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segunda-feira, 10 de junho de 2019

Alberto Dines, nossa longa vida pelas Redações dos jornais e a histórica primeira página do JB, sem manchete. Por Nelio Barbosa Horta

Alberto Dines no front jordaniano, em 1967, quando cobriu para Manchete a guerra no Oriente Médio.

Em 1962, no almoço de comemoração de um ano da revista Fatos & Fotos, ao lado de Austregésilo de Athayde, Juscelino Kubitschek e Adolpho Bloch


por Nelio Barbosa Horta 

Eu achava que o Dines ia chegar aos 100 anos. Era uma pessoa extremamente saudável. Extrovertido, criativo, feliz ao lado de sua companheira, a jornalista Norma Curi, que também foi do JB nos anos dourados. Confesso não pensei que nos deixaria antes do centenário, trazendo muita tristeza a todos que tiveram, como eu, a honra de trabalhar e conviver com ele na sua longa e brilhante trajetória pelos jornais e revistas brasileiros.

Conheci o Dines nos anos 50, no antigo Diário da Noite, jornal verde, cujo secretário era o Carlos Eiras (só os mais antigos se lembrarão dele), jornal do Paulo Vial Corrêa, do Austregésilo de Athayde, do Fernando Bruce, do Brício de Abreu, (o Briabre), do Marcelo Pimentel, do Nelson Rodrigues e que ficava na Rua Sacadura Cabral, 103.

Como o jornal enfrentava grandes dificuldades financeiras, apesar da grande equipe, o Dines foi contratado e transformou o DN verde em tabloide, numa desesperada tentativa de recuperá-lo. Conseguiu, já que houve momentos em que o novo tabloide triplicou a vendagem, coisa rara na época.

Deixando o DN, Dines foi ser editor da Fatos&Fotos, revista de Bloch Editores, onde seu brilhante espírito de liderança e competência se fez sentir, já que ele chegou a balançar e a concorrer com a tiragem da revista mais importante da Bloch, a Manchete. Naquela redação havia muita gente competente, o Macedo Miranda, o Ney Bianchi, o Itamar de Freitas, o Paulo Afonso Grisoli. Na Arte, o Ézio Speranza, eu e o Laerte Gomes. Trabalhei no Diário de Notícias, que tinha o José Carlos Oliveira, o Luiz Alberto, o Ascendino Leite, o Teixeira Heizer e tantos outros. Depois trabalhei na Folha da Guanabara, com o Rennée Deslandes.  Passei pelo Mundo Ilustrado, onde conheci o Hugo Dupin, pai do Fábio Dupin. Mais tarde, Tribuna da Imprensa, com o Hélio Fernandes e o Guimarães Padilha, em plena ditadura. Também trabalhei na precária cenografia da TV Tupi. Meu chefe era o Carlos Thiré, casado com a Tônia Carreiro e pai do Cecil Thiré. Quando saía, por volta das 23 horas, ia, a pé tranquilamente até o Largo de São Francisco pegar o bonde São Januário que me levava até São Cristóvão, onde morava. O Aterro ainda não existia...

Voltei a trabalhar com o Dines em 1º de maio de 1965, Dia do Trabalho, naquele lindo prédio da Av. Rio Branco, quando ele me convidou para o JB, para me juntar à equipe que ia fazer da edição de  domingo um “jornal diferente”, segundo suas palavras. Não havia vaga na Arte e eu fui ser repórter- especial . Meu chefe era o Aluizio Flores, o “Amiguinho” lembram dele?

 Como o JB estava em grande fase de expansão, o jornal se dava ao luxo de “exportar” profissionais, o Dines me mandou para a Gazeta do Povo, de Curitiba, para uma reestruturação gráfica e editorial. Fiquei lá por três meses. Muito frio, 16 horas de ônibus pela viação Penha, mas acho que o nosso trabalho foi reconhecido, apesar do jornal ter saído, naquele período, com a “cara do JB”.

Na volta para a Redação do JB encontrei grandes profissionais e editores: Wilson Figueiredo, Oldemário Touguinhó, Luiz Orlando Carneiro, Carlos Lemos, Gazzaneo, Joaquim Campelo, Humberto Vasconcelos, Macksen Luiz, Zózimo, Zuenir Ventura, Luiz Paulo Horta, Fleury, Regina Zappa, Bella Stall, Ana Arruda, Iesa Rodrigues, Rose Esquenazi, Sandra Chaves, Celina Côrtes, Léa Maria e tantos outros e outras, todos brilhantes profissionais.

Em 2004, participei da equipe que ganhou o último Prêmio Esso do JB com a 1ª página: Ministro Berzoíni: “ Eu odeio filas”. Na equipe, o Augusto Nunes, o Otávio Costa, o Marquinho e eu.

