ano ao Festival de Cannes, fazendo parte do júri.

Ganhou até o apelido de Cidadão Cannes...

Gaúcho de Cruz Alta, filho ilegítimo de um estancieiro uruguaio, Justino começou do zero. Aos doze anos foi balconista de sapataria, depois operário na construção de ferrovias. Seu conterrâneo Erico Verissimo lhe deu a primeira oportunidade: revisor da Revista do Globo, em Porto Alegre. Logo Justino passou a redator e aos 20 anos assumia a direção da revista. Erico e Justino casaram com as irmãs Mafalda e Lucinda. Com Lucinda e o filho Carlito, Justino partiu para uma longa temporada em Paris, onde trabalhou como correspondente de revistas e jornais. Publicou na Manchete o encontro exclusivo que promoveu – e fotografou – entre Brigitte Bardot e Picasso. Em 1959, Adolpho Bloch convidou Justino para dirigir a revista no Rio. Criada em 1952, a semanal ilustrada ficou famosa pela impressão impecável em cores, mas não conseguia achar uma fórmula editorial. Hélio Fernandes lhe deu um toque jornalístico, mas proibiu a entrada na redação dos irmãos Bloch: Arnaldo, Boris e Adolpho. Acabou demitido. Otto Lara Resende ficou um ano na direção e cunhou a expressão “os Irmãos Karamabloch.” Os Bloch nasceram na Ucrânia e seu temperamento russo era bem mais forte que o judeu. Certa vez, um dos irmãos comprou a bom preço uma batelada de máquinas de escrever. Os outros dois, desconfiados do negócio, se puseram a quebrar as Remingtons no chão da redação. Arnaldo e Boris morreram em 1957 e 1959 e Adolpho ficou livre para reinar supremo sobre a Manchete.

Confrontos

Começou aí o casamento tumultuado – mas bem-sucedido – de Adolpho Bloch com Justino Martins. E a revista, ao longo de seus 48 anos de vida, seria sempre o produto do confronto entre o empresário e o jornalista. As reportagens eram discutidas palmo a palmo e a escolha da capa era uma verdadeira briga de foice no escuro. Adolpho interferia na escolha das fotos e quando não gostava de um cromo ele o comia. (A bem da verdade: rasgava o celuloide com os incisivos e o triturava com os molares, mas não o engolia...) Quando a revista vendia tudo, Adolpho se gabava: “Esgotei a edição!” Quando não vendia, Adolpho dizia: “Viu só, Índio? Tu encalhou a revista!” Uma de suas grandes brigas era a construção de Brasília. Adolpho fez da Manchete um órgão oficial da presidência JK. Justino publicava as reportagens a contragosto, dizia que não passavam de “marreta” (matéria paga). Em 21 de abril de 1960, Adolpho compareceu em alto estilo à inauguração de Brasília, mandou fazer fraque e cartola, fretou um avião para trazer as fotos do acontecimento e acompanhou o fechamento da Edição Histórica. Reprimindo sua raiva, Justino se deteve diante das fotos de Adolpho, devidamente paramentado, pinçou um detalhe e fez o comentário corrosivo: “Mas, tchê, tu estragaste tudo: não se usa sapato de furinhos com fraque e cartola...”

Ironicamente, Justino casou (pela segunda vez), com a primeira Miss Brasília, Martha Garcia. (Teve com ela uma filha, Maria Valéria Martins, que não negou o DNA paterno: é jornalista e dirige a agência literária Shahid.) “Eu adoro mulher bonita!” proclamava Justino, que descobriu, entre outras musas, Duda Cavalcanti, Xuxa, Luiza Brunet, Rose di Primo. Corria a estória de que a capa passava pela sua cama: “Se é capa, não escapa...” Nunca tive provas concretas disso, mas Justino não desmentia a lenda, que só acrescentava ao seu charme. Certa vez uma periguete caiu na conversa de um repórter que lhe prometeu a capa da Manchete. A moça foi reclamar ao Justino, que disse: “Mas tu deste pro cara errado, tchê...”

