sábado, 24 de fevereiro de 2018

Em crônica e rimas, Vinicius de Moraes pede para o Brasil sair do baixo astral... Qualquer coincidência...

Em 1965, Vinicius de Moraes era cronista da Fatos & Fotos. O Rio comemoraria 400 anos e o regime militar estava às vésperas de um triste aniversário. O primeiro da longa lista dos 21 que o país não festejaria.

Naquela semana de janeiro não havia motivos para festas e nem o  mar de Ipanema estava para poetas. A revista pediu ao cronista para fazer do Ano Novo o tema da sua página Vida e Poesia. Vinicius preferiu abrir a crônica falando sobre o ano anterior. "Ano ruim, ano safado, ano assim nunca se viu", escreveu.

Havia um baixo astral nos becos e nas praças, como agora, como nesses dias de intervenção, de Crivella, de Temer, de Moreira, A saída encontrada por Vinicius foi fazer rimas sobre desejos. 

"Que nasçam poemas, nasçam canções, nasçam filhos; e se terminem os exílios e se exerça mais  perdão. E brotem flores das dragonas militares e não mais se assuste os lares com esses tiros de canhão. Que todos se unam, se protejam, apertem os cintos; se reúnam nos recintos com esperança brasileira . E que se dê de comer a quem não come, porque o povo passa fome: e a fome é má conselheira..."

LEIA A CRÔNICA EM VERSOS DE VINICIUS DE MORAES PUBLICADA EM 9 DE JANEIRO DE 1965 NA FATOS & FOTOS N° 206. 


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3 comentários:

J.A.Barros disse...

Vinicius de Moraes é indiscutível e por unanimidade o nosso poeta. Mas, no lay-out da sua crônica a sua foto com cigarro é condenável. Ora, se Vinicius de Moraes fuma e por que eu não vou fumar também? Não não bastava o cinema americano com sua propaganda do cigarro, temos agora um ídolo da mocidade estimulando o fumo com sua fota cendendo o cigarro.

Maura disse...

Genial. O cigarro era coisa da época, hoje merece crítica, mas naquele tempo era normal. Vinicius amava as mulheres, todos sabem. Na crônica tem uma frase sobre dar em cima de mulher que hoje também seria criticada. Cada coisa no seu tempo

Antonino disse...

Não temos nada parecido aqui. Até o Museu da Imagem e do Som está parado