 Como eu trabalhava de dia em Bloch Editores só podia chegar ao JB à noite, às 18 horas, eu era o “fechador”, responsável pelas edições diárias. Eu ficava na primeira página junto com o copy-desk. Não tinha hora para sair, mas meu esforço era compensado porque o jornal, naquela época, já estava na Av. Brasil, próximo da subida da ponte. Eu morava em Niterói e subia a ponte rapidamente. Eu tinha uma Brasília que vivia enguiçando, quase sempre no vão central. Os funcionários já me conheciam e diziam: “outra vez seu Nelio...”, uma festa!

 Passei por todos os cadernos do JB, especialmente o Caderno Especial, cujo fechamento era às sextas-feiras, de madrugada. Era um super-pescoço e várias vezes eu amanhecia no jornal, esbarrando nos que chegavam para “abrir” as edições do fim-de-semana. Foram 46 anos, ininterruptos, até 2011, no Rio Comprido, já na edição digital.


A antológica capa do JB, em 12 de setembro de 1973
A famosa e histórica primeira página do SalvadorAllende ficou decidida bem tarde. O Dines e o Lemos já tinham deixado a Redação e a ordem da censura para que o jornal não desse manchete foi recebida pelo Maneco (Manoel Bezerra), que era o secretário da noite. O Maneco ligou para o Dines avisando da nova determinação da censura. O Dines chegou rapidamente à Redação e disse:
“-Vamos obedecer à censura, a página sairá sem manchete”.

A ideia da página sem manchete foi dele. Como o Avellar, (José Carlos Avellar) que era o diagramador oficial da primeira página já tinha saído, a “bomba” estourou na minha mão. Confesso que foi a página mais fácil de se fazer. Sem manchete, sem foto, apenas com o “L” dos classificados. Antes de tirar a manchete que seria, ‘Golpe derruba e mata Allende’... O texto, acho que foi a editoria internacional que mandou uma parte (Humberto Vasconcelos, que estava em Santiago) e o Lutero, que escreveu o restante, com a supervisão do Dines, e do Lemos, que àquela altura já haviam voltado ao jornal. Infelizmente, talvez tenha sido aquela página o “estopim” para a saída do Dines do JB.

Deve-se a Nelson Tanure a manutenção do jornal, primeiro impresso e depois “digital” e a Omar Catito Peres o relançamento, há pouco mais de um ano, do grande JB.

Agora, é só saudade. Dines, companheiro de tantas trincheiras, de tantas lutas, o mais completo jornalista do século passado, nos deixou aos 86 anos, em 22 de maio de 2018, há um ano.

Deus o abençoe e até qualquer dia.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Um prefeito “street blocker”...

por Nelio Barbosa Horta (de Saquarema)
Não sei exatamente o que ele pretende: notoriedade, placa, colocar seu nome na história como o prefeito que revolucionou a Zona Portuária, também chamada de Porto Maravilha (alguns dizem que ele vai se lançar candidato à Presidência da República); ou se é, simplesmente, para, influenciado pelo prefeito Francisco Pereira Passos, infernizar a vida do carica e dos moradores dessa outrora Cidade Maravilhosa.
Foto de Fernando Frazão AG Brasil
Se o motivo são as Olimpíadas de 2016, podem esperar que ano que vem o Rio vai ficar intransitável, “parado”, porque não haverá tempo hábil para finalizar tanta obra. Será preciso um “guia” para andar pelas ruas. Até os GPS dos carros vão enlouquecer, levando as pessoas a “sabe Deus para onde”, se não houver um mapa interativo, com informações atualizadas diariamente e com “ajuda divina”.
O fato é que a quantidade de obras que estão sendo realizadas, (Zona Portuária, Centro da cidade, Avenida Brasil), com mudanças quase que diárias dos trajetos dos ônibus, fazem com que todas as pessoas (e os motoristas) que dependem de transportes para ir e vir para suas casas depois de um dia estressante de trabalho, ou de alguma consulta médica, passem o maior “sufoco”, “presas” em engarrafamentos e levem horas e horas para chegar aos seus destinos.
Foi o que aconteceu comigo e, tenho certeza, com muitas pessoas que têm horário para cumprir em seus trabalhos ou outros compromissos inadiáveis.
Depois de fazer vários exames na Policlínica de Bacaxá, ultra-sonografias e tomografias computadorizadas, fiquei por dois anos aguardando uma chamada para a operação de próstata e hérnia que preciso fazer. Recebi o aviso que deveria me apresentar no Hospital dos Servidores  do Estado, localizado na Rua Sacadura Cabral. Para chegar lá, peguei um ônibus às 5.30 horas da manhã em São Gonçalo, que, soube, me deixaria na porta do hospital. Consegui chegar às 8 horas, num trajeto de mais de duas horas. Até aí, nada demais...
Feitos os exames, que eram apenas de avaliação, o médico me disse que eu não precisaria operar agora e me receitou um medicamento bom, mas apenas paliativo. O pior estava para acontecer: saí do hospital um tanto decepcionado com a consulta e fui em busca de condução para voltar para Niterói ou São Gonçalo. Que condução? Andei pela Praça Mauá, Rua do Acre, Marechal Floriano, Presidente Vargas, Avenida Passos, Praça Tiradentes, Rua da Carioca,
Foto de Fernando Frazão AG. Brasil
Cinelândia e ninguém sabia onde eu poderia pegar o ônibus para atravessar a ponte. Pessoas, jornaleiros, bares, lojas, camelôs, até um fiscal de uma empresa de transportes. Ninguém, ninguém sabia como eu poderia embarcar em um ônibus para Niterói. Lembrei-me das barcas, mas já estava muito longe para voltar. Nesta busca infernal levei mais de três horas, até conseguir um, na Cinelândia, cujo motorista me disse que, no dia seguinte, o trajeto seria outro. UFA!
Pessoalmente, acho que o prefeito Eduardo Paes é bem intencionado. Mas bem que ele poderia fazer as obras um pouco mais devagar, ter começado antes, com planejamento, sem atropelos e sem tantas alterações nas linhas de ônibus.
Quem pega a Avenida Brasil todos os dias sabe do que estou falando... Tenho certeza, que, se o prefeito se aventurar nesta viagem, vai mudar, completamente, seu projeto urbanístico.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Um implosão na alma do Bairro Imperial



