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domingo, 31 de julho de 2016

Ipanema: a "ONU" da areia


No marketing informal da Praia de Ipanema, ao lado das tradicionais bandeiras de clubes, a ordem é embandeirar as barracas com as cores das diversas nacionalidades olímpicas. Ontem, no calçadão, ambulantes e turistas se entendiam em dezenas de idiomas. Uma "ONU" carioca onde todos acabavam se comunicando. Com a palavra "caipirinha" nos trend topics da areia. Foto: BQVManchete

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Istambul: turistas no alvo do terrorismo religioso

Mesquita Azul, uma das atrações de Istambul mais visitada pelos turistas na região onde ocorreu o atentado.. 

Obelisco Egípcio no Hipódromo Bizantino próximo à Mesquita Azul

Turistas no Topkapi, no Serralho.

VLT na rua Yerebatan, região de Sultanahmet. 

Grande Bazar, no Beyazit. Fotos de J.E.Gonçalves
por José Esmeraldo Gonçalves
O bairro de Sultanahmet reúne algumas das mais visitadas atrações turísticas de Istambul. A Mesquita Azul, o Hipódromo de Bizâncio, a Santa Sofia, além de centros de artesanato, dos museus de Tapetes Vakiflar, de Mosaicos, de Artes Turcas e Islâmicas, os Banhos de Roxana, entre outros monumentos e instalações, se espalham no lado oriental da antiga capital dos impérios Romano, Bizantino e Otomano . Os turistas - cerca de dez mil, por dia -  costumam percorrer a pé esse extraordinário circuito. Foi essa a região escolhida pelo terrorista para acionar sua bomba.
Nos últimos anos, Istambul entrou de vez no roteiro dos brasileiros e era comum ouvir ecoar o português nas vielas de casas otomanas. A Turquia não demonstrava grandes tensões e isso ficava claro nas ruas, onde as pessoas eram em geral receptivas e prestativas. O país aproximava-se do ocidente e vivia a expectativa de entrar para a União Europeia. 
Mas algumas nuvens políticas começavam a escurecer o horizonte. 
Quando lançou as bases da república turca, no começo da década de 1920, o líder Mustafá Kemal, que passou a ser conhecido como Atatürk, o pai dos turcos, incluiu entre os fundamentos do novo Estado o laicismo. Apesar de o islamismo ser a religião dominante para cerca de 90% da população, Ataürk anteviu que um Estado secular seria o pilar que neutralizaria o autoritarismo religioso. Em quase um século, a Turquia sofreu intervenções militares (principalmente após se tornar membro da Otan, em 1952, e virar peça importante da Guerra Fria) e atravessou períodos de grave instabilidade econômica. Envolveu-se em conflitos com os curdos, foi à guerra em Chipre, mas preservou os princípios republicanos. 
Em 2002, a população insatisfeita com a situação econômica e uma inflação de 100% deu ao Partido Justiça e Desenvolvimento, de orientação religiosa, uma maioria de dois terços no Parlamento. O então primeiro-ministro Recep Erdogan promoveu uma série de reformas e em dois anos levou a inflação para um dígito. Fortalecido politicamente desde então, Erdogan, que hoje é presidente, foi, gradualmente, aumentando a influência islâmica no Estado. Surgiram leis restritivas de inspiração religiosa, censura à imprensa e oposicionistas passaram a sofrer perseguição. Os recentes atentados em Ancara, a capital do país e, agora, em Istambul, são o retrato desse novo tempo. O processo de islamização do Estado – em curso, apesar de grande reação interna – não vai facilitar um futuro com protagonistas como o Estado islâmico, o agravamento das relações com os curdos, a crise dos imigrantes e os reflexos das disputas entre sunitas e xiitas. 
Provavelmente, o turismo será a vítima mais imediata desses imbróglios cumulativos. O que será uma pena. São poucas as cidades que oferecem ao visitante tantas e tão preciosas atrações. Istambul, principalmente, uma metrópole onde o novo e o antigo convivem em cada esquina, transforma a visita em prazer, com direito a memoráveis aulas de história. Resta torcer para que a agitação mundana do Beyoglu, no setor europeu da cidade, onde ficam a praça Taksin e a cosmopolita rua Istiklal, não se torne vítima do sequestro da convivência democrática pelo fanatismo religioso. E que mezes e raki da rua Nevizade, um point boêmio de Istambul, tenham vida longa.  
Os turistas vítimas do atentado em Sultanahmet  estavam desfrutando desses momentos que, de resto, fazem parte de uma sensação que os terroristas pretendem explodir: o prazer de viver.
Por isso, Paris foi alvo. Por isso, os turistas de Istambul entraram na mira do terrorismo religioso.