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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Europa pode ser epicentro de nova crise. Alguns países defendem combate à especulação e regulação do mercado. Tudo indica que Brasil da chapa Cunha-Temer irá na direção oposta, a do bundalelê financeiro

por Jean-Paul Lagarride
Há poucas semanas, o governo italiano transferiu dinheiro público para a especulação privada, alegadamente para salvar bancos que, se quebrassem,"'colocariam em risco o sistema financeiro". Esse suposto risco é usado como uma espécie de chantagem em períodos de crise de liquidez geralmente provocada pelos próprios bancos.  Aconteceu no Brasil, no embalo do neoliberalismo predatório dos tucanos no final do anos 1990. Aconteceu em 2008, na crise americana, na festa especulatória do criminoso subprime, dos derivativos e de outros mecanismos de espoliação que arrastaram o mundo e estão até comprometendo economias.

Tem crescido na Europa a tendência para, finalmente, regular o mercado financeiro. Sem isso, a crise não será superada. Pior, há sinais claros de uma próxima grande crise. Mercados voláteis - como esse que vive atualmente o Brasil com a ajuda e o impulso da conspiração golpista e com muitos grupos, inclusive corporações da mídia, ganhando muito dinheiro em "aplicações" -, e a depreciação de preços de commodities estão entre os gatilhos do caos.

Economista que previu 2008, o britânico George Magnus disse em entrevista que desenha-se um quadro muito semelhante às vésperas do desastre de oito anos atrás. Durante a conversa, o repórterassinalou que Magnus bateu três vezes na madeira ao pronunciar o agouro.

Do jeito que está, como mercado fazendo o que quer, as crises financeiras tornaram-se cíclicas, obedecendo a um padrão: 1987 (quando o índice  Dow Jones  caiu em quase 23% em um dia); em 1994 (quando o México era o "queridinho" do mercado financeiro internacional, que gerou uma "bolha", afundou a terra de Pacho Villa e provocou o "efeito tequila" que atingiu dezenas de países. Um efeito agravado porque, para conter prejuízos, bancos americanos fizeram lobby para o FED aumentar brutalmente os juros no Estados Unidos, o que atraiu capitais para o país, fragilizando outras economias); em 2001, estourou a "bolha" das empresas de alta tecnologia (os especuladores valorizaram artificialmente a cotação da corporações da internet, decidiram realizar os lucros em manada e derrubaram os preços); em 2008, a "bolha" do subprime.
Economistas afirmam que só não estourou outra grave crise, ainda, porque a de 2008 não acabou totalmente. Mas os sinais estão aí: há alguns meses, títulos do governo americano sofreram uma queda-relâmpago de 40 pontos, logo recuperados, mas o fenômeno foi visto como uma luz vermelha de advertência. Especula-se que a próxima crise envolverá títulos de dívida pública da Europa, atualmente inflados e procurados por mercados do mundo inteiro já que proporciona, na prática, empréstimos mais baratos.

Reprodução/O Globo
Enquanto analistas sérios lançam, lá fora, essas advertências - e a necessidade de regulação - , no Brasil, os sinais apontam para direção oposta, uma virtual associação com o mercado, que pode levar o país a disparar junto com a manada da especulação. A mídia aponta como provável ministro da Fazenda do governo da chapa do golpe, Cunha-Temer, o presidente da Federação dos Bancos (Febraban) Murilo Portugal. Portugal era, em 1998, representante do Brasil no FMI. Foi a época em que  o governo - que hoje é credor - caiu de quatro diante do Fundo.