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segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Fotografia - Em duas imagens, Brasíila entre a esperança e o terror


Esperança: Sob as colunas do Palácio do Planalto e diarte da multidão
 JK inaugura Brasília. Foto Equipe Manchete (Gil Pinheiro, Gervásio Baptista, Jáder Neves e Jankiel)
 

8 de janeiro de 2023 não acabou. A Polícia Federal,  o Supremo Tribunal Federal, além de uma CPM,I  ainda investigam os terroristas bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto, a sede do Congresso e o próprio STF. Há centenas de réus aguardando a condenação, falta enquadrar e botar atrás das grades os mandantes e financiadores do ato terrorista que tentou golpear a democracia. Dias antes, a facção criminosa bolsonarista tentou explodir uma bomba em um caminhão de combustível no aeroporto de Brasília e, em uma cena impressionante, como fotos e vídeos mostraram, manobrou um ônibus sobre um viaduto da capital com o intíuito de lançá-lo sobre os carros que passavam na avenida logo abaixo 
e conduziam pessoas que voltavam do trabalho.   

Os canais de notícias acompanham esse processo, diariamente. 

Por isso, ver casualmente o Palácio do Planalto estampado nas páginas de uma edição especial da Manchete, de 1960, à venda em um sebo em Laranjeiras, projeta uma curiosa linha do tempo entre duas épocas, dois eventos.

A página dupla da Manchete Memória mostra o momento em que JK recebe as chaves  do palácio. À frente das grandes colunas que caracterizam a arquitatura da sede do governo, uma multidão de brasileiros esperaçosos imaginava participar do primeiro capítulo de um novo futuro. Oscar Niemeyer revelou em entrevistas a inspiração para as formas geométricas que criou. "A intenção das colunas longitudinais era traduzir a leveza de uma pena pousando no chão". 

A realidade política do Brasil não respeitou a poesia em concreto sonhada pelo arquiteto. 

Apenas quatro anos depois,em 1964, jagunços fardados entraram em cena. Durante 21 anos - dos 63 que Brasília completou em abril passado - as colunas de Niemeyer viram desfilar os "gorilas" da ditadura que, longe da leveza, comandaram uma longa linha dura de perseguições, sequestros, assassinatos e corrupção. 

À frente  mesmo palácio, a explosão de ódio: terrorristas bolsonaristas atacam
a sede do governo. Foto de Marcelo Arruda/Agência Nacional

E, entre 2019 e 2022, a "pena pousada" viu um sociopata escrever um triste roteiro que  desgovernou o Brasil e incentivou a criminosa invasão que destruiu prédios públicos.          

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

Fotomemória da redação - O hobby de Jango era a fotografia. Um dia ele interrompeu uma entrevista à Manchete para mostrar o equipamento que adquirira no exterior.

 

Jango e Jáder Neves, em 1962, na fazenda do ex-presidente em São Borja (RS).
Foto de Maria Tereza Goulart.


por José Esmeraldo Gonçalves 

A alegação dos militares para derrubar João Goulart foi a de que ele era um comunista desalmado que comeria criancinhas no almoço e no jantar. 

A História mostrou que quem torturou mães na frente de seus pequenos filhos foram os miliares, que assassinaram e perseguiram milhares de brasileiros opositores de uma ditadura que enriqueceu "batalhões' de 'patriotas".

Veja essa foto de publicada na Manchete e feita em São Borja, em 1962, há 60 anos. Naquela época já estava em curso a conspiração contra a frágil democracia brasileira. 

O que o então presidente João Goulart fazia no governo era propor reformas para modernizar o país, torná-lo mais justo e diminuir, ou pelo menos reduzir a níveis civilizados, os muitos privilégios das classes dominantes e ricas à custa dos cofres públicos. 

Esse era o "perigo vermelho" alardeado pelos golpistas. O desfecho, sabemos. Cerca de dois anos depois Jango foi derrubado, partiu para o exílio onde morreu 14 anos depois dessa foto feita pela sua mulher, Maria Tereza Goulart. Naquela reportagem da Manchete, ele dizia que ao sair da presidência "queria ser apenas um homem do campo".

