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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Mídia - "Caaaaalada! - Eliane Cantanhêde quer que Janja se manifeste apenas no quarto do casal

Janja no palanque. Foto de Ricardo Stuckert


por José Esmeraldo Gonçalves 

Ontem a Rede Globo exibiu no Fantástico uma entrevista com Rosângela da Silva, a Janja, casada com o presidente Lula e com participação destacada na campanha presidencial. 

Provavelmente, a entrevista foi gravada antes dos comentários machistas e preconceituosos que Eliane Cantanhêde lançou contra a socióloga. O protagonismo de Janja incomoda a jornalista. Autêntica, simples, sem a afetação que, aliás, a Cantanhêde transmite nas suas intervenções na TV, a entrevista de Janja foi uma resposta elegante ao ataque em estilo Século 19 que recebeu na Globo News. 

No fim quem restou exposta e obsoleta - e tem recebido milhares de críticas nas redes sociais - foi a jornalista. 

Afinal, o que a Cantanhêde quer para as mulheres brasileiras? Que vivam em "prisão domiciliar" enquanto os maridos não chegam do trabalho? Que usem uma tornozeleira afetiva?  

O humorista Chico Anysio interpretava um personagem, o Nazareno, casado com a coitada da Sofia. Cada vez que ela interferia em uma conversa, o marido disparava o bordão "caaaaalada!". 

"Ela não é presidente do PT, não é líder política”, disse a Cantanhêde. Para a jornalista, a socióloga "ocupa excesso de espaço". No mesmo comentário, ela definiu os únicos metros cúbicos nos quais Janja pode se manifestar: o quarto do casal. 

A Cantanhêde imita a famosa frase que Ciro Gomes disse sobre a função de Patricia Pilar, com quem estava casado: dormir com ele. 

Ciro se deculpou. A Cantanhede ainda não. 

Durante a campanha Janja recebeu muitas ofensas e foi vítima de fake news nas redes sociais. Ela verá, ao longo do mandato de Lula, que será um alvo de parte da mídia. Não falha. Dilma foi capa de revista por ser "nervosa", foi criticada até pelo "jeito de andar". A jovem Tereza Goulart, que fugia ao figurino conservador de "primeira-dama" (título deplorável, a propósito) era caluniada pelas "senhoras de Santana". 

Já Iolanda Costa e Silva, Scyla Médici, Lucy Geisel e Dulce Figueiredo só recebiam elogios. 

Em todo caso, democracia é melhor. Na sala, no quarto, no trabalho, nas ruas, na estrada, no morro, no asfalto...            

quinta-feira, 12 de março de 2020

No Whatsapp: grupo de jornalistas fazia ofensas racistas aos colegas negros. Foi na redação da Rede Record em Brasília. Crise provocou demissão de diretor

Daniel Castro, do Notícias da TV (UOL) expôs a crise que abalou a Rede Record, mais precisamente a redação de Brasília. A origem do problema foi um grupo no Whatsapp, sugestivamente chamado de "Resistência",  mantido por quatro jornalistas, que era usado para difundir ofensas racistas dirigidas ao funcionários negros da emissora. A facção preconceituosa comparava, por exemplo, lábios de colega a ânus e chamava outro de "macaco", segundo o NTV. Descoberta, a milícia do deboche foi demitida. Mas, segundo Daniel Castro apurou, o diretor de Jornalismo em Brasília, João Beltrão foi contra a demissão dos racistas e tentou protegê-los. Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record, demitiu Beltrão. A nota não revela os nomes dos jornalistas autores das ofensas no grupo "Resistência". Cujo nome já revela que o preconceito, para os envolvidos, não é acaso, é causa. 

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Viu isso? Paramount HD acha engraçado o preconceito


O Brasil vive dias em que o politicamente incorreto tem sido exaltado pelos donos do poder político. Mas o canal por assinatura Paramout HD não precisava exagerar. O filme "Tommy Boy" ganhou um título supostamente engraçadinho em português: "Mong & Loide". Uma claríssima alusão ao pejorativo "mongolóide", termo usado para classificar pessoas portadoras da Síndrome de Down. O significado original da palavra remete à raça mongol. Já o "monoglóide", esse que a Paramount incorpora, é xingamento mesmo. Lamentável.

sexta-feira, 26 de abril de 2019

Bolsonaro ficou irritado com esse anúncio? Então vamos compartilhar...


por Flávio Sépia 

Fintechs são empresas de que prestam serviços financeiros. Smartphones e computadores são suas "agências", apps são seus "gerentes", esses novos "bancos" usam tecnologia de ponta e empréstimos, investimentos, movimentação de cartões de crédito etc, e tudo é resolvido de forma prática e rápida. 

