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sexta-feira, 10 de junho de 2022

Fotojornalismo: as testemunhas esquecidas

por José Esmeraldo Gonçalves 

Que o sumiço do arquivo fotográfico que pertenceu à Manchete foi uma enorme perda para a memória do fotojornalismo brasileiro é um fato. Mas o que significou, para cada fotógrafo que lá trabalhou, ter seu material levado para local incerto desde que foi leiloado pela Massa Falida da Bloch Editores? 

Certamente, um dano irreparável. 

O Globo de hoje publica uma matéria sobre um iniciativa louvável do Instituto Moreira Salles. Mais uma iniciativa, aliás, que promove o fotojornalismo.  Dessa vez,  o IMS objetiva "difundir o passado e o presente do fotojornalismo brasileiro", como destaca a apresentação do projeto Testemunha Ocular,  um site especial (https://testemunhaocular.ims.com.br/) que reúne imagens feitas por fotógrafos cujos acervos já estão com o IMS, além de profissionais convidados. 

Não há no projeto fotojornalistas que durante décadas publicaram fotos memoráveis na Manchete e na Fatos & Fotos. Muitas dessas imagens, algumas vencedoras do Prêmio Esso, podem ser vistas no site da Biblioteca Nacional, que digitalizou a coleção da revista Manchete. Pelo menos isso.

Certamente, se o acervo estivesse preservado e disponível, fotos desses profissionais seriam divulgadas em projetos como esse do IMS. Centenas de importantes fotógrafos teriam o reconhecimento dos seus trabalhos pelas novas gerações.

Quando leiloado, o arquivo fotogáfico da Bloch foi arrematado por um advogado que se negou a informar o que iria fazer com milhões de cromos, negativos e cópias fotográficas que registravam quase 50 anos de fotojornalismo. A impressão que ficou: a Massa Falida da Bloch não fazia idéia do valor do arquivo que leiloava e o advogado ignorava o que estava levando. Talvez tenha sido um mero capricho, a julgar pelo desfecho da história. 

Desde que o último caminhão partiu com a última caixa, o acervo virou mistério. Chegou a circular entre ex-funcionários da Bloch que toda a coleção teria sido revendida para uma grande editora sob a condição de sigilo, por temor de demandas judiciais. Isso nunca foi comprovado. Se fosse verdade, provavelmente e em tempos de internet, as fotos originais já teriam aparecido na web. O que se vê atualmente em livros ou  dcumentários sobre os mais diversos assuntos são reproduções ou algumas poucas fotos de acervos pessoais.

Meses antes do leilão, um grupo de jornalistas que trabalhou na Manchete se mobilizou para divulgar o leilão. Já expressavam então a preocupação com o destino do acervo, caso um grande veículo não se tivesse interesse em oferecer um lance. Um caminho, imaginava o grupo, era mobilizar instituições culturais. Foram enviadas correspondências, além de efetuados telefonemas,  para o Arquivo Nacional, Ministério da Cultura, Fundação Getúlio Vargas, secretarias de Cultura, entre outros órgaos públicos e privados. Apenas o Ministério da Cultura informou que a questão "seria encaminhada" ao setor responsável. O Instituto Moreira Salles também foi procurado. Não houve interesse. 

Sem lances, o arquivo foi vendido apenas em uma terceira chamada por um valor muito abaixo do previsto. 

O advogado desembolsou apenas pouco mais de R$ 300 mil para levar milhões de fotos, aparentemente, para lugar nenhum. Sitting in his nowhere landcomo diz a velha canção dos Beatles.

sábado, 14 de maio de 2022

Carlinhos (de) Oliveira, na aparente simplicidade...

Carlinhos [de] Oliveira - Rio, 1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História) 

Há algum tempo eu queria publicar esta foto nos Bonecos da História, não só porque a considero interessante, mesmo não sendo tão especial assim, mas principalmente porque retrata a transcendente e complexa simplicidade de quem, com tanta sutileza quanto acidez, observava a vida da cidade do Rio de Janeiro e do Brasil em meados do século passado.

Trata-se da foto do capixaba José Carlos Oliveira. Sugerindo a tal simplicidade, ele era mais conhecido (embora também o registrassem, talvez para dar ao nome uma sonoridade que correspondesse a seus textos, como Carlinhos de Oliveira) por, simplesmente, Carlinhos Oliveira.

Quer posso dizer sobre Carlinhos [de] Oliveira?... Não sou, de maneira alguma, conhecedor, ao menos razoável, de obra, mas mero leitor antigo e ralo, apenas do final dos seus 22 anos como cronista do Jornal do Brasil (de 1961 a 1983).