Na mesma ocasião, Maria Teresa fotografou Jango usando a Hasselblad de Jáder Neves.
Foto Jáder Neves - Manchete
Enquanto, "gorilas", empresários,  fazendeiros e banqueiros (na época não havia as expressões "agronegócio" e "mercado") preparavam o golpe e recebiam um orçamento secreto dos Estados Unidos, o "perigoso" Jango estava preocupado em mostrar para Jáder Neves, fotógrafo da Manchete, o equipamento fotográfico que adquirira em uma das suas viagens ao exterior. Na mão direita do presidente, um novíssimo e sofisticado flash eletrônico ainda pouco conhecido no Brasil O primeiro a chegar aqui tinha sido importado pelo fotógrafo de publicidade Chico Albuquerque, em 1958. 

Na ocasião, Jango confessou a Jáder que gostava de fotografar, mas lamentou ter pouco tempo para se dedicar ao seu hobby. Ele mostrou curiosidade pela câmera Hasselblad e pela lente que o fotógrafo usava. Jango tinha a simplicidade dos estancieiros. A varanda onde ele aí aparece sentado no chão, sem qualquer formalidade, foi cenário de várias e marcantes fotos suas nesse estilo autêntico do gaúcho.          

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

Fotografia - The Guardian seleciona foto de apoiadores de Lula para a galeria Friday's Best Photos

 

Foto de Carl Souza/AFP/Getty Images (link para The Guardian)

Em ato de campanha, Lula arrastou uma multidão na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O fotógrafo Carl de Souza/AFP/Getty Images captou a cena vibrante, acima, que The Guardian selecionou para sua tradicional galeria de melhores e publica hoje na seção Friday’s Best Photos. Neste link que remete ao jornal você poderá ver mais fotos do dia. AQUI 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Fotografia: há 65 anos, Sophia Loren e Jane Mansfield travaram na vida real a mais famosa "batalha dos seios" do cinema. Joe Shere fez a foto famosa.

 

A famosa foto de Joe Shere: Jane Mansfield e os seios que intrigaram Sophia Loren 

por José Esmeraldo Gonçalves 

Essa foto foi feita no restaurante Romanoff's, em Beverly Hills, na Califórnia, em 1957. 

Joe Shere, que durante a Segunda Guerra trabalhou como fotógrafo para o exército americano, registrou esse monumental encontro de seios. Ele costumava  retratava poses de astros e estrelas do cinema e, com menor frequência - para não perder clientes - fazia fotos do tipo paparazzi que vendia sob pseudônimo. Nesta imagem, Jane Mansfield, aos 24 anos, ostenta exatos 102 centímetros de peitos, bem mais do que os 90 centímetros de Sophia Loren, aos 23 anos. 

O olhar da bela atriz italiana permaneceu como um dos mistérios holywoodianos. Era de inveja? Admiração? Humilhação? Afinal, Sophia, até chegar à capital do cinema, orgulhava-se da sua formidável massa romana de busto. 

A presença de Jane Mansfield no restaurante é mais fácil de desvendar. Sophia chegava a Hollywood, território da Mansfield, e era recebida pela poderosa Paramuont. A loura teria ido ao coquetel em homenegem à italiana apenas para mostrar suas armas. Como se disesse: "você não é peito pra mim". 

Há alguns anos, ao responder à Entertainment Weekly sobre o motivo do olhar atravessado, Sophia Loren brincou que a expressão era de medo dos seios da Mansfield rolarem sobre a mesa, mas revelou que, embora muitos fãs pedissem, jamais autografou "l'immagine dei seni". "Não queria ter nada a ver com aquela foto", disse. 

Sohia Loren acaba de completar 88 anos, mora na Suíça. Jane Mansfield morreu em 1967, aos 34 anos, quando o Buick em que viajava bateu de frente em um caminhão. O fotógrafo Joe Shere faleceu em 2008, aos 91 anos. 

A sua foto ficou para a história.   