É um mercado que cresce exponencialmente, principalmente entre os jovens.

O Banco do Brasil, que está entrando nesse nicho promissor, encomendou à WMcCann uma campanha dirigida ao seu público-alvo. O comercial é estrelado por atores e atrizes com visual moderninho, tem negros e negras, jovens tatuados, cabeludos etc. Ou seja diversidade demais para as estranhas cabeças do atual inquilino do Planalto e suas facções. Bolsonaro teve um piti, seu staff de aiatolás ficou nervoso e a ordem foi tirar do ar a peça que já estava há duas semanas rolando na TV e redes sociais. 

O resultado da censura é que o anúncio ganhou enorme repercussão, virou case nacional.

VEJA O ANÚNCIO "CAPRICHE NA SELFIE" DO BANCO DO BRASIL, AQUI

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Serena Williams na capa da Time: Agência Antidoping dos Estados Unidos persegue tenista.


Em entrevista à Time dessa semana, a tenista Serena William, entre outra coisas, revela que a Agência Antidopingo dos Estados Unidos a convocou para teste de doping cinco vezes só em 2018. Como comparação, ela cita uma atleta branca, Sloane Stelphens, que venceu o Aberto dos Estados Unidos há um ano e foi testada apenas uma vez. Serena chama essa discrepância de discriminação e diz que algumas pessoas não aceitam que ela esteja limpa. "Olhe para mim", diz ela, "Eu nasci assim. Eles pensam: 'Oh, ela não pode ser tão boa assim, ela deve estar fazendo alguma coisa'. Eu nem levanto pesos. É tudo Deus, você sabe", diz ela. O detalhe é que a atleta já foi analisada centenas de vezes ao longo da carreira e jamais testou positivo para doping.

Até o Globo Esporte, em 26/6/2018, escorregou em relação a Serena no título acima reproduzido. Apesar de estar voltando às quadras após a gravidez e ainda figurar lá atras no ranking mundial, ela recebeu em casa mais um visita dos caçadores de doping. A atleta protestou, sua assessoria divulgou uma nota em que afirmou que tem se submetido aos testes voluntariamente, mas reclamou do "tratamento invasivo e direcionado" que recebe da agência americana. Aliás, depois disso, foi testada negativo mais uma vez. O título, que não expressa o conteúdo da própria matéria e induz o leitor a considerá-la "suspeita". Perseguição da agência à parte, o fato de uma atleto ser convocada para teste antidoping não o torna "suspeito".  O "estagiário" do Globo Esporte errou. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Folha de São Paulo e Bolsonaro: deu match? ..

Por falar em Bolsonaro, as chamadas do site da Folha, hoje, são praticamente links para o programa de governo do capitão aposentado e seu general a reboque.

Confiram a afinidade nos destaques entre aspas:

* Condenando as cotas raciais "Bolsonaro acerta sobre África, mas erra sobre cotas. História da escravidão na África é inconveniente, mas há argumentos melhores contra cotas sociais" 

(N.R. Observe que a Folha, como uma velha dama vitoriana,  considera a história da escravidão apenas "inconveniente". A palavra também significa "embaraço", "desagradável", "inesperado", "impertinente", "inoportuno", "impróprio" ou, para o jornalão, um mero "acidente de percurso")

* Ainda relativizando o racismo - "Brasil não é o país mais racista do mundo"

* Detonando ecologia"Reacionários verdes precisam fazer as pazes com a modernidade"

* Orgasmo hater  -  "País seria melhor se Dilma integrasse o elenco de Zorra Total"

* Defendendo venenos "Bela Gil, Marcos Palmeira e Greepeace contra o meio ambiente. Burocracia para registro de agrotóxicos impede a entrada de produtos mais modernos e seguros no Brasil"

* Calando vozes - "O ativista que sabota a própria causa. Tudo que negros, liberais e feministas não precisam é de malucos criando polêmicas imbecis"

* Revivendo a teoria fake da ditadura de que o bolo deve crescer antes de ser distribuido - "Distribuição e crescimento são dois lados da mesma moeda, todo o resto é enganação"




terça-feira, 3 de julho de 2018

Empresas que apoiaram "influenciador" que publicou post racista fazem mea culpa

Nos últimos anos, "influenciadores" das redes sociais e seus milhões de seguidores passaram a disputar com outros meios anunciantes de peso. Não foram poucas as marcas que trocaram revistas impressas por youtubers, blogueiras, celebridades em geral capazes de atrair enormes audiências. Uma sucessão de incidentes racistas, homofóbicos, de preconceito social, religioso, ideológico, etário, contra pessoas com deficiência, imigrantes, entre outras demonstrações de agressiva rejeição à diversidade, mostra que, muitas vezes, a maioria dessas empresas não tem a menor ideia de onde sua marca vai parar. Casos recentes demonstram que pode ser em depósito de lixo moral. Comparando: é como se o anunciante não se preocupasse com o entorno e colocasse o outdoor que vende seu produto bem no meio de um esgoto ou no alto de uma montanha de aterro sanitário.

