Mostrando postagens com marcador jose esmeraldo gonçalves. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador jose esmeraldo gonçalves. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Fotomemória - Rede Manchete na Copa do Mundo de... 1990

 



por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1990, a equipe da Rede Manchete escalada para a Copa da Itália posou ao lado de Adolpho Bloch na cobertura da sede na Rua do Russell. Ao fundo, o "M" que fez história. Entre os enviados Alberto Léo, Paulo Stein, Márcio Guedes, Milene Ceribelli e Falcão, aí aparece, ao lado de Adolpho, o comentarista João Saldanha. Tive a honra de participar da coletânea "Esporte e Poder", na qual ele escreveu um dos capítulos. Até pouco antes da definição da equipe, havia dúvidas tanto na Rede Manchete quando no JB em relação à ida de Saldanha, que não estava bem de saúde. O comentarista não admitia perder aquela Copa. Um dia, eu estava no elevador, ele também. Saltamos no oitavo andar. Eu fui para a redação da revista Manchete, Saldanha entrou na sala do Adolpho, ao lado. Naquela conversa, que, acho, ninguém ouviu ou registrou, Saldanha convenceu Adolpho. Não sei que argumentos usou para vencer a cautela da empresa. Mas tenho certeza de que Saldanha queria muito carimbar seu passaporte para a Itália e Adolpho entendeu seus motivos. Foi a sua última Copa. Ele não voltou, mas esteve onde queria estar.

A Rede Manchete, já com problemas, ainda cobriu com brilho duas Copas: a dos Estados Unidos e a da França. Nesta última, eu já não trabalhava na revista Manchete. Em fevereiro de 1998, o amigo e fotógrafo Luiz Alberto esteve no Rio e nós o encontramos no Bracarense. Lembro que, ao fim dos chopes, combinamos um vinho, em Paris, entre um jogo e outro.  Ele iria cobrir a seleção brasileira para a revista Manchete.  
Viajamos para a Europa, mas antes passamos alguns dias em Roma. Quando chegamos em Paris,  telefonamos para a casa dele. Só então soubemos pela Eugênia, também jornalista e mulher dele, que o caro Lulu falecera dias antes. Paris nunca nos pareceu tão triste, para mim e para Jussara. Só nos restou o vinho, sem o amigo. São as lembranças que a foto enviada pelo amigo Nilton Rechtman nos desperta nesses dias de Copa do Mundo. 

sábado, 6 de agosto de 2022

Jô Soares (1938-2022): tango na redação da Manchete e aniversário da Fatos & Fotos


Jô (Dr. Sardinha) apresenta a Delfim Netto uma cesta de frutas e legumes,
com destaque para o abacaxi. Dizia-se, na ocasião, que Delfim, nomeado ministro da
Agricultura, não distinguia jaca de uva.
   

 

por José Esmeraldo Gonçalves

O celular deveria existir para registrar em vídeo um hábito nunca explicado de Jô Soares ao adentrar a redação da Manchete. O Gordo, sem dizer palavra, enlaçava Adolpho Bloch e saía dançando um tango com ele. A cena era rápida e a chegada do Jô - que tinha muitos amigos na Bloch e de vez em quando ia ao Russell - era inesperada. Se fosse um encontro marcado, algum fotógrafo da casa teria registrado a dança que era silenciosa para a pequena plateia de jornalistas, mas, talvez, sonora na cabeça dos dois: quem sabe, tocava um "Los Mareados", de Hugo Baralis durante a inusitada performance.  

Jô na capa comemorativa da Fatos & Fotos Nº 1000

Jô fez muitas capas para a Manchete. Não há registro de negativa ao pedido de um repórter desesperado para marcar um matéria com o humorista, apresentador e escritor. Na Fatos & Fotos isso aconteceu pelos menos duas vezes. Em 1980, a apenas quatro dias do fechamento, alguém descobriu que chegaria às bancas a edição número 1000 da revista. Nessas ocasiões, a Manchete, o carro-chefe da Bloch, fazia grande números especiais com grande investimento: Manchete 30 anos, 40, 45, Manchete Nº 2000 etc. Para a F&F, que vivia em crise, essas comemorações passavam geralmente em branco. Foi feito um caderno especial de 32 páginas com uma retrospectiva de matérias publicadas pela revista. E a capa? Quem toparia posar em jogo rápido antes do fechamento que se aproximava? Jô. 

O Gordo estava em cartaz com espetáculo em um teatro em São Paulo. A sucursal correu para montar a foto das mil semanas, que aí aparece, com bolo e tudo, feita por Mituo Shiguihara, com produção de Denise Orensztejn. 

Em outra ocasião, Jô posou como cartomante, sem produção, para a F&F. A bola de cristal era um globo de luminária que a reporter Heloísa Marra levou de casa. O turbante, ela comprou em Copacabana. O improviso era para uma matéria sobre previsões para 1981.

