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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Sujou! Veja como ditaduras, guerrilhas e terrorismo deram (má) fama a certos modelos de carros...

O Puma, do Riocentro
por Flávio Sépia
O próximo dia 1° de maio marca 35 anos do atentado do Riocentro que, à parte as consequências políticas, ficou associado a um modelo de carro: o Puma. Aparentemente, o vínculo reforçado por capas de jornais e revistas não prejudicou a marca e o carro continuou sendo fabricado até 1990.
O famoso "Puma do Riocentro" não foi, contudo, o primeiro carro a ficar rotulado por ações políticas ou repressivas.
O Karmann Ghia de Zuzu Angel em matéria do repórter
Henrique Koifman para a  Manchete.
Em abril de 1976, há 40 anos, a estilista Zuzu Angel foi morta em um atentado, no Rio. Zuzu incomodava a ditadura militar por protestar publicamente, denunciar e pedir punição para os assassinos do seu filho, o militante político Stuart Angel, morto em um quartel da Força Aérea. Em depoimento à Comissão da Verdade, um ex-agente da repressão relacionou o "acidente" a uma operação formulada por forças de segurança. O carro que Zuzu Angel dirigia, um Karmann Ghia TC, despencou de um viaduto na Estrada Lagoa-Barra, no Rio, matando instantaneamente a estilista.
O BMW Neue Klasse, o preferido do grupo Baader-Meinhoff
Também nos anos 70, o grupo Baader-Meinhoff que pretendia deflagrar uma revolução armada na Alemanha Ocidental, usava nas suas operações, preferencialmente, o BMW 2002, um carro de aparência comum, que não chamava atenção, mas tinha desempenho esportivo e motor potente. Além disso, o grupo agia com veículos roubados e aquele BMW, também conhecido como Neue Klasse, podia ser facilmente acionado por ligação direta.
O Baader-Mainhoff tantou usou o BMW que a sigla do fabricante passou a ser traduzida popularmente como Baader-Meinhoff Wagon.
Os Ford Falcon que eram usados pela ditadura
argentina em sequestros e assassinatos/Reprodução Sblog
Já os agentes da ditadura argentina popularizaram o tipo de carro com o qual praticaram sequestros e assassinatos de opositores dos governos militares: o Ford Falcon. Para milhares de vítimas da repressão e suas famílias, o carro era uma espécie de fantasma que saia das sombras para conduzir civis à morte. Não faz muito tempo, uma ordem judicial obrigou um quartel argentino a abrir suas instalações levando agentes judiciários a encontrar 43 Ford Falcon guardados há três décadas em um galpão. Era a frota de veículos sem pintura especial, sem numeração ou qualquer registro, que foi usada pelos esquadrões da morte da ditadura portenha.
A Veraneio dos anos 70, adotada pela ditadura brasileira/Reprodução

O Opala em cores civis foi usado em operações de sequestros de opositores
do regime militar brasileiro. O "vamos dar uma volta" do anúncio é tragicamente sugestivo. 
A ditadura brasileira usava as camionetes Veraneio tanto com pintura das várias organizações policiais quanto em cores "civis" para operações secretas. O Opala também foi muito adotado, especialmente em versão com pintura standard, sem qualquer identificação. Mas em 1981, no caso da bomba do Riocentro, com a qual militares da linha dura pretendiam matar centenas de pessoas que assistiam a um show, foi dada preferência ao esportivo Puma, talvez, na cabeça tosca dos agentes, para funcionar como disfarce "descolado" e supostamente não chamar a atenção em meio à plateia majoritariamente jovem.
Uma picape Ford, da Folha de
São Paulo: incendiada pela guerrilha/Reprodução

Antes, no começo dos anos 1970, quando a repressão se intensificou, picapes Ford do jornal Folha de São Paulo cedidas à sangrenta Operação Bandeirantes (Oban) também fizeram sua triste fama. Algumas foram incendiadas em ações de guerrilha em protesto contra a vergonhosa parceria. No sequestro do embaixador americano Charles Elbrick, no Rio, em 1969, pelo MR-8, guerrilheiros usaram um Fusca para fechar o Cadillac Fleetwood do americano, no qual embarcaram. Um Fusca também foi o carro usado pelos agentes que mataram Carlos Marighella, em 1969. O guerrilheiro foi preso e executado com um tiro a queima-roupa e seu corpo foi depois exibido em cena montada de um "tiroteio" no centro de São Paulo. O fotógrafo Sérgio Jorge, que na época trabalhava para a Manchete, testemunhou a farsa conforme revelou em entrevista à revista IstoÉ.

Cadillac Fleetwood do embaixador americano. Esse carro pertence, atualmente,
a um colecionador paulista/Reprodução

O corpo do primeiro-ministro italiano foi encontrado em um Renault R4
Na Itália, uma ação das Brigate Rosse, o sequestro e morte do primeiro-ministro Aldo Moro, ficou ligada a um veículo de fabricação francesa. Na foto que correu o mundo mostrando o momento em que foi encontrado o corpo do político (na mala do veículo) aparece um furgão Renault R4.
Carrero Blanco voou pelos ares em um modelo Dodge Dart/Reprodução Internet

Madri foi o cenário de um atentado realizado pelo ETA. As vítimas: o presidente do Conselho de Ministros da feroz ditadura de Francisco Franco, Carrero Blanco, e o veloz Dodge Dart 3700 GT que o transportava. Ambos, carro e político voaram pelos ares à custa de 100 quilos de explosivos detonados sob o asfalto no momento em que o Dodge passava.

Utilitários transformados em carros de combate/Facebook
Já nesses dias pós-2000, coube aos rebeldes que lutaram contra  Kadhafi, na Líbia, popularizar um veículo armado que nasceu do improviso: utilitários Toyota ou Honda com metralhadoras antiaéreas montadas nas carrocerias. O "modelo" mostrou tanta eficiência e praticidade que é, hoje, usado por várias facções de combatentes, incluindo a organização terrorista Daesh (autodenominada Estado Islâmico).
O Clio dos terroristas de Paris/Reprodução

Nos recentes atentados promovidos por terroristas islâmicos, em Paris, os atiradores usaram como transporte o Clio, um carro popular, comum nas ruas da cidade, e certamente não indicado para ser usado como veículo de fuga. Se bem que fuga não é prioridade para homens-bomba cujo desejo é encontrar mil virgens no paraíso mais próximo, onde, pelo que se sabe, não dá para ir de carro.