O youtuber Júlio Cocielo fez um comentário racista sobre o jogador francês e um dos destaques da Copa do Mundo Kylian Mbappé. Após repercussão na web, várias marcas, entre aquelas que veicularam campanhas no veículo das ofensas (Coca Cola, Adidas, Submarino, Itaú, McDonald's, Gilette) anunciaram cancelamentos de patrocínio. Antes tarde...


Mas é surpreendente que nenhuma dessas marcas - até que o caso Mbappé chocou as redes sociais - tenha se preocupados em verificar, com alguns cliques, os conteúdos do Cocielo. Não se pode acusá-lo de disfarçar. As demonstrações de racismo estão lá, claras e contundentes. Só não viu o anunciante que não quis ou, pior, gostou. Mesmo com seu histórico, o youtuber virou queridinho e foi convidado para atuar no "Pânico na Band", em teatro e em filmes como "Os Penetras 2", produzido pela Conspiração e Globo Filmes, onde interpretou a ele mesmo.

Segundo a Carta Capital, depois da polêmica Mbappé, o autor do post racista correu para apagar quase 50 mil outras mensagens semelhantes.

Na maioria das vezes racistas ficam impunes, a condenação só vem quando instituições, empresas e anunciantes despertam para a consciência social e de cidadania  - e, claro, temem as consequências da repercussão nas redes sociais, como eventuais riscos de boicotes a produtos e marcas - e param de beneficiar canais de ódio.

domingo, 12 de novembro de 2017

Celso Athayde revela no El Pais, que William Waack já era William Waack em 2000


por Celso Athayde (para El Pais) 

Nessa última quarta feira, mais precisamente às 16h45, minha timeline foi invadida com a expressão: “Isso é coisa de preto”. Conheço bem essa expressão, ela é a forma mais objetiva de apontar quem você acha ser uma pessoa menor, menos educada, menos capaz e menos humana. Para quem possui a pretensa superioridade étnica essa expressão é clássica, inconfundível e recheada de ódio, desprezo pelo outro, seja lá quem for. É preto e pronto. Para mim, era mais uma onda de racismo, como essas que vemos nas redes sociais toda hora. Só que não. Essa onda tinha um surfista famoso, essa onda era protagonizada por ninguém menos que um mestre da comunicação, era ele: William Waack. Na mesma hora um filme passou pela minha cabeça, minha experiência "Waack" foi em 2000 .


Quando o rapper MV Bill e eu apresentamos para os moradores da Cidade de Deus um videoclipe de 10 minutos chamado Soldado do Morro, fizemos um grande evento para cerca de 30.000 pessoas na favela. Era dia 25 de dezembro, noite de Natal. Levamos shows de Caetano, Djavan, Dudu Nobre, Cidade Negra, além do próprio Bill que começava sua carreira. No clipe apareciam algumas imagens de jovens armados, e como a TV Globo estava presente filmou o telão e o evento.

O senhor Waack, que na ocasião substituía a apresentadora Ana Paula Padrão, que estava de férias em Nova York, nos xingou em rede nacional. Ele destilou todo o seu preconceito e arrogância costumeira contra nós afirmando na tela que o que fazíamos era apologia ao crime. O episódio virou caso de polícia, que acabou requisitando uma cópia do videoclipe sob alegação de que faria, como disse Waack, apologia ao crime organizado. Nós não tínhamos dinheiro para pagar um advogado para processá-lo e, lógico, brigar com a TV Globo parecia suicídio.

Bill e eu resolvemos ir à Globo para acertar as contas com ele e acabamos num debate riquíssimo com o então diretor de comunicação, Luis Erlanger, que se tornou um dos nossos melhores amigos, e nos convenceu de que a opinião do moço não representava a opinião da emissora. A maior prova de que ele não mentia é que seis anos depois, aquelas mesmas imagens fora de contexto — que Waack usou para nos execrar nacionalmente —, foram reeditadas e transformadas no filme Falcão – Meninos do Tráfico, que recebeu prêmios em mais de 20 países. Mais que isso, foi considerado um filme que mudou a tevê brasileira. Foi um projeto costurado pelo próprio Erlanger e abraçado por seu gerente social na época, Luiz Roberto Ferreira.