Rua São Luiz Gonzaga, São Cristóvão: explosão de gás destroi 19 casas e atinge outros 54 imóveis. 

Bombeiros trabalham no local do desastre que ocorreu na madrugada da segunda-feire. Fotos de Tania Rego/Ag.Brasil

por Nelio Barbosa Horta (de Saquarema)
São Cristóvão foi o bairro da minha infância e adolescência, lá pelos anos 50 do século passado. Largo da Cancela, ponto de encontro de alunos dos vários colégios das adjacências, parada obrigatória dos bondes São Januário, Alegria e Penha, que seguiam pela rua São Luiz Gonzaga, passando pelo Largo do Pedregulho, rua da Alegria, depois Bonsucesso, Ramos, Olaria até a Penha, num trajeto inacreditável para os dias de hoje.
A Quinta da Boa Vista, chamada de “Central Park” pelos moradores, a Rua São Januário,
A Loja Cabral, citada no texto, foi uma
das atingidas. Reprodução Facebook
a Loja Cabral, onde eu comprava material escolar, o Instituto Cylleno, o Colégio Pio Americano, o Colégio Pedro II, o Pavilhão, que naquela época era um campo imenso com uma linda arquibancada toda de ferro, onde, aos domingos  eram realizadas 15 ou 20 “peladas” ao mesmo tempo, numa convivência absolutamente pacífica.
Havia a feira, muitas famílias portuguesas que realizavam festas incríveis nas suas casas, que ainda não eram chamadas de mansões, ao som de “Rago e seu conjunto”.
A rua Emancipação, passagem obrigatória da Escola de Samba “Paraíso do Tuiutí” e seus moradores. A praça Pinto Peixoto, onde morava a cantora Olivinha de Carvalho, eterna “madrinha” do C.R. Vasco da Gama. A praça Argentina, ponto final do bonde São Januário, a rua Coronel Cabrita, onde morava a família do “seu” Menezes, pai do ex-jogador Ademir, o “queixada”, artilheiro que os vascaínos “ mais antigos” não esquecem.
A implosão desta segunda-feira,  foi incrível.  Além dos prejuízos materiais, destruiu quase um quarteirão do antigo bairro que se orgulhava de sua tranqüilidade. O cantor Sílvio Caldas, o “caboclinho querido” , iniciou sua carreira vitoriosa da “época de ouro” do rádio brasileiro ao cantae “o Bonde São Januário leva mais um operário, sou eu que vou trabalhar”...
Os atuais moradores estão chocados com o impacto da explosão, que, embora não tenha registrado vítimas fatais, causou forte abalo na “alma dos residentes”, com toda série de dificuldades para refazer suas vidas e seu cotidiano depois de constatadas a insegurança e o descaso a que foram relegados.
Segundo depoimentos, o cheiro de gás era forte e as tentativas de pedidos de ajuda, à Prefeitura, à defesa civil, e às demais autoridades, foram inúteis, todos  parecem ficar surdo-mudos  diante de tamanha ameaça. Que os fatos sejam apurados, e os responsáveis pela tragédia  punidos, para que tais acontecimentos sirvam de lição  e não voltem a se repetir.
O bairro de São Cristóvão. Reprodução Google

Pavilhão de São Cristóvão, anos 60. Reprodução

Largo da Cancela, anos 40. Reprodução
Palácio Imperial (Museu de História Natural), Quinta da Boa Vista. Foto Alexandre Macieira/Riotur

