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domingo, 27 de fevereiro de 2022

MEMÓRIAS DA REDAÇÃO: Uma temporada no Inferno • Por Roberto Muggiati

Incêndio no Andraus
Há 50 anos, em 25 de fevereiro de 1972, uma sexta-feira, enquanto o edifício Andraus pegava fogo em São Paulo, o tempo esquentava na Manchete, no Rio. Não mais que de repente, por motivo fútil, o chefe de redação Maurício Gomes Leite e o redator Sebastião Uchoa Leite saíram aos tapas, foi preciso a turma do “deixa disso” para separá-los. 

Mineiro de Montes Claros, Maurício – nós o chamávamos Gomes Leiaute – era crítico de cinema e fez um longa metragem em 1968 chamado A vida provisória. Na fase light da ditadura militar (1964-68), era fácil conseguir verba para fazer filmes, graças à CAIC (Comissão  de Auxílio à Industria Cinematográfica), surgida no estado da Guanabara. O cineasta Paulo César Saraceni, que rodou nada menos do que um documentário e três longas de ficção nessa fase, dizia: “A CAIC foi de longe, a melhor ajuda governamental que o cinema brasileiro teve em toda a sua trajetória”. No filme do Maurício teve um lance típico: uma cena íntima de Dina Sfat nua numa praia, em semi-close, que podia ser tranquilamente filmada numa caixa de areia no estúdio, foi rodada com uma grande equipe em Dubrovnik, na Riviera Dálmata.

Maurício Gomes Leite

Maurício não tinha muito saco para o jornalismo. No final dos anos 1970, visitei-o em Paris, morava num pequeno apartamento perto da Gare de Montparnasse, acabara de casar com uma filha do diplomata Azeredo da Silveira, o bebê recém-nascido interrompeu algumas vezes nossa conversa. Trabalhava como tradutor na Unesco. Soube que morreu sozinho, ainda no exílio parisiense, sem mulher, sem amigos, em 1993, aos 57 anos.

Pernambucano de Timbaúba, Sebastião Uchoa Leite também não tinha saco para o jornalismo. Depois da Manchete, passaria um longo tempo em enciclopédias com Otto Maria Carpeaux e Antônio Houaiss, num trabalho de redação mais ameno e prazeroso que o ajudava a financiar seus livros de poesia, quase uma dezena.

Sebastião Uchoa Leite
Bom poeta, era também bom ensaísta e tradutor (nessa categoria ganhou dois Jabutis). Um de seus favoritos era o poeta francês da Idade Média François Villon, boêmio, beberrão e ladrão, o que explica seu lado meio transgressor. Meu poema preferido do Sebastião é o autoepitáfio publicado em “Obras em Dobras”: “aqui jaz/ para o seu deleite/ sebastião/ uchoa/ leite”. O poeta morreu no Rio em 2003, aos 68 anos. Ignoro se o epitáfio foi gravado em sua lápide, ignoro até se chegou a ter lápide.

Em 1º de fevereiro de 1974, numa manhã morna do mês do Carnaval, chego cedo à redação e um telefonema do fotógrafo Mituo Shiguihara, da sucursal de São Paulo, me tira do meu torpor. Um incêndio fulminante tomara conta do Edifício Joelma, no centro da cidade. Em número de mortes, seria o segundo maior incêndio do mundo, só superado pelo das Torres Gêmeas em Nova York. Cito detalhes diretamente da Wikipedia, que foi bastante precisa:

Tragédia do Joelma
na capa da Manchete
“Concluída sua construção, em 1972, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974 a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro, às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu, sobremaneira, para o alastramento incontrolável das chamas. 

Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar. 

Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15º andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua.”

Na redação do Russell, acompanhávamos pela TV as imagens chocantes do incêndio. Era uma triste maneira de vender revista, mas nada podíamos fazer, que ficasse a lição para evitar tragédias futuras. Realmente, depois do Joelma, normas muito mais rígidas de segurança foram criadas e implantadas nos prédios do Brasil inteiro.

