quinta-feira, 18 de abril de 2024

Ziraldo: por Sérgio Augusto.

 

Reproduzido do Estadão 
Um belo perfil. Que só poderia ser feito por um amigo. E aqui fica o registro de que Ziraldo teve uma passagem pela Manchete, como colaborador.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

O novo mecanismo dos "cardeais" da congregação Lava Jato

L


O Mecanismo, da Netflix, série dirigida por José Padilha, exaltou a Lava Jato e virou um doc que deixou a direita excitada. Para os porões neoliberais e bolsonaristas foi algo como uma atração porno-neoliberal para ser vista nas madrugadas. Teria sido bancada pela empresa estadunidense Netflix. O Mecanismo foi um alvoroço no momento em que parte da mídia do oligarcas brasileiros era pautada por Sérgio Moro e seus parças procuradores. 

Como O Mecanismo ficalizava a "corrupção endêmica" é muito justo que a Netflix financie agora mais um vibrante episódio sobre um novo mecanismo: o da "fundação" malandra que Moro e seu arrastão jurídico montaram para drenar recursos amealhados pela Lava Jato em processos, a maioria, hoje anulados por uma engrenagem de supeitas e ilegalidades flagrantes. 

O doc de Padilha misturava ficção com opiniões e recriava fatos de acordo com a visão difundida pela Lava Jato, organização muito poderosa junto à Folha, ao Estadão, O Globo, TV Globo, Veja, sites da direita etc. O Mecanismo bebeu nessa fonte. É de se esperar que a Netflix e os produtores da série estejam ansiosos para fazer um último episódio que aprofunde as cavernas da Lava Jato, as investigações sobre os juízes e procuradores e, especialmente, siga o dinheiro. As pistas estão aí para o Brasil maratonar. O Conselho Nacional de Justiça está escrevendo o roteiro. É para viralizar, Padilha.

Veja a matéria completa no link (GGN) abaixo.


https://jornalggn.com.br/noticia/moro-dallagnol-hardt-e-outros-tentaram-desviar-bilhoes-via-lava-jato-aponta-correicao/?utm_term=Autofeed&utm_medium=Social&utm_source=Twitter#Echobox=1713286390

segunda-feira, 15 de abril de 2024

Cartão vermelho para os parças de Sérgio Moro

 

Reprodução X

O algorítmo do extermínio

 



Reproduzido de O Globo

Dino dá recado a quem quer passar pano no 8 de janeiro

 

No X, o recado de Flávio Dino. E este blog complementa: imagine a mídia de oligarcas brasileiros que pública seguidos editoriais criticando o STF por levar a sério os ataques à democracia e seguir investigando e sentenciando os golpistas bolsonaristas e terroristas que prepararam atentados, bloquearam rodovias para impedir o povo de votar e ameaçaram assassinar autoridades.

sábado, 13 de abril de 2024

Na capa da IstoÉ - Musk e a conspiração da extrema direita: conexão realizada com sucesso

 




Comentário do blog - No momento em que Musk é notícia por atacar o STF como parte da ofensiva da extrema direita contra a democracia, a Polícia Federal apreendeu nos últimos dias em garimpos ilegais na área dos Yanonami 24 antenas Starkink pertencentes à empresa de Elon Musk.

No ano passado, reportagem publicada no Globo usou a expressão narcogarimpo ao apurar ligações entre garimpeiros e traficantes de cocaína. Embora ainda receba muitas críticas de usuários e especialistas por instabilidade da conexão, a rede Starlink é muito procurada por quem necessita de acesso à internet em regiões remotas e é, logicamente, instrumento de muita utilidade na logística ilegal.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

De Ruy Castro para a Folha: a Internacional da extrema direita

 



Clique na imagem para ampliar. Reprodução Folha de São Paulo. 
Comentário do blog - Musk usa o X para multiplicar fake news no mundo com objetivo ideológico. Suas ligações  com líderes da extrema direita, como Bolsonaro são públicas. O artigo de Ruy Castro a atenção para o avanço da "Internacional" da ultra direita e o cerco às democracias.

Musk quer ser o führer da Internet

 

Capa da edição dessa semana da Carta Capital

Comentário do blog. Elon Musk é investigado na Europa como o maior propagador de notícias falsas nos meios digitais. É uma espécie de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Adolf Hitler, redivivo. No Brasil, contudo, seu lobby poderoso funciona, é até homenageado pela oposição no Congresso Nacional. Com repetidas ameaças ao STF, ele foi capaz de adiar a regulação das big techs no Brasil. Impressionante a rapidez com que políticos bolsonaristas cederam às pressões neofascistas e golpistras de Elon Musk.Ou talves não seja surpresa: Musk está coordenando ataques às democracias e se articula com governos da extrema direita em vários continentes.   

Justiça do DF censura a Agência Pública

 

Matéria reproduzida do Jorlaistas & Cia. Edição 1455

Comentário do blog -  O desembargador Alfeu Gonzaga, do Tribunal de Justiça do DF (leia acima) justificou sua decisão com três impropriedades: defende o "esquecimento" (a polêmica proposta que, na prática, pretende fazer sumir da internet a memória de ilícitos cometidos especialmente por poderosas autoridades); declara que "vivemos em um país cristão, de perdão", ignorando que Estado é laico e religião é coisa que não deve constar de despachos jurídicos;  Gonzaça também chama o golpe de 1964, que resultou em uma era de assasssinatos e torturas, de Revolução - assim com uma maíscula de formais admiração e repeito.

A Agência Pública "reitera a lisura da reportagem e repudia a censura e a violação da liberdade de imprensa, um preceito constitucional tão caro para as democracias".  

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Fotomemória: Em 2 de abril de 1964, a última imagem de Jango antes da longa e trágica noite que subjugou o Brasil


Foto Revista Manchete

A coletânea "Aconteceu na Manchete - As histórias que ninguém contou", organizada pelo jornalista José Esmeraldo Gonçalves com o saudoso designer J.A.Barros, lançada em 2008, recuperou essa foto que a Manchete publicou com exclusividade mas, infelizmeente, sem crédito. Foi feita no dia 2 de abril de 1964. Adolpho Bloch teria sido avisado que João Goulart deixara o Palácio Laranjeiras e se dirigia ao Santos Dumont, protegido por uns poucos aliados, rumo a Brasília, e enviou uma fotógrafo ao aeroporto carioca. Em Brasília, o golpe já se consolidava. Havia no Planalto quem defendesse uma resistência com apoio de militares legalistas. Jango observou que a situação era irreversível, quis evitar derramamento de sangue, e partiu para Porto Alegre, sua última escala no Brasil, antes do longo exílio no Uruguai.





O Diário de Notícias noticiou que um grupo de oficiais da Marinha
queria empreender uma caçada ao presidente João Goulart.

