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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Bizarrices na web: "Mondo" sempre 'Cane"

por Flávio Sépia
O uso e conteúdo das redes sociais provocam todo tipo de discussões acadêmicas. Mas a opinião mais sensata que ouvi outro dia diz que a novidade é apenas  a embalagem - a plataforma, como dizem os especialistas - não o conteúdo. Fala-se no "ódio" presente em comentários de internautas como sendo coisa da internet. Será? Talvez esse ´"ódio" já fizesse parte das chamadas relações sociais desde sempre, a web apenas amplifica as críticas, as equilibradas e as grosseiras. O cantor Fábio Jr não precisou da internet para destilar sua raiva sublinhada em irada fixação anal. Bastou-lhe o microfone da Globo.
Outra observação para sustentar essa tese de fim de semana. Já reparou que quase todos os sites têm um canal chamado de "bizarro", geralmente um gerador de muita audiência para portais respeitáveis? Entre os vídeos mais acessados do You Tube estão os de "bizarrices'. Provavelmente, sua caixa de mensagem recebe as mais exóticas cenas. Novidade da internet? Nada disso. Para citar um simples exemplo, basta lembrar uma série de filmes de muito sucesso: "Mondo Cane". No começo da década de 1960, os cineastas italianos Paolo Cavara, Gualtiero Jacopetti e Franco Prosperi lançaram um documentário em longa metragem com o objetivo confessado de chocar as plateias do mundo inteiro. Costumes exóticos, prática de povos e tribos idem, erotismo, violência, a realidade, enfim, nua a crua. Vaginas fumantes, o rudimentar e mortal 'bungee jump' (a expressão nem existia) praticado por havaianos, toureiros espetados por chifres, cenas de acidentes etc. Claro que, hoje, com os celulares, a produção de vídeos bizarros é infinitamente maior. Mas não há nada de novo no front da bizarrice agora tão propagada pela web.  Uma última curiosidade a respeito do "Mondo Cane": se o antigo documentário é virtualmente inédito para várias gerações, talvez muitos relembrem a música que foi indicada para o Oscar de "Melhor Trilha Sonora", em 1963. Criada pelos compositores Riz Ortolani e Nino Oliviero, a canção "More", surpreendentemente romântica para um filme nada leve,  foi gravada pelas principais orquestras e cantores da época.   Ouça a versão instrumental, clique AQUI