Nossa posição em relação a Waack externamos em vários momentos, inclusive no próprio livro Falcão Meninos e Mulheres, onde contamos os bastidores do documentário.

Quando a noticia sobre Waack veio à tona, tenho certeza de que não surpreendeu ninguém, por tudo que ele já fez e faz. Pelas posições debochadas que ele tem em relação aos movimentos sociais e a qualquer movimento que não seja alinhado com sua postura elitista, ou mesmo com seus princípios estéticos.

Faço essa reflexão sem nenhum prazer, ao contrário. Fico triste de ver um homem tão culto, que prestou serviços tão relevantes ao jornalismo do país, manchar sua carreira com um fato tão grave. Triste também por ver que essas práticas estão aí e só conseguimos provar por acaso, pois os racistas negam que são racistas até a morte.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA, CLIQUE AQUI

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Modelo e surda, Ariana Martins é a capa da Playboy que vence o preconceito

por Ed Sá 

A catarinense Ariana Martins, 31, é capa da edição para colecionadores da Playboy, número especial que não será vendido em bancas.

Segundo a divulgação da revista, ele é a primeira modelo com deficiência auditiva a estampar um ensaio da  Playboy. 

Ariana, que tem 1.79m, já fez trabalhos no exterior e  conta que já foi recusada por um agência que apontou sua surdez como um obstáculo para desfilar. 

sábado, 1 de julho de 2017

Fantasia de favelado e de trabalhador é o "must" da temporada

Nem faz tanto tempo assim. Historicamente. Em 1937, indígenas eram exibidos em zoológico parisiense. E, em 1958, passeios de domingo na Bélgica incluíam uma visitinha, com direito a pipoca, a uma jaula habitada por uma família de negros africanos.

Duas notícias dessa semana trazem de volta em outras proporções esse espírito da curiosidade elitista.

O colégio particular Ceneticista Pedro Antonio Fayal, de Itajaí, Santa Catarina, anunciou uma "Festa  da Integração" e enviou um comunicado aos pais pedindo que parte dos alunos fossem ao evento fantasiados de "favelados do Rio". A outra metade se vestiria de médico, advogado etc. Muitos internautas repudiaram a festa performática e preconceituosa. Depois da péssima repercussão, o colégio pediu desculpas mas detalhou que o bafafá burlesco era um espécie de encenação da música "Alagados", dos Paralamas do Sucesso, que cita a Favela da Maré, no Rio. O notícia foi publicada no jornal O Dia.

O Vale do Itajaí sofre frequentes e catastróficas inundações em época de chuvas. O Brasil inteiro sabe disso, o Rio, inclusive, porque muitos cariocas já enviaram roupas e remédios para as vítimas em uma dessas tragédias. Imagine como seria vexatório se um colégio aqui organizasse uma festa "didática" e pedisse aos alunos que se fantasiassem de "desabrigados do Itajaí".

Favelas há muito perderam o "romantismo".Tráfico e violência oprimem populações inteiras. Não dá pra festejas.

Na mesma semana, juízes do Tribunal Regional do Trabalho do Rio, segundo o Globo, revelaram que no mês de agosto suas excelências esqueceriam as togas para experimentar a vida de brasileiros "subalternos". Isto é,
jardineiros, copeiros, garis, cobradores de ônibus etc. Para quem vive no ar condicionado e tem salário nada subalterno e penduricalhos de altas castas deve parecer mesmo exótica a vida dos trabalhadores fora desse mundo.

Pegou mal.

Podiam fazer o contrário: oferecer aos "subalternos" um mês de vida como autoridade, incluindo o gostinho dos proventos e demais vantagens.

Protestar contra a reforma trabalhista de Temer e asseclas que vai tornar o trabalhador ainda mais "exótico" também ajudaria.


sexta-feira, 10 de março de 2017

No dia em que o "presidente" Temer diz que mulher tem que ser do lar e do supermercado, a atriz Anne Hathaway discursa na ONU contra a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico

Anne Hathaway discursa na ONU. UN Photo/Rick Bajornas

Como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher, a atriz Anne Hathaway fez sua primeira aparição como Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres. Em discurso na sede da organização, na última quarta-feira, ela falou sobre a importância da licença trabalhista concedida tanto para mães quanto para pais de recém-nascidos. Hathaway também criticou a divisão desigual de tarefas no ambiente doméstico, que pode acabar sobrecarregando mulheres com uma forma de trabalho não remunerada.

