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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Memória da publicidade - Há 70 anos, marcas famosas que "prestaram serviço militar" se preparavam para ganhar mercado no pós-guerra... Veja nos reclames das revistas


por José Esmeraldo Gonçalves
A publicidade conta o cotidiano. É fonte importante de pesquisa dos hábitos de consumo de cada época. Os anúncios - ou "reclames" como eram chamados - reproduzidos abaixo foram publicados ao longo de 1944. Nas décadas seguintes, a publicidade se tornaria obviamente muito mais reveladora do comportamento e das preferências de milhões de brasileiros. Mas há 70 anos as revistas, como vitrines gráficas, mostravam que aqueles produtos em busca de consumidores já contavam alguma história. O Brasil acumulara divisas durante a guerra e estava prontinho para gastar. E os consumidores ávidos por novidades nem precisariam ir a Miami. As "lojas de departamento", os shoppings de então, como Mappin e Mesbla, esta instalada no seu célebre e suntuoso edifício do Passeio, no Rio, inaugurado em 1934, preparavam os estoques. Além disso, muitas marcas americanas estavam abrindo filiais brasileiras.  Ponto de venda não ia faltar. A Sears, por exemplo, chegaria em 1949. 
Um detalhe curioso: a guerra e principalmente o "porvir", como alguns anúncios citavam, estavam presentes na linguagem peculiar que oferecia um futuro consumista retumbante. Os textos prometiam que, quando a paz viesse, máquinas e equipamentos desenvolvidos para uso militar revolucionariam o cotidiano. Nada seria como antes. Financiamento não era problema. O cartão de crédito só chegaria ao Brasil no começo dos anos 50, o povão ainda não tinha inventado o cheque pré-datado, mas havia o carnet-crediário para não deixar ninguém desamparado na frente da vitrine.
Ainda chamado de "Constelação", o avião de transporte militar da Lockheed, se transformaria, após a guerra...

em um luxuoso avião de passageiros. Como "Constelation", foi sucesso até os anos 50, quando os primeiros jatos passaram a dominar os vôos transcontinentais. 
"Depois da guerra", a Smith-Corona portátil, uma inovação em vários modelos.
Melhoral, um grande anunciante no rádio desde os anos 30,  invadia o mercado com a ajuda dos balangandãs de Carmem Miranda. A indústria farmacêutica se engajou na guerra para criar analgésicos de efeito mais rápido, medicamentos que aceleravam a cicatrização, penincilina etc. Com o fim do conflito se aproximando havia um grande mercado civil a conquistar.

A Kodak Medalist acabava de ser criada para uso civil quando estourou a guerra. Toda a produção passou a ser comprada pelas forças armadas. Era eficiente, melhor para operar do que as máquinas do tipo "caixão" e sobretudo prática para uso de amadores. O anúncio da Kodak prometia que a câmera voltaria ao uso civil.
A fábrica dizia que "soldados e marinheiros de todas as frentes de batalha se habituaram a confiar nos Rádios Zenith". A comunicação de massa estava se impondo e certamente muitos dos programas da era de ouro da Rádio Nacional, por exemplo, foram sintonizados nas ondas médias e curtas de um Zenith.   

Coca-Cola era o "convite universal", já queria ser uma espécie de refrigerante da globalização, palavra que não existia mas a ideia era essa.

Novos tempos, nada de sabão de côco para fazer a barba. Para o novo homem brasileiro era hora do Williams. A fábrica já desenvolvia novos produtos embora ainda ocupada em produzir bálsamos para a pele dos soldados em luta nas selvas do Pacífico Sul.
A Indian era uma motocicleta lendária nos Estados Unidos. Tinha adeptos tão fanáticos quanto os admiradores da Harley Davidson. Toda a produção ia para os campos de batalha. Um ano antes da guerra acabar, o anúncio lembrava que logo estariam de volta, ainda mais aperfeiçoadas.

A sofisticação em forma de caneta. A Parker mostrava sua linha.
Bausch & Lomb, que produziu equipamentos óticos para bombardeiros e submarinos, queria mostrar que também podia ser fina e elegante para as mulheres.
Se você reclama dos aviões lotado, atualmente, no Brasil, saiba que o apelo para o "transporte alado" já estava presente nos anúncios de 1944. 

Finalmente, se você não tivesse dinheiro na mão para comprar tantos produtos que estavam chegando, sem problemas... o cartão de crédito não existia ainda no Brasil, mas compra a prestação, carnê e caderneta de anotação de crédito estavam aí mesmo para sustentar o consumismo que despontava. Bastava ser um "rapaz direito" como pregava o anúncio acima, de 1940.