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domingo, 11 de dezembro de 2022

Vídeomemória - "Bar Academia", Rede Manchete - Gonzagão segundo o jornalista Renato Sérgio





Bar Academia", da Rede Manchete, marcou uma época. Foi lançado em 1983, exibido até 1985 e reprisado em várias ocasiões. Era um musical sempre com um grande nome da MBP intercalado com textos a cargo do jornalista Renato Sérgio. O programa era dirigido por Maurício Sherman e apresentado por Walmor Chagas. Foram dezenas de edições. 

Não há informação sobre o destino das fitas do "Bar Academia", uma importante memória cultural do país. 

Como em uma autêntica academia, cada participante homenageava um patrono (Noel Rosa, Heitor dos Prazeres, Vinicius de Moraes etc) que tivesse influenciado sua carreira e convidava outro músico para dividir o palco (na verdade, o cenário era o de um típico botequim carioca)

Quanto a Renato Sérgio, que também trabalhou nas revistas Manchete, Fatos e Fotos e EleEla, onde fez muitas entrevistas com personalidades de todas as áreas, faleceu há 10 anos, em 2012. Quatro anos antes, em novembro de 2008, participou da coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou", onde contou parte da sua longa trajetória no jornaslismo cultural. 

Os jornalistas Sergio Cabral, Geraldinho Carneiro e Renato Sérgio entrevistam Gonzagão. 

Alguns episódios do Bar Academia podem ser encontrado no You Tube, muitos em condições técnicas sofríveis, mas vale conferir alguns. 
Abaixo, links para vídeos do "Bar Academia" com Gonzaguinha, em 1984,  e de um programa que fazia parte do projeto "Histórias do Gonzação", provavelmente dos anos 1970, do qual Renato Sérgio e Tarik de Souza participaram.   

BAR ACADEMIA COM GONZAGÃO

https://www.youtube.com/watch?v=kO2YbyTlgUo

HISTÓRIAS DO GONZAGÃO (sobre Lampião)

https://www.facebook.com/LuizGonzagaRei/videos/566583024306888/?extid=NS-UNK-UNK-UNK-AN_GK0T-GK1C&mibextid=2Rb1fB



sábado, 14 de maio de 2022

Carlinhos (de) Oliveira, na aparente simplicidade...

Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História) 

Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.

Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.

Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).

É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.   

Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.

A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.

Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

Por valorizar ainda mais a foto, louve-se o trabalho da redação, que a Fatos & Fotos produzia edições gráficas altamente criativas (por exemplo, outra de que gosto muito, o uso de três fotos de Chico Anysio, em show no Canecão, que dá movimento quase cinematográfico à página impressa). 

Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.

O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.

terça-feira, 5 de abril de 2022

Memórias da redação - O trio elétrico da Manchete • Por Roberto Muggiati

FUNDO INFINITO • Renato Sérgio, João Luiz de Albuquerque e Roberto Muggiati. No 2º Free Jazz Festival, em 1986, Manchete montou, no Hotel Nacional, um estúdio para fotografar em alto estilo os músicos participantes, destaques para Gerry Mulligan, Wynton Marsalis, Stanley Jordan e The Manhattan Transfer. O “Trio Elétrico” pegou carona...

Foto: Lena Muggiati


Dava prestígio trabalhar na maior revista ilustrada do país. Já salário era outra história. À falta de uma política salarial na empresa, cada jornalista tinha de lutar pelo seu num indigesto corpo-a-corpo com o dono da empresa, Adolpho Bloch. A maioria não tinha sequer acesso ao capo. Como Adolpho mandava também no conteúdo editorial das revistas, não havia na Bloch aquelas disputas de facções – as famigeradas “!panelinhas” – que ocorriam nas revistas da Abril ou nas redações de O Globo e do Jornal do Brasil. Eu não me dava conta então, foram precisos 35 anos até a falência em 2000, e a sequência do novo milênio, para chegar à percepção cristalina do quanto eu fui rico na Manchete. Rico em amizades. O ano e meio que passei na Veja em São Paulo me fez ver como a Manchete era um espaço democrático. Na redação no oitavo andar do prédio na Marginal do Tietê, eu ocupava um pequeno escritório fechado com vista para o rio lamacento, totalmente apartado da minha equipe de seis subeditores e doze repórteres, que se comprimiam nas “baias” – cubículos separados por divisórias de Eucatex de dois metros de altura. Já a redação da Manchete, também no oitavo andar, era aquele salão aberto com a fachada de vidro voltada para a entrada da baía de Guanabara, com o Pão de Açúcar de sentinela à direita, o azul do céu e do mar – como escreveu nosso repórter-letrista, “é sol, é sal, é sul.”  A redação ocupava 80% da metade fronteira do andar, entre os escritórios do Adolpho e do Jaquito em cada extremidade, separados de nós apenas por uma divisória de vidro. 