Retorno

Adolpho tentou tirar o Justino da direção da Manchete na virada dos anos 60/70, mas a manobra não deu certo. Chamou-o de volta. Justino fez charme, disse que tinha um convite para ser RP da grife de Madame Grès, estilista e perfumista de Paris. Era uma armação combinada com a Madame, sua velha namorada, que confirmou a história ao Adolpho pelo telefone. Assim, além de um belo salário, Justino voltou à direção com um bônus de mil dólares, que um funcionário da tesouraria todo fim de mês botava na sua mão em cash, diante de toda a redação.

Mas tirar o Índio da direção de Manchete era uma obsessão do Adolpho e ele voltou à carga em 1975. Dipensou o Justino da Manchete, disse que precisava dele para criar uma revista de decoração (que nunca saiu), e o homenageou com uma grande feijoada para centenas de pessoas no restaurante da Rua do Russell. Involuntariamente, servi de instrumento para esta jogada maquiavélica do Adolpho. Desde 1972 eu editava a revista em maio, quando Justino tirava férias e ia ao Festival de Cannes. Seguro de que eu poderia assumir o posto, Adolpho me empurrou para a direção da revista, onde fiquei até 1980, quando uma crise de saudosismo levou o Justino e volta à Manchete e eu fiquei como seu vice.

Na primeira terça-feira de agosto, já com a revista fechada, Justino me falou: “Segura a coisa aí, tchê, que vou fazer uns exames no Hospital dos Servidores.” Foi embora para não voltar. Visitei-o uma vez no Servidores e outra num triste sábado na Clínica Sorocaba. A um punhado de amigos, Justino confidenciou: “Estou me sentindo como um soldado diante de um pelotão de fuzilamento.” Morreu no dia seguinte, 28 de agosto. Passados 30 anos, sua fama só fez crescer. Como definiu o livro A Revista no Brasil (Editora Abril, 2000) : “Foi o editor que desenvolveu definitivamente a fórmula do que chamou de ‘beleza estética na informação.’” Uma beleza flagrantemente ausente nas revistas de hoje.

Conheça um pouco mais sobre o jornalista gaúcho Justino Martins a partir de algumas de suas frases clássicas:

• “Escrever é fácil, ou impossível.”

• “Tens de pegar o leitor pela primeira frase.”

• “Tu não és repórter? Te viras!”

• “Nasci no pampa e só não virei cavalo porque saí de lá e fui para a Europa.”

• “Gide tinha o jornalismo como uma meia arte. Eu o considero uma arte inteira.”

• “A mulher só é fiel à moda.”

• “A coisa mais fácil do mundo é conquistar uma mulher. E a mais difícil é se livrar dela.”

• “Acredito que o próprio Stálin, na hora da morte, não pensou na Rússia que ele dominou. Pensou na garota de 19 anos que ele teve na juventude numa noite qualquer.”


(*) Roberto Muggiati, jornalista que mais tempo durou na direção da Manchete, admite que Justino Martins foi a verdadeira alma da revista.


Revista Alterjor: os novos caminhos do jornalismo independente


Saiu o novo número da revista Alterjor – Jornalismo Popular e Alternativo, publicação semestral do Grupo de Pesquisa da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. O foco é o jornalismo-cidadão e os coletivos de comunicação. A revista discute experiências independentes e práticas jornalísticas realizadas pelos movimentos sociais e populares, além de temas relacionados à mídia em geral.

VOCÊ PODE LER A ALTEJOR CLICANDO AQUI

A lenda de Jean-Paul Lagarride: The Making Of

por Roberto Muggiati

A Manchete não era uma revista séria – ainda bem! Não se discute que publicava grandes reportagens nacionais, tinha escritores de renome no seu elenco e acesso aos melhores serviços internacionais de texto e fotografia. Mas o diretor da revista, Justino Martins, também tinha a alma de ficcionista e inventou um repórter internacional fortemente vínculado ao Brasil e à Manchete: Jean-Paul Lagarride.

Quando a Veja surgiu para disputar a hegemonia do mercado entre as semanais, seu editor, Mino Carta, começou em suas conversas com o leitor a alfinetar Lagarride – a quem chamava de “o guapo escriba bretão”.