O incêndio do Joelma inspirou o filme-catástrofe “The Towering Inferno/Inferno na Torre”, lançado em dezembro de 1974 e uma das maiores bilheterias da época. Artistas da Teoria do Complô não deixaram de anotar algumas “maldições” que atingiram o superelenco:

• Foi o último filme de Jennifer Jones e de Fred Astaire (que, curiosamente, deveu a “Inferno” sua única indicação ao Oscar em toda sua brilhante carreira).

• Herói do filme, o chefe dos bombeiros, Steve McQueen, morreria de câncer seis anos depois. William Holden, morreria sete anos depois de traumatismo craniano ao cair em casa alcoolizado.

• Seis anos depois Robert Wagner seria suspeito da morte da mulher, Natalie Wood, que se afogou ao cair de um iate. Vinte anos depois, o astro do futebol americano O.J. Simpson seria acusado e condenado pelo assassinato da mulher.

Um legado sinistro da tragédia de São Paulo: ignorantes da origem do nome, que era o nome da construtora do prédio, muitos pais batizaram suas filhas como Joelma. Você deve conhecer ou ter ouvido falar de pelo menos uma, são muitas Joelmas circulando hoje pelo Brasil. Já o edifício, compreensivelmente, mudou de nome: hoje se chama Praça da Bandeira.

terça-feira, 9 de abril de 2019

Serginho, o sobrevivente - O garoto da Manchete que driblou os 80 balaços

A redação da Manchete em foto para a edição dos 35 anos, em 1987: No canto esquerdo, David Klajmic e Ney Bianchi. Perfilados na mesa em "L", Lorem Falcão, Murilo Mello Filho, Nelson Gonçalves, Raul Giudicelli, George Gurjan, Eduardo F. Alves,, Roberto Muggiati,  José Egberto, Alberto Carvalho, J.A. Barros, Wilson Passos e Sérgio G. Araújo

Para a mídia, ele é "o sogro".

Para quem trabalhou na Manchete, é o Serginho.

Na tarde de domingo, 7, militares do Exército metralharam um carro nas proximidades do Piscinão de Deodoro, em Guadalupe, na zona oeste do Rio de Janeiro. Soldados teriam confundido o carro que levava uma família com o de bandidos que supostamente circulavam na região. Oitenta tiros, no mínimo, segundo a Polícia Civil, foram disparados; mataram o músico Evaldo dos Santos Rosa e feriram gravemente um homem que se aproximou para socorrer as vítimas da fuzilaria. O Ford Ka levava Luciana, mulher de Evaldo, o filho do casal de sete anos e uma amiga, que não se feriram. No banco do carona estava o padrasto de Luciana, Sérgio Araújo Gonçalves, 51 anos, que foi atingido por dois tiros de fuzil, um deles tendo perfurado o pulmão. Ele está hospitalizado, inspira cuidados, mas não corre risco de morte, segundo boletim médico.

Na manhã de segunda-feira, mensagens no WhatsApp, vindas de colegas da velha Manchete, identificaram "o sogro".

A foto acima, e recortada ao lado, é, provavelmente, de um dia qualquer em 1987. A Manchete preparava a edição especial comemorativa dos 35 anos. Era de lei, nessas ocasiões, incluir uma foto da redação. Nas internas, com sarcasmo, essa foto ficou conhecida como "A Santa Ceia".

Serginho era, na época, um dos auxiliares da equipe, cuidava dos telefones e do"tráfego", como as agências de publicidade denominam a movimentação interna de fotos, material de redação, pastas de pesquisa (no tempo em que não havia Google) etc. Na medida do possível, o prestativo Serginho também era eficiente "assessor especial" para questões bancárias, burocráticas, pagamentos de boletos e, importantíssimo, cuidar da renovação da carteirinha que dava aos privilegiados acesso à tribuna da imprensa do Maracanã, o que, não raro, dependia do seu poder de argumentação.

Serginho trabalhou na Manchete, diretamente com o diretor, Roberto Muggiati, e com o secretário de redação, Alberto Carvalho, durante mais de dez anos.

