domingo, 25 de setembro de 2016

Instituto Moreira Salles adquire arquivos de fotos do "O Jornal", "Diário da Noite" e "Jornal do Commercio"



Ao longo da sua travessia jornalística muitas vezes polêmica mas sempre profícua, os Diários Associados produziram boa parte da memória fotojornalística brasileira.

Não apenas a geração de imagens que formam o espetacular acervo da revista "O Cruzeiro', que permanece ativo e preservado em poder do jornal Estado de Minas, mas o de dezenas de jornais de Assis Chateaubriand que registravam os fatos, especialmente do Rio de Janeiro, a antiga capital do país.

Segundo a coluna Ancelmo Gois, no Globo de hoje, o Instituto Moreira Salles, que mantém uma elogiável política de valorização do fotojornalismo, acaba de adquirir os arquivos do "Diário da Noite", do "O Jornal" e do "Jornal do Commercio".

Uma ótima notícia.

Impossível deixar de lembrar aqui, a propósito, o misterioso destino de um acervo igualmente importante.

Desde que foi leiloado, há alguns anos, o arquivo fotográfico das revistas da antiga Bloch (Manchete, Fatos & Fotos, Amiga, Desfile, Fatos, ElaEla, Sétimo Céu, Carinho, Tendência, Manchete Rural, Mulher de Hoje, Pais & Filhos, Enciclopédia Bloch, Domingo Ilustrado, Geográfica, entre outras publicações) permanece inalcançável.

Os maiores profissionais do país passaram pela Manchete. Inúmeros outros jovens fotógrafos, hoje consagrados, lá iniciaram suas carreiras.

Não se sabe, na verdade, onde estão e em que condições estão guardados milhões de negativos, cromos e ampliações produzidos ao longo de 48 anos, além de coleções particulares e jornalísticas anteriores a 1952, data de lançamento da Manchete, adquiridas por Adolpho Bloch. É tão frequente quanto inútil a busca, por parte de escritores, pesquisadores e documentaristas, de imagens icônicas do acervo sumido.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro já procurou informações via Justiça, há poucos anos.

Em vão.

Com o sumiço, rumores não confirmados, digamos, "lendas urbanas", correm entre alguns fotógrafos: um grupo de mídia teria adquirido secretamente o acervo; o arquivo não seria mais digno desse nome por ter sido desmembrado; o material já estaria deteriorado. Até uma versão mais hilária já foi considerada: Bill Gates comprou o arquivo, digitalizou tudo, e guardou os originais em uma antiga mina de sal.

Lamentavelmente, entre surrealidades e fantasias, o fato é que o acervo da Bloch não encontrou um IMS no meio do caminho.

Um IMS ou outra instituição pública ou privada capaz de um gesto de cidadania: o de recolher valiosa memória jornalística hoje à deriva.

4 comentários:

Rogério disse...

Repito uma sugestão que já dei aqui, o Brasil deveria ter um museu da fotografia com exposições permanentes dos nossos grandes artistas

Flávio disse...

O IMS está de parabens. São exceções no descaso com a memória.

J.A.Barros disse...

Depois de tantos anos desaparecido, o arquivo fotográfico da Manchete deve ter pedido mais de 80 % da qualidade das fotos em cores porque essas fotos tem que ser guardadas em ambiente refrigerado com determinada temperatura. Se não obedecer a esse critério técnico as fotos em cores desmaiam, quer dizer: perdem o seu colorido original. É muito triste que um passado histórico deste pais, gravado em fotos de profissionais altamente qualificados, verdadeiros artistas da fotografia, tenha se perdido por negligência e estupidez humana. Mas, isso é Brasil e dele pode-se esperar tudo.

Maura disse...

É as fotos do Jornal do Brasil? Estão com alguma instituição pública?