Jango permaneceu em Brasília durante menos de quatro horas. Naquele momento, circulou uma informação de que comandos da Marinha estariam organizando uma caça feroz ao ainda presidente.
Os capítulos seguintes, a história registra. Jango não voltaria mais ao seu país. Faleceu na Argentina no dia 6 de dezembro de 1976. Causa oficial da morte: infarto. Trinta e sete anos depois foi iniciada uma investigação para apurar a suspeita de que ele poderia ter sido assassinado pela Operação Condor, um esquadrão de execuções de líderes democratas da América Latina montado pelas ditaduras do Chile, Brasil, Argentina e Uruguai. Para a família, dado o longo tempo desde o falecimento do ex-presidente, a exumação não foi cientificamente conclusiva. Um perito contratado pelos Goulart continuou defendendo a continuação da investigação, mas o processo foi encerrado.

Pouco mais de doze anos após a foto histórica no Santos Dumont, Jango foi enterrado em São Borja, como era seu desejo, mas até isso exigiu uma negociação com o governo. O carro que trazia o caixão do ex-presidente foi barrado em Uruguaiana por tropas do 3º Exército. Temendo a repercussão internacional do episódio, o ditador Ernesto Geisel mandou liberar a entrada e o serviço fúnebre, desde que não houvesse público, manifestações de familiares, de políticos, do povo em geral e cerimônia religiosa. Cerca de 10 mil soldados ocuparam São Borja. Apesar disso, calcula-se que mais de 30 mil pessoas ocuparam as ruas da pequena cidade gaúcha. Desafiando as ordens dos militares, o povo exigiu que o caixão fosse levado antes à igreja. No cemitério, Pedro Simon e Tancredo Neves fizeram discursos de despedidas. Sobre o caixão havia uma bandeira com a palavra Anistia, mas esse processo político, decretado em agosto de 1979, não mais alcançou João Goulart.

domingo, 31 de março de 2024

O papel sujo dos principais veículos da mídia brasileira antes, durante e depois do golpe de 1964 e o alto preço que o jornal Última Hora pagou por não seguir a manada

 

Estadão e Folha: a vibração na mídia golpista


O conspirador sorridente na capa

Jornalisdmo-exaltação dos "influencers'' que ajudaram a destruir a democracia brasileira 

Correio da Manhã: a julgar pela capa, o golpe excitou a redação

Diário de Noticias exaltava o "fim da crise". Engano:
a crise apenas começava e duraria 21 anos.

O Dia acreditou na fake news da "ameaça comunista",


O Globo festejou as cassações

"Pornografia" conservadora e explícita na capa de O Cruzeiro.

Última Hora pagou caro por contestar o golpe.

por José Esmeraldo Gonçalves

Em 1964, o termo fake news não existia. Surgiria muito tempo depois durante a campanha eleitoral de Donald Trump contra Hillary Clinton. Em 2017 chegou ao pódio no dicionário Collins como "a palavra do ano". 

A extrema direita mundial faz amplo uso político e ideológico do recurso da mentira para disseminar informações e imagens falsas. No Brasil, utilizar fake news nas redes sociais é um dos pilares da estratégia de comunicação de Bolsonaro, dos jornalistas que o apoiam, dos políticos aliados e dos seus asseclas com intensa atuação na internet.

Se em 1964 a expressão ainda estava para ser criada, a falsificação dos fatos e das suas intepretações foi a tática da  direita brasileira que, a partir de 1963, intensificou uma milionária campanha de opinião pública contra o governo do presidente João Goulart. Livros, jornais, revistas, emissoras de rádio, telejornais e cine jornais descreviam as reformas de base propostas por Jango como algo que iria transformar a vida dos cidadãos em um inferno comunista. Segundo a imprensa, com as reformas agrária, fiscal, educacional, bancária e urbana os brasileiros poderiam perder terras, casas e apartamentos, emprego, renda e até igrejas. 

A ofensiva da direita tinha tanto alcance que não esquecia nem mesmo as "amplificadoras", um serviço de alto-falantes muito presente nos postes e praças de pequenas cidades do interior que não possuiam emissoras de rádio. Políticos e líderes empresariais locais alinhados com a conspiração recebiam panfletos institucionais produzidos no Rio de Janeiro pelo IPES (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais) e IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), organizações financiadas por Washington, por multinacionais com atuação no Brasil, por empresários, fazendeiros, construtoras, pelo menos uma companhia aérea, bancos e dinheiro público desviado por governadores e prefeitos de estados e prefeituras engajados na preparação do golpe. Todos esses setores foram presenteados com privilégios e tiveram seus pleitos atendidos durante a ditadura. A propósito, os grandes conglomerados do segmento financeiro começaram a se formar na segunda metade dos anos 1960 quando o governo militar forçou pequenos bancos que prestavam serviço regional a venderem suas patentes a instituições de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. 

A imprensa que apoiou os militares não ficou de fora da "retribuição" pela participação na campanha que "justificou" o golpe. E, com a instalação da ditadura, permaneceu aliada da "revolução", como era intitulado o ataque fatal à democracia. A Folha de São Paulo foi o exemplo extremo desse apoio mesmo quando ficaram evidentes e denunciados pela imprensa internacional a prática da tortura e o assassinato de opositores. O jornal dos Frias contribuiu com o financiamento da famigerada OBAN (Operação Bandeirantes) que institucionalizou a tortura e o assassinato de opositores da ditadura. Ao longo dos anos, vários grupos de comunicação receberam grandes verbas publicitárias e até facilitação para importar equipamentos sem pagamento de impostos ou com financiamentos confortáveis. A história comprovou que a Folha cedeu viaturas para apoiar operações de caça mortal aos militantes que lutavam contra o regime e chegou, anos depois, no começo do governo Geisel, a receber a visita de Golbery do Couto e Silva que tinha a missão de indagar dos proprietários sobre o que precisavam para superar a concorrência, leia-se, o Estadão, que, na ocasião, embora tivesse apoiado o golpe, era menos subserviente. A TV Globo, não por acaso, foi inaugurada em 1965 e o grupo se tornou uma espécie de porta-voz não oficial dos militares. Uma trágica e exemplar lembrança foram os dramáticos depoimentos compulsórios de militantes "arrependidos" e, não raro, torturados, produzidos pela AERP (Assessoria de Relações Públicas), orgão que cuidava da comunicação da ditadura, e veiculados no horário nobre da Globo. 