"O Serginho ainda estava comigo em 1996, quando fui para a "Santa Genoveva" (N.R. a sala do décimo-primeiro andar do prédio do Russell, que abrigava diretores de revistas provisoriamente destituídos da função). Mas não mais quando reassumi a Manchete em novembro de 1997. Acho que foi quando ele partiu para ser motorista autônomo", recorda Muggiati.

Ao Serginho e família, a nossa solidariedade.

Que a Justiça se faça e que esse crime absurdo não permaneça impune como tantos outros.

quinta-feira, 14 de março de 2019

Suzano: o choque e a tristeza...

O massacre de Suzano, ontem, chocou o Brasil. As primeiras sondagens em redes sociais mostraram que os assassinos Guilherme Monteiro e Luiz Henrique participavam de fóruns virtuais nos porões da internet, em sites de extrema direita que fornecem tutoriais sobre violência e terrorismo, pregam nazismo, racismo etc. A informação foi publicada no portal R7. Monteiro era declarado fã de armas, de pena de morte e outros "valores" de "homens de bem" atualmente em voga no Brasil.

O segundo choque, que veio no rastro da tragédia, foi constatar que importantes autoridades brasileiras, conforme não se negaram a demonstrar em comentários à mídia, têm uma lado a defender na chacina da Escola Raul Brasil: o das armas.

O que só aumenta a tristeza diante do massacre que deixou dez mortos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Tragédia no campo dos sonhos...

Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Zico, Roberto Dinamite, Neymar, Paulo Cesar Caju, Marcelo, Daniel Alves, Fernandinho, Willian, Jesus e tantos outros craques que brilharam no passado ou agora se destacam na Europa ou nos principais times brasileiros devem estar com o pensamento na tragédia que ocorreu hoje no Centro de Treinamento do Flamengo.

Eles sabem exatamente o que significava para garotos vindos de todo o Brasil estar ali, no ambiente de um grande clube, vislumbrando o sonho de se tornar profissional.

Não é fácil a vida de um menino que por vocação ou incentivo dos pais se dispõe a entrar desde cedo na máquina que faz ou desfaz carreiras. Milhares de jovens brasileiros perseguem essa oportunidade, poucos a alcançam.

Os dez jogadores que morreram no incêndio do CT rubro-negro já haviam ultrapassado muitas etapas da "peneira" brutal que seleciona os mais aptos. das escolinhas onde muitos entram aos nove anos, aos incontáveis testes. O grupo que chegou ao Flamengo estava, certamente, à beira do momento em que, enfim, poderia vislumbrar alguma recompensa a tanto esforço.

Hoje é um dia triste para o futebol e para as famílias das vítimas que compartilhavam a luta e o sonho dos seus jovens boleiros.


quarta-feira, 21 de junho de 2017

Em Portugal e no Brasil, bombeiros usam as redes sociais para relatar seus dramas em fotos e vídeo



Tragédia portuguesa, conflito brasileiro. Em dois episódios, nessa semana, bombeiros utilizaram as redes sociais para relatar seus dramas. As fotos acima, postadas pelo português Pedro Brás, que combatia o incêndio florestal em Portugal que deixou dezenas de vítimas, viralizaram na internet.
No Rio, na conflagrada Favela da Maré, traficantes armados, os donos do pedaço, receberam a polícia que cumpria mandados de prisão com fuzis, como sempre. E provocaram um incêndio em CIEP.  Os bombeiros só puderam chegar ao local com apoio de blindados. Mesmo assim, foram encurralados pelos bandidos. O bombeiro carioca Silvio Oliveira postou no You Tube um vídeo que é um dramático registro da guerra nos enclaves do Rio dominados por bandidos.



CLIQUE AQUI PARA VER O VÍDEO DA GUERRA CARIOCA NA FAVELA DA MARÉ

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Do Jornalistas & Cia: Maior tragédia do futebol mundial também é a pior do jornalismo do País


(do Jornalistas & Cia)

"O voo que levava a equipe da Chapecoense para Medellín, na Colômbia, onde disputaria o primeiro jogo da final da Copa Sul-americana, caiu no começo da madrugada dessa terça-feira (29/11) matando 71 pessoas, entre elas 19 jogadores e 21 jornalistas. Foram apenas seis sobreviventes: três jogadores, dois tripulantes e um jornalista.

