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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Memórias da redação: as cartas que esclarecem a penúltima crise da revista Manchete antes da falência da Bloch

Há duas semanas, Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, escreveu neste blog um artigo sobre "David Bowie, Justino Martins e o Rock". Muggiati citou uma das mudanças na condução da revista, em 1997, quando ele deixou a direção - tornou-se editor de Projetos Especiais - e o jornalista Tão Gomes Pinto foi importado da Pauliceia com a missão de reformar a Manchete. Pouco meses depois, como contou no mesmo artigo, Muggiati seria chamado a reassumir o cargo. "Em 31 de outubro, Dia das Bruxas, uma sexta-feira, o editor paulista pediu as contas e se mandou. Jaquito me ligou comunicando que eu estava de volta à direção da Manchete e que o fechamento da revista na segunda-feira seria por minha conta", escreveu ele no citado artigo.
Pois bem, nesses tempos em que o vice Michel Temer reabilitou a carta, um formato de mensagem que parecia aposentado pelos emails e whatsapps da vida digital, um dileto seguidor deste blog enviou reproduções da troca de cartas entre Tão Gomes Pinto e Jaquito, então presidente da editora. O leitor pede anonimato, diz que espera estar contribuindo para a "memória da redação" e revela o "documento" que explica com alguma dramaticidade o pedido de demissão referido pelo Muggiati (o famoso "Muggi das Crises" como Alberto Carvalho apelidou de tanto que era convocado para voltar à "cadeira elétrica" de diretor quando terremotos editoriais abalavam a revista).
Abaixo, as cartas que selaram aquele episódio de bastidores, o penúltimo conflito interno da revista antes da crise final, a falência, três anos depois.

O PEDIDO DE DEMISSÃO DE TÃO GOMES PINTO


A RESPOSTA DA DIREÇÃO DA BLOCH


ATUALIZAÇÃO: POR EMAIL, ROBERTO MUGGIATI ENVIA AO BLOG MAIS INFORMAÇÕES:

"Esclarecendo melhor. Sempre tive a impressão de que, enquanto vivesse, Adolpho Bloch não me tiraria da Manchete. Veja só as datas: Adolpho morreu em 19 de novembro de 1995. Em meados de 1996, Jaquito deu início ao seu projeto pessoal de salvar a revista. Assumiu a chefia da Manchete, como um espécie de diretor-tampão, o Roberto Barreira, até a chegada do Tão e seus dois escudeiros. O Roberto Barreira tinha a vantagem de falar italiano e assim ajudar o Carlo Rizzi na implantação do novo projeto gráfico. Essa, para mim, foi a grande inovação da Manchete. Por mais talento e intuição que tivesse, o nosso grande Wilson Passos não tinha as bases científicas do Rizzi, um dos melhores designers italianos. E também, àquela altura, o Wilson já tinha perdido o tesão com a Bloch. Com a reforma gráfica implantada - executada pelo Vincenzo Scarpellini, trazido da Itália para isso pelo Carlo - o triunvirato Tão-Otávio-Núnzio fechou a primeira edição na segunda-feira, 9 de outubro de 1996. No dia anterior, Adolpho completaria 88 anos. Como mencionei no artigo sobre Bowie, Justino e o rock, fechei a edição de Carnaval da Manchete de 1997 (Tão recebeu uma folga), editei os 52 fascículos de História do Brasil, encartados ao longo da Manchete na gestão do Tão e fiz a edição dos 45 anos da Manchete (e também o número extra da Fatos&Fotos sobre a morte da Princesa Diana, que saiu antes da Manchete). A edição Manchete/Marinha foi editado pelo nosso Alvimar. Os fascículos da História do Brasil foram diagramados pelo grande J.A.Barros. Já a Manchete 45 anos foi paginada com o Wilson Passos. A F&F de Lady Di, acho que foi com ambos, Passos e Barros. 
No mais, Dia das Bruxas, Tão vai passear pelo Catete e decide pedir o boné...
Um abraço do Muggi das Crises. 
P.S - A carta-resposta está muito melhor que a do Tão, acho que foi o Cony quem escreveu, não foi?"