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segunda-feira, 27 de abril de 2015

Memórias da Redação: Na Fatos&Fotos, o mistério da camisa ensanguentada e um quase-crime passional...

(do livro Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" - Desiderata) 
Um repórter namorou uma colega de trabalho. A moça era forte, criada em fazenda, acostumada a correr atrás de cavalo manga-larga. Na época, não era moda fazer musculação, mas aquela jovem era naturalmente "bombada". Já o namorado era um intelectual, dado a mesa de botequim, sem resquício de um Rambo. Uma noite, o casal se desentendeu. Ele, ao volante, ousou ordenar à menina que saísse do carro. A moça aceitou o "convite" para ser largada no meio da rua, já madrugada, mas ao sair, usando os braços como duas alavancas, arrastou o repórter pelo colarinho. Na calçada, deu uns tabefes no rapaz, que botou um pouco de sangue pelo nariz, ensopando a camisa. Sem poder ir para casa, ele voltou ao Russell, guardou a camisa no armário da Redação, conseguiu uma muda de roupa emprestada e foi embora. Anos depois, a revista mudou de sala. Entre livros e papeis recolhidos pela turma da mudança apareceu uma camisa ensanguentada. A notícia se espalhou pela empresa e, como sempre, o telefone sem fio foi multiplicando a história. Oito andares abaixo, o mistério já ganhava outras proporções. "Esfaquearam alguém na Redação da Fatos & Fotos?", perguntava um motorista, de olhos arregalados.

domingo, 9 de março de 2014

Gervásio Baptista, 90 anos: Folha de São Paulo traz hoje matéria com o grande fotógrafo - e boa praça - que fez história na Manchete. Ainda em atividade, Gervásio trabalha atualmente no STF



LEIA A MATÉRIA E VEJA ÁLBUM DE FOTOS NA FOLHA DE SÃO PAULO, 
CLIQUE AQUI






Gervásio Baptista cobriu a Guerra do Vietnã. A Manchete o enviou para o front acompanhado do jornalista Murilo Melo Filho. Foto: Acervo Gervásio Baptista


Enterro de Vargas, 1954: Gervásio fez a capa da edição especial da Manchete. Foto: Acervo Gervásio Baptista


Brasilia em construção foi tema de dezenas de edições da Manchete. Acima, Gervásio em frente ao prédio do Congresso com a inseparável Rolleiflex nas mãos. A foto, que pertence ao acervo pessoal do fotógrafo, foi feita por outro brilhante profissional da Manchete: Nicolau Drei. 

Parte da trajetória de Gervásio Baptista e muitas das suas revelações de bastidores estão contadas em um dos capítulos do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Editora Desiderata). Esgotado em livrarias, o livro ainda pode ser encontrado em sebos na internet.




Revolução cubana. Foto de Gervásio Baptista para a Fatos&Fotos. Reprodução do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Quando Oscar Niemeyer aconteceu na Manchete...

por José Esmeraldo Gonçalves 
Em 2008, durante a preparação da coletânea "Aconteceu na  Manchete, as histórias que ninguém contou", lançada pela editora Desiderata, o grupo de autores, todos jornalistas que atuaram na extinta Bloch, considerou indispensável para a abertura do livro um texto de uma personalidade cuja trajetória se cruzava com a editora. Era Oscar Niemeyer, caro amigo de Adolpho Bloch. A Manchete acompanhou cada passo da brilhante carreira do arquiteto que, inúmeras vezes, visitou a redação da revista. A própria construção de Brasília foi documentada, tijolo por tijolo, curva por curva, por repórteres e fotógrafos da Manchete. Coube ao arquiteto projetar a sede da editora, na Rua do Russell. Outra das suas obras no Rio também o aproximaria ainda mais da revista. Manchete transformava o carnaval carioca em um grande acontecimento. E coube a Niemeyer construir seu palco apoteótico, o Sambódromo, cena de memoráveis coberturas jornalisticas da revista e da Rede Manchete.
Foi assim que, convidado por Lenira Alcure, uma das autoras do "Aconteceu", o saudoso Niemeyer escreveu especialmente para o livro um texto afetivo, com um suave traço da poesia que gravava na ousadia das suas criações em concreto. Leia, a seguir.