O INSI (International News Safety Institute) – entidade que oferece informação, treinamento e pesquisa para jornalistas no mundo exercerem seu trabalho em segurança – considerou o acidente “uma das maiores perdas de vidas, em nossa profissão, em um único episódio”. Não se tem notícia, mesmo em situações de conflito, de que tantos jornalistas tenham sido mortos ao mesmo tempo.

Foi também a maior tragédia do futebol mundial, superando duas que se tornaram históricas, igualmente em acidentes aéreos: a que matou 18 atletas do italiano Torino, em 1949, e outra que 19 anos depois vitimou oito jogadores do inglês Manchester United.

Talvez tenha sido mesmo o acidente que mais matou jornalistas no mundo – do Brasil, com certeza, foi o pior, superando o que em junho de 1984, próximo a Macaé, no Estado do Rio, levou à morte 16 profissionais das tevês Bandeirantes, Educativa, Globo e Manchete, além de dois tripulantes. E, como bem lembrou Mônica Paula em sua página no Facebook, “o triste foi que, no dia seguinte, perdemos mais dois colegas envolvidos na cobertura desse acidente: Samuel Wainer Filho, o Samuca, da Manchete, filho do Samuel Wainer e da Danuza Leão. Na volta da cobertura, a caminhonete da emissora derrapou e colidiu com uma árvore na rodovia RJ-124, no município de Araruama, matando Samuca e o cinegrafista Felipe Ruiz”.Na delegação de imprensa que seguia no voo da Chapecoense
estavam seis profissionais da Fox Sports: o repórter Victorino Chermont, 43, na emissora há quase cinco anos; o cinegrafista Rodrigo Santana, 35, com três anos de casa; o narrador Davair Paschoalon, 51 (mais conhecido como Deva Pascovicci, que chegou à Fox em fevereiro passado); o produtor Júnior Lilacio, 58, há seis meses na empresa; e os comentaristas Paulo Julio Clement, 52, e Mario Sergio Pontes Paiva, 66, este também ex-jogador, ambos no canal desde 2012.

O comentarista Paulo Julio Clement esteve em O Globo durante dez anos, ali foi chefe de Reportagem do Esporte e manteve a coluna Panorama Esportivo por sete anos. No Sistema Globo de Rádio, foi gerente nacional de Esportes e gerente regional do escritório da CBN em Brasília. No Jornal do Brasil, foi editor de Esportes e depois editor executivo. Pela agência InPress, assessorou o jogador Ronaldo Fenômeno. Participou da criação do jornal esportivo Marca, do Grupo Ejesa, como editor executivo. Integrou as equipes de programas de debates do SporTV e, de 2012 em diante, quando o Fox Sports iniciou as atividades no Brasil, passou a comentarista do canal. Coordenou os cursos de Jornalismo Esportivo da Fundação Mudes, no Rio. Mantinha o blog Bola dividida com PJ.
O voo levava ainda três profissionais da TV Globo (os repórteres Guilherme Marques e Guilherme
Laars, e o repórter cinematográfico Ari Araújo Jr., que preparavam uma matéria especial para o Esporte Espetacular); e cinco da RBS em Santa Catarina – o repórter Giovane Klein Victoria, 28, há um ano e meio repórter da tevê em Chapecó; o técnico de externa Bruno Silva, 25, com quatro anos de casa; o cinegrafista Djalma Neto, com 35 anos de idade e 13 de emissora; o repórter André Podiacki, 26, do Diário Catarinense, há quase seis anos na empresa; e o repórter do GloboEsporte.com em SC Laion Espindula, 29, com 2,5 anos de empresa –, além de Gilberto Pace Thomaz: assessor de imprensa da Chapecoense desde julho de 2015.