A Manchete, que fez intensa cobertura das obras que formavam a face ufanista do "milagre econômico", foi beneficiada com centenas de páginas publicitárias e enxurrada de matérias pagas pelo governo. Mesmo antes do 'milagre", uma das edições especiais da revista publicadas com a cobertura do golpe foi gentilmente fortalecida por uma matéria paga de dezenas de páginas sobre a "pujança" do Estado da Guanabara então governado por um dos líderes do golpe, o governador Carlos Lacerda. É justo registrar que Adolpho Bloch, em certo momento, foi considerado persona non grata pelo núcleo duro dos militares. O motivo: seu apoio incondicional ao amigo Juscelino Kubitschek, cassado e exilado pela ditadura. Ao voltar ao Brasil, JK foi convidado por Adolpho a ocupar um gabinete especial na sede da Manchete, na Rua do Russell, onde permaneceu até 1976, quando faleceu em um suspeito acidente na Via Dutra. JK foi velado no hall do edifício da Bloch. Mas a Manchete soube restabelecer habilmente o contato com o governo federal. Oscar Bloch, com trânsito na área econômica do Planalto, tornou-se o "embaixador" do setor de publicidade da editora junto aos generais e tecnocratas da ditadura, ao mesmo tempo em que a vida voltou a seguir sem sobressaltos na boca do caixa do Banco do Brasil. 

Em outras evidências de que o longo braço da ditadura alcançou o setor corporativo, concorrentes incômodos e que tinham ligações com o governo anterior, como Panair e TV Excelsior, foram sumariamente eliminados. Aliás, muito se apurou na Comissão da Verdade e muito veio à tona sobre os métodos crueis da ditatura. Faltou, contudo, um levantamento rigoroso sobre a corrupção durante os anos de chumbo. Perseguições a empresas, como as citadas acima, concorrências dirigidas por militares, escândalos financeiros abafados, favorecimentos, desvios de verbas, superfaturamento e outros ítens faziam parte do vasto repertório de trambiques da ditadura. Para muitos, os "anos de chumbo" foram "anos de ouro". 

Há até um caso curioso. Nos anos 1970, quando os generais proibiram a importação de automóveis e outros produtos, sob o pretexto de incentivar a industria nacional, o decreto tinha uma exceção que fez a festa dos ricaços. Importados, principalmente Mercedes, além de carrões Chevrolet, Ford e modelos esportivos eram, embora em número limitado, vistos nas ruas do Rio, São Paulo e outras capitais. Como, apesar do decreto, rodavam alegremente? Simples: consulados e embaixadas podiam importar carros para uso próprio. Só que os 'ixpertos' logo descobrirm a brecha. Nunca foram instaladas aqui tantas representações de países pequenos, especialmente da África. Embaixadas e consulados sem muita visibilidade importavam os automóveis e os repassavam a empresários mediante generosas propinas. Com direito a um benefício extra: os veículos continuavam rodando com documentos diplomáticos e, assim, escapavam de eventuais multas e fiscalizações. Depois de um certo prazo estipulado pelo decreto, o automóvel de luxo podia ser normalmente vendido no mercado. O setor imobiliário também viveu seus dias ilegais de glória. Posturas municipais eram facilmente contornadas desde que os empreendedores fossem amigos da "revolução". Da mesma forma, a política ambiental não existia e o grande símbolo da destruição foi a Transamazônica e a ocupação desordenada da floresta por colonos financiados com verba pública. A curva de desmatamento e queimadas na Amazônia teve seu marco inicial patrocinado e acelerado pela ditadura. Já os inúmeros escândalos eram abafados na mídia pela censura ou até pela conivência de jornais e revistas. Ficou faltando expor e detalhar a roubalheirada da "redentora". 

Apesar de tudo o que sofreu, a democracia continua sob riscos. A ascensão da extrema direita potencializada pelo bolsonarismo fez com que parte da população e dos meios de comunicação perdessem o pudor e passassem a defender abertamente a volta da ditadura (que a Folha, aliás, chama de "ditabranda") e a implantação de um novo regime militar. O que a direita expressou em faixas durante manifestações foi levado à prática a partir do momento em que Lula ganhou as eleições. Documentos, testemunhos e gravações de áudio e vídeo revelam a agressiva preparação do golpe e o que seria seu gatilho: os ataques de 8 de janeiro.  Seis décadas depois de 1964, as bancadas golpistas eleitas em 2022 no rastro do neofascismo redivivo são fortes e conseguem, quase que semanalmente, aprovar no Congresso leis e dispositivos que fragilizam a democracia, apesar da resistência e vigilância da minoria de deputados e senadores progressistas. Nesse momento, clubes militares celebram a ditadura em almoços tão festivos quanto significativos. Alguns grupos de mídia parecem normalizar o risco sem temer o ctrl + c e ctrl + v de um dos mais longos e trágicos períodos da história do Brasil. 

Lula, contra a posição de muitos brasileiros que o apoiaram e de tantos que ficaram pelo caminho, decidiu ignorar a história.

Optou por "conciliar".

Conciliar é precisamente o verbo que explica a eterna fragilidade da democracia brasileira.

sexta-feira, 29 de março de 2024

Na capa da IstoÉ: licença para parlamentar cometer crime

 

No momento em que investigações apontam envolvimento de pessoas com foro privilegiado em assassinatos, o STF tende a conceder a parlamentares foro privilegiado perpétuo. Suas excelências poderão cometer crimes mesmo após o fim do mandato que terão esse benefício que é uma afronta aos demais cidadãos. O STF corre o risco de virar um puxadinho do pior Congresso que o Brasil já  elegeu.

Na antessala do horror: lembranças do golpe de 1º de abril - Por Roberto Amaral (*) para o site Pensar Brasil

 

      por Roberto Amaral /Pensar Brasil/Carta Capital

Desde 1961, com a derrota imposta pelo povo nas ruas ao golpe militar que intentara impedir a posse de Jango, vivíamos um processo histórico tenso. Hoje, com o distanciamento de tantos anos, diríamos que tenso, mas muito rico, atravessado que foi por uma realidade em construção, povoada por dúvidas e receios, muitos sonhos e muitas esperanças.

      Com os termos de hoje, diria que vivíamos de forma aguda o teatro de uma grande polarização, a que nos persegue há 500 anos, entre a necessidade do avanço (então o pleito das reformas de base, ainda hoje por serem realizadas) e a resistência do statu quo, nome de fantasia do atraso e da concentração de renda, de escandalosa injustiça. Acreditávamos, a esquerda de então, na revolução brasileira, vista como em processo, e nos considerávamos construtores de uma nova sociedade. A direita, por seu turno, a um tempo negava a ruptura e a conciliação, e direita e esquerda disputavam aliança com os militares, de um lado os “entreguistas”, de outro, o nosso campo, os legalistas, herdeiros do Marechal Lott.

   Em certos momentos tínhamos a sensação de tocar com as mãos o horizonte socialista, nossa utopia de sempre, e ao mesmo tempo confiávamos no governo João Goulart, o que punha rédeas em nosso deslumbramento revolucionário juvenil. Muitos achavam inconcebível os velhos generais abrirem as portas do poder para sargentos, políticos de esquerda, “empresários progressistas”, estudantes e camponeses sem terra. Nossos ideólogos no PCB ensinavam que a primeira fase da revolução seria em aliança com a burguesia nacional. Contava-se, de igual, com a estabilidade do governo Jango, assentado em larga maioria no Congresso e festejado pelo apoio popular, apesar da campanha ferrenha que lhe movia a grande imprensa, sempre reacionária. E,  sobretudo, confiávamos na sua base de sustentação na caserna, que se dizia forte. Era o tal do “dispositivo militar do general Assis Brasil”. 