Hindenburg - Foto Sam Shere





ATUALIZAÇÃO EM 15/10/2022 - Roberto Muggiati 
ex-diretor da Manchete envia duas cenas do encontro 
Mansfield-Loren registrado por Joe Shere para a
Life Magazine. As imagens mostram que já na chegada à mesa
a loura intimida a italiana com os seus dois
"mísseis" imbatíveis. Sophia inicialmente sorri, mas logo
 demonstra preocupação com o par de seios a poucos
centímetros do seu rosto.



 
Em família

Vale um adendo. Em 1937, o fotógrafo Sam Shere, irmão de Joe Shere, fez uma foto ainda mais célebre do que a do irmão mais novo. É dele a imagem mais conhecida da queda do dirigível Hindenburg em Lakehurst, New Jersey, em 6 de maio de 1937, há 85 -anos.   

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Há 85 anos, a última cobertura de Gerda Taro: a primeira mulher fotojornalista de guerra

O sorriso de Gerda Taro cativava Paris em 1933. 


Taro e a Leica.  Foto Robert Capa

A notícia da morte da fotógrafa e...


...uma página dupla da matéria da Life em sua homenagem.


por José Esmeraldo Gonçalves 

Em 1937 os republicanos travavam uma dura batalha contra os nacionalistas fascistas liderados por Francisco Franco, com apoio de "consultores", tanques, fuzis e aviões alemães cedidos por Adolpho Hitler. 

Entre 6 e 25 de julho, os republicanos perderam 25 mil homens, muitos deles engajados nas brigadas internacionais. A Guerra Civil Espanhola se estendeu até 1939, mas a Batalha de Brunete, uma pequena cidade a 35km de Madrid, representou para os republicanos, além da perda de tantas vidas, a destruição de valioso equipamento militar. 

Combate em Brunete, na Espanha, a última cobertura. Foto de Gerda Taro

Brunete também entrou para a história como o ponto final da curta, mas essencial, trajetória da primeira mulher fotojornalista a cobrir uma guerra. No dia 26 de julho de 1937, há 85 anos, a fotógrafa Gerda Taro, já sem estoque de filmes, procurava uma carona para deixar a região em vias de ser totalmente ocupada pelas tropas fascistas. Gerda conseguiu um lugar em uma viatura que era usada para transportar feridos. Uma esquadrilha de Stukas, bombardeios de mergulho da Luftwaffe, castigava intensamente as forças republicanas e atingia um tanque que vinha imediatamente atrás do veículo que levava a fotógrafa. Fora de controle, o blindado esmagou a viatura. Gravemente ferida, a fotógrafa morreu no dia seguinte. Nascida em Stuttgart, filha de comerciantes judeus, foi vítima de um bomba nazista uma semana antes de fazer 27 anos. 


Com Robert Capa, em 1935, em Paris e...


...na linha de frente, em Córdoba, em 1936: Capa, que usa o único capacete disponível
na ocasião, coloca-se à frente de Gerda.Foto Roberto Capa


Quatro anos antes, após ser detida por distribuir panfletos e participar de protestos contra o nazismo, ela deixou a Alemanha e fixou-se em Paris. Foi onde Gerda, cujo nome verdadeiro era Gerda Pohorylle, conheceu o fotógrafo húngaro Endre Friedman, que lhe ofereceu um emprego de assistente. Entre câmeras, lentes, filmes, ela se iniciou na fotografia orientada por Friedman. O escurinho do laboratório tanto os aproximou que os dois se apaixonaram. Juntos, fizeram planos para vender fotos para outros centros europeus e, principalmente, para o ambicionado mercado norte-americano. Como meio de evitar o preconceito contra judeus disseminado na Europa, os dois criaram identidades, digamos, neutras. Endre tornou-se Robert Capa e Gerda adotou o sobrenome Taro. Dessa época, muitas fotos, de comum acordo, foram publicadas sob uma das marcas criadas: a de Robert Capa. Paralelamente, a outra marca, a de Gerda Tato, popularizava-se entre publicações antifascistas e comunistas na Europa. 