Quinta da Boa Vista,/Reprodução da revista Manchete

domingo, 6 de julho de 2014

A ingenuidade do Neymar e como parar a Alemanha

Felipão e Parreira: dúvidas no horizonte. Seleção busca esquema e estratégias para superar a ausência de Neymar. Foto de Rafael Ribeiro - CBF- Divulgação
por Nelio Barbosa Horta
A agressão sofrida por Neymar deveria ser punida pela FIFA com bastante rigor (o jogador da Colômbia podia ser preso, na hora, e encaminhado, a um Presídio de Segurança Máxima). Na Colômbia, o jogador Escobar foi assassinado com 12 tiros na cabeça por ter marcado gol contra, na Copa do Mundo de 1994. O Neymar, que joga um futebol fantástico, lindo, mas muito ingênuo, tem que aprender com os argentinos a como se defender quando um trator chamado Zuñiga vier pelas costas para uma agressão tão covarde como a que ele sofreu no jogo de sábado passado.
Qualquer pessoa que já bateu uma bolinha, sabe, num simples olhar, quando vai ser atacado pelas costas e se defende. O futebol, hoje, é muito diferente daquele das Copas mais antigas: ele se aproxima mais do futebol americano. Com uma diferença: no futebol americano os jogadores usam capacetes, perneiras e joelheiras e todo tipo de proteção possível. Acho que a FIFA precisa atualizar o sistema de segurança e proteção dos jogadores, principalmente na cabeça, onde vários atletas sofreram cortes profundos depois de uma “chifrada” aplicada pelos adversários.
Alemanha: Para o jogo com a Alemanha, penso que o Brasil deveria usar um esquema diferente para tentar compensar a ausência do Neymar.
Um esquema com quatro zagueiros:

                                       Júlio Cesar

Maicon                    David Luiz             Dante         Henrique
        
      Paulinho                Fernandinho               Luiz Gustavo

Daniel Alves                      Hulk                                Marcelo

Jogando com quatro zagueiros, três no meio, dando o primeiro combate e aproveitando a velocidade de Daniel Alves e Marcelo, que tem habilidade e pode surpreender a defesa alemã. O Hulk como centroavante, vai dar mais trabalho do que o Fred que está sem inspiração. Nelio Barbosa Horta (de Saquarema).

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domingo, 4 de agosto de 2013

Luiz Paulo Horta

Luiz Paulo Horta. Foto O Globo/Divulgação
por Nelio Barbosa Horta
Luiz Paulo Horta era um homem feliz. E passava esta felicidade para todos que conviveram  com ele. Sempre sorrindo, ninguém jamais o viu com a cara fechada, aborrecido, ou se lamentando por ter que escrever algum editorial ou artigo do qual talvez discordasse. Eu o conheci no JB, nos anos 60, 65 mais precisamente, até 1990, por 26 anos, quando ele se transferiu para O Globo,  e eu, teimoso, continuei. Anos de chumbo, ditadura batendo a porta dos jornais e de toda a imprensa na expectativa do "e agora?".
Nascido em 14 de agosto de 1943, no Rio de Janeiro, Luiz Paulo Horta foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em agosto de 2008, em substituição a Zélia Gattai. O primeiro imortal a ser diretamente ligado à música ocupou por cinco anos a cadeira de número 23, a mesma de Machado de Assis, que tem como patrono José de Alencar.
Entre suas condecorações, recebeu o Prêmio Padre Ávila de Ética no Jornalismo, concedido pela PUC-Rio, em 2000. Em 2010, Horta recebeu a Medalha do Inconfidente do Governo de Minas Gerais.
 Sempre achei que o Luiz Paulo fosse mineiro mas ele era carioca e quando nos encontrávamos na redação ele dizia:  "como vai primo?", pela coincidência do sobrenome.
Ele não era meu primo, e  à noite quando eu chegava no JB, de dia eu era de Bloch Editores, ele estava saindo, sempre alegre, na companhia do Wilson Figueiredo ou do Marcos de Castro, a nata do jornalismo em todos os tempos.
Não vou ao enterro do Luiz Paulo. Minha saúde também dá sinais de "a fila está andando rápido", como Horta costumava dizer em tom de brincadeira. Quero guardar a imagem do grande jornalista e escritor, sempre sorrindo, de bem com a vida, e orar por ele. "Até qualquer dia companheiro, vai com Deus".
(Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)