O país discutia as reformas de base, a plataforma-síntese de nosso projeto e o divisor de águas da política. O país era uma só assembleia, e discutia-se seu destino em auditórios por todo o país. Certamente alcançou-se, naquela altura do século passado, o momento de maior nível de educação das massas e organização popular. Eram os nossos anos dourados, após o sucesso de JK;  os anos do Cinema Novo, de Maria Esther Bueno, nossa tenista campeã, do Brasil bicampeão mundial de futebol ao lado do Brasil das ligas camponesas, da UNE, da Frente Parlamentar Nacionalista, das centrais sindicais em ebulição e do crescimento do movimento popular. Mesmo a Guerra Fria nos favorecia, e foi um marco a viagem de Iuri Gagarin. 

Mas a lua tem duas faces: nossos avanços eram acompanhados pelo avanço dos centros da reação que se espalhavam Brasil afora, como o IBADE (encarregado de financiar as candidaturas de direita nas eleições brasileiras) e o IPES (formulador da doutrina golpista). Nas eleições de 1962 a direita comprometida com o golpe havia eleito os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o chamado centro dinâmico do país, aproximadamente 40% da população e 60% da economia nacional.

 A partir de 1963 sentíamos, sem clareza quanto ao significado, que algo impalpável se movia no quadro tradicional da política brasileira: a rebelião dos sargentos em Brasília e o motim dos marinheiros no Rio. Eram fatos bastante objetivos para serem ignorados.  

O recuo de Jango, retirando do Congresso o pedido de decretação do estado de sítio, que dizia amparado no apoio dos ministros militares e com o qual pretendia atingir o governador Carlos Lacerda, da Guanabara, seu principal opositor, era evidente indicador de conflito no seu núcleo mais íntimo: contra o estado de sítio moveram-se Arraes e Brizola, a Frente Parlamentar Nacionalista, a UNE e as centrais sindicais.  

Consolidava-se a ideia da iminência de um golpe, quando sonhávamos com a revolução. No Rio, ex-vice-presidente da UNE, fui conversar com José Serra, então presidente da entidade e quadro político influente. A conversa confluiu para o plano nacional, e para o golpe, que não se expunha,  mas se sentia.  Indagado sobre sua visão, o líder estudantil que seria ministro de Estado no governo FHC e governador de São Paulo, respondeu algo que ainda relembro, passados tantos anos: "- O golpe será dado. A dúvida é simplesmente sobre a iniciativa, se da direta ou da esquerda”. Voltaria a ver o Serra de longe, daí a poucos dias,  discursando no palanque do comício de 13 de março. Passadas dezenas de anos, nos reencontramos no Recife, no velório de Miguel Arraes. Ele não se recordava do diálogo. Mas, de fato, a esquerda, ou pelo menos setores da esquerda vinculados ao Partidão, já contavam com o golpe, a nosso favor, mas comandado pelos generais, e cuidavam de tomar assento. Estava na esquina o governo democrático-nacionalista e era a hora de negociar sua composição. Algo como dois dias passados do encontro com Serra, deparo-me com Antônio Carlos Peixoto, intelectual de primeira linha do PCB, assistente da fração da UNE: nosso amigo Fco. Faria, vice-presidente, iria representar a entidade em reunião que começaria a definir nosso futuro ministério. O Partidão teria dois votos, o seu, da organização, e aquele que chegaria no galope da entidade estudantil. O golpe não seria das Forças Armadas, nem contra o povo.

O comício da Central foi um marco e mudou muitas cabeças, inclusive a minha. Antes reticente em relação às vias de conquista do poder, passei a me incorporar ao contingente dos conquistados pela demonstração de força para uma imediata e irresistível conquista do poder.

No dia 17 de março, havia o que comemorar. Era o aniversário do Partidão (que desfrutava de plena liberdade e de uma legalidade fatual), e a festa foi uma conferência de Prestes, nosso secretário-geral e líder quase mítico. A “festa” foi no 9º andar da ABI, e constituiu de longa e didática preleção sobre o processo social brasileiro e a presença dos militares em nossa história. Relembro, de memória, três pontos que ainda hoje considero os de maior relevo: I) os militares brasileiros eram oriundos da classe-média, e por isso refletiam o sentimento nacional; II) as forças armadas eram legalistas e democráticas, e, corolário, III) não havia o menor risco de golpe de Estado militar. O que, dito pelo grande comandante, valia para nós como verdade irrefutável. Saímos empolgados e fomos tomar chope no bar Vermelhinho, bem em frente à ABI. No dia seguinte, Prestes repetiria sua pregação no grande comício do Pacaembu, em São Paulo. A tradução de tudo isso foi a absoluta desmobilização das forças populares.

Dois dias passados subíamos ao Nordeste, Marcos Lins, dirigente da AP,  eu e outro personagem cuja imagem e nome a história e a memória não registraram. Marcos Lins levava cartas para dois governadores da região, e eu para o governador Virgílio Távora, do Ceará, com quem me encontrei logo na  noite de minha chegada. Por indicação do movimento sindical e partidos de esquerda,  eu exercia, a partir de 1963, uma assessoria política no gabinete do governador, quadro da UDN, amigo a um só tempo de Jango (era o que se dizia) e do banqueiro Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais e figura das mais decisivas na maquinação do golpe - que, não sabia Prestes e não sabíamos nós, logo  saltaria às ruas.

No dia seguinte, estou restabelecendo contatos e tentando montar uma linha de informações, quando sou chamado ao gabinete do governador. Quando entro em sua sala, ele está saindo deu uma pequena cabine que mandara instalar, “para ter mais privacidade em suas ligações “com Brasília e Rio”. Após os rápidos cumprimentos de praxe, dirige-se a mim: “- Doutorzinho (assim ele identificava todos os colaboradores jovens), seu amigo Jango acaba de nos foder: mexeu na única coisa em que não se mexe neste país, a hierarquia militar (o governador se referia ao discurso do Presidente aos sargentos no Automóvel Clube do Rio, na noite do dia 30/03). O golpe está dado e eu não posso fazer nada por vocês. Vou tentar salvar meu mandato. Saia daqui e vá avisar aos seus amigos”.