Em 1979, a ditadura nomeou o economista Delfim Netto para o ministério da Agricultura. O czar da Economia durante o governo de Garrastazu Médici virou piada. Dizia-se que se fosse a uma feira livre poderia confundir jaca com uva tal era seu conhecimento sobre o setor agrícola. Foi o que bastou para o "Planeta dos Homens" criar o "Doutor Sardinha" para ironizar Delfim. Claro que a Manchete se mobilizou para fazer uma capa com os dois Gordos nacionais. Jô topou na hora, Delfim pode até ter hesitado, mas não perdeu a chance de aparecer ao lado de uma figura tão popular. 

* Jô Soares morreu na madrugada de sexta-feira, 5/8, em São Paulos, aos 84 anos. 


sábado, 28 de abril de 2012

Revista Manchete, 60 anos esta manhã


Capa da Manchete número 1: lançada por Adolpho Bloch, chegou às bancas na manhã de 28 de abril de 1952, há 60 anos

A pagina 3, apresentação do conteúdo da nova revista
Uma das reportagens do número 1: Meneghetti, o ladrão paulista que era uma lenda "romântica" da época
Crônica de Carlos Drummond de Andrade no número 1: o poeta escreveu, emocionado, sobre seu neto
A Câmara dos Deputados no número 1
Anúncio colorido, uma das modernidades oferecidas pela Manchete em 1952
Anúncio do Air-Wick
Aparelho de barbear para subsituir as navalhas
A edição 2.519, com Reynaldo Giannechini na capa foi a última edição regular da Manchete. Foi para as bancas no dia 29 de julho de 2000, às vésperas da falência da Bloch Editores. Posteriormente, a revista foi relançada por uma cooperativa de funcionários. E, mais tarde, o empresário Marcos Dvoskin, atual detentor do título da revista, publicou edições especiais de Carnaval.
O livro "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" - Desiderata, lançado em 2008, conta a trajetória da revista e revela fatos e episódios de bastidores. A coletânea, de autoria de um grupo de jornalistas que trabalhou nas revistas da Rua do Russell, está esgotada em livrarias mas ainda pode ser encontrada em sites de venda de livros e em sebos. São mais de 500 páginas e centenas de reproduções que trazem uma das maiores revistas semanais do Brasil às novas gerações e aos pesquisadores da história de Comunicação no país.  

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Marcos Santarrita, breves lembranças da revista Fatos

Páginas da revista Fatos editadas por Marcos Santarrita
por José Esmeraldo Gonçalves
Abri o email em um ônibus, a caminho da Capadócia. Por uns dias desligado do Brasil, de corpo e alma, li a mensagem de J.A.Barros, que foi diretor de arte da Manchete, e imediatamente fui levado pela memória ao prédio do Russell, no Rio, onde funcionava a redação da revista Fatos. Barros avisava do falecimento, no Rio, aos 70 anos, na quarta-feira, 5, do jornalista, escritor e tradutor Marcos Santarrita. Já escrevi aqui sobre a Fatos, essa publicação de vida tão intensa quanto curta. O livro “Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou”  narra a trajetória da revista, uma tentativa – Carlos Heitor Cony à frente – de dotar a Bloch de uma publicação semanal de informação e análise. Por problemas políticos e boicote interno – ainda estávamos sob os efeitos da ditadura, com a rejeição da Emenda das Diretas e Sarney chegando ao poder nas ombreiras do esdrúxulo Colégio Eleitoral dos militares - a Fatos não obteve tempo suficiente para se firmar no mercado e foi fechada em julho de 1986, apenas um ano e quatro meses após sua estréia nas bancas. Marcos Santarrita foi passageiro daquele cometa jornalístico. Era o nosso editor internacional. Comandava uma das editorias mais agitadas. Naqueles meses, morria Constantin Chernenko e subia ao poder ninguém menos do que Mikhail Gorbachev. Santarrita foi fundo na sua análise, traçou um perfil do novo líder e prenunciou mudanças. Ressaltou que era o primeiro governante soviético formado após a Segunda Guerra, de educação superior e escola política pós-Stalin (tinha 22 anos quando o líder soviético morreu), fatores que lhe conferiam “uma visão moderna e pragmática, especialmente da economia”. O “apartheid” agonizava na África do Sul, o Brasil reatava relações com Cuba, estourava o escândalo dos Contras, o caso Greenpeace (uma desastrada operação do serviço secreto francês que resultou na morte de um ativista ecológico) abalava o governo socialista de François Mitterrand, Irã e Iraque contabilizavam um milhão de mortos em sangrento conflito, nada escapava à contundente interpretação de Santarrita. Sergipano, criado na Bahia, onde fundou um periódico literário, a Revista da Bahia, ele foi redator do Última Hora, Globo, Jornal do Brasil e da Fatos&Fotos. Um dos seus livros mais premiados é o “Mares do Sul”, sobre uma revolta de escravos em Ilhéus. Escreveu, entre outros,  “Danação dos Justos”, “A Solidão dos Homens”, “Lady Luana Savage”, “A Ilha dos Trópicos” e “Os Pecados da Santa”. Deixa sua marca como escritor brilhante. Mas para a equipe que viveu a aventura da Fatos – com o J.A.Barros, seu diretor de arte – fica a imagem do jornalista apaixonado, que dissecava a notícia, e do bom colega, calmo e meticuloso, características que resistiam às longas e agitadas madrugadas de fechamento. Pensando bem, Santarrita só nos criava um problema: queria sempre mais páginas para sua editoria. E era difícil resistir à sua argumentação. Boa viagem, meu caro.