Leia mais sobre Luiz Paulo Horta do site da ABL Clique AQUI

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Vasco de ontem... e de hoje

Reprodução Internet
por Nelio Barbosa Horta
" Vamos lá que hoje é de graça,
no boteco do José, entra homem entra menino,
entra velho entra mulher, é só dizer que é
vascaíno, que é amigo do Lelé..."
Estes versos de Wilson Batista interpretados por Linda Batista  para o Carnaval de 1946, retratam bem o que era o Vasco daquela época.  Uma equipe fantástica! Incrível! Vencedora! O Lelé, de que fala a música, era atacante e tinha um chute fortíssimo. As novas gerações talvez lembrem do Orlando, lateral direito como Lelé, mas este é de uma geração bem mais recente. Em 1948, o Vasco era uma equipe vitoriosa: campeonatos estaduais, brasileiros e o título invicto de Campeão dos campeões Sul-americano, conquistado no Chile.
Eu tinha 10 anos, e nunca poderia imaginar que quatro anos depois, em 1952,  iria conviver com jogadores que formaram a seleção do Brasil em 1950 e que perderam para o Uruguai na final. Uma derrota inexplicável, inacreditável.
Eu morava em São Cristóvão, na Rua Emancipação e junto com outros colegas fui tentar a sorte nos Infantis do Vasco. Chuteira na mão, meião do Flamengo e uma grande vontade de ser jogador profissional. Nos primeiros treinos, fui muito zoado pelos jogadores do Vasco porque usava meião do arquiinimigo. Era a única que eu tinha conseguido. Os profissionais que moravam no clube, ou estavam concentrados, assistiam aos treinos do "Infanto" das janelas, nos fundos do clube, onde havia um campinho e faziam toda sorte de comentários, aplaudindo ou gozando alguma jogada errada. Havia o Infanto-juvenil, uma categoria acima dos Infantis, onde brilhavam o Joaquim Henriques, o Baldissara o "Pavão", o Aramis, o Toddy e muitos outros. Era uma espécie de vestibular para os juvenis, aspirantes e, quem sabe, profissionais.
Quando fiz dezesseis anos, o treinador do "Infanto", chamado Eduardo Pellegrini, passou a ser preparador físico dos juvenis e me chamou para o Juvenil. Eu disse que não poderia aceitar porque estudava, e, de família muito pobre, precisava arranjar algum trabalho para completar o orçamento da casa. Neste momento o Vasco se propôs ajudar a pagar meus estudos, (eu estava no ginásio no Instituto Cylleno) como fazia com outros jovens que vinham do interior também para tentar a sorte no Vasco. Eu aceitei. Embora não recebesse salário, nós ganhávamos "bicho", que era uma espécie de "pró-labore", por vitória e nós tínhamos que dar uma certa quantia para os massagistas, que não recebiam "bicho". Lembro-me  dos massagistas "Mão-de-Pilão, que viajava conosco, e do Mário Américo que cuidava dos profissionais. Mas nós almoçávamos no clube, tínhamos lanche, exames médicos, ducha, e, muito, muito treinamento. Com todas estas mordomias, foi uma época inesquecível.
Embora sendo mais novo, passei então a conviver com jogadores famosos da época: Barbosa, (o maior goleiro de todos os tempos) o Eli, Danilo, Jorge, Maneca, Ipojucam, Alfredo, Sabará, Ademir (queixada), Chico, Dejair etc., além dos juvenis, com os quais fiz várias viagens pelo interior, principalmente para o Espirito Santo. O treinador dos juvenis era o Otto Vieira. Da época do juvenil, lembro do Pedro, lateral direito, do Hélcio, do Joaquim Henriques, do Orlando e do Coronel, do Vavá, que passaram para os profissionais pouco depois. Lembro do Wilson, do Iêdo, do Castelo, do "Fumaça" e do Assed que, mais tarde, foi jogar no Botafogo.
Apesar da concentração, e dos baixos salários dos profissionais, era uma "grande família". Todos eram muito amigos e as "brincadeiras" na concentração iam desde a sinuca e do totó, até o pingue-pongue. No campo, o fut-vôlei e o "bobinho", que todos conhecem. 
Mas em campo, era muita raça e técnica, entrosamento devido, em parte, à grande amizade  de todos por todos. Pouco depois, por vários motivos, deixei o Vasco, iniciando minha vida em jornais e editoras que terminou em 2011, quando fui demitido do Jornal do Brasil, depois de 45 anos.
As novas gerações de torcedores que não conheceram o "Vasco de outras eras" e foram a Conselheiro Galvão, neste último fim de semana, assistir ao jogo Vasco 0x1 Madureira, viram uma caricatura do Vasco, time acostumado a vencer e a acumular títulos. Este Vasco de hoje, onde aparecem jogadores como Elsinho, Luam, Xotum, Pedro Ken e Dakson, não pode assustar ninguém. Tomara que eu esteja enganado e que eles venham a brilhar, futuramente.
Depois desta desastrosa campanha no "Estadual", a diretoria do Vasco deve uma explicação e uma resposta à sua grande torcida. É preciso mudar, reestruturar, conseguir novos patrocínios. O Vasco tinha, naquela época, "olheiros" contratados que iam para o interior descobrir e contratar futuros craques,  para que o Vasco volte a ser o grande vencedor de outras épocas. Sua legião de torcedores aguarda e merece... (
Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Primeira crítica: Seleção tem que melhorar muito