Saí, atordoado. Mesmo assim falei com quem pude, saiu de circulação quem pôde, mas não havia nenhuma retaguarda, nem opção tática: estávamos preparados, política e estrategicamente, tão-só, para assumirmos a direção revolucionária. Caminhávamos ou corríamos sem direção, como formigas expulsas do formigueiro. E houve muita resistência, talvez de ordem mais psicológica do que política, a aceitar a desagradável informação que eu levava. Ela desmontava as fantasias de há pouco. Estávamos todos sem chão, e, pior de tudo, sem saber o que fazer, sem ter a quem consultar. No auditório da Fênix Caixeiral, no centro de Fortaleza, antigo e liberal estabelecimento de ensino fundado por comerciários, sucediam-se discursos inflamados. O sentimento geral era de um repeteco de agosto de 1961 e da resistência democrática.  Mas não surgiu um novo governador Brizola, não teve voz uma nova Campanha da Legalidade. 


LEIA O ARTIGO COMPLETO PUBLICADO NO SITE PENSAR BRASIL E NA CARTA CAPITAL 

https://www.cartacapital.com.br/opiniao/na-antessala-do-horror-lembrancas-do-golpe-de-1o-de-abril/

* Com a colaboração de Pedro Amaral



quinta-feira, 28 de março de 2024

O 'apartheid' estadunidense ataca a cantora Beyoncé. Racistas não aceitam que ela cante canções country

por Ed Sá 

Beyoncé em versão country irrita racistas dos Estados Unidos. Foto Divulgação.

por Clara S. Britto

Com o advento das redes sociais, o racismo se torna mais explícito nos Estados Unidos. Apesar de todas as conquistas a partir dos anos 1960 e da luta por direitos civis, o povo black continua sofrendo com ataques policiais nas ruas apenas por serem pretos e um apartheid na sociedade (como bairro, empresas, universidade e high school exclusivas para pretos). Duvida? Veja filmes e séries americanos com elenco iteiramente preto. Na maioria das produções de Hollywood, pretos não interagem com brancos.

Dessa vez, a cantora Beyoncé é o alvo. Ao lançar um álbum country, ela é detonada e ameaçada na web. O seu "crime"? Criar o 'ACT II: Cowboy Carter', que tem como tema o universo country, um segmento tão conservador que tem notas racistas e reúne os red necks do meio oeste e dos subúrbios estadunidenses. "Minha esperança é que daqui a alguns anos a menção à raça de um artista, no que se refere ao lançamento de gêneros musicais, seja irrelevante”, diz ela em resposta às agressões e até ameaças. Duas faixas do álbum divulgadas antecipadamente foram boicotadas em emissoras de rádio por progamadores que critiram a "ousadia" da cantora ao cantar um "gênero de brancos". 

O álbum será lançado amanhã. Ligue-se no Sportfy. 

Beyoncé reponde com músicas a um conflito pessoal do passado. "Anos atrás tive uma experiência ruim, não me senti acolhida. Por conta dessa experiência, mergulhei mais fundo na história da música country. As críticas que enfrentei quando entrei neste gênero me forçaram a superar as limitações que me foram impostas. O disco é o resultado de me desafiar e de dedicar meu tempo para misturar gêneros" 

Em entrevista ao progama "One American News Network", o ator e cantor country John Schneider comparou a aventura de Beyoncé no gênero a um "cão que urina para marcar o seu território", segundo o Daily Mail.

Beyoncé já havia irritado a extrema direita dos Estados Unidos ao exibir no seu show espacial no Superbowl uma coreografia que remetia claramente ao movimento Black Power, com direido à histórica saudação de punho fechado. Isso quando se sabe que a plateia do Superbowl costuma reunir "conservadores" (muitos ali são racistas e neonazistas mesmo) que até hoje lamentam ter sido derrotados na guerra civil e têm saudades da escravatura.    

quinta-feira, 21 de março de 2024

Opinião vale mais do que notícia? Passaralho ataca repórteres da Globo e poupa comentaristas

Um passaralho voraz ataca o jornalismo do Grupo Globo. O bicho fez um estrago hoje e promete novos voos nas próximas semanas. Infelizmente a onda de demissões ataca repórteres, produtores investigativos e editores. Ou seja, fere um setor essencial para uma empresa jornalística. 

Aparentemente as mudanças traduzem um novo conceito no jornalismo da Globo: prioridade definitiva para âncoras, analistas e comentaristas. A fórmula atual da Globo News deve se propagar em outros núcleos de veículos do grupo. 

Na maioria das vezes os comentaristas próprios e convidados da Globo News não dependem de informações exclusivas nem de reportagens investigativas. Ao longo da programação do canal por assinatura eles fazem longas e repetitivas análises sobre fatos que circulam na mídia e que podem ter sido publicados na Folha, Estadão, Metrópoles etc. A propósito, entre os demitidos estão repórteres investigativos do G1, canal digital do grupo, que revelaram escândalos rumorosos como o das jóias afanadas por Bolsonaro. 

Com tanto falatório e pouca apuração, o Departamento de Jornalismo da Globo vai acabar virando Departamento de Contextualização onde a opinião prevalece, a notícia é detalhe e pode ser recolhida de graça no atacadão do mercado. 

Ana Gaio (1955-2024) e o jornalismo como razão de ser

Ana Gaio na Manchete em dois momentos: na exclusiva com o guitarrista e vocalista Robert Smith, The Cure, em 1987, e...


...com a fotógrafa Paula Johas durante uma reportagem
sobre a nevasca no sul do Brasil.


por José Esmeraldo Gonçalves

Ana Gaio era especializada em jornalismo cultural. Cobria teatro, cinema, TV, rock e MPB. A Manchete, como publicação de variedades, costumava ultrapassar os limites das especialidades de cada repórter. Ana, com intensa presença nas páginas da revista entre meados dos anos 1980 e a década de 1990, registrou como ninguém a explosão do Rock Brasil. Paralamas, Ultraje a Rigor, Blitz, RPM, Titãs, Barão Vermelho, Skank, Capital Inicial, Kid Abelha, entre outros, todos foram levados por ela às páginas da Manchete. O que não impedia que fosse escalada para cobrir eleições, provas de motociclismo, Fórmula 1, reportagens policiais e até de turismo, mas quem estava na redação percebia que suas matérias eram ainda mais vibrantes quando focalizava, e conquistava, as principais celebridades da época. Assinou muitas exclusivas com roqueiros brasileiros e internacionais. Um exemplo significativo: talvez a Manchete tenha feito a melhor cobertura da trajetória do Cazuza, do difícil começo de carreira ao sucesso e ao drama. Quando o fim do ídolo estava próximo, a Veja cometeu a indignidade de assinalar o que chamou da sua "agonia em praça pública". A revista da Abril cometeu um sadismo jornalístico tão antológico quanto cruel. Na mesma semana, a Manchete publicava uma exclusiva com o vocalista acompanhada de dezenas de fotos pessoais e um depoimento humano e comovente que ele cedeu a Ana Gaio. A repórter havia feito muitas matérias com o Cazuza, tantas que estabeleceu uma relação de amizade com o entrevistado de todas as fases da carreira. Provavelmente foi difícil para ela fechar com muito profissionalismo o capítulo final do cantor. 

