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domingo, 24 de abril de 2016

Memórias da redação: o dia em que JK chorou...

por Alberto Carvalho (do livro "Eu, Tura")

"Um dos maiores prazeres da minha vida, quando trabalhava na Manchete, foi fazer uma projeção de fotos no apartamento do Presidente Juscelino Kubistchek, na Av. Atlântica, no Rio, assim que ele voltou do exílio. As fotos eram de Brasília, feitas especialmente a pedido do Sr. Adolpho Bloch, para ele assistir, junto da esposa, dona Sarah. 
Por determinação do governo militar, JK estava proibido de pisar na Capital Federal. Como passou muitos anos no exílio, ele não acompanhou o desenvolvimento da cidade que construiu. O ex-presidente não sabia daquela projeção. Era uma surpresa que o 'seu' Adolpho havia preparado pra ele.
A cada foto projetada, eu sentia que a emoção tomava conta do seu coração.
Catetinho, Brasília.
Mas a foto que mais comoveu o Presidente foi a do Catetinho, a primeira construção do Planalto feita para ele e seus assessores se reunirem quando de visitas às monumentais obras da futura Capital. E, no final, de pé ao meu lado, as lágrimas correndo pelos seus olhos, caindo sobre o meu ombro, JK me abraçou, emocionado. Dona Sarah, também chorava. Naquela noite, eu não conseguia dormir pensando no que aquela cena simbolizava. Acho que ele, também não."

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Memórias da redação: o dia em que Alberto Carvalho salvou o ator Ferrugem das garras de um leopardo em pleno estúdio fotográfico da Manchete

por Alberto Carvalho 
(do livro Eu, Tura - Recordações) 
Uma passagem pela Bloch que jamais esquecerei foi o incidente que ocorreu nos estúdios fotográficos da empresa, no prédio da rua Frei Caneca. Isso ocorreu em agosto de 1980.

O produtor de cinema e televisão Alcino Diniz pediu ao Justino Martins uma reportagem sobre o filme que ele estava produzindo. Era uma sátira ao famoso King Kong, e se chamava “ King Mong contra o Tiranossauro”. No elenco, o comediante Costinha (Tarzan), a atriz Nídia de Paula (Jane) e um menino que estava despontando na televisão como promessa de grande sucesso, o Ferrugem (Boy).

A foto que seria produzida para a matéria foi marcada para ser feita em um sábado. Como eu morava perto do estúdio, na rua Frei Caneca, Justino Martins, diretor da Manchete, me pediu para acompanhar o trabalho e orientar a produção, tal como ele queria.

Quando cheguei ao estúdio, fui surpreendido pela presença de um leopardo e de um chimpanzé que faziam parte do elenco. O macaco, junto com Ferrugem, fazia a maior farra! O leopardo cochilava dentro de um camarim. Os animais estavam acompanhados pelos seus treinadores. Eles pertenciam ao Circo Garcia, que estava em temporada na Praça Onze, ali perto.

Ferrugem, após ser atendido, posou para
uma matéria da Fatos & Fotos sobre
o incidente.
O fotógrafo escalado para o trabalho foi o Gil Pinheiro. Ele pediu para juntar todo o elenco para começar os trabalhos. Costinha estava atrasado e, como os bichos tinham que voltar para suas apresentações no circo, o jeito foi fazer a foto sem ele. Reuniram-se: Nídia de Paula, com o leopardo seguro por uma corrente, Ferrugem, com o chimpanzé (Chita) no colo, um dublê vestido de gorila e outro como dinossauro. Os treinadores afastados observavam o comportamento dos animais.

Estava tudo pronto: Luz! Câmara! Ação! De repente, o Ferrugem começou a fazer gracinha com o leopardo quando este parecia ainda meio sonolento. O leopardo se desprendeu das mãos da Nídia e  num salto espetacular caiu sobre o menino deixando-o preso sob suas enormes patas. Os tratadores, surpreendidos, correram para retirar o animal de cima do Ferrugem. Mas o leopardo não o largava de jeito nenhum. Com o coração na mão e tremendo de medo, corri em direção ao menino e com um puxão pelas mãos e pelos pés, retirei-o debaixo da fera. Fui um sufoco! Os treinadores disseram que o animal só estava brincando, o que depois de tudo passado, eu também acreditei. Caso contrário a fera teria matado o Ferrugem.

O chimpanzé, que a tudo assistia, dava gargalhadas e cambalhotas, aplaudindo o seu companheiro de trabalho no circo.

Socorremos o menino levando-o ao Hospital Souza Aguiar para ser examinado. Apenas alguns arranhões pelo corpo e na cabeça, mas mesmo assim ele ficou internado em observação durante 24 horas.

Um detalhe: Justamente naquele exato momento do incidente no estúdio, um veterinário, no circo, logo ali perto, estava fazendo o parto de uma fêmea que estava dando à luz a um leopardozinho, filhote daquele brincalhão
Quem sabe o instinto  do animal falou mais alto e ele estava comemorando o nascimento do seu filhote? Vai saber!...