Como se sabe, no Dia Internacional da Mulher, o "presidente" Michel Temer exaltou a função "doméstica" da mulher brasileira.

A imprensa internacional repercutiu a opinião medieval do "presidente" do Brasil.









domingo, 5 de fevereiro de 2017

O preconceito bota o bloco nas ruas...

O Carnaval acende uma polêmica no Rio: uma repulsa crescente a expressões racistas e de intolerância nas letras das marchinhas. Os religiosos, que sempre estiveram atentos à folia, já reagiram e reagem, poderosos que são, ao menor indício de "agressão" aos seus símbolos e valores. O caso mais famoso é o do Cristo proibido no desfile da Beija Flor, de Joãozinho Trinta, mas incidentes menores ocorrem quase todos os anos.
Já há algumas décadas, mulheres, homossexuais, judeus, nordestinos, asiáticos e outros grupos-alvo costumam se manifestar quando se sentem ofendidos. A atual polêmica começou quando um bloco decidiu não cantar músicas sobre mulatas - um termo reconhecidamente formulado por racistas do passado e usado inadvertidamente em sambas e marchinhas por ter caído na linguagem popular. Excluiu também do repertório deboches a gays e letras que desrespeitam as mulheres.
O bloco é formado por mulheres e tem o direito de escolher as canções que vai cantar. Ao que se sabe, não tentou impor tal regra a qualquer outro que vai para as ruas do Rio. Manifestou uma posição, apenas isso. Reações iradas nas redes sociais e na mídia é que se apresentam como um bloco de intolerâncias conservadoras e ataques ao "pessoal do politicamente correto". Por acaso, estigmatizar movimentos antipreconceituosos é uma das bandeiras de Donald Trump.
Tudo a ver. (F.S.)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

E o Brasil pegou o desvio à direita...


Neonazistas, fascistas, fundamentalistas da direita religiosa, terroristas, racistas, intolerantes, preconceituosos...

Um arrastão conservador varre alguns países. A expectativa é que, a partir da posse de Donald Trump e suas milícias políticas, a onda ganhe mais força.

O Financial Times destaca o avanço do neo-nazismo no Brasil. O deputado Jair Bolsonaro é citado na reportagem e seu nome ganhou destaque na repercussão da matéria na mídia brasileira e nas redes sociais. Mas o FT vai muito além e mostra que mesmo descartando-se alguma caricatura as ideias atribuídas a Bolsonaro são cada vez mais disseminadas pela mídia. Duas dúzias de colunistas e articulistas convidados se encarregam de difundi-las sistematicamente nos principais veículos.

Está tudo lá, o ódio, o incentivo a perseguições pessoais, o desprezo por políticas sociais e direitos humanos, o preconceito, a intimidação, a manipulação, o culto ao mercado acima de tudo e a selvageria financeira como dogma.

Muitas dessas ideias estão na superfície. A onda ultraconservadora tem representantes políticos, empresariais, intelectuais e religiosos perfeitamente visíveis, mas são relacionados grupos "subterrâneos" responsáveis por ações mais radicais como ataques a negros, homossexuais, nordestinos e militantes esquerdistas, ambientalistas e sociais.

No título, o FT questiona o mito da harmonia racial no Brasil. Harmonia essa que jamais existiu e foi alimentada ao longo da história apenas pela perspectiva dominante dos brancos.

Os "diferenciados" sabem muito bem o que sofreram e sofrem por baixo da máscara elitista.

A novidade, agora, é a ascensão da direita que dispensa o disfarce e rasga de vez a fantasia.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Jornalista define Jogos Paralímpicos como "espetáculo grotesco"

O jornalista Joaquim Vieira condena a Paralimpíada. Foto Reproduçao Facebook

por Jean-Paul Lagarride

O jornalista português Joaquim Vieira, que já trabalhou no canal RTP e foi diretor da revista Expresso, escreve na sua página do Facebook que a Paralimpíada é um "número de circo".

E usa um argumento racial que Hitler gostaria de ter assinado como regra dos Jogos de Berlim, em 1936:

"Jogos Olímpicos só há um, e, como eu também já disse, destinam-se a premiar os melhores da raça humana, homens e mulheres, em cada modalidade. Os Jogos Paralímpicos, sinceramente, não sei a que se destinam. Lamento desiludir muita gente, mas há só um Usain Bolt e um Mark Phelps. Não existe o Usain Bolt nem o Mark Phelps dos Paralímpicos. Por muito que alguns nos queiram convencer do contrário". 
Vieira, que pela opinião - nem falo do visual 'ariano', que seria preconceituoso -  não está entre "os melhores da raça humana", foi criticado veementemente por internautas brasileiros e portugueses.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Show de abertura das Olimpíadas terá cena em que um "menino de rua" "assalta" Gisele Bundchen no ritmo de funk carioca. É sério? É trolagem? Ou é provocação preconceituosa de coxinha da Avenida Paulista?

por Omelete
Difícil de acreditar que isso realmente vá acontecer.   Mas a mídia está repercutindo uma bola fora que está para rolar na Rio 2016.