Este post é sobre isso: o talento, a integridade e a dedicação de uma jornalista.

* Ana Gaio faleceu aos 69 anos, no dia 19/3, no Rio de Janeiro.     

Big Brother Brasil - Sexo não entra. O edredon foi esquecido, a libido foi pro paredão e não voltou. E confira denúncia sobre o BBB 171


por Clara S. Britto

Só há duas semanas passei a ver o BBB 24. Antes eu me assustava com a multidão de participantes lotando a casa. Quando perambulava na área externa o grupo lembrava cenas de filme de zumbis sem rumo. Eu sequer sabia o nome dos infelizes. Agora, sim, a multidão se foi e começo a entender o jogo. 

Por exemplo, já percebi que existe um "gabinete do ódio" formado por um professor adepto de jogadas polêmicas, uma trancista que atua como xerife da casa, "estrategistas" que selecionam  "inimigos" do grupo oposto, a confeiteira, a nutricionista, um cantor meio avoado e outros jogadores classificados como "plantas" na terminologia da casa. Do outro lado estão o motorista de aplicativo, a bailarina, a vendedora, a dançarina de Parintins, o estudante de engenharia... Esse segundo grupo, mais calmo, parece ter apoio do público. Os do "gabinete do ódio" costumam baixar o nível do jogo, escondem comida de adversário, cospem em copos, jogam roupa na piscina... Pelo menos três participantes entre os que lá estão ou que já saíram incorreram em preconceito racial. 

Claro que essas opiniões se referem aos personagens  do jogo e não da vida real. O BBB é entretenimento, recebe críticas na mesma proporção da audiência espetacular, mas também pode ser visto como um retrato tosco do Brasil, embora não sirva para análises sociológicas confiáveis. É um show, só isso. Os seres que estão lá não são androides, são reais. Participam de um jogo, sabem que são vigiados por dezenas de câmeras mas, mesmo assim, deixam escapar suas qualidades e, principalmente, defeitos. Nada muito diferente da vida aqui fora. Burlar regras de convivência, não necessariamente ilegais, é, por exemplo, um esporte nacional. Quem nunca? 

No BBB 24 o jogo sujo é prática flagrada em conversas e atos. Por enquanto, o público parece prestigiar a galera do "bem". A turma do "mal" tem perdido votações seguidas no paredão popular, mas nada impede que essas características mudem à medida em que o programa se aproxima do fim e da premiação milionária. A disputa se afunila e o "amigo" de hoje será o "carrasco" de amanhã.   

O BBB tem muitas regras. Uma delas, pelo menos na versão deste ano, parece impedir os participantes de conversarem sobre polêmicas políticas, religiosas ou outros temas "delicados". No máximo, cabe às  atitudes revelarem preferências. Apesar disso, eles estão divididos em dois grupos que demonstram comportamentos opostos. A convivência durante 24 horas por dia os leva a identificar os "diferentes" e as "afinidades", uma palavra muito usada pelos jogadores, se apresentam. Uns são mais éticos, aparentemente, outros claramente favoráveis a qualquer meio que justifique o fim. Ressalvado o fato de o BBB 24 ser entretenimento e não experimento social, vai ser interessante observar quem vai ganhar o jogo: um mínimo de ética ou um maximo de discutível "esperteza".

Por fim, uma última constatação. Caracteres do programa sempre alertam para possível incidência de referências, "sexuais, drogas e linguagem imprópria". Vejo que, para os integrantes dos tais dois grupos que se digladiam na casa, só rolou "linguagem imprópria". Uma ou outra dupla insinua aproximação romância ultraconservadora e não passa disso. A libido está ausente da casa. Um  dos ícones sexuais dos programaa anteriores, o edredon, foi pro paredão e não voltou. As famosas e ritmadas oscilações da coberta em flagrantes que acumulavam milhões de acessos no You Tube - perderam potência. Nesse ponto, o BBB sofreu um "livramento" fundamentalista. A galerinha tanto prioriza as brigas que o edredon cumpre apenas sua função original: protege do frio do ar condicionado. 

Atualização em 22/3/2024

BBB 24/171? 

Ontem houve prova do líder no BBB Brasil 24. Hoje, as redes socias denunciam suspeita de fraude que teria sido admitida por um dos participantes, que se vangloriou da estratégia 171. A suposta fraude teria beneficiado o "gabinete do ódio' acima citado. No link abaixo, do site Pure People, você pode saber detalhes da polêmica e do jogo sujo confessado. 

    https://www.purepeople.com.br/noticia/prova-do-lider-bbb-24-21-03-alane-e-prejudicada-por-lucas-buda-em-dinamica-e-web-critica-brother-jogo-sujo_a389596/1

 Atualização em 23/3/2024

Sobre a trapaça na prova do líder, o apresentador Tadeu Schmidt informou que haviam peças iguais à que Buda afanou para prejudicar Alane e Isabele. Por isso, alega a Globo, a concorrente que até então liderança a prova não teria sido prejudicada. Não há como comprovar se de fato existiam peças semelhantes no espaço reservado a Alane e invadido por Buda.

segunda-feira, 18 de março de 2024

Do Jornalistas & Cia - Roberto Muggiati, 70 anos de carreira. Por Cristina Vaz de Carvalho

 










Matéria reproduzida do portal Jornalistas & Cia. Clique nas imagens para ampliar

Atualização em 20/3/2024 - O  Jornalistas & Cia publicou a seguinte nota, que reproduzimos por solicitação de Roberto Muggiati:

Clique na imagem para ampliar 


sábado, 16 de março de 2024

Vini Jr: a vítima do racismo tolerado

Post racista contra Vini Jr publicado no site oficial do seu próprio time, o Real Madrid. A imagem associa a evolução do macaco ao homem com o jogador brasileiro. Reprodução.



por José Esmeraldo Gonçalves 

O jogador Vini Jr vive uma situação inédita. Como jogador tem seu talento reconhecido; como homem preto sofre uma intensa perseguição racista.

Vini está sozinho.

A FIFA, os clubes, a federação espanhola, a UEFA apenas assistem ao massacre. Vini é agredido a cada vez que entra em campo. A Espanha não tem leis contra o racismo. O preconceito corre solto. O Real Madrid, onde ele joga, também não reage. Os muitos jogadores negros que atuam no futebol europeu fingem que não é com eles. A mídia espanhola, com microscópicas exceções, bota a culpa na vitima,Vini Jr. 