Neymar em ação. Foto CBF/Mowa
A estreia da seleção de Felipão no Wembley. Foto CBF/Mowa

por Nelio Barbosa Horta
Sem os dois laterais, Daniel Alves visivelmente fora de forma, nem parece aquele jogador que encantou os espanhóis, e com o fraquíssimo Adriano pela esquerda, que mais parecia o “João” dos tempos do Garrinha, a seleção do Felipão poderia ter levado uma goleada da Inglaterra, não fosse a boa atuação do Júlio Cesar.
Não que a Inglaterra seja uma seleção espetacular, mas tem toque de bola, marca pressão o campo todo e se fecha em bloco não dando chance para os atacantes brasileiros, que estão acostumados a pegar “moleza” pela frente.
Para um jogo em que não haveria tempo para treinar, era preferível que o treinador usasse a base de algum time brasileiro, com alguns (pequenos) enxertos. Poderia ser a base do Corínthians, ou do Fluminense ou do Santos ou ainda do Atlético, que fariam uma melhor apresentação. Neste jogo, via-se claramente que os jogadores do Brasil procuravam se livrar da bola o mais rápido possível, às vezes entregando–a aos adversários, como fez o Arouca que, ao atrasar mal, proporcionou o segundo gol da Inglaterra.
O Fred marcou o gol do Brasil e quase marca outro, chutando no travessão com o goleiro inglês já batido. Foram as únicas vezes em que o artilheiro do Fluminense apareceu. É outro que não tem preparo físico para ajudar na marcação, quando não está com a bola. Esteve melhor que o Luiz Fabiano, inteiramente apagado no primeiro tempo. No pênalti, o Ronaldinho telegrafou onde ia chutar e perdeu.  Na sequência  houve outro pênalti no Neymar que o juiz, português, não teve coragem de marcar.
Para os próximos amistosos, antes da Copa das Confederações (faltam quatro meses), espera-se uma seleção com jogadores mais bem treinados e com o perfil de seleção. O Brasil não é mais o bicho-papão no futebol, por isso está lá atrás no “ranking” mundial de seleções, mas a torcida brasileira, que não gosta de perder, quer ver uma seleção competitiva e brigando pela bola, coisa que está faltando, e muito, nesta seleção. (Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)

sábado, 12 de janeiro de 2013

Lucas, uma parada!


Arquivo Pessoal/Nelio Barbosa Horta
por Nelio Barbosa Horta 
Visualmente, me lembro de todos; os nomes, de quase todos, embora não tenha a outra metade da foto publicada em Fatos&Fotos. Naquela época, a empresa fervilhava, batendo recordes de venda das suas publicações e nem pensava em investir na TV. Com o título Todas as Semanas Esta Equipe Põe-se em Movimento Para Produzir F&F, centenas de funcionários, de todos os setores, se encaixavam como num gigantesco quebra-cabeça, onde todos sabiam das suas responsabilidades e atribuições (esta foto foi feita no Parque Gráfico de Parada de Lucas). Vemos, na terceira fila de cima para baixo, Adolpho Bloch, Juvenil Siqueira, Ney Bianchi, Cordeiro de Oliveira, Macedo Miranda, Paulo Afonso Grisolli. Na quarta fila, Laerte, o Nelson Alves e Eduardo Hazan. Na quinta fila, Laura Tavis, Hélio e Haroldo Zaluar, da arte, Fernando Pinto e Flávio Costa. No alto, Sami,  Nelio, Ezio, Jaquito e Raul Giudicelli. Logo abaixo, Helio Pazzine, Nelson Sampaio e Rafael, das máquinas de escrever, e tantos outros.  Foi uma época gloriosa, época em que nós poderíamos cantar, parodiando a Globo, "hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou...".
Na vida tudo passa. Hoje é só saudade.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Lar, doce lar... Vocês não vão acreditar, mas eu já morei num hospício...