O arranjo funcionou bem até que eclodiu a Guerra Civil na Espanha, que mobilizou a intelectualidade antifascista que agitava Paris. Capa e Gerda intuiram que o foco dos acontecimentos se reajustava e viajaram imediatamente para Barcelona. Nas primeiras pautas na guerra, a fotógrafa usava uma Rolleiflex. Não demorou muito a adotar a Leica III, equipamento avançado para a época, usado por Capa e que dava muito mais mobilidade nas coberturas de ações militares. O filme 35mm oferecia 36 poses, enquanto as câmeras reflex, que usavam o filme 120, rendiam apenas 12 poses, o que fazia enorme diferença nos campos de batalha. 

Um trabalho que tornou Gerda famosa no mercado internacional foi a coberturas que fez, sozinha, do bombardeio de Valença por aviões nazistas a serviço de Franco. O material foi publicado por veículos das principais capitais europeias e nos Estados Unidos e definiu o seu campo de trabalho preferencial: a guerra. 

Capa e Gerda foram para a Espanha acompanhados do amigo e fotógrafo David "Chim" Seymour. Em poucos anos, os três se tornaram lendas da e referência da fotografia de guerra. O trio morreu em serviço, mas o tempo de Gerda, contudo, seria dramaticamente curto. Capa morreu na Guerra da Indochina, em 1954; "Chim" em 1956, na Guerra do Canal de Suez; e Gerda, na Espanha, como relatado acima, apenas um ano após começar a cobrir a Guerra Civil. Seu enterro no cemitério Père Lachaise, em Paris, exatamente no dia do seu aniversário, 1 de agosto, atraiu milhares de pessoas.  

Em 2007 foi encontrada na Cidade do México, a "Mala Mexicana", que continha milhares de negativos, até então desaaparecidos, de Taro, Capa e Seymour. O valioso achado - encontrado por herdeiros de um general -  teve consequências virtuosas: foram finalmente identificadas centenas de fotos feitas por Taro que eram atribuída a Capa; e foi possível conhecer a extensão da sua obra. Em 2016, um exposição em São Paulo (registrada neste blog em https://paniscumovum.blogspot.com/search?q=Gerda+Taro ) reuniu fotos encontradas na "Mala".

Em seu discurso fúnebre no Père Lachaise em homenagem a Gerda Taro, Pablo Neruda havia sentenciado: "Ce qui est pire que la mort c'est la disparition". Em tradução livre, "o desaparecimento é pior que a morte". Neruda se referia à ausência de Garda no seu círculo de amigos em Paris e ao vazio no coração do seu amado Capa. 

Para a fotografia, Garda não sumiu, eternizou-se. 

sábado, 28 de agosto de 2021

Em imagens: a insustentável crueza do ser...

 

A foto de Victor J. Blue, do Instagram do fotojornalista, mostra a agonia de um jovem afegão ferido em atentado no aeroporto de Cabul. Foi publicada ontem nos principais jornais do mundo

A mesma foto, invertida, remete ao quadro de...

Jacques-Louis David que retrata o revolucionário Marat assassinado na banheira. 


E, finalmente, a recriação da obra de David por Vik Muniz que exibe o catador de lixo Sebastião.


por José Esmeraldo Gonçalves 

A primeira foto na sequência acima é do fotógrafo novaiorquino Victor J. Blue. Foi feita em Cabul logo após um homem-bomba do Isis-K detonar explosivos em um dos acessos ao aeroporto da capital do Afeganistão. 

Dezenas de pessoas foram despedaçadas no local. 

Naquele momento, quando o perímetro da pista era o inferno na terra, Victor J. Blue registrou o socorro a um dos feridos. Em meio ao caos, mas acostumado a cobrir guerras e crises humanitárias, o fotógrafo enquadrou com perfeição a tragédia resumida em um frame.

A imagem é dramática e, curiosamente, remete a outros dramas em outros tempos e cenários. Bastou inverter a foto de Cabul (na segunda imagem) para a referência visual tornar-se ainda mais clara. 

A terceira imagem é da obra célebre "A morte de Marat" de Jacques-Louis David ( França, 1748-1825). 