E não digam que Vini é o primeiro. Vários jogadores brasileiros sofreram com o racismo que berra nas arquibancadas de La Liga. Ele é sim o primeiro a gritar alto. Alguns pretos, como Ronaldo Fenômeno, Rivaldo e Romário optaram, no seu tempo, por ficar calados. Vini expõe reação inédita com corajosa indignação. Está certíssimo. O jogador brasileiro foi atacado ontem no site do Real Madrid. Você inicialmente pode pensar que a conta do Real sofreu invasão. Não. O post é autêntico e foi veiculado na página oficial do clube.  

Se a FIFA, a UEFA, a CBF, a Conmebol e outras confederações ou federações não reagem além de campanhas para exorcizar culpas, a bola está como os jogadores pretos. Que eles,  ao primeiro sinal de racismo, parem o jogo. Se não furarem a bola estarão compactuando com um crime. Emissoras que transmitem o jogo devem suspender a cobertura. Patrocinadores precisam entrar nessa briga. Ou ambos, veículo e quem banca anúncios, estarão faturando com apoio de racistas impunes. 

A questão é a seguinte: chegou a hora de separar quem compartilha e quem combate o racismo. Não há dois lados. Só um deles veste o simbólico capuz da "Ku Klux Klan Klan" à moda da Europa. Multas, jogos sem torcida, punição leve de torcedores racistas, campanhas, faixas contra o racismo exibidas na beira do campo são bobagens diante da magnitude do problema. Tudo é muito bonito, mas inútil. 

Parar o jogo até que os racistas sejam presos é a solução. 

Não entrar em campo contra times que aceitam práticas racistas e não idendificam os criminosos nas arquibancadas quando têm o mando de jogo é a melhor arma. Mas, para isso, é preciso que jogadores pretos se unam. 

No caso de Vini não basta abracá-lo em campo. É necessário que botem a bola embaixo do braço e parem o jogo. 

Ou serão sempre cúmplices da indignidade nos estádios.

quarta-feira, 13 de março de 2024

Publimemória: com a decadência do meio impresso, a criatividade e a ousadia do passado foram banidas da publicidade

 


por Ed Sá 

Este anúncio da DeMillus foi publicado em 1997 na Revista Cláudia, da Abril. Atualmente, uma peça dessas seria inimaginável. A decadência do meio impresso, especialmente revistas, também atingiu a propaganda. O maior volume de anúncios é hoje veiculado na internet, principalmente em redes sociais de pessoas com alcance na casa de milhões de seguidores. A Manchete, nos seus melhores tempos e nas edições semanais, chegou a alcançar 400 mil exeplares. Em edições especiais como de carnaval, visita do papa ao Brasil, acontecimentos relevantes ou mortes de celebridadess duplicava e até triplicava esse número. Para referência, os rapazes e moças que estão no atual BBB 24, atingem de 400 mil a 7 milhões de acessos. Com raríssimas exceções, os publicitários, mesmo os mais criativos, ainda não se sentem à vontade com a linguagem da internet. A maioria faz peças simples na carona dos influenciadores. Na revistas e na TV os anúncios ganhavam destaque visual. Na internet que, é claro, atinge muitos milhões de consumidores, a maioria clica no "pular" e mesmo assim, em poucos segundos a mensagam básica é transmitida sem sofisticação ou criatividade. O "santo gral" da publicidade passou a ser criar uma mensagem que "viralize" sem "agredir" o código moral do Instagram, You Tube, Facebook e outros gigantes. 

Hoje, o anúncio acima seria provavelmente banido por sexualizar a mulher.  

Mídia: turismo da morte

Reprodução X


Jornalistas brasileiros desfrutam de "jabá" (*) em Israel. Foto: reprodução

Um "bonde' de jornalistas brasileiros viajou para Israel a convite do StandWithUs Brasil em missão de relações públicas nos fronts da Guerra Israel-Palestina. Entre 1 e 9 de março,O grupo - reparem que alguns estão sorridentes - visitou um memorial às centenas de vítimas do ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. Não há referências sobre os mais de 30 mil mortos civis em Gaza em função da retaliação israelense. Participaram do tour (aparentemente liderado pelo jornalista Caio Blinder) profissionais da Band TV, CBN, CNN, Estadão, O Globo, TV Cultura e UOL e dos programas Manhattan Connection e André Marinho Show.

(*) No jargão jornalístico, jabá, abreviatura de jabaculê, caracteriza viagens a convite, com tudo pago, quando profissionais da mídia aceitam missão promocional ou de relações-públicas de interesse do anfitrião pagante.    


sábado, 9 de março de 2024

Mídia - Ordinários, marchem! Como nos tempos da ditadura, o jornalismo volta a valorizar os (as) setoristas de quartel

Nos anos 1970, havia jornalistas em quase todas as redações especializados na caserna. Alguns eram informantes, outros apenas vibravam na breve convivência com os da farda. Sabiam tudo sobre a fila de promoções. Passavam notinhas para os Zózimo da vida sobre os prováveis ungidos com estrelas. 

Um desses jornalistas de coturno que passou pelo Globo e Manchete foi demitido, certa vez, por render nada além de pautas-recado sob o foco militar. Sua reação foi ameaçar o chefe: afirmou que tinha amigos no Doi-Codi.

De certa forma esses tempos voltaram em novo formato. Agora há jornalistas especializados no "clima" dos quartéis. "Cúpula militar está magoada", repetem. "A insatisfação contra a apuração da ameaça de golpe é grande", relatam. Cada um ou cada uma parece ter um general como crush. Ouvindo e vendo esses "porta-vozes", a audiência tem a impressão de que os tanques estão lubrificados e prontos para rodar as esteiras no asfalto da Praça dos Três Poderes seguidos pela horda bolsonarista. Não são repórteres, não parecem ter coragem para investigar de fato a temperatura da tropa, isso poderia ser notícia, apenas divulgam, como entregadores do "iFood" da extrema direita os recados que inflamam a situação política e animam a ala fascista do Congresso Nacional. Eles se dizem "analistas". Todo dia de manhã ligam para a "fonte próxima" para saber da insatisfação dos quartéis. Se o interlocutor lhes diz que está tudo calmo não há notícia e eles passam a apurar se Janja entrou em alguma loja de luxo para comprar roupa íntima de grife cara. Para esse tipo de jornalista, viver não é matar um leão por dia. É vender diariamente a alma aos patrões na black friday baratinha que, em tempos menos anglófilos, já foi conhecida como xepa. 

Redes sociais X Democracia : é conflito, solução ou batalha perdida?

 


por Ed Sá

O Portal dos Jornalistas publica pesquisa que analisa o que os eleitores de vários países pensam dos efeitos das redes sociais sobre os regimes democráticos. 

Há ainda muitas dúvidas sobre esse conflito. No Brasil, por exemplo, 71% acham que elas "são boas para a democracia", enquanto 25% acreditam que "não são benéficas".