Todo mundo passava por aquele bordel. Os patrões vinham bisbilhotar nosso trabalho e dar palpites. Coleguinhas das revistas femininas vinham fofocar e jogar conversa fora. Uma delas, a simpática Laura Taves, sentou um dia na Ponte Aérea ao lado de um dos donos da Abril, meses depois se tornava a nova Sra. Roberto Civita. Como presente de casamento, ganhou a editora de temas feministas Rosa dos Tempos, com assessoria editorial de Rose Marie Muraro, que vivia na redação da Manchete em conchavos feministas com a Heloneida Studart. Justino Martins imperava na grande mesa de edição em L, sua sala de visitas. Recebia preferencialmente mulheres. As jovens amigas Lúcia Sweet e Fernand Bruni eram um colírio para os olhos. A baiana Raimunda Nonata do Sacramento, mais conhecida como Luana, nascida no Curuzu, em Salvador, primeira manequim negra brasileira, sucesso chez Paco Rabanne, Dior e Chanel, casou-se com o Conde de Noailles, uma das cepas mais nobres da aristocracia francesa. Regina Rosemburgo Lecléry visitou Justino na véspera do seu embarque para Paris no avião da Varig que se incendiou a poucos quilômetros do aeroporto de Orly em 1973. O cineasta Pierre Kast, o escritor Jean Genet e o “Clint Eastwood dos pobres”, Anthony Stephen, filho do Barão de Tefé,  também batiam o ponto na redação. Contei aqui outro dia do Nélson Rodrigues, que entrava saudando Adolpho como “o Cecil Bê De Maille (sic) do jornalismo!” Jô Soares, sem dizer palavra, pegava o Adolpho e saía valsando com ele pelo piso de tábuas corridas de madeira nobre. Um dia, Magalhães Jr. me apresentou a Agripino Grieco. Olhando para minha testa larga que já antecipava a calvície, o grande aforista disparou: “Que belo salão de baile para as ideias!” Vinha também, com uma assiduidade enervante, o Francisco Augusto Nascimento – que faturou milhões com o craque Grão de Bico nas pistas de turfe americanas – arrancar deste escriba um nome esperto para batizar um novo cavalo do seu haras em Itaipava. Depois de nomes literários como Jezebel, Iago, Rosencrantz e Suetônio, chutei um Cavalo de Crista. Não sei se o Chico percebeu a alusão à doença venérea; acabou chamando o potro de Capitão Jair, menção a um obscuro deputado iniciante. O pobre do animal jamais chegou entre os dez primeiros sequer.

Em 1975 assumi a direção editorial da Manchete no lugar do Justino. João Luiz de Albuquerque era meu chefe de reportagem, assistido pela dupla dinâmica João Resende e Suzana Tebet. Os Bloch inventaram uma reunião de pauta semanal com o pleno ampliado: a participação obrigatória dos editores de todas as revistas da casa. Cada qual tentando vender o seu peixe à custa da Manchete. O editor de Manchete Rural propunha matéria sobre uma nova vacina contra a febre aftosa, e por aí vai. João Luiz secretariava. Diplomaticamente, eu nunca rejeitava explicitamente uma sugestão: “Vamos ficar de olho.” João Luiz anotava. Eram tantas as sugestões que ficavam de olho que ele bolou um carimbo, aquele olho-lâmpada dramático que ocupa o ponto focal da tela de Picasso “Guernica”. Acabei adotando esse carimbo como meu ex-libris. “Fique de olho”, o lema perfeito para um jornalista. 

Em nossos telefonemas, João Luiz e eu adotamos espontaneamente um cacoete. Um se apresentava com o nome esdrúxulo de um músico de jazz. O outro respondia à altura, fonética e jazzisticamente.

– Olá Ike Quebec!

¬ – Tudo bem, Illinois Jacquet?  

[Bedroom tenors > saxofonistas de alcova] 

– E aí, John Robichaux? 

– Tudo em riba, Alphonse Picou.

[Músicos Creoles de Nova Orleãs.]

– Alô, Pony Poindexter!

– Beleza, Conte Candoli!

[Músicos da banda de Stan Kenton.]        

–  Como vai você, Phil Urso?

–  Levando, levando, meu caro Vido Musso.

[Saxofonistas tenores.]

Já com Renato Sérgio, nosso brilhante redator de assuntos culturais, a troca telefônica era minimalista. Mantínhamos uma espécie de shibboleth, uma senha binária, calcada no grito de guerra da Banda de Ipanema.

– Yolhesman!

– Crisbeles!

Ou, na contramão:

– Crisbeles!

– Yolhesman!

O lema da Banda de Ipanema não significava absolutamente nada, foi tirado por um de seus fundadores da pregação de um maluco que vendia bíblias na Central do Brasil. Na verdade, ficou sendo, naqueles tempos sombrios da ditadura militar (a Banda foi fundada em 1964 e saiu pela primeira vez no Carnaval de 1965), uma versão tropical do grito do anjo do Apocalipse.

Enjoado de tudo isso que anda por aí, Renato Sérgio nos deixou há dez anos – o velho e bom paulistano que, segundo José Esmeraldo Gonçalves tinha “um certo e saboroso jeito carioca de ver a vida”.

Depois de uma longa e tenebrosa pandemia, que ainda perdura – nós dois de máscara na livraria Argumento no lançamento do livro de Márcio Pinheiro sobre o Pasquim – reencontrei o João Luiz, protegido por suas guarda-costas de estima, as filhas Gabriela e Cristina. Trocamos mil e uma figurinhas dos tempos da Bloch e ele me contou histórias incríveis dos passeios com Adolpho Bloch no seu bugre. “E eu quero andar na sua baratinha,” disse Adolpho ao ver o buggy do João Luiz diante do prédio do Russell. Mas isso quem pode contar com a devida galhardia é só o próprio João Luiz. Vamos lá, ao teclado, Ferdinand Joseph La Menthe!...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Fotomemória da redação: "reunião de pauta" no Arab da Lagoa

A coletânea "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" nasceu em mesa de bar. Da esq. para a dir., alguns dos autores: Jussara Razzé, José Rodolpho Câmara, Renato Sérgio, Maria Alice Mariano, José Esmeraldo Gonçalves, João Américo Barros e Roberto Muggiati.

Uma foto, um tempo, 15 anos atrás. A ideia de fazer um livro sobre a vivência de cada um no mundo indecifrável da Manchete surgiu em um bar, o do Hotel Novo Mundo. A coletânea "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" talvez tenha sido a única do gênero que ganhou corpo e alma em muitas "reuniões de pauta" quase festivas. Novo Mundo, Degrau, Barril 1500... A foto acima, de 2006, no Arab, da Lagoa, mostra alguns dos autores. Por incrível que pareça, o livro não ficou só em "conversa de bar". Saiu das mesas para a editora, a Desiderata, e foi lançado em 2008. 

domingo, 7 de julho de 2019

Fotomemória: nesta foto histórica da Bossa Nova está faltando ele...