Finalmente, fechando a sequência, a recriação do quadro de David feita pelo artista plástico Vik Muniz, intitulada "Marat (Sebastião)", do documentário "Lixo Extraordinário" sobre o drama dos catadores. 

A insensatez dos homems é o fio que une as cenas. 

(O Instagram de Victor J. Blue reúne mais fotos de Cabul. Você pode vê-las AQUI )

terça-feira, 25 de maio de 2021

Fotografia: Coletivo Latino-Americano ganha prêmio ao retratar a pandemia na região. Grupo reúne 18 fotógrafos entre os quais três brasileiros

Foto de Victor Moryama mostra o Copom, prédio tradicional de São Paulo> Moradores batem panelas em protesto contra Jair Bolsonaro, um militante que se orgulha de e propaga
o negacionismo da Covid-19.  

Foto de Ana Carolina Fernandes, Copacabana, Rio de Janeiro. Cruzes na areia homenageia brasileiros mortos pela Covid-19 no dia em que a país atingiu a marca de 40 mil vítimas fatais. Hoje, o número da tragédia se aproxima dos 500 mil. 

Foto de Rafael Vilela. Covas abertas na Vila Formosa. A geometria das perdas imensas.

Foto de Andrea Hernandez, Venezuela. A idosa Martina Veranea Rodriguez, de 87 anos, fez uma colagem de fotos de seus parentes como lembrete para tê-los sempre por perto
em seu apartamento em Caracas.

Foto de Federico Rios, Colômbia. A bandeira vermelha é um pedido de socorro, o alerta desesperado
 das famílias mais pobres

Foto de Pablo. E. Piovano, Argentina, fotografou o próprio pai, também fotógrafo.

Foto de Danielle Volpe, Guatemala. Idoso contaminado padece em frente
a um hospital

Foto de Eliana Aponte, Cuba. Guevara é testemunha. A Praça da Revolução, Havana, vazia em pleno 1° de Maio, uma das datas mais festivas da Ilha.

A arte e a cultura em geral reagem ao vírus. Também funcionam como um imunizante poderoso contra a insensibilidade e interpretam a tragédia como um apelo à vida. O coletivo Covid Latam O olhar de 18 fotógrafos latino-americanos sobre a Covid-19 na região ganhou o prêmio FotoEvidence Book Award - World Press Photo. Três brasileiros - a carioca Ana Carolina Fernandes e os paulistas Victor Moriyama e Rafael Vilela - estão entre os vencedores, ao lado de profissionais da Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Bolívia, Brasil, Equador, El Salvador, Guatemala, México, Peru, Uruguai e Venezuela. O prêmio do WPP reconhece projetos que documentem violações dos direitos e da dignidade humanos. Na América Latina, a pandemia tem desdobramentos dramáticos desde o número de mortos à precariedade da vacinação ao agravamento da desigualdade crônica da região. O Covid Lata produziu quase mil imagens  que estarão no livro Red Flag que será lançado em Amsterdã, durante a próxima edição do World Press Photo, e também em Nova York, no Bronx Documentary Center. O título do livro remete ao gesto das famílias mais pobres da Colômbia que colocavam nas casas um bandeira vermelha como sinal de um desesperado pedido de ajuda.

A notícia da premiação está no Media Talks, onde você poderá ver mais fotos  AQUI

sexta-feira, 16 de abril de 2021

World Press Photo 2021 - Deu Brasil na cabeça - O país das tragédias inspira os fotojornalistas vencedores

Com imagens do incêndio no Pantanal, como essa de um macaco calcinado, o brasileiro Lalo  de Almeida foi um dos vencedores do World Press Photo 2021. Ele cobriu a tragédia para a Folha de São Paulo/Panos Pictures. 