É evidente que sua obra precisa (e merece) forte ressurgência, que até parece começar a acontecer em espaços da Internet (que não sei o quanto são lidos): no Portal da Crônica Brasileira (do IMS), na cobrança de Ricardo Soares, no incômodo de Álvaro Costa e Silva na Folha, a resenha existencialista da revista digital Rubem e também em textos acadêmicos, especialmente sobre o livro Diário da Patetocracia, que reúne crônicas do ano de 1968 publicadas no JB.   

Ainda antes de ser meu “colega” no JB, fiz eu esta foto (à época, com o crédito Aguinaldo Ramos), que foi inserida dentro da entrevista, parte de uma muito sensível série da revista Fatos & Fotos assinada pelo jornalista Renato Sérgio, outro grande jornalista/cronista carioca.

A conversa aconteceu no apartamento de Carlinhos, no Leblon, em rua bem afastada da praia, em frente ao então quartel da PM. Os dois (e eu também) sentados na varanda apertada, em uma conversa tão descontraída (para mim, sentado no chão, algo desconfortável...) quanto a imagem que a ilustra.

Fatos & Fotos Nº 885, 07/08/1978 - Foto: Guina Araújo Ramos

Por valorizar ainda mais a foto, louve-se o trabalho da redação, que a Fatos & Fotos produzia edições gráficas altamente criativas (por exemplo, outra de que gosto muito, o uso de três fotos de Chico Anysio, em show no Canecão, que dá movimento quase cinematográfico à página impressa). 

Não por acaso, Fatos & Fotos foi dos lugares mais prazerosos em que trabalhei como fotojornalista.

O problema é que, estando “sumido” o arquivo fotográfico de Bloch Editores e ainda não digitalizada e disponível a coleção da revista (como já acontece com a revista Manchete na BN), a minha única fonte de recuperação da imagem foi o recorte da publicação original, guardada por mais de 40 anos, de onde “retirei” a imagem através do imprescindível Photoshop, coisa trabalhosa e de resultado certamente apenas razoável.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Revista Zum/IMS oferece bolsas para projeto de Fotografia. Fique de olho que as Inscrições serão encerradas no dia 29 de junho


A revista Zum/Instituto Moreira Salles (IMS) está oferecendo duas bolsas de R$ 65 mil para incentivo a projetos inéditos de fotografia e de fotojornalismo. Qualquer pessoa com experiência em fotografia pode concorrer enviando uma proposta de trabalho em fase inicial ou de desenvolvimento, sem restrição de tema, perfil ou suporte. As inscrições são feitas em duas etapas. Interessados devem preencher uma ficha de inscrição online e mandar pelo correio uma lista de documentos, incluindo portfólio e proposta de trabalho, para o endereço indicado no site.
ACESSE MAIS INFORMAÇÕES NO SITE DA REVISTA ZUM. CLIQUE AQUI

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Deu no blog do Instituto Moreira Salles: O SOM DA REBELDIA (série de programas de Roberto Muggiati vai ao ar a partir de hoje)

Os atentados terroristas em Paris em 13 de novembro do ano passado fizeram, mais uma vez, a Marselhesa ser cantada com fervor na França e ouvida em todo o mundo. O hino francês, composto em 1792, abre, na voz de Edith Piaf, a série O som da rebeldia, que a Rádio Batuta apresenta entre os dias 25 e 29 de janeiro – os episódios ficarão permanentemente disponíveis no site da rádio de internet do Instituto Moreira Salles.
Roberto Muggiati.
Foto: Reprodução do Blog do IMS
A série tem concepção, roteiro e apresentação de Roberto Muggiati, jornalista com seis décadas de profissão, passagens por alguns dos principais veículos de comunicação do país e autor de diversos livros sobre música, tratando de jazz, blues e rock.
São cinco capítulos, somando cem músicas que foram contestadoras, seja de modo explicitamente político ou com viés comportamental. Muggiati comenta todas, contando curiosidades sobre elas. O prazer da audição é acompanhado de muitas informações históricas.
O tema do primeiro episódio – que estará na Batuta no dia 25 – é “Hinos de guerra, cantos revolucionários”. A Marselhesa é sucedida de canções como a Internacional (hino comunista), o Hino da Resistência (à invasão nazista da França), Bella ciao, Guantanamera, Comandante Che Guevara (Victor Jara) e Clandestino (Manu Chao).
No dia 26 entra no site “O protesto afroamericano: do blues e do folk ao jazz”. Muggiati selecionou gravações de artistas negros fundamentais como Bessie Smith, Robert Johnson, Paul Robeson (em Ol’ man river), Louis Armstrong, Billie Holiday (na dolorosa Strange fruit), Dizzy Gillespie e Charles Mingus.
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