A modelo Gisele Bundchen foi convocada para participar da cerimônia de abertura das Olimpíadas, protagonizando uma "vítima de assalto". A cena prevista no roteiro não foi bem recebida pelo público presente ao ensaio, ontem, e nem por participantes do espetáculo. Há vários preconceitos embutidos na ideia, seja lá quem tenha sido o seu autor. O "assalto" acontece no momento em que o funk carioca é "homenageado". Isso quer dizer que o funk é trilha sonora de meliante? E, de quebra, estigmatiza meninos de rua. Um pivete "'ataca" Gisele enquanto ela caminha por um "calçadão". Diria que vai pegar mal até para a bela Bundchen. É fria. Pode sobrar uma vaia olímpica para ela.

O mundo está careca de saber que o Rio é um cidade, infelizmente, com altos índices de roubos e assaltos. O que não se sabe é qual a intenção dos criadores do show de abertura: fazer uma denuncia social? Não seria melhor organizar um seminário em São Paulo, na USP, para discutir o assunto?

De qualquer forma, os "geniais" criadores do quadro do "assalto" podem oferecer seu estilo engraçadinho de festejar uma abertura olímpica a outros países. Por exemplo, no Japão, fazer uma coreografia retratando o acidente nuclear de Fukushima. Nos Estados Unidos, lembrar os massacres em escolas e universidades; Em Roma, celebrar a comilança de cristãos por leões no Coliseu e bolar uma quadro sobre os assassinatos da máfia. Vai ver eles emplacam isso no exterior. Ou alguém vai botá-los pra correr rapidinho. Não se sabe se também haverá quadros no Maracanã sobre "saidinha" de banco, estupro coletivo, arrastão em túnel e explosão pirotécnica de caixa forte. E vai ficar faltando fantasiar Gisele de vítima de zika.

Melhor pensar que isso foi apenas uma trolagem no ensaio e que não fará parte do show.

E a perguntinha que não quer calar: terá sido um carioca traíra que bolou isso ou um gênio importado pelo Comitê Olímpico do Brasil?

ATUALIZAÇÃO em 2/8/2016 - Diante das reações negativas e das manifestações indignadas dos cariocas nas redes sociais, o tal quadro teria sido cancelado pelos organizadores. O italiano Andrea Vanier, da empresa ironicamente chamada de "Cerimônias Cariocas", responsável pelo evento, não comentou a polêmica. O cineasta Fernando Meireles, um dos diretores do show, criticou quem divulgou a suposta cena do assalto e, na opinião dele, estragou a festa.
Circulou na internet uma argumentação de quem defende a cena. Diz-de que o "assaltante" não é "assaltante", mas um "ambulante" que é perseguido pela polícia e protegido por Gisele Bundchen.
Se for isso, a cena é também meio repetitiva. Em 2002, em Londres, no show de encerramento dos jogos e na apresentação do Brasil como a sede de 2016, o gari Renato Sorriso entra no palco sambando em câmara lenta e é repreendido por um segurança que tenta tirá-lo de cena. A modelo da vez era a Alessandra Ambrósio. 

sábado, 9 de julho de 2016

Modelos negras ganham espaço em capas de revistas. Nos Estados Unidos. O Brasil ainda é colonial nesse item...

Reprodução Style.Mic
por Clara S. Britto
A publicação digital Style.Mic analisou capas de revistas americanas sob o ponto de vista da diversidade racial. No ranking, a revista Teen Vogue se saiu bem: nos últimos seis meses colocou negras nas capas em metade das edições. Já as revistas tradicionais e conservadoras como a edição principal da Vogue, a Glamour, Cosmopolitan,  Harper Bazaar etc, foram menos abertas às modelos não-brancas. 
De qualquer forma, a matéria constata avanços. Lá. 
Em 2015, as negras estamparam 26 capas em 137 publicações; na primeira metade de 2016, já conquistaram 34 capas em 86 edições.
Os números das revistas brasileiras? Não conheço pesquisa semelhante feita aqui. Mas dá para contar nos dedos de uma mão. É só ver nas bancas. O preconceito racial dissimulado ainda é forte na publicidade, nos desfiles de moda e nas revistas femininas. 