Completam a relação seis jornalistas que atuavam na região de Chapecó, a maioria de emissoras
de rádio: Fernando Schardong, Edson Ebeliny, Gelson Galiotto, Douglas Dorneles, Renan Agnolin e Jacir Biavatti – os dois últimos, respectivamente, repórter e apresentador do Jornal do Meio Dia e repórter do Jornal do Meio Dia Especial, ambos da RIC TV Record, em Chapecó –, e Rafael Henzel, da Rádio Oeste Capital FM, este o único resgatado com vida. Outro profissional da região, Ivan Carlos Agnoletto, da Rádio Súper Condá, deveria ter embarcado no mesmo voo e chegou a
constar na lista dos passageiros, mas desistiu de última hora por problemas com seu documento
de identidade.

J&Cia se irmana a milhões de brasileiros no desejo de que os familiares das vítimas tenham
conforto nesse momento de sofrimento e expressa sua solidariedade aos veículos que perderam profissionais."

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(do BQVManchete) - Uma pequena correção: o jornalista Samuel Wainer Filho e o câmera Felipe Ruiz trabalhavam para a TV Globo. No acidente do Bandeirantes, em 1984, citado no texto do J&Cia a TV Manchete perdeu quatro profissionais (Jorge da Silva dos Santos, Ulisses Madruga, Luiz Carlos Viana e Luiz Carlos Sousa). 

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

FENAJ e Sindicatos homenageiam vítimas e solidarizam-se com os familiares dos atingidos pelo acidente na Colômbia

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Município do Rio de Janeiro, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Santa Catarina lamentam profundamente o acidente aéreo ocorrido na madrugada desta terça-feira (29/11), na Colômbia, que provocou, segundo as autoridades colombianas, a morte de 75 pessoas, entre elas 21 profissionais de imprensa brasileiros, a maioria com a atuação no Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

O avião da empresa aérea Lamia transportava a delegação do time Chapecoense, que disputaria, amanhã, a primeira partida da final da Copa Sul-Americana, contra o Atlético Nacional, em Medellin.  Com 81 pessoas, a aeronave caiu a cerca de 30 quilômetros do aeroporto da cidade. Seis pessoas sobreviveram, entre elas o jornalista Rafael Valmorbida Henzel, da Rádio Oeste Capital, de Chapecó.

A tragédia vitimou fatalmente profissionais de jornalismo esportivo de jornais, emissoras de rádio e de televisão que fariam a cobertura jornalística da disputa. A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas do Município do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Santa Catarina prestam sua homenagem póstuma a esses profissionais e expressam sua solidariedade aos familiares e amigos de todos os atingidos nesse momento de dor.

Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Município do Rio de Janeiro

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de Santa Catarina

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo

Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Rio Grande do Sul

29 de novembro de 2016.

Jornal Nacional: emoção e aplausos na homenagem aos jornalistas


VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A trágica queda da ciclovia, no costão da Niemeyer, no Rio, pode ser tudo, menos acidente...







Fotos Fernando Frazão/Agência Brasil

Em tempo em que urubu voa de costas, não se pode comemorar nada. O Rio recebeu há apenas três meses a Ciclovia Tim Maia, que passa pelo costão do Niemeyer.

Uma obra bem-vinda não apenas por abrir um caminho para as bicicletas rumo a São Conrado e, em seguida, Barra, como por proporcionar aos passantes uma vista deslumbrante. Ontem, a cidade foi abalada por uma tragédia, no local, com vítimas fatais. Desabou um seção da pista, com duas mortes confirmadas. Nesse momento, os bombeiros buscam outras três supostas vítimas. A prefeitura do Rio contratará um perícia independente para analisar o acidente.

Infelizmente, convive-se no Brasil com frequentes desastres ou exemplos de obras precárias que falham logo após inauguradas. O arco que sustentava a cobertura do Engenhão entrou em ameaça de colapso e passa por obras de reforço. Uma das possibilidades teria sido um erro de projeto, segundo a prefeitura. A empresa responsável se defende na Justiça. Enquanto isso, o estádio que sediará os Jogos 2016 ficou interditado por cerca de dois anos. Em 2014, um viaduto desabou em Belo Horizonte. Haveria menos ferro do que o necessário. A barragem da Samarco, em Mariana (MG), desaba e provoca o maior acidente ecológico da história do Brasil. A lista seria grande: desabamentos, calçadão que afunda, ponte que a água leva na primeira enchente, estrada inaugurada e logo fechada para reforma, conjunto habitacional interditado antes do habite-se, elevatória instalada e que não funciona por erro de projeto etc.