Beco das Garrafas, 1969: a Bossa Nova comemora 10 anos e Manchete reúne compositores, cantores e instrumentistas.
Foto de Gil Pinheiro 


Manchete publicou essa foto em 1969. Foi feita por Gil Pinheiro. A Bossa Nova comemorava 10 anos e a revista reuniu cantores, compositores e instrumentistas que faziam o Brasil e o mundo cantar.

Neste 2019, completam-se 60 anos de uma data marcante da cultura brasileira, que, quis o destino,  coincide com a partida de João Gilberto, sua pedra fundamental.

O texto de abertura da matéria (de Renato Sérgio e João Luiz Albuquerque) vaticinava a força histórica daquela imagem.

"Esta foto será preciosa no futuro. Ela mostra vários dos principais responsáveis pela mais importante revolução já feita na música popular brasileira - a criação, a consolidação e o desenvolvimento da Bossa Nova. Ao completar 10 anos de vida, já alcançou uma rápida maturidade, abriu o mercado internacional aos artistas brasileiros e deu origem a outros movimentos jovens. Três gerações reuniram-se no Beco das Garrafas, em Copacabana, e relembraram os tempos em que ali e na casa de Nara Leão,a madrugada carioca começou a ouvir a batida diferente do violão de João Gilberto, a música gostosa de Antônio Carlos Jobim e os versos claros de Vinícius de Moraes - a gênese da Bossa Nova". 

Os três últimos estão na matéria, mas não aparecem na foto antológica - era uma época em que os compromissos internacionais eram intensos. A reunião do exército da BN também valorizava os instrumentistas, menos conhecidos do grande público, mas essenciais ao movimento musical.

A legenda da foto que a Manchete publicou em página dupla registra as presenças: Elis Regina, Menescal, Marcos e Paulo Sérgio Vale, Tito Madi, Chico Feitosa, Luizinho Eça, Luís Carlos Vinhas, Candinho, Mário Castro Neves, Dóris monteiro, Durval Ferreira, Luís Freire, Miéle & Bôscoli, Mário Telles, Giovanni, Egberto Gismonti, Dori Caymmi, Antonio Adolfo, Tibério Gaspar, Edson Machado, Maciel do Trombone, Roberto Nascimento, Maurício Einhorn e Armando Pittigliani, este o produtor musical que era um descobridor de talentos.


sábado, 14 de abril de 2018

Chico Anysio, a graça do dia - por Guina Ramos

Chico Anysio, 1978. Foto de Guina Araújo Ramos
Chico Anysio no Canecão. Fatos & Fotos, Agosto de 1978. Fotos de Guina Araújo Ramos


por Guina Ramos (para o blog Bonecos e Pretinhas)

De repente, falam no Vídeo Show que 12 de Abril é o Dia do Humorista. Fui dar uma olhada na Internet e conferi: realmente, a data é oficial.

O engraçado foi encontrar dezenas de sites que repetiam o mesmo texto, sobre comediantes e humorismo, mas aos poucos vi que a coisa era séria: o Dia do Humorista é uma homenagem a Chico Anysio (e, não por acaso, marca o seu aniversário).

Durante a comoção internacional pelo ataque terrorista à revista francesa Charlie Hebdo, em Janeiro de 2015, a ex-presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei, proposta, em 2008, pelo deputado José Airton Cirilo (PT-CE), que instituía o dia 12 de abril como o Dia do Humorista. A data já se tornara oficial no Estado do Ceará desde julho de 2003, passando então o Dia do Nacional do Humorista a ser comemorado, a partir de 2015, em todo o Brasil.

Chico Anysio nasceu em 1931 e faleceu em 23 de março de 2012. Criou mais de 200 personagens diferentes, que se apresentavam nas mais diversas situações. Entre os personagens clássicos estão o Professor Raimundo, Bento Carneiro, o vampiro brasileiro e o repórter Alberto Roberto. Chico é referência no humor, não só pelo talento de criar tantos personagens, mas por escrever os próprios roteiros durante os 40 anos em que trabalhou na televisão brasileira.

Fotografei Chico Anysio dezenas, quiçá centenas de vezes, em produções de filmes, em palcos de teatro, em shows individuais, mas, na grande maioria das vezes, nos estúdios de TV, gravando os programas que apresentava na TV Globo. À época, antes da construção do Projac, que centralizou os estúdios, essas fotos aconteciam, conforme a época, na própria sede da Globo, no Jardim Botânico, ou nos estúdios Herbert Richers, na Usina, ou mais frequentemente nos estúdios da Cinédia, na Taquara, em Jacarepaguá.

Das poucas fotos que me restaram, esta foto (no alto) me parece a mais interessante, e pelo simples detalhe de que Chico Anysio está quase sério...

E gosto especialmente desta edição da revista Fatos & Fotos (# 888, Agosto de 1978), de uma série de entrevistas feitas por Renato Sérgio, em que, por artes do pessoal da Bloch e numa improvisada colagem de recortes, Chico Anysio, como ele muito bem sabia fazer, mais uma vez se multiplica!

Fonte: Guina Araújo Ramos trabalhou na Manchete e na Fatos & Fotos, é autor dos livros "O Jogo do Resta um", "Personagem Cabal", "A Outra Face das Fotos", "2112... é o fim", "Rio Só de Amores" e (O dos) Bonecos e (a das) Pretinhas", mantém a editora Guina Edita e o blog Bonecos e Pretinhas que você pode conhecer AQUI 

quarta-feira, 18 de março de 2015

Elis Regina, 70 anos, ontem. Relembre a cantora neste texto de Renato Sérgio: "A última vez que vi Elis"

POR RENATO SÉRGIO 
(do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" - Desiderata)