por Nelio Barbosa Horta (de Saquarema)
Dizem que de músico, poeta e de louco, todos nós temos um pouco... será?  Em 1934,  do século passado, eu ainda não era nascido,  mas minha família acompanhou o suicídio do compositor Ernesto Nazareth, encontrado numa cachoeira  próxima da Colônia Juliano Moreira, com a água passando sobre sua cabeça  e cujas mãos pareciam estar executando alguma composição inédita. Nazareth era um dos internos da colônia.
Nos anos 40, quase todas as famílias pobres daquela  época enfrentavam grandes dificuldades financeiras, e, por consequência, a moradia era dos maiores problemas. Meu pai, que trabalhava num Cassino, ficou desempregado quando eles foram fechados e sempre que se fala em Cassino, o primeiro nome que vem à mente é o Cassino da Urca, pela sua beleza, luxo e glamour. Os Cassinos no Brasil foram fechados pelo decreto-lei 9215, de 30 de abril de 1946, do presidente Eurico Gaspar Dutra. Meu tio, que eu só conhecia por tio Antonico e que era casado com a irmã da minha mãe,  Maria Luiza, havia sido nomeado Administrador da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá. A família dele, minha tia e oito filhos, lembro das minhas primas, Licinha, Carmita e Esther, e dos primos  Antônio Jorge, Henrique Aristarco também chamado de “garoto”, Walter, Paulo e Oswaldo.
Eles moravam  numa  linda casa na própria Colônia, e sabendo das dificuldades que meu pai enfrentava, na busca de um lugar para morar, ”tio  Antonico”, ofereceu um anexo, nos fundos,  para que nós morássemos durante o tempo que ele fosse administrador.  O anexo era pequeno, quarto, sala, cozinha e banheiro, mas meu pai aceitou imediatamente e a nossa família ficou  em paz e ”acomodada”. Minhas irmãs e eu, dormíamos na sala, onde cohabitava uma enorme quantidade de baratas. Havia,  no forro da casa,  uma abertura  por onde, à noite, principalmente no verão, todas as baratas do mundo voavam  em vôo rasante, sobre nós, aterrissando nas nossas cobertas. Uma de minhas irmãs ficou  tão traumatizada com a quantidade de baratas,  que  precisou fazer um tratamento  psicológico no Samdu da época.  Ela passava as noites em claro com medo das ”voadoras.”
 Meu pai também trabalhava como revisor  no Jornal do Comércio, cujo horário de fechamento era à noite e ele só chegava em casa, isto é, na “Colônia“,  de madrugada. Ia de bonde. A Colônia só abria os portões, às 6 horas da manhã, de sorte que meu pai tinha que esperar três horas para poder entrar em ”casa”.
Para passar o tempo, ele conversava com alguns internos, que, acordados, ficavam na grade, do lado de dentro falando com meu pai, do lado de fora.  Alguns falavam do abandono das famílias, outros que eram jogadores de futebol e cantores famosos e que só estavam ali por “engano“ dos médicos e dos familiares.  Havia um que pedia segredo ao meu pai, para que não revelasse a ninguém, mas ele era o ”Francisco Alves, o Rei da Voz”.  Em seguida, estufava o peito e abria a voz  de madrugada,  estridente e desafinada, uma agressão aos ouvidos da vizinhança e ao verdadeiro Rei da Voz.
Os internos, naquela época, faziam serviços na casa do meu tio e tinham os seus “negócios”, isto é, vendiam doces, balas, fogos de São João na vizinhança e faturavam  uma  graninha, muito pouco, mas que dava para as suas despesas mais urgentes. Já naquele tempo, os ”garotos da rua” se aproveitavam da ingenuidade dos internos e pagavam as compras que faziam com tampinhas de cerveja e refrigerantes, que eram achatadas nos trilhos pelos bondes. Eles garantiam  aos internos que era dinheiro e,  eles, coitados,  acreditavam...
Por mais incrível que pareça, e apesar das dificuldades financeiras, nunca tivemos informação de qualquer tipo de violência na Colônia, daquela época, contra quem quer que fosse.  A administração do meu tio, parece, foi bem recebida por todos os internos e familiares que, agradecidos, elogiavam e falavam da direção bem sucedida onde todos os internos eram tratados com respeito e dignidade.
(Nelio Barbosa Horta)

domingo, 12 de agosto de 2012

Primeira crítica: a Seleção, mais uma vez, amarelou..., diante de Peralta, o “Pancho Villa” do México


México é ouro. Foto: Divulgação/Federación Mexicana de Fútbol Asociación


A vibração dos campeões. Foto: Divulgação/Federación Mexicana de Fútbol Asociación
por Nélio Barbosa Horta
Aconteceu o que quase ninguém esperava: a seleção brasileira derrotada pelo México por 2x0. Mal dirigida, mal escalada, sem nenhuma jogada ensaiada e, muito nervosos, cujos jogadores esbanjavam luta, achando que ganhariam qualquer adversário a qualquer momento, acabaram perdendo um jogo em que o fraco goleiro Gabriel e o lateral direito Rafael, foram os protagonistas principais da derrota. O primeiro porque não tem o menor "cacoete" para ser escalado numa seleção que era "favorita" para a medalha de ouro. O segundo pela falha gritante com poucos segundos de jogo e que proporcionou ao adversário abrir a contagem. Diante de mais de 86 mil pessoas, e marcando sob pressão o tempo todo, o México foi melhor, jogando com inteligência e nos contra-ataques, acabou desmontando o time brasileiro, que corria muito, mas pouco ameaçava.
Isto pode ser um alerta para a Copa de 2014, aqui no Brasil. A grande verdade é que não somos mais os melhores do mundo como afirmam alguns. Temos muitos pontos fracos em várias posições, a começar pelo treinador, que é frio, não sabe escalar e muito menos mexer na equipe.
Nesta seleção olímpica, temos alguns bons jogadores; o Hulk, o Oscar, que acabou perdendo um gol que seria o de empate, o Marcelo, o Juan um bom zagueiro, o Neymar que acaba se perdendo com o excesso de jogadas individuais, o Thiago Silva e, só.
Na seleção do México, havia um tal de Peralta, o "Pancho Villa" da seleção mexicana que era "o cara". Como dizia o escritor Artur Azevedo nos versos aqui adaptados;
PERALTA, frívolo Peralta,
Que foi um paspalhão desde fedelho,
Tipo incapaz de ouvir um bom conselho,
Tipo que, morto, não faria falta...
É, mas o "Pancho Villa" estava bem vivo, aguardando a oportunidade de marcar os gols que derrotaram o Brasil. Pelo que se viu ontem, muita coisa precisa ser feita na seleção brasileira, para enfrentarmos de igual para igual, adversários que se modernizaram na maneira de atuar como o México, a Espanha, a Argentina, a Alemanha, a Inglaterra, etc, etc. Haja coração...Acho que se o Brasil não tivesse levado o primeiro gol, que desestabilizou a equipe, o resultado poderia ser outro. (Nélio Barbosa Horta)

terça-feira, 26 de junho de 2012

Designer gráfico ou paginador?