Um voluntário procura focos sob uma ponte. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/
Panos Pictures


A dramática luta contra o fogo. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/Panos Pictures


por José Esmeraldo Gonçalves

O fotojornalista brasileiro Lalo de Almeida ganhou o primeiro lugar na categoria Série Meio Ambiente do World Press Photo 2021. Ele fotografou para a Folha de São Paulo e Panos Pictures a devastação no Pantanal. Queimadas fora de controle, o clima de impunidade estimulado pela política antiambientalista do governo Jair Bolsonaro e o período de estiagem local foram o combustível para a destruição. O quadro final: milhares de animas mortos, um dos mais importante biomas do planeta em cinzas e cerca de 160 mil quilômetros consumidos pelo fogo, um terço do Pantanal. A série de Lalo de Almeida denuncia mais essa tragédia brasileira. Com o mundo ainda chocado pelo desmatamento da Amazônia, o Brasil ofereceu ao planeta esse novo trauma. Segundo investigações da Polícia Federal, os incêndios foram provocados por empresários do agronegócio até agora impunes 


O abraço resgatado ganhou prêmio principal do WPP 2021. Foto de Mads Niessen/Politiken

Outra tragédia, essa global, foi o campo de inspiração para o vencedor do prêmio principal do World Press Photo 2021, o fotojornalista Mads Niessen. Mas o Brasil, mais uma vez, é protagonista. E, de novo, em uma calamidade que, pelas proporções dramáticas que alcançou aqui, tem as digitais  criminosas de Jair Bolsonaro. 

Niessen fotografou a cena comovente para o jornal Politiken. Na imagem, Rosa Lunardi, 85 anos, é abraçada pela enfermeiro Adriana Souza, no lar Viva Bem, em São Paulo. Empatia, solidariedade, compreensão e compaixão. Tudo aí. O abraço, o primeiro em cinco meses que a idosa recebeu, foi possível graças a cuidados especiais. Ela envolve a enfermeira que, além da máscara, veste uma proteção de plástico que casualmente ganha forma de de asas de anjo. 

Ambos os fotojornalistas cumpriram a função diante dos fatos. Levá-los além da notícia, traduzir dramas em imagens e, ao mesmo tempo, lançar uma mensagem ao mundo. 

O Brasil é que não se sai bem nas fotos. Assim como a destruição programada do meio ambiente, a Covid 19 é potencializada aqui pelo negacionismo do sociopata que governa o país. 

NO SITE DO WORLD PRESS PHOTO, FOTOS DOD VENCEDORES EM TODAS AS CATEGORIAS AQUI

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Fotografia - Como uma onda

 

Foto de Affonso Dalle/Divulgação

por Niko Bolontrin 

A dica é de um leitor. Veja essa foto da famosa (para os surfistas) "laje de Ipanema". É do fotógrafo especialista Affonso Dalle, capturada hoje. O surfista na "remada" é o Tiaguinho Arraes. No Instagram está postada uma sequência da série. E o site do Globo publica outras. AQUI


Fotografia - Deu match! O beijo antes da cúpula

A bitoca política de Leonid Brejnev e Erich Honeker em Berlim, 1979. Foto de Régis Bossu/Leicastore/Frankfurt

por José Esmeraldo Gonçalves

Ontem O Globo fez um seleção de fotos célebres de beijos. Não foi um desafio às normas anti-Covid, mas a comemoração do Dia do Beijo (13/4). A edição estava impecável. Faltou apenas uma bitoca histórica (bitoca que, na verdade, aparenta ser um tremendo chupão). 

Em 30 de outubro de 1979, o fotógrafo francês Régis Bossu cobria a comemoração dos 30 anos da DDR (República Democrática Alemã). Em meio a festividades e desfiles, ele foi escalado para o encontro formal de cúpula entre Leonid Brejnev, da União Soviética, e Erich Honecker, da então Alemanha Oriental. 

Bossu era freelancer da Sygma, agência francesa de fotografia que foi parceira da Manchete durante vinte anos. Ele usou uma Leica. A imagem original está hoje na galeria da fabricante de câmeras, em Frankfurt. 

Naquele dia, após os discursos, o líder soviético deu um ligeiro puxão no colega alemão. O que inicialmente parecia um convite para uma conversa ao pé do ouvido virou uma beijoca de cinco segundos. Havia um batalhão de fotógrafos na sala, mas o melhor ângulo e a imagem precisa que se espalhou pelo mundo - viralizou, como se diz hoje - foram do francês. Muitos jornais e revistas reproduziram a foto cortando-a para um close do beijo, afinal era a razão da repercussão global da cena. 