Foto: Reprodução Fatos & Fotos
-“Olha só, Renato, como a minha linha da vida é longa”!
Graças à MANCHETE, eu estava revendo Elis, um ano, cinco meses e sete dias antes daquela triste manhã de 19 de janeiro de 1982, quando ela pediu a nota, mandou fechar a conta e partiu para o outro lado do mistério.
A gente não se esbarrava por aí há 17 anos. Um vacilo mútuo, de parte a parte, por conta de equívocos gerados por um desentendimento profissional e artístico ocorrido em agosto de 1964, quando aconteceu o primeiro show noturno, profissional, da vida dela, num barzinho chamado Bottles, no histórico Beco das Garrafas, berço esplêndido da bossa-nova, numa ruela da Rua Duvivier, em Copacabana.
(Eu era o autor do roteiro e um dos dois produtores-diretores da encenação, embora conste, até em livros, que foram Miele e Bôscoli. Não foram.  Eles fizeram o segundo, não o primeiro, no vizinho Little Club).
Nunca mais nos falamos, nunca mais tinha nem sequer visto Elis. Pois, tanto tempo depois, já estrelíssima, naquele apartamento alugado com móveis e utensílios na Rua Francisco Otaviano, Posto Seis de Copacabana, pousada improvisada durante a temporada do show ‘Saudades do Brasil’ no Canecão, ela reatava nosso papo com toda tranqüilidade, como se não tivesse havido nada além do que um pequeno malentendido que já havia ficado pra trás, na poeira do caminho. E, meio indecifravelmente para quem iria morrer da forma que morreu, dizia-se “uma pessoa que adorava viver”. Foi a última vez que vi e ouvi Elis. Confessando acreditar em todas as coisas naturais e garantindo que a quiromancia sempre foi uma coisa natural. Espalmava a mão, apontava com o dedo indicador da outra e chamava minha atenção:
-“Olha só, Renato, como a minha linha da vida é longa”!
As linhas da mão dela eram umas ignorantes, não sabiam de nada, Elis não chegou nem à pressentida esclerose aos 56, parou nos 36.  Personificação de uma contradição,.pouco depois ela virava as costas e ia embora sem nem dizer adeus. Dos quatro coveiros que fizeram o enterro, Domingos José da Silva, 31 anos, salário-mínimo, nunca teve um disco dela. Quando desceu o esquife ao túmulo número 2.199 da quadra 7 do setor 5 do cemitério do Morumbi, em São Paulo, ele apenas sepultava mais um corpo. Mas calava um canto. E botava um ponto final na carreira turbulenta, porém marcante, de um dos maiores mitos da música popular brasileira.
Era o inesperado fim de um furacão desfeito em pó.
Estava encerrada uma dura caminhada que começou quando ela chegou ao Rio, cantora ainda meio amadora, os aplausos como pagamento, com uma carta de apresentação do PTB gaúcho na mão, pleiteando emprego na Cibrazem. Entre essa carta e o atestado de óbito, uma guerra nada santa, cantando como uma diva, batalhando como um dragão. Deusa e diaba na terra do som. Ficou a voz, em algumas (poucas) gravações. A fala, os ventos levaram.
-“Não preciso de muletas, tenho prazer em me danar e me recompor sozinha”!
 Precisava, sim. Tanto que uma delas a derrotou.
Ela não me parecia a mesma que eu conhecia, naquela horinha meio indefinida em que a tarde começa a  entrelaçar-se  com  a  noite.  João Marcelo em  cambalhotas no sofá da sala ensolarada, o menino Pedro em um braço, a pequena Maria Rita, (de óculos redondos, enormes, para estrabismo), reclamando de qualquer coisa no corredor.  E Elis, impaciente:
- “Ritáaa ... páaara de gritar ... mas que saaaaco!”
Naquele autêntico quadro de família, uma típica dona-de-casa comum, de classe média, em seu cotidiano. Nada a ver com o que se esperava de uma das maiores cantoras populares que este país já teve. Elis tinha razão, quando dizia:
-“É bem mais provável me encontrarem na frente do fogão fazendo a comida dos meus filhos, do que recostada numa ‘chaise-longue’ fazendo caras e bocas de Barbra Streissand em ‘A star is born’ ...”
Nossa longa conversa seria publicada na MANCHETE daquela semana:
“Sei lá, aconteceu tanta coisa em função dessa conquista toda, tanta coisa boa e tanta coisa ruim ao mesmo tempo! E eu tinha uma tremenda insegurança. Agora menos, tanto que já não tenho mais problema de admitir -e de dizer- que a coisa mais importante pra mim é a minha casa. Às vezes você fica com vergonha de assumir uma porção de verdades que, no entanto, têm tudo a ver com nossas vísceras mesmo. Certos tipos de valores que foram importantes pra gente e hoje em dia andam esquecidos. Porque a selvageria está solta, então a competição nos obriga a sermos os melhores e a gente perde muita coisa, mesmo que ganhe essa briga. (...) Comecei a trabalhar com 14 anos de idade, por isso perdi, por exemplo, reunião-dançante. Então, eu já tinha 16 anos e fui correndo comprar uma boneca, quando recebi o primeiro dinheiro, do primeiro disco, ‘Viva a Brotolândia’. Era um boneco grandão chamado Paulinho, de mais de um metro de altura, que dormia comigo toda noite, na cama. Começar cedo a luta tinha me arrancado dos brinquedos. Eu ainda era criança, mas tinha de ser adulta. (...) Só que não tive um avô plantador de azeitonas e uma avó pastora de ovelhas, por parte de mãe, nem dois avós índios, por parte de pai, à toa. E passei minha infância e pré-adolescência morando na periferia de Porto Alegre, onde havia muito verde e tinha cavalo pastando em frente de casa. Eu não me ligo nesse negócio de mar, não, meu referencial é outro, lagoa, rio, mato. Tenho muito a ver com verde, muito mesmo, demais, então quando dizem que eu me escondi na Serra da Cantareira, respondo que estou é me encontrando. Não estou fugindo de ninguém, nem de nada, estou é buscando a mim mesma. Porque, de repente, tive cortados meus primeiros 20 anos de vida sem o ‘degradée’ do desligamento daquilo para uma vida mais urbana e perdi o prumo buscando coisas que não eram tão importantes assim. (...) Por exemplo, cantar é importante, mas implica numa série de situações paralelas que não têm nada a ver com nada!. (...) O importante é estar bem na jogada, tirar o máximo de você mesmo, mas sem que isso tenha que necessariamente nos obrigar a lidar com o paetê, a lantejoula e a tietagem. Melhor é ir deixando o supérfluo na beira da estrada, dali pra diante é só simplificar tudo, sempre. (...) E tem mais: em cena, a gente não canta a mesma coisa exatamente igual, todos os dias, não. Tem o clima geral, eu, os músicos, a platéia, o que aconteceu com cada um de nós, e até o que deixou de acontecer, tem a rapaziada ao redor, os circundantes e os circunstantes, tem tudo que faz  com  que  a  coisa  em  si  se  diversifique.
Do contrário, não haveria quem agüentasse. Tem dia que você faz bem, tem dia que você faz melhor, tem dia que você faz maravilhosamente, e tem dia que você quer se matar de ódio por ter feito uma bela porcaria. Quem está sentadão lá na frente acha  que toda noite é a mesma coisa, sempre. E não é. Nada é tão mecânico quanto parece ser ...”          
(O relógio de parede bate oito horas).  
“Ihhhh, o papo tá bom, mas daqui a pouco tenho de estar no Canecão ... (bocejando) ... tem dias que eu gostaria de ficar em casa, sossegada, emburrecendo diante da televisão ... (risadinha) ... eu não consigo ver mais do que 10 minutos, ficam aquelas figurinhas passando, meu olho vai amolecendo, amolecendo e fim de papo, já estou nos braços do nosso amigo Morfeu. Televisão é ótima, pra dormir! Mas, ligo a máquina de fazer doido no camarim, pra ouvir o som da novela. É que sou do tempo do rádio, tevê só pintou em minha vida quando eu tinha 16 ou 17 anos, os hábitos já estavam consolidados, tricô, crochê ... (irônica) ... trata-se de uma pessoa antiga, sou moça prendada, faço tapetinho de retalho, planto chuchu ...”

