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sábado, 14 de novembro de 2009

Se Jorge Luis Borges tivesse um blog...

"Já se disse que, se o tempo é infinito, o número infinito de vidas, rumo ao passado, é um contradição. Se o número é infinito, como algo infinito pode ter chegado até o presente? Se um tempo é infinito, creio eu, esse tempo infinito tem que abranger todos os presentes e, em todos os presentes, por que não este presente, em Belgrano, na Universidade de Belgrano, vocês comigo, aqui, juntos? Por que não esse tempo também? Se o tempo é infinito, em qualquer instante estamos no centro do tempo. Pascal pensava que, se o universo é infinito, o universo é uma esfera cuja circunferência está em todas as partes e o centro em nenhuma. Por que não dizer que este momento tem atrás de si um passado infinito, um ontem infinito? E por que não pensar que este passado passa também por este presente? Em qualquer momento estamos no centro de uma linha infinita; em qualquer lugar do centro infinito estamos no centro do espaço, já que espaço e tempo são infinitos. Os budistas acreditam que vivemos um número infinito de vidas. Infinito, no sentido de número ilimitado, no sentido estrito da palavra, um número sem princípio nem fim, algo assim como um número transfinito das modernas matemáticas de Kantor. Estamos agora em um centro - todos os momentos são centros - desse tempo infinito. Agora estamos conversando, nós, quanto a vocês, estão pensando no que digo, aprovando ou desaprovando". (De "Cinco Visões Pessoais", de Jorge Luis Borges)