`Paginação
Tipômetro
Lápis, lapiseira e borracha
por Nelio Barbosa Horta
Sou de uma época em que a paginação de uma matéria em jornal ou revista era feita de forma bastante artesanal. Usavam-se as famosas folhas de diagramação (lay-outs), lapiseira, borracha, esquadro, as tabelas para calcular o espaço dos textos ou régua e, muita, muita criatividade para inserir nas páginas o texto, as fotos, as ilustrações, os gráficos, e uma apresentação que agradasse ao editor, ao repórter, autor da matéria, ao fotógrafo, que ficava caitituando maior destaque das fotos e a redação, que participava do fechamento das edições. Era um corre-corre contra o relógio porque a gráfica estava esperando e tinha horário para "baixar" as páginas. As fotos eram projetadas, tinha arte-final e produção.  A Bloch tinha uma excelente equipe de arte finalistas e uma produção participante.
Lembro que, no Rio de Janeiro, os precursores da paginação ou diagramação foram os "hermanos" argentinos Mário e Ricardo Parpagnólli, que passaram sua arte para o Wilson Passos, da Manchete, e o  Ezio Speranza, um italiano "boa-praça", no Diário da Noite e na Fatos & Fotos, que, antes de ser paginador, fez uma ponta no clássico filme italiano "O ladrão de bicicletas" (poucas pessoas sabem disso). No Diário da Noite, onde comecei minha longa carreira pelas Redações, havia o atual crítico de cinema, José Carlos Avellar, que era retocador de fotografias, onde ele destacava os contrastes da fotos em pb com pincel e guache. Nesta época, fomos companheiros do Brício de Abreu, o Briabre,do Austregésilo de Athayde, do Álvaro Lins, o escritor, do Carlos Estevão, do José Carvalho Heitor, desenhistas, do Evandro Teixeira, do Fernando Bruce, editor de esportes, do Sandro Moreyra e do Nelson Rodrigues.  Mas isto é outra história...
Hoje, os tempos são outros e a forma e a apresentação das matérias em jornais e revistas usam e abusam dos artistas gráficos e dos infografistas. O Photoshop foi super-valorizado (não existe mais mulher feia...) e os recursos da computação gráfica usam as tecnologias de ponta em alto nível onde os equipamentos das unidades traçam um perfil dinâmico e inovador.  Em cada filme que assistimos vemos o desdobramento de um trabalho de arte inacreditável,verdadeiro milagre para os nossos olhares perplexos e incrédulos diante de tanta beleza e grandiosidade. Eu poderia citar dezenas de filmes em que os efeitos de computação gráfica se destacam e nos fazem pensar que não há mais limites para a criatividade desses verdadeiros gênios do design. Mas não acabaria nunca, devido a grande quantidade de trabalhos apresentados.
Meu primeiro emprego foi num escritório de arquitetura, com meu professor de matemática Odracyr Valiengo. Eu desenhava projetos de arquitetura com nanquim. Anos depois, encontrei com um colega que ainda era do mesmo escritório. Ao visitá-lo, fiquei surpreso com o avanço da tecnologia. Tudo que eu fazia com o tira-linha e o nanquim agora era feito por computador. Uma tranquilidade... 
Fui de Bloch Editores por 38 anos e do Jornal do Brasil por 45 anos, até janeiro de 2011, quando me avisaram que eu tinha que pendurar as "chuteiras", mas, segundo a Adriana Colpas, chefe do RH do JB, eu iria conseguir uma colocação em outro jornal facilmente devido à "minha grande experiência". A idade é um empecilho intransponível. Estou esperando até hoje respostas para meus currículos. Nada... Dos programas que usei, o último foi o GN3, no JB. Ótimo, mas impossível de ser usado fora das especificações do programa.
Resta um consolo: Ganhei o último "Prêmio Esso" do JB, em 2004, com a primeira página.  Na entrega do prêmio, revi muitos colegas das redações onde trabalhei que me abraçaram. Eu tinha mais saúde...
No dia 27 de abril comemora-se o "Dia Mundial do Designer Gráfico", uma justa homenagem àqueles que usam as tecnologias emergentes com incrível habilidade. É bem verdade que as equipes são grandes e que não podem ser comparadas com os "paginadores" dos anos 50, que também eram criativos,  mas com muitas limitações. (Nelio Barbosa Horta, de Saquarema)