Acima, está a foto completa com os papagaios de pirata divididos entre indiferentes e voyeurs. 


A tradição explica a iniciativa de Brejnev: para os russos o beijo na boca é símbolo de camaradagem e tem origem no "ósculo santo" da Igreja Ortodoxa representando a irmandade entre os religiosos. No mesmo ano, Jimmy Carter escapou de beijão de Brejnev oferecendo a outra face, como o New York Times registrou. Nascido na pequena Plains, na Geórgia, filho de fazendeiros batistas, Carter não conseguiria explicar um beijo daqueles no culto dominical; Preferiu declinar. 

terça-feira, 7 de julho de 2020

Em live da Mosaico Imagem, o fotógrafo Orestes Locatel, ex-Manchete, fala sobre suas fotos e trajetória profissional

Orestes Locatel. Foto: Reprodução
da live da Mosaico Imagem/Instagram
A Mosaico Imagem, agência de fotografia de Vitória (ES), tem feito lives com fotógrafos que narram bastidores de coberturas e contam histórias por trás de fotos marcantes.
Um dos entrevistados para a série História da Foto foi o fotojornalista Orestes Locatel, com importante trajetória na revista Manchete.
A Mosaico Imagem, fundada pelos fotógrafos Tadeu Bianconi e Gabriel Lordêllo,  atende a veículos como Veja, Istó É, Época, Exame, Super Intressante, Galileu, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, UOL, Valor Econômico e O Globo e também presta serviços aos mercados publicitário, industrial e corporativo.
Veja o depoimento de Orestes Locatel AQUI

quinta-feira, 18 de junho de 2020

"White Lives Matter": quando um negro protege o racista que veio combatê-lo



Durante um protesto do Black Lives Matter, em Londres, o ativista Patrick Hutchinson carrega no ombro um opositor racista, que hostilizava os manifestantes. Após um início de conflito, Hutchinson resgata o homem branco ferido, que corria riscos em meio à passeata, e o leva a um lugar seguro.
A cena foi estampada em vários jornais britânicos.  Alguns tabloides saudaram o "herói" negro.  Outros destacaram a união contra o racismo ou o fato de um negro proteger o branco que veio combatê-lo. Uma interpretação é que Hutchinson mostrou sensibilidade política e agiu para  proteger o movimento Black Lives Matter, que certamente seria responsabilizado caso o neonazista fosse espancado. A foto é de Dylan Martinez / Reuters.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Fotografia: os vencedores do Sony World Photography Awards 2020


A Organização Mundial de Fotografia anunciou os vencedores do Sony World Photography Awards 2020 em suas quatro categorias: Profissional, Aberta, Jovem e Estudante. Foram analisadas mais de 345 imagens de 203 países. Apenas os fotógrafos profissionais inscreveram 135 mil fotos.
O uruguaios Pablo Alvarenga foi o fotógrafo do Ano com "Sementes da Resistência", um trabalho sobre paisagens e territórios colocados em risco pela mineração e o agronegócio. "As imagens exploram o vínculo entre os defensores e suas terras - uma área sagrada na qual descansam centenas de gerações de seus ancestrais. Nas fotografias, os personagens principais das histórias são vistos de cima, como se estivessem dando suas vidas por seu território", relata o site oficial da premiação.

VEJA AS FOTOS VENCEDORAS DO SONY WORLD PHOTOGRAPHY AWARDS 

terça-feira, 2 de junho de 2020

Fotojornalismo - Black Lives: as imagens importam..

Foto de Jerry Holt/Star Tribune/Vox (link abaixo)

Foto de Mark Vancleave/Star Tribune/Vox (link abaixo)

Foto de Keren Youcel/AFP/Vox (link abaixo)

Foto de John Michilio/AP/Vox (link abaixo)

O site Vox publicou uma galeria de fotos marcantes dos protestos contra o assassinato do negro George Floyd por um policial branco nos Estados Unidos. As imagens mostram a revolta em Minneapolis, onde ocorreu o crime e começaram os protestos que se espalharam pelo país.