  

domingo, 8 de janeiro de 2012

Revista Manchete, 60 anos. E ainda nas bancas... de livros

por Jussara Razzé
Em abril de 2012, a revista Manchete completaria 60 anos. Foi lançada em 1952. Para conhecer sua trajetória, nada melhor do que ler o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata), coletânea escrita por jornalistas que trabalharam na extinta Bloch. Só que o "Aconteceu" está esgotado em livrarias, embora ainda seja encontrado em sites e sebos. Ontem, na Praça Antero de Quental, no Leblon, estava exposto em uma das bancas. O preço, que não é de liquidação, ainda reflete a procura pelo livro. Foi lançado em 2008 a 59 reais. Na feirinha do Leblon pode ser adquirido a honrosos 30 reais.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Continua acontecendo

Esgotado na editora mas ainda à venda em alguns sites e sebos, o livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) continua circulando por aí cumprindo o objetivo principal dos seus autores: revelar e difundir a história e os bastidores de uma das maiores editoras de revistas do país. O "Aconteceu" foi lançado em fins de 2008 mas como se trata de uma obra atemporal e que já está no acervo de várias bibliotecas universitárias é comum ver na internet críticas e comentários recentes tal qual o texto que pode ser lido no link abaixo.
Clique AQUI   

domingo, 16 de janeiro de 2011

Memória da redação: Aconteceu na...


A mensagem de Sarney: erro no título em russo.

O Rio para russo ver em edição especial da Manchete

Petrobras: anúncio em russo

A capa da edição especial lançada em Moscou, em 1985.
 O processo de transformação econômica e social da União Soviética, incentivado pela "glasnost" e  a "perestroika", em 1988, repercutiu no mundo ocidental e também no coração do velho Adolpho. Ele, que chegara ao Brasil em 1922, fugindo da Revolução Russa, exultava com a perspectiva da volta a sua terra natal, em grande estilo. Programou a viagem na qual levava em mãos, para ser entregue a Mikhauil Gorbachev, a revista Manchete. Número especial, escrito em russo, mostrando as riquezas do Brasil. Problemas decorrentes da língua e da tipologia marcaram a elaboração da mesma. Recorreu-se à embaixada da União Soviética para revisão. Adolpho Bloch só recebeu os exemplares da revista em Paris. Na terceira página tinha uma foto e uma mensagem do então presidente José Sarney. Por um cochilo da revisão final, o titulo saiu truncado. Onde deveria estar escrito "Mensagem ao Povo Russo", naturalmente, estava: "Mensagem ao Povo Brasileiro". Um susto e um corre-corre. O erro foi sanado artesanalmente, em um quarto de hotel em Paris. Parte do grupo que acompanhava Adolpho na viagem passou uma noite colando adesivos, com o título correto, sobre a falha russa. 
Leia esta e outras revelações de bastidores em "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata), coletânea com 445 páginas e mais de 200 reproduções de fotos e ilustrações, iniciativa do Grupo de Ação Cultural Pão com Ovo.

sábado, 24 de abril de 2010

Memórias da redação: aconteceu na...