Um experiente engenheiro apontou duas causas para esses desastres, que, segundo ele, podem ser tudo menos acidentes. Uma delas: a formação profissional negligenciada em muitas universidades. Em segundo lugar - ele dá um peso maior a esse ponto - o chamado desmonte do Estado. Se há setores que, de fato, o Estado deve deixar por conta da iniciativa privada, há outros em que sua ausência é catastrófica. O governo - dizia ele - já não dispõe mais de corpo técnico capaz de avaliar todos os detalhes de um projeto que encomenda. No caso das estradas, com a implosão do antigo DNER, que tinha distritos com pessoal capaz de projetar, construir e fiscalizar efetivamente grandes e pequenas obras, faz-se a licitação, empresas privadas elaboram projetos e executam a obra. Se o projeto é correto, se os materiais são adequados ou suficientes, tudo isso fica a depender do contratado, que, obviamente, tem como parâmetro principal do seu negócio o lucro. Caberia ao corpo técnico do contratante, equipado em quantidade e qualidade de material humano, vigiar rigorosamente todas as fases da obra. Mas, cadê? Isso vale para todos os níveis de governo, o federal, o estadual e o municipal. O poder público - desmontado desde que foram impostos os interesses privados que pregam o Estado mínimo e faturam às custas da falência dos braços técnico e de fiscalização -, só depois dos desastres vai descobrir que pagou gato por lebre.

Não vale pôr a culpa nas ondas que batem no costão. Até Estácio de Sá sabia disso, tanto que foi desembarcar bem longe dali, em uma praia tranquila e favorável entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão.

Quer uma prova da incompetência?

Veja, na reprodução abaixo, os três arcos de pedra construídos exatamente no ponto onde desabou a seção da ciclovia. Sabe o que é aquilo? É a Gruta da Imprensa, inaugurada em 1916. Faria parte da sustentação de uma linha férrea que ligaria Botafogo a Angra dos Reis. Os trilhos jamais foram montados, mas os arcos estão lá até hoje. Firmes. Apesar das ondas.

Reprodução Globo News
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As ondas não levaram a Gruta da Imprensa, construída há 100 anos. O local ganhou esse nome porque os jornalistas esportivos que cobriam a corrida automobilística "Circuito da Gávea se posicionavam na mureta do viaduto. Foto:Reprodução

Atualização: em reforço às consequências do desmonte do Estado, assinale-se que os jornais de hoje informam que a própria empresa que projetou e construiu a ciclovia era responsável pela "fiscalização". Isso equivale a pedir ao dono da boca-de-fumo para reprimir a venda de droga no reduto dele.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo: o terror contra o humor...