Justino resolveu revidar. Inventou de publicar uma entrevista exclusiva na Manchete com Jean-Paul Lagarride. Irineu Guimarães passou um fim de semana na casa do Justino na Joatinga entrevistando o próprio – afinal, segundo Justino, “Lagarride c’est moi!” Até aí tudo bem. Mas faltava a foto para materializar o personagem. Justino teve uma ideia. Convocou Gene Anthony, ex-fotógrafo da Life – um daqueles profissionais norte-americanos que Adolpho Bloch contratou na bacia das almas, aproveitando-se da crise na imprensa ilustrada dos EUA. Gene era um gênio. Por isso mesmo ficou atônito quando o editor da revista o convocou para fotografar closes do rosto dos redatores e repórteres.

Baixou então o espírito do Dr. Frankenstein no Justino e, com as fotos ampliadas em preto-e-branco, munido de uma hedionda tesoura, passou a recortar um olho do Irineu, outro do Sandroni, metade do nariz do Muggiati, outra metade do nariz do Magalhães Jr, meia boca do Ivan Alves, meia boca do Alberto de Carvalho e assim por diante. Com estas partes dispersas, montou um rosto monstruoso – enfim, a própria Criatura – que atribuiu ao “guapo escriba bretão”.

Isso foi por volta de 1974, proliferavam na Manchete os pseudônimos, particularmente nas pequenas notas da seção Leitura Dinâmica. Ruy Castro tinha o mais curto, Ed Sá; Ney Bianchi o mais sonoro, Niko Bolontrim; Ruy inventou um Acácio Varejão. Um dia, uma nova redatora, Marilda Varejão, o interpelou. Ruy perguntou: “Mas existe algum Acácio Varejão?” Marilda: “Existe, sim. Meu pai.”
As áreas mais sisudas e conservadoras da Bloch não queriam que as redações fossem felizes. Principalmente o pessoal da publicidade e da administração.

Então delataram ao Adolpho que aquela inflação de pseudônimos não condizia com a imagem da revista. Na época, Adolpho costumava despachar os orçamentos gráficos com um funcionário chamado Possidônio, uma figura estranha com manchas roxas no rosto. A redação estava cheia de X-9s e todo mundo sabia que “o Adolpho emprenhava pelo ouvido.” Colérico, convocou o Justino à sua sala e ordenou: “Não quero mais nenhum texto assinado por possidônios na Manchete!”

O tempo passou, mas Panis resgatou nosso herói. Jean-Paul Lagarride 4ever!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Modelo que foi capa da Playboy é indiciada na Lava Jato. Ela foi amante de um cagueta premiado..

por O.V.Pochê

Escândalo midiático que não emplaca uma musa não merece esse nome. A Lava Jato ficou devendo nesse quesito. Nada muito sensacional entrou ou saiu das masmorras de Curitiba.

Mas, como a operação está longe de acabar e a força-tarefa tem gás para atuar até 2030, alguém deve aparecer no power point da Justiça.

Por enquanto, a musa possível é a seria ex-amante do cagueta premiado Alberto Yousseff, a modelo Taiana Camargo. Ela acaba de ser indiciada pela PF sob a acusação de "lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores".

Yousseff, como diz a Lava Jato, foi ativo operador de propinas no esquema da Petrobras. Foi um dos primeiros a usufruir da delação premiada e se deu bem: já está no seu apê de luxo em São Paulo e, segundo a mídia divulgou, foi concedido ao sujeito um acordo que o remunera com 1 milhão de reais correspondentes a cada 50 milhões de reais recuperados a partir da sua denúncia. Calcula-se que ele poderá embolsar até 20 milhões de pixulecos.

A nova esperança de que a operação ofereça ao país uma musa está na chamada Lista de Janot. Quando a chapa esquentar no meio político de Brasília e as delações se transformarem em investigações serão grandes as chances de algumas musas caírem na rede. A história já mostrou mais de uma vez que alguns deputados e senadores deprimidos com a solidão em Brasília costumam buscar belas emendas constitucionais nos melhores endereços do ramo.

Que venham as musas. Vão ajudar a quebrar a monotonia do noticiário.