por Alberto Carvalho
(do livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou (Desiderata)
"As terças-feiras sempre foram dias tranqüilos na redação da revista Manchete. Bem ao contrário das segundas-feiras, dia do fechamento da edição da semana, quando Adolpho Bloch estava invariavelmente presente na redação e dava palpite em tudo, principalmente na foto da capa da revista e em vários outros assuntos, como a principal matéria da semana. Sem contar que o velho até mordia slides quando alguém sugeria uma foto e ele não gostasse. - "É um nojo, não é verdade isso?” - dizia Adolpho, já esperando que todos concordassem.
Mas vamos recordar aqui uma certa terça-feira que inicialmente seria como as demais: tranqüilas. Um dia depois do fechamento, quase sempre tenso, fazia-se a reunião de pauta e depois, com a equipe mais descontraída, jogava-se muita conversa fora. Falava-se do futebol de domingo ou cada um se gabava de quem teria comido quem no fim-de-semana. Em uma dessas ocasiões, estavam presentes eu (secretário de redação), os redatores Nilson Lage, Narceu de Almeida, Wilson Cunha, Mauricio Gomes Leite, José Rodolpho Câmara (colunista social) e alguns repórteres especiais. (...)
Mas quando a conversa pós-reunião de pauta estava super animada eis que o Adolpho Bloch entra redação e pergunta de cara: "Quem vai fotografar Brasília?” Silêncio geral! Ninguém sabia porque o Adolpho queria uma matéria sobre Brasília àquelas alturas dos acontecimentos. Não era aniversário da cidade, não havia uma data que merecesse um registro. (..)
- Vocês não sabiam que o Presidente JK chegará ao Rio na terça-feira e virá direto do exílio?!, esclarece Murilo Melo Filho.
Não. Ninguém sabia, pois os jornais, rádios e televisões não davam, então, destaques para notícias que envolvessem JK. Obviamente tinha dedo do governo militar. A idéia do Adolpho era mandar fotografar a capital de cabo a rabo e mostrar as fotos a JK. Um gesto de amigo, já que o Governo Federal teria proibido o ex-presidente de passar pela Capital que ele criou e sequer sobrevoar o Plano Piloto.
- Eu quero grandes fotos!!! - exclamava o Adolpho, acrescentando que JK não pudera acompanhar o crescimento da sua querida Brasília. (...) Quando o Adolpho se referia a grandes fotos ele queria dizer fotos em tamanho 6x6 da famosa RolleyFlex. Ele odiava as fotos em 35mm, achava que não havia riqueza numa foto tão pequena.
Esse papo de fotografar Brasília para o JK ver seria segredo. Adolpho não queria desagradar os homens do Governo caso eles soubessem. (...)
Chegou o dia D. O ex-Presidente ia desembarcar no Rio. E esse dia passou sem que se realizassem muitas manifestações no Rio de Janeiro. Apenas uns gatos pingados no aeroporto do Galeão. Tropas da polícia foram espalhadas pelos pontos estratégicos da cidade, onde pudesse haver algum movimento contrário à ditadura. Era uma sexta-feira sem grandes expectativas de programas com amiguinhos bebericando em algum bar.
O telefone da redação toca:
- "Alô”, eu atendo.
Alguém do outro lado com uma voz cavernosa dizia:
- Manda o Alberto vir aqui na sala do Adolpho, urgente! Era uma sala que ele ocupava todas as manhãs, no segundo andar do edifício, onde ele despachava assuntos financeiros com os diretores da área.
Aí eu pensei: O que será que eu fiz pro velho me chamar com urgência na sala dele, onde raramente chamava alguém? Aumento de salário não seria, então só podia ser espôrro!
Desci depressa e encarei o velho de frente:
- O que o sr. quer, seu Adolpho? - perguntei meio receoso.
- Prepara todo o material de Brasília que nós vamos projetá-lo para o Presidente e para a D. Sarah no apartamento deles, hoje à noite.
Dito pelo velho, feito por mim. Imediatamente chamei o Walter Firmo (autor das fotos)e começamos a selecionar o material, pondo em ordem, por temas e assuntos, como se fossemos projetar um filme, isto é: deixando as fotos de maior impacto para o fim.
Peguei o projetor Rolley, que já existia há mais de dez anos e que invariavelmente dava problemas no meio de cada projeção rotineira que eu fazia para a revista. Armamos tudo e aguardamos a ordem do "titio" para irmos juntos para o “cadafalso” caso o projetor resolvesse atrasar o nosso lado na hora h.
Já imaginou: eu e o Firmo no apartamento do Presidente, dando esse vexame? Seria o king kong do ano e as demissões do século.
Às seis horas da tarde o Adolpho partiu na frente, sozinho, para o apê do Nonô. Eu fiquei aguardando a ordem para ir no Rolls-Royce que ficou a nossa disposição, com motorista e tudo. Eu e o Firmo não sabíamos que aquela projeção seria uma surpresa para o casal. Apenas ao chegar lá, no apartamento da Av. Atlântida, é que ficamos sabendo que JK e Dona Sara nada sabiam da sessão idealizada por Adolpho. Daí tivemos que improvisar uma mesa para posicionar o projetor e descobrir uma parte vazia na parede para refletir as fotos, pois a sala de JK tinha quadros por todos os lados. Peguei uns três catálogos de telefone, botei em cima da mesa principal da sala, instalei o projetor, afastei um abajur grande, de pé, que se encontrava perto da parede e ali se improvisou uma tela genial!