Em cada frase uma lição
Se a voz de Elis transmitiu tudo (ou quase tudo) que podia (e deu tempo) de cantar e de repente se calou numa overdose etílico-alcalóide, nada mais a fazer senão recortar pedaços de tanta coisa maravilhosa que ela disse, pipocando, aqui e ali. Em cada frase, acima de tudo, uma lição. 
(Psiu ... silêncio ... Elis vai falar. Ouça).
“As coisas andam tão esquisitas hoje em dia que a gente fica ressabiada de dizer que gosta das pessoas, então inventamos desculpas, compromissos,   só que de repente a gente se toca que não há mais nada a ser feito e que é tarde paca.” * “Tem lances desvirtuados do ser humano que realmente me assustam. Não entendo e talvez morra sem entender as pessoas.” * “O que me abriu os olhos foi o lance do Vinícius. O sorriso dele, morto, me deu a sensação de alguém que estava plenamente satisfeito, porque havia feito tudo o que podia, tinha vontade e capacidade de fazer. E eu daqui a pouco tenho um infarto e danço desta vida sem fazer nada do que gostaria de ter feito!” * “Quando comecei a me gostar, tudo começou a dar certo”  * “Alguma alegria é fundamental. É preciso pelo menos conservar o bom humor, senão a gente se flagra comprando um 22 e dando um teco na cabeça.” * “Os seres criativos são solitários, mesmo se rodeados pelo resto da Humanidade.” * “Tenho pânico de solidão, tanto que já estou aprendendo a jogar paciência comigo mesma” * “Olha, ninguém é imutável, tá? Também faço minhas besteiras, sim. É que, aos 36 anos, de vez em quando me sinto como duas de 18.” * “Estou mais cínica. E perder a ingenuidade é muito ruim. Ainda bem que na hora em que abro a boca fica tudo diferente.” * “Eu sou músico, com letra ‘o’. E não aceito discriminação: meu instrumento é a voz aliada à palavra.” * “Cantar é sacerdócio. Nem ter filho é mais importante do que cantar.” * “Medo? Só de câncer, de avião, de diabetes e de morrer afogada.” * “A gente chega a um ponto da carreira que tem de tomar muito cuidado com o que faz. E com o que diz.” * “Sou mais petulante e impertinente do que eles todos.” * “Por que exigem de mim tanta coisa? Sou boa cantora e  ainda  tenho  de  ser  bem-educada,  pô?”  *  “Estava completamente desequipada para a  vida  e  levei  o  maior  susto.  Não  sabia  que  tinha  tanta sujeira por baixo dos panos, então me  veio  uma  espécie  de  amargura, de ceticismo.” * “Prefiro jogar no ataque, baixinha e folgada. Já se foi o  tempo  em que era escoteira, sempre alerta. Melhor ser Macunaíma.” * “Quero ver o circo pegar fogo, eu de lira na mão, morrendo de dar  risada.  Num  sistema  desses, cheio de contradições, eu é que vou pagar o pato? Só porque Freud achou eu também tenho de achar? Aqui, ó!” * “Não dá pra ficar acomodada, contesto todos os valores que me foram impostos. E não estou aqui pra semear ventos, prefiro que os outros colham tempestades.” * “Já transei análise, mas não quero mais mexer nessas feridas. Não tenho nem estrutura, nem saco. E, depois, quem procura a análise nega a proposta da vida em grupo.”  * “Difícil é descasar, porque, além de tudo, a Justiça é machista.” * “Se seguisse o rumo natural da minha vida, eu seria uma operária têxtil, mas carrego uma anomalia, a de ser boa cantora numa terra em que poucos cantam bem.” * “Pode escrever aí: Elis Regina é uma mulher atenta.“ * “Desde a velha Rádio Nacional que somos um ‘bye-bye Brazil’ sem fim, na base da ‘caravana rolidêi’. Minha idéia era sair num ‘trailer’ por aí, antes que tudo vire Estados Unidos.” * “Sou apenas o meu tipo inesquecível. Apesar de que às vezes me ache uma bela porcaria!” * “Como alguém com um metro e 55 de altura pode se achar bonita? Eu apenas me esforço!” * “Minha cara não está mais quadrada, tipo cara de cavalo. Depois que tive a Maria Rita meus traços deram uma arredondada. Deve ser o equilíbrio da energia.” * “Há cinco anos só uso homeopatia, alimentação natural e acupuntura.” * “Rita Lee é a pessoa mais parecida comigo que eu já encontrei. Mas quem mexeu com as minhas entranhas, balançou meu coreto, foi Caetano.” * “Não consigo mais passar despercebida na multidão e isso é um peso.” * “Aprendi que na ponta da faca não se consegue nada. Tem mais é que ser malandro, chiando o menos possível.” * “As pessoas jamais perdoaram meu sucesso.” * “Não tenho de pedir desculpas. Simplesmente fui passando por certos troços e ficando diferente. Mas não é porque sou notícia que o pessoal pode empastelar minha vida.” * “Não pisem no meu calo, que eu saio dando patada! Sou guerreira, pego metralhadora pra sair atrás de quem me enche a paciência.” * “Isso que está aí não aceito. Não faço parte dessa roda” * “A gente era pobre mas achava muito mais graça na vida” * “Não perdi a esperança, mas tenho certeza de que não vou mudar o mundo. Muita gente mais importante do que eu, uma simples cantora popular, já tentou e não conseguiu.” * “Continuo rindo igual, é verdade, só que mais de vez em quando.” * “A vida não pode ser só isso aqui, senão não teria o menor sentido. Isto é apenas uma passagem. Mas, de qualquer forma, é triste as pessoas só saberem que a gente gosta delas depois que elas se foram.” * “Vou deixar testamento, não sei é se vão respeitar.” * “E através dos meus discos é que vão me julgar. Eles são o meu maior legado para a posteridade.” * “No mais, bicho, o que não dá pra explicar é que dizem que sou a maior cantora, mas quem vende disco é a bunda da Gretchen ...”