sábado, 25 de junho de 2011

"Gigantes do Futebol Brasileiro": livro de João Máximo e Marcos de Castro é um clássico do futebol

Marcos de Castro e João Máximo autografam "Gigantes do Futebol Brasileiro", na Livraria da Travessa, em Ipanema. Foto: Jussara Razzé
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 1965, os jornalistas João Máximo e Marcos de Castro lançaram  "Gigantes do Futebol Brasileiro". O livro tornou-se um clássico da literatura esportiva.
Eram 13 perfis de grandes jogadores escritos por dois grandes craques.
Tive o prazer de trabalhar com ambos, na Manchete. Mais com o João, que nos anos 70 foi chefe de redação da Fatos & Fotos. Os dois formam uma tabelinha de gigantes do jornalismo. Cada um a seu tempo, foram editores de esporte do velho JB. João cobriu cinco Copas, ganhou dois Prêmios Esso e está hoje no Globo; Marcos de Castro faturou três, sendo dois com reportagens sobre futebol. Além da Manchete, trabalhou na Enciclopédia Bloch, Realidade, Veja Rio e Jornal da Tarde.
Precisa dizer mais?
Recentemente foi lançada pela Civilização Brasileira a segunda edição do "Gigantes do Futebol Brasileiro". Agora são 21 craques: Friedenreich, Fausto, Domingos das Guia, Leônidas, Tim, Zizinho, Heleno, Ademir, Danilo, Nilton Santos, Didi, Garrinha, Pelé, Gérson, Rivelino, Tostão, Falcão, Zico, Romário e Ronaldo.
Outro dia, vendo o jogo do Santos contra o Penarol, me perguntei se Neymar e Ganso algum dia farão parte dessa lista. Claro que falta muita estrada ainda para os "meninos da Vila". E vem aí, na curva, uma Copa América para mostrar que a camisa da seleção não pesará nos seus ombros. Mas estou otimista com esses dois. O fato de ainda estarem jogando no Brasil faz diferença. E torço para que fiquem no Santos por mais uma ou duas temporadas ou, quem sabe, o que é dificílimo diante do baú de euros que lhes oferecem, até à Copa de 2014. Há muito tempo não se apresentam à seleção dois jogadores tão identificados com a torcida. A relação dos torcedores com os convocados que jogam há anos no exterior, os expatriados, é mais fria. E mais fria a relação destes com a seleção. Kaká, que ao ser convocado já pediu dispensa várias vezes, é um exemplo. Ronadinho Gaúcho, outro. Mesmo Robinho, embora mais vibrante, não parece ter o coração nos pés quando veste a amarelinha. Diria que a distância e as características do futebol europeu quase apagam as referências tipicamente brasileiras. Acontece algo parecido com o argentino Messi, que não tem se saido bem na seleção do seu país. Para ele, a Copa América será também uma chance para se aproximar dos "hermanos".
Que Neymar e Ganso cheguem à próxima Copa ainda com o DNA de craques brasileiros. Que o futebol alegre de um e a inteligência e precisão do outro resistam aos euros.
E aí estarão a um passo de se tornarem "gigantes".

quinta-feira, 10 de março de 2011

Contigo! no Carnaval

A equipe da Contigo! que cobriu o Carnaval do Rio de Janeiro. Foto:Tabach/Contigo/Divulgação.


Fotos: Reproduções/Contigo!
por José Esmeraldo Gonçalves
Pela primeira vez, a Contigo! chega às bancas com uma edição inteiramente de Carnaval. É a única revista com carnaval da capa à contracapa. São 266 páginas e 361 fotos dedicadas à maior festa popular do mundo. Das escolas, camarotes, blocos e bailes do Rio ao espetáculo dos trios de Salvador e à impressionante concentração de foliões atraidos pelo Galo da Madrugada.
A edição especial revive as melhores tradições das grandes coberturas da folia.
Vale lembrar o novo comercial da Pepsi, o do "pode ser".
"Tem Manchete?". "Não. Pode ser Contigo?"