Na reprodução da revista Manchete, JK na Catedral de Brasília assiste à missa de inauguração de Brasília, há 50 anos.
Eu e o Firmo fomos recebidos pelo casal como se fôssemos amigos de longo tempo. Fomos abraçados com carinho pelo casal. Isto nos deixou à vontade.
Começamos a projeção. Pela ordem, na “platéia”: Juscelino, eu (operando o projetor), seu Adolpho, D. Sarah e o Firmo. Só tínhamos nós no apartamento. Parecia até uma conspiração
A cada foto, ouvia-se uma expressão de satisfação de d. Sarah. JK sempre calado. Mostramos o setor comercial da capital, ainda acanhado, o lago, as residências dos ministros, a granja do Torto, etc. A maioria das fotos em vista aérea. Quando surgiu a Catedral, D. Sarah exclamou.
- Nô, você sabia que a idéia do espelho d'água foi minha?
Nenhum comentário. Mas sei que fotos internas e externas da Catedral deslumbraram o ex-presidente. Olhei pra ele e vi uma expressão de felicidade em seu rosto. Quando surgiu a Esplanada dos Ministérios, JK fez seu primeiro comentário, em voz baixa e rouca:
- Tem muita gente ali que deveria estar na Ilha Grande. (onde havia um presídio de segurança máxima).
Adolpho concordou. As fotos foram passando: Itamaraty, Praça dos Três Poderes, o Alvorada. Olhei disfarçadamente para o lado, mais uma vez, e vi os olhos do Presidente lacrimejando. Nas fotos da rampa do Palácio e do Parlatório eu senti a mão do presidente timidamente sobre meu ombro. Ele chorava, chorava copiosamente. Como última foto da sessão, eu reservei para o Catetinho. Aí ele encostou a cabeça no meu ombro e chorou lágrimas de cachoeira sobre a minha camisa que ficou completamente ensopada. Com a foto do Catetinho ainda na tela, JK disse a segunda frase que me comoveu muito mais que as lágrimas:
- O que serei daqui por diante?
Saí do apartamento carregando o trambolho do projetor, as fotos, a camisa molhada de lágrimas, e a impressão de que havia testemunhado um simples mas comovente pedaço da história..."
(Leia este texto completo em "Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou", livro lançado pela Desiderata e que é uma iniciativa do grupo de ação cultural Pão com Ovo, criado por ex-funcionários da Manchete. O Pão com Ovo, naturalmente, inspirou este blog paniscumovum)

domingo, 8 de novembro de 2009

Orlando Abrunhosa: o autor da foto da capa do livro do Erasmo Carlos



por Gonça
O fotógrafo Orlando Abrunhosa, que fez brilhante carreira na Manchete, onde cobriu Copas e Olimpíadas, é também autor de centenas de capas de disco, especialmente aquelas, quase posters, que ilustravam os  antigos LPs. Abrunhosa era solicitado por nomes como Chico Buarque, Gonzagão, Maria Bethania e muitos outros. Um deles, era Erasmo Carlos, que acaba de lançar o livro Minha Fama de Mau (Objetiva). Pois a foto que ilustra a capa da biografia do Tremendão é assinada por Orlando Abrunhosa, que é também um dos autores do livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou" (Desiderata). No lançamento, no Rio, na semana passada, Erasmo abraçou o grande Orlandinho, como os amigos o chamam, e brincou com os jovens fotógrafos presentes: "Olha aí, rapaziada, se vocês um dia forem como o Orlandinho serão bons prá caralho".

domingo, 1 de novembro de 2009

Proibido dirigir

Do livro Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou (Desiderata)
Um competente redator da Manchete não abria mão de passar no bar do Hotel Novo Mundo ao fim do expediente para alguns drinques de happy hour. Só que não eram apenas dois, três ou quatro uísques... Bem mais tarde, algumas doses acima do resto da humanidade, ele deixava o bar e ia pegar o carro estacionado na frente do hotel. No caminho, cruzava com o guarda de trânsito que ficava na esquina. O guarda, gente boa que deu plantão ali por décadas, já conhecia a turma e logo percebia suspeitos passos trocados. Imediatamente, impedia que o redator dirigisse e embarcava o rapaz em um táxi. "Pega o carro amanhã", recomendava. No dia seguinte, repetia-se a cena. O redator tomava alguns uísques a mais e o carro ficava mais uma noite ao relento. Essa rotina, às vezes, durava uma semana. A solução era mulher do redador vir resgatar o Fusca antes que a maresia - bons tempos em que o Rio não tinha tantos e tão ativos ladrões - corroesse o carango.