ATUALIZAÇÃO EM 20/3/2015

* Chega às livrarias uma nova biografia de Elis Regina. O autor, Julio Maria, entrevistou 130 pessoas, durante quatro anos, para narrar a vida da cantora desde a infância pobre em Porto Alegre até o fim trágico, aos 38 anos. "Elis Regina - Nada Será Como Antes" (Master Books) cita, em vários trechos, os caminhos cruzados de Elis com Renato Sérgio, ex-redator da Manchete, autor do texto principal deste post. 

sábado, 3 de agosto de 2013

Botafogo, silêncio, lembranças (de Arnaldo Bloch)...

De Arnaldo Bloch (transcrito de O Globo)
O som do mal
Não há estatísticas para o peso que os ruídos fora de controle têm na trilha de uma angústia que termine com o evento do suicídio. Faz dois anos. Voltava, extremamente triste, da tumba recém-lacrada do querido Renato Sérgio, repórter e cronista da geração de ouro de Carlinhos de Oliveira, equilibrando-me entre vértices de túmulos apertados pelas vielas do São João Batista quando, numa clareira, encontrei o jornalista, escritor e jazzófilo Roberto Muggiati parado, olhando na direção da enseada de Botafogo.
— O que você faz aí, Muggiati? Se perdeu? Ou está querendo ficar de vez?
Sem dar importância à minha provocação (se é que a ouvira), Mug, como é conhecido pelos amigos, segurou meu braço.
— Escuta — disse.
— Escuta o quê?
— O silêncio.
Fiz menção de responder mas ele apertou meu pulso com mais força ainda.
Calei, em respeito a tamanha solenidade, e só então me dei conta do fenômeno: o silêncio que vinha da cidade era incomum.
Os muros, os féretros, a terra, o mármore e os mortos funcionavam como eficaz sistema de isolamento acústico para a massa sonora que assolava o Rio naquele dia de semana.
Ficamos ali, imersos, por longos minutos, numa espécie de oração cívica. Aguardei que Muggiati retomasse a palavra.
— Hoje este cemitério é um dos raros lugares da cidade de onde podemos, ao mesmo tempo, contemplar a paisagem urbana e curtir o silêncio. É um privilégio.
Despedimo-nos pouco depois, e, desde então, não encontrei mais o Muggiati, que, espero, esteja em boa saúde, já que eu, como diz o ditado, não ando me sentindo muito bem. Um dos principais motivos de meu desconforto tem muito a ver com aquela conversa ao pé da tumba: os ruídos da cidade andam me fazendo um terrível mal ao corpo e ao espírito. Todas as metrópoles do mundo provavelmente estão sofrendo dessa espécie de saturação sonora, mas o Rio de Janeiro deve estar bem à frente em mais um desses rankings negativos: não à toa, o barulho desumano é uma das maiores queixas entre os turistas que vêm atualmente à cidade tão cantada, encantada e decantada, a começar pelos versos de André Filho, autor do hino informal sobre suas maravilhas. (...)

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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Livro de Renato Sérgio celebra a "Audácia Inovadora" de Bráulio Pedroso

Renato Sérgio, Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho, na Blooks Livraria, em Botafogo. Foto: Jussara Razzé
Renato, Rogério Fróes e Ary Coslov. Foto: Jussara Razzé
Foi concorrida a noite de autógrafos do jornalista e escritor Renato Sérgio, ontem, na Blooks Livraria, no Arteplex Unibanco, em Botafogo. Era o lançamento de "Bráulio Pedroso - Audácia Inovadora". Além da minuciosa pesquisa sobre a vida e obra do dramaturgo, o livro tem um plus especialíssimo: Bráulio e Renato foram amigos de infância e adolescência em São Paulo. Entre atores que conviveram com o biografado, lá estavam Mauro Mendonça, Rogério Fróes, Ary Coslov, Edney Giovenazzi e Rosamaria Murtinho. Na mesma noite, outro grande nome do teatro foi homenageado: o escritor Antonio Gilberto autografava o livro "Ziembinski - Mestre do Palco". As duas obras fazem parte da Coleção Aplauso, da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Renato Sérgio lança livro sobre o amigo Bráulio Pedroso