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Carnaval, confetes, serpentinas...

por Omelete
* Ouvido na concentração do Sambódromo antes de Maria Bethania entrar na avenida com os orixás da Mangueira: "Sou contra o impeachment, mas Dilma tá cheia de urucubaca. Zika, crise, barreira que afunda em Mariana, falta de chuva ou chuva demais, Lava Jato, Zelotes, caraca... Tem que apelar pro santo pra tirar encosto".
* Festa estranha, gente esquisita: o desfile da Imperatriz Leopoldinense homenageando "cowboys" do Oeste brasileiro...
* Dá para fazer uma comparação com a política: assim como pode acontecer em função do fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas, a falta da patrocínio às escolas de samba por causa da crise fez melhorar os desfiles. Petróleo, iogurte, cerveja, estados e municípios e outros temas "exóticos" praticamente sumiram da avenida. A matéria paga foi substituída pela criatividade. Valeu. E se na eleição a corrupção insuflada pelo financiamento de  muitas grandes empresas, uma espécie de suborno antecipado, for substituída pela honestidade, pelo menos da maioria, já será ótimo.
* Alguns blocos do Rio tentaram mais uma vez implantar a área vip com "abadá" pago. Assim sem querer querendo blocos principalmente formados por empresários queriam privatizar a rua. A cidade reagiu. Mas é bom ficar de olho, alguns desses marqueteiros têm ligações políticas e não vão desistir. Uma sugestão: já que os marqueteiros da folia querem faturar, porque não alugam o Maracanã e fazem uma festa privê pros coxinhas e "reis dos camarotes" que gostam de carnaval "exclusivo"?
* A Prefeitura do Rio precisa tratar melhor, ajudar a divulgar, indicar um local de desfile menos escondido para os blocos de enredo como  Cacique de Ramos, Bafo da Onça, Boêmios de Irajá e muitos outros. São tradicionais e faziam desfiles inesquecíveis na Av. Rio Branco. Hoje desfilam na Graça Aranha. Praticamente não foram divulgados e quem quis vê-los teve que descobrir o local.
* Dá para entender que estatais que são empresas de economia mista e disputam mercado junto com instituições privadas patrocinem camarotes em busca de divulgação de suas marcas. Mas não dá para entender o objetivo do Governo Federal, como instituição, ao liberar dinheiro para camarotes privados restritos à chamada elite. Qual a contrapartida social ao dinheiro público? Iniciativa mal explicada...
* A musa coxinha que tirou a roupa no sambódromo paulistano quase derruba a Peruche para a segundona. Prejudicada no quesito fantasia, a escola ficou em 12° lugar. Dirigentes falam em processar a socialite (ela já fez matéria em que foi fotografada na sua rotina de alimentar o cachorro com champanhe e caviar, só para dar uma ideia do conceito da elementa) que se lixou para o esforço de um ano dos integrantes da Peruche.
* A cantora Baby Consuelo, atualmente uma religiosa fundamentalista e obcecada, tem sido incensada pela mídia e por artistas. Mas neste carnaval deu uma de Bolsonaro. Segundo o jornal O Dia, Baby foi vaiada na noite do último domingo em Natal ao fazer declarações homofóbicas durante o Desfile das Kengas, tradicional concurso de transformismo que reúne público formado em grande parte por gays e travestis. Ela disse literalmente que “todo homem é homem” e que falta aos gays e às travestis “uma boa mulher maravilhosa”. A vaia foi tão grande que a cantora pediu para aumentar o volume do seu microfone. Ok, previsível. Mas quem é o maluco que contrata Baby Consuelo para cantar em um carnaval?
* A socialite paulista Val Marchiori, que recentemente esteve envolvida em denúncias sobre financiamento supostamente irregular concedido pelo BNDES, declarou que o cabelo usado pela cantora Ludmila no desfile do Salgueiro parecia "um bombril". Ludmila respondeu: "Tenho muito orgulho da minha raça e não vai ser qualquer pessoa que vai me colocar para baixo". Nas redes sociais, a declaração racista foi criticada por internautas. Destaque-se que Ludmila, musa do Salgueiro, dá de dez no quesito beleza se comparada com a esquisita socialite que a criticou
* De um modo geral, com exceção de poucos uns e outros que deram as caras em espaços mais discretos e menos badalados, políticos de todos os partidos não badalaram em público no carnaval. A maré não está para tubarão.
* A prefeitura do Rio multou mais de mil mijões e vai receber mais de 700 mil reais em multas. Já ajuda nas despesas com o carnaval. Um jornalista comentou que essa pode ser uma solução politicamente incorreta para o desequilíbrio de contas. Os blocos cariocas reuniram em todos os desfiles cerca de 5 milhões de foliões. Se apenas um milhão fosse flagrado e multado "atuando" fora dos banheiros públicos ou jogando lixo no chão, a prefeitura faturaria pra cima de 1 bilhão de reais. Brincadeira de carnaval, claro. As duas campanhas são méritos da prefeitura carioca.
*  Meme na rede na rede social compara Claudia Leitte a Gina que ilustra caixinhas de palitos de fósforo.
* Luana Piovani, que será capa da primeira edição da 'Playboy' depois que a Abril desistiu da revistam, é uma boa frasista. Sobre posar nua aos 40 anos, ela declarou aos sites de celebridades que vai ser fotografada cinco meses após dar à luz. "Aos 20 era outro corpo, não tinha a cicatriz da cesárea, meus seios eram irretocáveis. Hoje eu vou apresentar os meus seios depois de amamentar gêmeos, mas não tenho a menor vergonha disso. Tenho uma cicatriz de duas cesáreas e acho linda. Sou bonita assim. Hoje eu sou uma Ferrari batida".
* Deu no Portal Imprensa: repórter da Globo News é beijada ao vivo em cobertura de bloco de rua. Veja no link: http://portalimprensa.com.br/noticias/brasil/76035/reporter+da+globonews+e+beijada+ao+vivo+em+cobertura+de+bloco+de+rua
* Uma boa notícia que vem da Bahia. Enquanto alguns espertos no Rio tentam implantar o abadá (camiseta paga), mas felizmente contidos pela prefeitura carioca, o povão da Bahina começa a recuperar o espaço público roubado.  Segundo o colunista João Pedro Pitombo, do Blog Alalaô, os poderosos trios e blocos começam a perder espaço para trios sem cordas e sem segregação. A nota preocupante do carnaval de Salvador é o índice de casos de violência contra a mulher e de incidentes causados por racismo. Nop mais, todas as capitais enfrentam problemas de violência e assaltos nos carnaval. A segurança precisa melhorar. A polícia se queixa de que prende bandidos e estes voltam às ruas ainda a tempo de continuar roubando.
* No site Conexão Jornalismo, o áudio vazado de Luiz Roberto e Fátima Bernardes que estranham a Globo não mostrar o final do desfile da Vila Isabel. Veja no link http://www.conexaojornalismo.com.br/audiencia_na_tv/fatima-bernardes-audio-vaza-na-sapucai-e-revela-insatisfacao-com-exclusao-da-vila-isabel-86-42580