VOCÊ PODE VER MAIS FOTOS NO VOX, AQUI 

domingo, 5 de abril de 2020

Quarentena criativa: acredite, tudo isso aí vai virar um livro de fotos...

Foto de Larry Towell

Em quarentena, o fotógrafo canadense Larry Towell decidiu que é uma boa hora para finalmente organizar e editar seu livro sobre a Ucrânia, onde cobriu eventos políticos desde 2014.
"A Ucrânia tem uma história longa e complicada que tenho lutado para resolver visualmente. É como montar um quebra-cabeça e é por isso que meu estúdio parece que eu esvaziei 1.000 peças em todos os lugares", diz ele diante da bagunça que o site da Magnum exibe.

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Foto dos Beatles na Abbey Road é alterada pela Volkswagen. Motivo: Fusca que aparece na famosa imagem comete infração de trânsito

O Fusca com duas rodas sobre a calçada e a "correção": estacionado segundo o código de trânsito. Reprodução/Design Taxi (link abaixo)

por Flávio Sépia 
Meio século depois, o politicamente correto e o oportunismo publicitário  alcançam uma foto lendária dos Beatles. O famoso Fusca branco que aparece na imagem estacionado com duas rodas sobre a calçada da Abbey Road, em infração às leis do trânsito, foi manobrado para obedecer ao código. A correção foi feita pela Volkswagen que produziu uma campanha comemorativa dos 50 anos do álbum para divulgar o "Park Assist", a tecnologia que presta assistência eletrônica aos motoristas na hora de estacionar.
A dica é do Blue Bus e você pode ver a matéria original completa no Design Taxi AQUI

domingo, 25 de agosto de 2019

Fotografia: Cartier-Bresson e Robert Capa registram a libertação de Paris. Foi no dia de hoje, há 75 anos

Barricadas na Rue de Castiglione/ Foto de Henri Cartier-Bresson (link abaixo) 

Partisans em combate. Foto de Robert Capa - International Center of Photography/Magnum Photos (link abaixo)

No dia 25 de agosto de 1944, há 75 anos, Paris foi libertada dos nazistas. Seis dias antes, a Resistência Francesa criara focos de combate às guarnições alemãs em vários bairros da capital. E no dia 24, os partisans receberam apoio das forças regulares  - os espanhóis remanescentes das forças republicanas que haviam lutado na Guerra Civil Espanhola incorporados à Companhia Nueve do Regimento do Chade foram os primeiros a entrar na capital francesa - seguidos do Exército da França Livre e da 4ª Divisão de Infantaria americana.

Os aliados estavam às portas de Paris mas seus comandantes lidavam com problemas de logística e ainda relutavam em tomar a cidade naquela semana. A ação dos partisans precipitou a invasão final. De Gaulle só entrou em Paris quando os parisienses já lutavam havia seis dias nas ruas e parques. No total, na chamada Batalha de Paris, morreram cerca de mil partisans e 600 civis, além de 130 soldados regulares e 3 mil soldados alemães. A cidade estava sob os coturnos nazistas desde junho de 1940.

Enquanto Paris lutava pelo menos dois grandes fotógrafos testemunhavam os combates: Cartier-Bresson e  Robert Capa.

Capa, que entrou na capital de carona em um tanque da Companhia Nueve, recordou no seu livro de memórias "Ligeiramente fora de foco":

“O caminho para Paris estava aberto, e todo parisiense estava na rua para tocar o primeiro tanque, beijar o primeiro homem, cantar e chorar. Nunca houve tantos que eram tão felizes tão cedo ”, escreveu ele. Senti que essa entrada em Paris havia sido feita especialmente para mim. Em um tanque feito por americanos que me aceitaram, cavalgando com os republicanos espanhóis com quem eu havia lutado contra o fascismo há muitos anos, eu estava retornando a Paris - a bela cidade onde aprendi a comer, a beber, a amar ... ”

Para celebrar os 75 anos da libertação de Paris, o site da Agência Magnum editou um álbum com fotos dos dois profissionais que marcaram a história do fotojornalismo.

VEJA NA MAGNUM, AQUI