Uma das fotos do livro. Em São Paulo dos anos 1940, os amigos Renato Sérgio, Geraldo Carlos, Bráulio (camisa branca e gravata), Alberto (irmão de Bráulio, agachado), Mause (cunhada) e Junior (sobrinho). Escreve Renato: "Bastava-nos a leveza de viver quase sem problemas, à base de bolinhas de gude, biclicletas Peugeot, Gumex ou Glostora nos cabelos, entre inocentes bailinhos sem DJs, em casa de um e de outro". Foto: Reprodução do livro  "Bráulio Pedroso - Audácia Inovadora", de Renato Sérgio, editora Imprensa Oficial, São Paulo.
por Gonça
Renato Sérgio.
Foto:Reprodução
"São Paulo, metade dos anos 1940. Em meio à calmaria da época, o dia parecia ter mais de 24 horas. A cidade girava em 75 rotações e o bairro das Perdizes era nosso paraíso particular." São as primeiras linhas da Introdução do livro "Bráulio Pedroso - Audácia Inovadora", escrito por Renato Sérgio para a Coleção Aplauso Perfil (Imprensa Oficial). O "paraíso particular" ao qual o autor se refere era o território livre da adolescência que ele dividia com o amigo Bráulio. Ali começou a ser escrito esse livro. "Enquanto isso, lá no alto, na bucólica Rua Caiubi ainda sem nenhum espigão a arranhar-lhe o céu, um casarão funcionava como se fosse o refúgio quase diário do vazio de alguns de nós. Era ali que Bráulio morava". (...) "Foi quando juntamos nossas mesadas para comprar o celuloide, arrajamos um maquininha de filmar emprestada e, durante as férias escolares de junho, aconteceu uma adaptação de "Romeu e Julieta" em curtíssima-metragem, dirigida pelo Bráulio e na qual aquele primo da Julieta - Mercúcio ou Teobaldo? - que duela com Romeu e morre, era eu" - descreve Renato Sérgio. É deste ponto de vista, com uma lente precisa que só os mais amigos possuem, que Renato conta a vida e a obra de uma figura antológica da dramaturgia brasileira. Bráulio escreveu peças como "As Gralhas", "Lola Moreno", "A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato; e a TV não seria a mesma depois de suas novelas "Beto Rockfeller" "O Rebu", "O Bofe", "Feijão Maravilha", "O Cafona". Em todas, imprimia traços da sua ousadia. Como diz Renato Sérgio - que selecionou as frases abaixo - Bráulio "era a encarnação de um desafio autêntico, de uma audácia verdadeira, portanto sujeito a riscos permanentes. Ele era um grito pairando no ar".
Frases e/ou pensamentos de Bráulio Pedroso (há 20 anos ou mais)
- “Sou alguém à procura de alguma coisa que não sei bem o que é. E o pior é que não sei nem ao menos se quero encontrar.”
- “Em tenra idade, eu tinha resolvido me inventar escritor. Com a típica inconsciência macunaímica não me perguntei sobre o mistério de ligar uma palavra a outra. Bastava a intenção, que o resto -ai que preguiça!- viria depois. Daí, ao longo de minha vida, que já começa a ficar longa, passei apenas por quatro empregos e, em todos eles, o que eu fiz? Escrevi. Esta é a questão: escrever ou não escrever. Fora disso é não estar, é não ser. E condenado por uma invenção infantil, encontro-me muitas vezes de olhar fixo no teto do quarto, como se daquele limite surgissem personagens, dramas, comédias e outros tipos de bobagens que a palavra escrita pode registrar.
- “Eu tenho PhD de teto, especialização filosófica e doutorado no assunto. Aos 16 anos de idade, um dia quis levantar-me da cama e não consegui. Hoje as pessoas dizem que tenho uma cara muito jovem. Deve ser porque passei mais de 10 anos deitado de barriga pra cima, o que conheci da parte superior interna dos meus quartos, pouca gente conheceu. O teto é o limite, como também o infinito. Deixando porém a frescura metafísica e metafórica, o teto é a realidade, a falta de idéia, a sensação da inspiração esgotada.”
- “Durante muito tempo procurei ser agradável aos outros, até um dia em que levei um susto, quando comecei perceber que não era simpático. Tinha tomado consciência de que na minha imobilidade tinha mais mobilidade do que todos e isso, para eles, era uma agressão muito violenta. Daí o fato de eu ser desagradável para muita gente. É que eu sou o retrato da imobilidade deles.”
-“Se eu não fosse de uma geração ainda cheia de vícios masculinos, provavelmente seria um escritor bem melhor, porque no fundo daquilo que minha capacidade de criação produz há, inconscientemente, o fantasma da presença masculina, dominadora, tirana e prepotente”.
- “Para mim a telenovela é apenas um exercício de realismo e qualquer concessão, no caso, ocorreria pelo cansaço. Eu podia retirar da realidade alguma coisa, desde que fosse expressiva, mas com o cuidado de desmontá-la e juntá-la outra vez, já transformada. Para apreender a realidade é preciso reinventá-la.”
- “À minha maneira, continuo a fugir da simetria e do óbvio. Entrelaçando idéias arrojadas, eu continuo minha busca incessante do espontâneo, que é onde está a beleza das coisas.”
- “Sempre tive prazer em descobrir (ou provocar) a possibilidade do desequilíbrio. O eterno se consegue eterno através do caos.”