Um dia trágico para a liberdade. Terroristas invadem a redação da revista Charlie Hebdo, em Paris, e metralham jornalistas e chargistas. Doze pessoas foram mortas e outras 20 ficaram feridas no ataque. Os assassinos saíram gritando "Allahu Akbar" (Deus é grande). É o fanatismo religioso como indutor de tragédias e derramamento de sangue e como crescente ameaça, a mais devastadora, à civilização. O humor foi a vítima de hoje, mas o objetivo da ofensiva em curso é claramente a intimidação sem fronteiras e sem limites.
Charlie Hebdo foi criada em 1969. Os tempos eram de rescaldo das manifestações de Maio de 1968. Inicialmente, a revista foi batizada de Hara-Kiri Hebdo. Em 1970, quando morreu De Gaulle, o grande vilão da repressão aos estudantes, os editores brincaram com a notícia. Poucos dias antes um incêndio em uma discoteca resultara em 146 mortos, o Hara-Kiri adotou a fórmula de jornal popular para ironizar o tratamento da mídia ao cobrir os dois acontecimentos e mancheteou: "Baile Trágico em Colombey: um morto". Foi o suficiente para o Ministério do Interior proibir a circulação da HK. Os editores então rebatizaram a revista de Charlie Hebdo, uma homenagem irônica ao falecido. O nome pegou e a publicação sobreviveu até 1981, quando saiu das bancas com problemas de circulação. Voltaria ainda mais crítica em 1992. Seus alvos preferenciais sempre foram a extrema direita, o radicalismo, seja político, islâmico, judaico ou cristão, as instituições financeiras, banqueiros, comportamentos, o moralismo em geral. A grande polêmica estourou em 2006 quando a Charlie Hebdo veiculou na primeira página cartoons de Maomé, que haviam sido publicados pelo jornal dinamarquês Jyllands Posten.  A revista, cuja tiragem média era de 100 mil, vendeu, naquela ocasião, mais de 300 mil exemplares. Desde então, entrou na mira dos terroristas islâmicos. Em 2011, um bomba destruiu a redação.
Paulette, de Wolinski, morto no
 atentado ao Charlie Hebdo.

Entre os mortos na ação terrorista desta trágica manhã em Paris, estão quatro cartunistas: o editor Stephane Charbonnier, o "Charb"; Jean Cabut, o "Cabu"; Tignous; e Georges Wolinski. Este, era considerado um dos mitos da contracultura com seu trabalho marcado por política e erotismo. Uma das suas personagens mais famosas, Paulette, foi musa dos quadrinhos do começo dos anos 70. Wolinski, 80 anos, que também atuou no Libération e, em 1968, fundou a revista L'Enragé, sobreviveu às pressões conservadoras, mas, sinal dos tempos, não teve chances diante do terror religioso.
Atualização - Roberto Muggiati, autor de livros e artigos que analisam a contracultura nas décadas 1960/1970, envia algumas observações que merecem registro. "O Charlie - herdeiro do Hara Kiri - adotou o nome porque publicava a tira do Charlie Brown, o Peanuts, nosso Minduim. O nome derivou de uma revista mensal de quadrinho chamada Charles Mensuel, editada por Bernier e Delfiel de Ton, em 1968 (ambos participaram da primeira equipe do Hara-Kiro Hebdo); e, também, claro, era uma gozação em cima do De Gaulle. Um detalhe que a imprensa omitiu e é óbvio para jornalistas. Você jamais encontraria a redação completa a não ser na hora da reunião de pauta, que era o que acontecia ontem ás onze horas. Em outros dias, os cartunistas trabalhavam em casa, quem sabe mandavam suas colaborações por e-mail. Não se tratava de um jornal diário, de redação presente para cada fechamento. Os assassinos tinham informação de dentro, talvez um contínuo amargurado, ou uma faxineira islâmica, quem sabe? O jornal hebdomadário saía às quartas. Chegaram ao local certo na hora certa, sabiam direitinho o que estavam fazendo. No Brasil, um repórter de TV comparou: é como se morressem o Jaguar, o Ziraldo, o Millor e o Henfil... Eu lembro: já o Leon Eliachar (jornalista de humor, frasista, trabalhou na Manchete, Última Hora, autor de livros como "O Homem ao Cubo" e "O Homem ao Quadrado"), nascido no Cairo, morreu assassinado a tiros". 

O número 1

A edição que irritou o governo francês, que a considerou ofensiva a De Gaulle. O então Hara-Kiri foi fechado e voltou como Charlie Hebdo


O Papa Francisco, em visita ao Rio, não escapou da gozação "pronto para atrair clientes".

Desastre de avião virou piada para criticar  abstenção em eleições


Jesus revelou suas "mágicas" ao Charlie Hebdo.

Submissão da França ao sinal verde de  Obama também foi criticada
Um milhão de rabinos em troca da Palestina...
...profetas na mira dos chargistas ("100 chicotadas se você não morrer de rir")

Michael Jackson, enfim branco, sem esquecer o detalhe da mão na pélvis...

Casamento gay é "brega" segundo Charlie Hebdo

Final feliz..