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sábado, 14 de dezembro de 2013

"Ópera inacabada": o "fantasma" do Russell. Inaugurado há 40 anos, Teatro Adolpho Bloch, no prédio que pertenceu à Manchete, permanece fechado.

(da redação da JJcomunic)
O Rio não trata bem seus teatros. E isso é quase histórico. Dois exemplos em uma mesma calçada. A rua do Russell, na Glória, já abrigou dois importantes teatros. Um deles, mais antigo, que fez parte da história cultural do Rio, era o Teatro Glória. Foi abaixo. Não resistiu à picareta do empresário Eike Batista, que adquiriu o Hotel Glória, recebeu financiamento de linha especial do BNDES para reformá-lo para a Copa do Mundo e transformou o local em obra inacabada, até quando não se sabe. Aparentemente, o único projeto concluído com sucesso pelo seu "império" em queda foi ironicamente a demolição do Teatro Glória. 
Quase vizinha, na mesma rua, há outra sala-fantasma: o Teatro Adolpho Bloch. Através de José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores, Geraldo Matheus Torloni, que foi diretor do Theatro Municipal e trabalhou na Manchete, onde também dirigiu o teatro, encaminhou ao blog um tema que preocupa a todos que se empenham para que o Rio tenha uma importância cultural à altura do dinamismo da cidade, dos cariocas que a amam e dos milhões de visitantes que recebe. É um assunto que, por tudo isso, deve interessar também à Prefeitura do Rio, à Secretaria de Cultura e ao carioca Eduardo Paes. A sugestão é fazer um "procura-se" dirigido aos atuais proprietários, no sentido de motivá-los a reabrir o belo teatro do prédio que pertenceu à Manchete. Segundo Geraldo Matheus, apesar de terem em mãos no mínimo quatro propostas de arrendamento da sala, os responsáveis sequer respondem ou dão satisfação às empresas que se propõem a recolocar em funcionamento o Teatro Adolpho Bloch. Não atendem telefone, não respondem a emails. Fecham a cortina. 
Assim aconteceu com o Teatro Copacabana, que está abandonado há mais de 15 anos. Os proprietários do Copa também não dão a menor satisfação à cidade. Alguém lembra do Teatro Fênix? - pergunta Geraldo Matheus, que explica: "Ficava na Rua México, esquina com Almirante Barroso. Era o segundo maior teatro do Rio. Até que os proprietários, a família Guinle, resolveram demolí-lo. Na época, em protesto, a classe teatral ocupou o local por dias e noites para impedir a derrubada, que só foi possível depois que os donos se comprometeram a construir outro teatro. Assim surgiu o novo Fênix, com 600 lugares, na Lagoa Rodrigo de Freitas e que nunca funcionou como teatro. Só como auditório da TV Globo. O Fênix foi derrubado depois e no lugar foi construído um edifício residencial de luxo. E tudo isso em plena vigência de uma lei que o nosso maravilhoso Raimundo Magalhães Junior, quando foi vereador no antigo Distrito Federal, fez aprovar na Câmara dos Vereadores. E essa lei impedia (e acho que ainda impede pois a lei não foi desaprovada até hoje, que eu saiba) que qualquer teatro no Rio de Janeiro fosse demolido ou transformado em outro ramo de negócios (tipo igreja Evangélica, etc...)".  
No caso do Teatro Adolpho Bloch - que pelo que se sabe foi reformado junto com o prédio assinado por Oscar Niemeyer e que, por isso, é tombado - os donos dos edifícios que abrigaram a Bloch Editores e a Rede Manchete, aparentemente não querem que a sala, classificada pelos artistas como uma das melhores do Rio, funcione. É assim, fora de cena, o triste aniversário de 40 anos do Teatro Adolpho Bloch.


No palco do Teatro Adolpho Bloch: A Comédie Française apresenta "Le Partage du Midi", de Paul Claudel. 

Em 1975, show de Sergio Mendes e Gracinha Leporace.

"Amadeus, em 1982. 

"O Homem de la Mancha, com Bibi Ferreira, Paulo Autran e Grande Otelo, inaugurou o Teatro Adolpho Bloch em 1973. 

"A Morte do Caixeiro Viajante", de Arthur Miller. 

Em 1997, "Salomé", com Christiane Torloni, o último espetáculo encenado no palco da Manchete. 

A platéia do Teatro Adolpho Bloch. Fotos: Reproduções revista Manchete