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sábado, 12 de setembro de 2015

Se alguém mandar você se "queixar ao bispo', esqueça... Se os seus direitos forem comprovadamente ameaçados, use a rede social, faça barulho. O efeito pode ser devastador...




por Flávio Sépia
Felizmente, foi-se o tempo em que você, maltratado ou desprezado em uma loja ou restaurante, ou qualquer outro serviço, era obrigado a levar o desaforo para casa. No máximo, queixava-se ao gerente e, na maioria das vezes, ficava por isso mesmo. Não há dúvidas de que o Código do Direito do Consumidor foi um grande avanço. Mas nada se compara à força das redes sociais. Repercute na Internet o post da professora Magna Domingues sobre uma inacreditável cena de desrespeito ocorrida em uma loja. Ao ver ameaçados seus direitos, ela foi registrar uma queixa na delegacia mais próxima. Mais inacreditável ainda: teve que insistir, segundo conta, porque a autoridade tentou convencê-la, não se sabe porque, a não lavrar a denúncia. O desabafo de Magna Domingues já foi compartilhado, até agora, por cerca de duas mil pessoas.
São comuns os exemplos de quem usa o celular para gravar ou filmar essas cenas de verdadeira agressão aos consumidores. Agem bem, têm o direito. Faça isso, amplifique seu desabafo, independentemente das ações legais ou judiciais. Faça barulho. Só assim você será ouvido (a).
Abaixo, a transcrição do post da professora Magna Domingues

"Magna Domingues
10 de setembro às 01:09 · Editado · 
Sobre crime e preconceito no cotidiano
Ganhei um Vale compras no valor de R$700, 00 para gastar na loja de roupas femininas chamada Ágatha. Depois do trabalho, cansada e "empoeirada", como é comum para as professoras de Educação Infantil que trabalham das 7 às 17h, cabelos lindamente despenteados, e vestindo aquele look adequado para dar aula sentando no chão e imitando os animais, como me é de costume, fui até ao Shopping Rio Sul gozar do meu presente. 
Na loja, a primeira coisa que fiz foi mostrar o Vale. A gerente fez alguma ligação e minutos depois volta dizendo que a promoção não existia mais. Eu estranhei, afinal, a pessoa que me deu o presente jamais permitiria que eu sofresse um constrangimento desses, mas enfim, resolveria depois. Então pedi o vale de volta e a gerente simplesmente se negou a me devolver dizendo que estava cumprindo ordens e que o "cheque" pertencia a loja, e não a mim. OI???? 
Me pareceu que a loja não acredita que um Vale de R$700, 00 possa ter sido presenteado para alguém com a aparência tão linda, negra e livre como a minha. Se apropriaram de algo que me pertence, dizendo pertencer a empresa (fui roubada). Além disso, me parece que o Vale tinha valor sim, caso contrário, que motivo a loja teria para "reter" o Vale? Bastava apenas não aceitar. 
Além do mais, a gerente da loja foi tão "fake", que ficou claro pra mim que ela estava sendo orientada a me tratar com doçura pra justamente tentar não demonstrar o que aquilo realmente era: um violento ato de preconceito.
Como a Magna reagiu:
( ) insistiu e exigiu a devolução do vale, mesmo sem sucesso. 
( ) registrou queixa no SAC do shopping 
( ) registrou queixa na delegacia 
(X)todas as opções acima.
Como se não bastasse, na delegacia, o policial que me atendeu foi bastante hostil (como costumam ser a maioria desses cidadãos) e tentou me convencer a não registrar a queixa. Desdenhou da minha indignação e do meu sentimento de ter sofrido preconceito. Disse que eu deveria procurar um advogado e processar a loja por danos morais (sim companheiro, mas agora eu quero registrar a queixa). Mais uma vez tive que exigir o meu direito e falar firme com uma autoridade. Afinal, eu fui roubada e ainda houve a insinuação de que eu é que seria a errada. Me tomam algo meu dizendo que aquilo não me pertence? Como assim? Não. Não passará.
Feitas as devidas reclamações e registros, já não são os R$700,00 que mais importam, mas a necessidade de refletir sobre essas tantas questões que estão envolvidas nesse episódio de uma noite de quarta-feira na Zona Sul do Rio de Janeiro.
A cor da pele e a roupa que você veste ainda são critérios para julgarem quem você é.
Fui assaltada dentro de uma loja e a minha indignação foi encarada como bobagem por um policial, e apenas por ele, porque as funcionarias do SAC do shopping, o taxista que me levou para a delegacia e todas as pessoas que encontrei no caminho e ia contando o caso ficaram tão indignadas quanto eu.
Qual a diferença entre ter R$700,00 roubados por um menino na rua ou por uma mulher maquiada e perfumada gerente de uma loja na Zona Sul? Pra mim, nenhuma.
Esse ocorrido foi mais uma oportunidade de refletir sobre crime e preconceito no cotidiano, mas sem dúvida, não vai ficar por isso mesmo. Não apenas por mim, mas por todas as pessoas que provavelmente foram e serão tratadas dessa forma, ou até pior, em ambientes onde a burguesia e a polícia se sentem acima dos nossos direitos e acreditam que podem passar por cima deles. 
https://www.facebook.com/Loja.Agatha.Oficial?fref=ts
142 curtidas58 comentários1,9 mil compartilhamentos"

E a resposta da loja no Facebook:
Ágatha Esclarecimento: já estamos reemitindo o vale para a cliente, com todas as informações necessárias para a validação do mesmo em nosso sistema e pronto para utilização"