Mostrando postagens com marcador Museu da Língua Portuguesa. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Museu da Língua Portuguesa. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Salvo ordens de Hefesto, incêndios não acontecem por acaso. Quem vai responder pela destruição do Museu da Língua Portuguesa, de parte da Estação da Luz e pela morte de um bombeiro?

Foto: Bombeiros do Estado de São Paulo

Foto; Bombeiros do Estado de São Paulo

Foto: Daniel Mello/Agência Brasi 
Memória: em 1946 incêndio na Estação da Luz. Reprodução de capa do Estadão.
Há muito a lamentar e muitas responsabilidades a apurar nas circunstâncias e consequências do incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, instalado no prédio histórico da Estação da Luz, em São Paulo. Só com a tragédia, que resultou em uma vítima fatal - um brigadista-bombeiro - e em enorme dano cultural, torna-se público que o museu não tinha alvará de funcionamento e nem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. Hefesto, deus do fogo, está fora dessa.
O Museu da Língua Portuguesa foi concebido e implantado pela Fundação Roberto Marinho em convênio com o governo do estado. É administrado por uma organização social denominada ID Brasil, Cultura, Educação e Esporte. O presidente dessa organização admitiu ao Globo que não sabia "em que pé estava a situação". Os bombeiros de São Paulo confirmam que o prédio tinha "pendências em relação à estrutura para combate a incêndio". O governador Geraldo Alckmin declarou que vai reconstruir o prédio e remontar o museu com a ajuda de parceiros privados. Isso é bom, mas isso é pouco.
Um investigação rigorosa e a identificação de eventuais responsáveis serão importantes para que o alerta seja ligado em relação a outras valiosas instalações culturais em São Paulo e em todo o Brasil. Com a política de corte de verbas, já foi noticiado que há vários museus administrados por instituições federais, estaduais, municipais ou terceirizados para "organizações sociais" em situação de alto risco.
Nos últimos 15 anos, virou moda passar instituições públicas para a administração de "organizações sociais". Há hospitais, escolas, serviços de saúde, de eventos, de apoio social a menores, idosos e portadores de necessidade especiais administrados por tais organização 'não-lucrativas". A relação dos cofres público com tais instituições é, em muitos casos, uma obscura e imensa caixa-preta.  Frequentemente, os jornais noticiam irregularidades nessas parcerias. Não se sabe, sequer, se tais convênios resultam, de fato, em menor despesa para o poder público. No caso do Museu da Língua Portuguesa não parece clara a real responsabilidade em relação ao patrimônio concedido. Por exemplo, a "organização social" que administra o museu não poderá ser responsabilizada? E se por alguma falha ou omissão foram criadas as condições para a destruição do patrimônio não será ela convidada a custear as despesas, já que dificilmente o seguro, se houver e fora pago, vai cobrir a destruição, ainda mais com uma vítima fatal? O presidente da "organização social" declarou que é "complexa' a discussão de projetos de incêndio em edifícios tombados". Como assim? Se são tombados, aí mesmo é que não podem ficar descobertos.
O Museu da Língua Portuguesa, uma elogiável iniciativa que já recebeu milhões de visitantes, foi inaugurado em 2006. Em março do ano que vem faria 10 anos.
Tempo mais do que suficiente para discussões "complexas".