Neste 2024 vários países passaram por eleições importantes. Juntos, tais pleitos poderão mudar a geopolítica mundial e todos, de um jeito ou de outro, estarão plugados na web. Pela primeira vez, as campanhas políticas, que já usaram amplamente o recurso das fake news, vão dispor da IA (Inteligência Artificial). A tecnologia avançou e atualmente permite simular com perfeição imagens e vozes. É possível criar um discurso inteiro, em vídeo perfeito, de um político qualquer. Em geral, a legislação está despreparada para enquadrar ese tipo de crime, e mesmo quando a lei estiver presente, a velocidade da internet é tão avassaladora que a providência jurídica vai chegar muito depois dos efeitos da mensagem falsa. Por enquanto, esse crime vai compensar.  

LEIA SOBRE A PESQUISA NO PORTAL DOS JORNALISTAS NO LINK ABAIXO

https://www.portaldosjornalistas.com.br/em-ano-de-eleicoes-gerais-pelo-mundo-pesquisa-revela-percepcoes-sobre-impacto-das-redes-sociais-na-democracia/

Na capa da IstoÉ: 60 anos depois do golpe de 1964, esse trapaceiro queria (ou quer) trazer a ditadura de volta

 


Para o lixo da história

 


A Universidade Federal de Pelotas cassou títulos de Doutor Honoris Causa concedidos ao ditador Garrastazu Médici e seu comparsa Jarbas Passarinho. Os dois receberam a homenagem no começo dos anos 1970, o período mais violento da repressão, quando Medici comandava assassinos e torturadores. Passarinho, além de importante colaborador da ditadura, deixou para a história seu cinismo canalha em forma de frase, como um dos assinantes do AI-5, o instrumento que deu aos militares o aval para matar oponentes. "Às favas, senhor presidente, todos os escrúpulos de consciência", disse ele enquato jamegava sádico e orgulhoso o documento que, na prática, autorizou uma onda de prisões, assassinatos e sessões de tortura. 

Desde a redemcratização o Brasil revelou os crimes da ditadura (1964-1985) e apagou muitas homenagens do tipo, mas deveria passar o rodo em muito mais celebrações dos ditadores. Por exemplo, a galeria do Palacio do Planalto ainda exibe os retratos do líderes do regime assassino como "presidentes". Há cidades com nome dos elementos, viadutos, pontes, rodovias etc. Falta ainda um grande projeto que mergulhe a fundo na corrupção praticada celeremente durante a ditadura e calada por força da censura. 

LEIA A MATÉRIA NA REVISTA CARTA CAPITAL NO LINK 

https://www.cartacapital.com.br/educacao/universidade-gaucha-cassa-titulos-concedidos-a-medici-e-passarinho-durante-a-ditadura-militar/

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Mídia: se cair a internet os correspondentes da GloboNews entram em pânico


Dá um Google, Julia Dualibi, e você verá que as "informações" pedidas ao correspondente estão na internet desde ontem. O jornalismo brasileiro já teve repórteres memoráveis no exterior. Do tipo que não apenas atravessava a calçada da sucursal para narrar um fato à distância. Eles iam em busca da notícia. Sem nostalgia, talvez por corte de custos, tornou-se comum o " jornalismo de mouse". Os rapazes e moças limitam-se a clicar nos sites de notícias locais em Londres, Lisboa, Nova York etc, e, abracadabra, são teletransportados para o Iêmen, Ucrânia, Gaza, Moscou, onde a internet levar.  Esquecem que as informações faiscam em cabos e satélites e chegam ao patropi em questão de milésimos de segundos. Depois não reclamem se a inteligência artificial tomar seus empregos. 

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Memórias: Aqueles dias nublados

 


por José Emerson Monteiro Lacerda, do blog Cogitações Diversas (*)

A parecença com o momento de agora fica por conta da dominação que sacode a área externa do mundo convulso em suas práticas de guerra. Naquela fase, em 1966, a bola da vez prenunciava escalada vietnamita de largas proporções, o que se verificou nos princípios da década de 70. O Brasil vivia o desânimo libertário, pois perdia espaço, nas ruas, praças, escolas, o ímpeto de transformação democrática, a sumir nos calabouços e na clandestinidade.

Em Crato, achávamo-nos à frente do Grémio Farias Brito, do Colégio Diocesano. Encenávamos a peça Um chalé à beira da estrada, sob a direção de Alzir Oliveira, nosso professor de História e amigo dos alunos. Declamávamos poemas modernos em pontos diversos da cidade, através do Jogral Pasárgada, formado de sete componentes do colégio: Zadir, Pedro Antônio, Gilva, Eros Volúsia, Clenilson, Bebeto e eu.

Resolvemos, então, publicar um jornal mural, O Bacamarte, depois ampliado em um órgão mimeografado (à tinta), o Nossa Opinião, do qual chegaríamos a tirar até 100 cópias e ficou só nos dois primeiros números, abafado logo no seu nascedouro pelas ameaças daquele trágico período político.

Nesse mandato, estivemos, ao lado de Aglézio de Brito, presidente da União dos Estudantes do Crato, e de José Terto, presidente do Grêmio do Colégio Estadual, em um congresso do Centro dos Estudantes Secundaristas do Ceará, em Fortaleza, realizado sob fortes conotações militares repressivas.

Espírito de contestação impunha atitudes rebeldes. À noite, após reuniões de acalorados debates e transmissão de informações desencontradas, saíamos, nas madrugadas, a pichar as paredes das ruas centrais com dizeres relativos ao momento de expectativa, fogo consumidor daquele turno de existência. 

É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. É um tempo de guerra, é um tempo sem sol. Sem sol, sem sol, tem dó. Sem sol, sem sol, tem dó, eram alguns dos versos que cantávamos, em segundo plano, característica das apresentações do Jogral, enquanto Pedro Antônio, à frente, declamava em altos brados: - Só quem não sabe das coisas é um homem capaz de rir! – seguido de outras palavras da canção Tempo de guerra, de Edu Lobo.

Esses são alguns quadros da época em que partilhamos das experiências culturais de um Crato fervilhante de jovens promessas e movimentações apreensivas, lembranças que retornaram esta semana, ao rever José Esmeraldo Gonçalves, velho amigo desse tempo, quando juntos elaboramos o Nossa Opinião. Ele que veio ao Cariri na ocasião do aniversário de 90 anos de sua genitora, dona Maria La-Salette Esmeraldo. Mora no Rio de Janeiro, onde trabalha na revista Caras (**). Dispõe de raros intervalos semelhantes a este de voltar à Região; o promete, no entanto, repetir, noutras oportunidades. (Texto de 2003). 

(*) José Emerson Monteiro Lacerda é escritor, fotógrafo, advogado e ewcreve no  blog https://monteiroemerson.blogspot.com

(**) Como observado, esse texto é de 2003. O jornalista cratense José Esmeraldo Gonçalves deixou a Editora Abril em 2014. Desde então, editou revistas de instituições e empresas, livros e folders corporativos.