A MÍDIA E A MÉDIA: QUANDO A NOTÍCIA PROVOCA SOFRÊNCIA NOS EDITORES DOS PRINCIPAIS JORNAIS

por Flávio Sépia
Os principais jornais brasileiros, em sintonia com a especulação financeira, apoiam as reformas com que o "presidente" Temer quer empalar os brasileiros. 
Isso é óbvio, isso não é novidade. Afinal, manobraram para colocar o ilegítimo lá precisamente para fazer esse e outros trabalhos sujos em matéria de supressão de direitos. 
Ao exaltar essa tarefa em comentário sobre as manifestações de ontem, um colunista chama Temer, hoje, de estadista, com todas as letras, sem vergonha. 
Há fatos que incomodam a quem deve noticiá-los. Vários dos jornais abaixo - e isso é histórico - omitiram até onde puderam a campanha pelas Diretas Já, nos anos 1980. Na época não havia internet, ficava mais fácil. Atualmente, com a força das redes sociais é impossível ignorar acontecimentos desse tipo por mais que gostassem de não vê-los. Resta a alguns veículos da mídia dominante usar de recursos para minimizar os protestos. Desde a decisão editorial de quase escondê-los na primeira página ao já manjado macete de destacar a "violência" ou os "transtornos" à população na tentativa de estigmatizar um ato democrático. 
Em São Paulo, a propósito, um repórter de TV quebrou a cara ao tentar arrancar de um usuário do metrô que ia para o trabalho um comentário negativo sobre a paralisação. Foi surpreendido ao ouvir do trabalhador a declaração de que apoiava totalmente os manifestantes e lamentava não poder participar naquele momento. 
Veja, abaixo, primeiras páginas de jornais brasileiros - registre-se que alguns escaparam do vexame -, e confira parte da repercussão internacional dos protestos.

A Folha abriu a foto da Av. Paulista, foi neutra no título
e enfatizou no texto de abertura os transtornos e o vandalismo. 


O Globo deu a foto na Presidente Vargas na metade inferior da página. O título é
neutro mas o subtítulo destaca a pós-verdade de Temer. Segundo o "presidente" a reforma vai evitar o "colapso" da Previdência, o que é uma fantasia neo-liberal desmoralizada por vários especialistas que identificam desvios de verbas do setor e sonegação de empresas como os verdadeiros fatores do alegando "rombo". 

O Estadão assumiu o cinismo jornalistico. Para o jornalão,
a foto da escada parada foi o "must" e o título prefere destacar que
o protesto "travou" São Paulo. O que ficou travada foi a honestidade
intelectual que se diluiu na prioridade à não-notícia, a que está em "gestação", 

no título do alto da  página com a urgente "revelação' de que o governo 
"estuda" aumento de combustível... 

Para o Extra, os protestos mereceram a notinha que
os condena: "Manifestações terminam em confusão".
O Dia reconheceu a importância da notícia.

O Liberal não brigou com a notícia. 

O Agora deu praticamente o mesmo peso às manifestações e aos "prejuízos"
e tentou suitar a notícia: diz que supostamente Temer fará "adaptações" nas reformas,
o que, vá lá, é bem difícil a essa altura já que o "presidente" tem
que entregar a tarefa aos conspiradores que o levaram ao Planalto.  

A Tarde foi moderada, não agrediu o fato. 

O Correio Braziliense fez uma primeira página do tipo "sem querer
querendo", quase escondeu.


A Folha de Londrina, da terra da Lava Jato, mostrou os protestos
e o "vandalismo". E, para amenizar, deu a palavra a Temer no texto de abertura.

O Hoje em Dia fez a correlação entre a "pressão nas ruas"
e a lista de Janot que atinge exatamente os arautos da criminosa
supressão dos direitos trabalhistas e previdenciários. Deduz-se
que, em matéria de reformas, certos políticos só deviam
fazer as das próprias celas.    

O Diário do Nordeste abusou da parcialidade: a foto
é um 'selo' e a nota é milimétrica.. 
O Povo foi mais fiel à relevância da notícia. 

O Zero Hora deu uma chamadinha de leve e correu pro chimarrão.


A IMPRENSA INTERNACIONAL REPERCUTIU
AS MANIFESTAÇÕES DE ONTEM E NÃO DEIXOU DE REGISTRAR QUE OS PROTESTOS
NÃO SÃO APENAS CONTRA AS REFORMAS
MAS CONTRA O "REFORMADOR"
E  O POVO NAS RUAS TAMBÉM
PEDE ELEIÇÕES GERAIS, JÁ.