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Mulheres negras ganham mais espaço em capas de revistas de moda... nos Estados Unidos

por Clara S. Britto
De um modo geral, mulheres negras em capas de revistas de moda ainda são exceção. Calma! Ninguém está defendendo cotas raciais para capas. Mas alguma coisa está mudando. Não aqui. Nos Estados Unidos. Segundo o New York Post, em 2015 houve um ligeiro avanço: 77,2% das revistas estamparam modelos brancas na capa; em 2014, esse número era de 82,7%. A Teen Vogue que em 2014 publicou apenas modelos brancas na capa, esse ano mostrou seis modelos negras. A Harpers Bazaar botou Rihana em uma capa, ok, é um estrela não uma modelo, mas, no ano passado, não rolou qualquer diversidade racial na mesma revista. A Vogue americana destacou cinco modelos negras, contra três no ano passado; a Vogue francesa, duas contra zero em 2014. O levantamento foi feito por The Fashion Spot  Magazine Diversity Report. Não há uma pesquisa semelhante em relação às revistas brasileiras. Contata-se, apenas, que a proporção aqui é vexatória em termos de diversidade racial. Para os editores brasileiros, o assunto ainda é tabu. Tanto que, nas poucas vezes em que destacam negras, congratulam-se por quebrar um... tabu. Modelos negras em capas de revistas nacionais são ainda, e lamentavelmente, um acontecimento, um fato relevante. Lá fora, outra boa notícia foi que algumas capas, como a da bela modelo Lupita Nyong (Harper’s Bazaar UK e Vogue U.S) desmentiram o mito de que negras não vendem revista, mito, aliás, muito usual em algumas editoras brasileiras, hoje e no passado, segundo antigos editores. Eles contam que essa era, por exemplo, uma regra não-escrita mas em vigor frequentemente sussurrada nos corredores da extinta Bloch Editores. A mesma prescrição habita até hoje as cabeças e as bolsas Prada das Anna Wintour nacionais.