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sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Do baú do Alberto: não se fazem mais cinemas como antigamente...

Acervo Alberto Carvalho

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Acervo Alberto Carvalho
por Alberto Carvalho
Dez, entre dez críticos de cinema, apontam o "Cidadão Kane", de Orson Welles, como um dos 10 melhores filme do século 20. Entre eles estão "Casablanca", "...E o Vento Levou", "Os Brutos Também Amam", "Ben-Hur" e outros com menos unanimidades. Esses filmes levaram milhares de expectadores às salas de projeção dos 1.500 cinemas espalhados pelo município do Rio de Janeiro. O cinema - dizia a propaganda - era "a melhor diversão". Hoje, não passam de 50, escondidos dentro de shoppings e galerias comerciais.  O surgimento da televisão contribuiu muito para o desaparecimento de cinemas que deveriam estar tombados pelo Patrimônio Cultural da Cidade. Para citar dois exemplos, entre muitos, o cine Azteca, na rua do Catete, e o Palácio, na rua do Passeio, eram verdadeiras obra prima da arquitetura e decoração. O Azteca chamava à atenção pelas suas colunas e esculturas pré-colombianas disposta em sua entrada. O Palácio lembrava o Palácio de Versailles, de Paris, com seus riquíssimos lustres de cristais, tapetes de veludo vermelho e obras de arte espalhadas pelas paredes dos corredores internos.  Os funcionários que recebiam os bilhetes usavam uniforme que se assemelhavam aos soldados da guarda de honra do Palácio de Buckingham, de Londres. O Palácio também foi o primeiro cinema a inaugurar a tela panorâmica - Cinemascope - no filme "O Manto Sagrado", com Richard Burton e o último a desaparecer entre os 15 cinemas que existiam naquele pequeno pedaço do centro da cidade que se chamava Cinelândia. Hoje, só resta o Odeon.
Cada cinema tinha a sua característica própria: o Plaza, na rua do Passeio, foi o primeiro a realizar sessões à partir das 10 horas da manhã e o primeiro a usar ar-condicionado; o Olinda, na Praça Saens Peña , na Tijuca, era o maior cinema da América do Sul. com  capacidade  para 1.800 pessoas; o  Ideal. na rua da Carioca, no centro, era uma espécie de cinema conversível. Seu teto se abria nas noites de verão dando a impressão de um drive-in; os da cadeia da Metro Goldwyn Mayer, principalmente o Metro Passeio, na Cinelândia, exigia o traje esporte-fino (paletó e gravata) e só permitia a entrada de pessoas acompanhadas. E todos tinham o seu lanterninha que conduzia o expectador à sua poltrona e o baleiro que vendia doces, balas, e chicletes durante a projeção dos filmes.
O mais interessante, ficava por conta  dos programas que eram distribuídos na entrada.  Eles continham a ficha técnica do filme que estava sendo exibido, sinopse dos filmes programados para as semanas seguintes e notícias dos bastidores de Hollywood. Continham também comerciais de produtos de consumo e de lojas comerciais. Quem não lembra do sabonete Lifebuoy, Brylcreem para os cabelos, a loja Ducal e O Rei da Voz?   E a casa Huddersfield - "difícil de pronunciar, mas fácil de achar"? - dizia o seu slogan.
Muitos desses programas fazem parte das minha coleção, que guardo desde os anos 50. Nesta viagem nostálgica, reproduzo, aqui, alguns exemplares do tempo em que cinema de rua era programa de domingo e de todos os dias..