sexta-feira, 18 de março de 2011

Renato Sérgio lança biografia de Bráulio Pedroso

por José Esmeraldo Gonçalves
O jornalista e escritor Renato Sérgio lança em São Paulo na segunda-feira, 28, o livro "Bráulio Pedroso - Audácia Inovadora" (Coleção Aplauso - Imprensa Oficial do Estado de São Paulo). Além de grande amigo do dramaturgo, Renato Sérgio fez minuciosa pesquisa e levantou material inédito. Um dos autores mais ousados da Rede Globo, Bráulio deixou obras marcantes como as novelas "Beto Rockfeller", "O Cafona", "O Bofe", "O Rebu" e "Feijão Maravilha". No teatro, ganhou o Molière com "O Fardão". Bráulio, como Renato, trabalhou na Rede Manchete. Lá, nos anos 80, ele escreveu a novela "Tudo em Cima" e o seriado "Tamanho Família".
O lançamento do livro será às 19h, na Cinemateca Brasileira, Largo Senador Raul Cardoso, 217, Vila Clementina, São Paulo (SP). A data de lançamento no Rio de Janeiro ainda será anunciada.

sábado, 27 de novembro de 2010

Milton Gonçalves e Ronaldo Bôscoli para sempre. Em livros

por Eli Halfoun
Livros biográficos de artistas talentosos e importantes escrevem a memória cultural de um país. Depois de perpetuar, com justiça, as biografias de Bráulio Pedroso e Mauro Mendonça, o jornalista e escritor Renato Sergio, um craque em texto, coloca para sempre na história cultural do Brasil o nome do ator e diretor Milton Gonçalves, que ajudou a plantar a história da televisão, do cinema e da arte negra no país. Renatinho, como nós, os amigos, tratamos, já recolheu depoimentos e está em fase de colocar no papel mais um livro (pode-se garantir antecipadamente) de qualidade. Quem também ganhará merecida homenagem literária em biografia de Denílson Monteiro (que já escreveu sobre Carlos Imperial) é Ronaldo Bôscoli, um dos mais importantes compositores da Bossa Nova e criador (ao lado de Miele) dos pocketshows que movimentaram e fizeram história na noite carioca. Ronaldo também é personagem de algumas das mais folclóricas histórias acontecidas na redação da Manchete, na época em que foi repórter da revista. São histórias deliciosas que, é claro, estarão no livro, mesmo porque a Manchete também fez história.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

por Gonça
Maracanã, 60 anos. Palco iluminado de dramas e de incontáveis alegrias, o belo estádio está fechado para obras. Receberá, pela segunda vez, os maiores jogadores do mundo para uma final de Copa: a de 2014. O Maraca é uma lenda. Embora terra sagrada de craques quase foi vítima de pernas-de-pau. O ex-presidente da Fifa, João Havelange, seguido por uma corte de jornalistas perdidos em campo, tentou dar um ponta-pé, na verdade, um bico, em uma campanha para a demolição do Maracanã. Era uma imitação barata do que os ingleses fizeram com o Wembley. Felizmente, o idéia de jerico não vingou. O que veio foi a doce vingança do Maracanã que está aí, sessentão, pronto para uma reforma que o deixará brilhando para ser a estrela de mais uma Copa. Ademir, Heleno, Zizinho, Pelé, Almir, Bellini, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Roberto Dinamite, Zico, Quarentinha, Barbosa, Manga, Gilmar, Brito, Coutinho, Pagão, Telê, Zito, Gerson, Tostão, Dirceu, Romário, Edmundo, Reinaldo, Rivelino, Paulo Cesar Caju, Dida, Henrique e dezenas de artistas que já encenaram espetáculos no gramado do Maraca... agradecem.    
A propósito, o nosso caro Renato Sérgio é autor de um livro indispensável para quem gosta de futebol e, especialmente, das lendas e mitos do futebol. Quando o estádio comemorava cinco décadas, Renato, co-autor de "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" - lançou "Maracanã, 50 anos de glória" (Ediouro). Um gol de placa.  (Fotos: Divulgação)  

domingo, 28 de fevereiro de 2010

É hora de acabar com a "desmemória" assassina do Brasil

por Eli Halfoun
O nascimento de Valentina, sua primeira bisneta, tem ocupado a atenção do craque escritor e jornalista Renato Sergio, mas não o afasta do trabalho e do prazer de escrever (e escrever bem). Renato concluiu mais um livro para a Coleção Aplauso: depois de ter escrito sobre o ator Mauro Mendonça, vem aí com um livro sobre a vida e obra de Bráulio Pedroso que com “Beto Rockfeller” e “O Rebu” mudou as novelas no Brasil, que hoje produz sem dúvida as melhores do mundo. Para a também jornalista Ana Ramalho Renato disse: “Bráulio foi uma voz contestadora que se calou há 20 anos e que precisa ser lembrada para não se transformar em mais uma vítima dessa assassina “desmemoria” nacional”. Ele e muitos outros que o Brasil insiste em esquecer.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O jornalista e escritor Renato Sérgio está no Kindle

por Gonça
A Biblioteca de São Paulo, que será inaugurada nesta segunda-feira, dia 8, no Parque da Juventude, receberá dois exemplares de cada um dos 500 títulos editados pela Imprensa Oficial do Estado, que ficarão em estante exclusiva no novo espaço cultural. Mas a grande novidade é que parte da Coleção Aplauso estará disponível nos cinco Kindles da biblioteca. Trata-se da consagrada série de biografias de artistas, cineastas e dramaturgos, além de roteiros de cinema, peças de teatro e história de emissoras de TV.
A empresa também estará presente no mundo virtual da Biblioteca de São Paulo com um link na página da biblioteca para o Site da Coleção Aplauso (http://aplauso.imprensaoficial.com.br), que coloca à disposição todos os seus títulos para leitura integral.
Renato Sérgio, craque em todas as posições em que jogou na Manchete, dirigindo revistas, fazendo inesquecíveis entrevistas e levando aos leitores seu texto brilhante, tem um dos seus livros - Mauro Mendonça - Em Busca da Perfeição - publicado pela Imprensa Oficial e escreve, no momento, para a mesma editora, a biografia do escritor e dramaturgo Bráulio Pedroso.
Junto com a Coleção Aplauso, o nosso caro amigo Renato chega à tecnologia do Kindle e à nova geração de leitores.