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sábado, 19 de setembro de 2009

Opinião Privada X Opinião Pública: a sociedade digital alternativa



Este é o debate que já está nas ruas e nas redes sociais da internet. Está no Globo de hoje, na coluna de Zuenir Ventura, sob o título O novo boca a boca. Trata-se de um tema que ganha força e entará em cartaz nas próximas temporadas, especialmente, as eleitorais. Zuenir fala sobre o livro Yes, we did ("Sim, nós fizemos), da ativista canadense Rahaf Harfoush, que relata a extraordinária mobilização popular da rede como decisiva para a eleição de Barack Obama. Em pouco tempo, eram milhares de voluntários a enviar milhões de emails em apoio a Obama, primeiro nas prévias contra Hillary Clinton, e, depois, ajudando a demolir o candidato de Bush, o republicano John McCain. Orkut, twitter, blog, facebook, youtube, flickr, todos os caminhos foram válidos na campanha alternativa para ganhar o jogo da opinião pública.
Ontem, os jornais divulgaram números de um censo do IBGE. Há dois resultados que se entrelaçam: cresceram os índices de escolaridade entre os jovens e aumentou expressivamente o número de residências conectadas à web. Há pelo menos um computador em 18 milhões de casas. Nestas, quase 14 milhões de famílias (média de 3,3 pessoas por casa ou mais de 46 milhões de brasileiros) têm acesso à rede. Some-se a isso os computadores em locais públicos (escolas e outras instituições), redes de lan house, de locais de trabalho etc, e essa estatística se expande. Não é pouca gente. Aos poucos, instala-se um elo de opinião pública - um poderoso boca a boca eletrônico a que se refere o colunista - em complemento, para contrabalançar ou em oposição ao rolo compressor da opinião privada veiculada na mídia comercial. Por definição e por fazerem parte de conglomerados econômicos, os grandes grupos de comunicação têm políticas próprias e semelhantes, são inegavelmente partidários e fazem, como fizeram, apostas claras em momentos decisivos da história política do pais. Para lembrar dois "cases": a implantação do golpe e da ditadura militar de 1964 e a eleição de Collor, por exemplo.
Estão no seu papel, literalmente.
Nos anos de chumbo, a imprensa alternativa foi uma pequena válvula de liberdade. Opinião, Movimento, Pasquim, Bondinho... eram os mais conhecidos mas havia centenas fora do eixo Rio-SP, impressos, mimeografados, distribuidos de mão em mão nas escolas, ruas, fábricas. A ditadura acabou e a comunicação alternativa permaneceu praticamente congelada até fins do anos 90, quando a internet, no Brasil, disparou a crescer em progressão geométrica. O debate político que vimos em blogs e sites na rede nas últimas eleições presidenciais terá sido nada comparando-se ao que vem por aí em 2010. Mas a ampliação dessa imensa rede, que o próprio mercado aliado a programas públicos e privados de inculsão digital impulsiona não terá influência apenas na escolha de um candidato. Como diz o colunista, o boca a boca eletrônico vai recomendar filme, peça, livro, exposição, restaurante, destinos turísticos, produtos... No final do texto, Zuenir observa, contudo, - "puxando a brasa para a minha sardinha", escreve, referindo-se à provável diminuição da influência dos formadores de opinião tradicionais - que, no Brasil, esse poder da rede de computadores ainda está longe de acontecer. Diz o jornalista que "desrespeito à autoria, boatos mentirosos e mensagens fraudadas" comprometem a credibilidade. Pode ser. Mas isso também acontece na terra do Obama e, mesmo assim, a internet teve seu peso na campanha americana. E, admitamos, "boatos mentirosos" e "mensagens fraudadas" não são "privilégio" da rede. Também frequentam a palavra impressa.
Como diria Raul Seixas, chegou a hora da sociedade (digital) alternativa.