sexta-feira, 6 de março de 2015

Deu a louca nos aplicativos... Se, no passado, alguns inventos eram mais engraçados do que eficientes, hoje certos apps à venda são apenas inúteis... Os nerds estão descontrolados


"War Tubas" acionadas por ar comprimido. Foto Domínio Público

Esse aí é um espécie de estetoscópio gigante para detectar ataque aéreo.Foto Domínio Público
Há 100 anos, durante a Primeira Guerra Mundial, japoneses e ingleses acreditavam que as "war tubas" seriam eficientes para avisar às tropas sobre ataques aéreos de Zeppelin. A ideia era que esses gigantescos alarmes sonoros dispostos no litoral, no caso da Inglaterra, na costa sul, fossem acionados quando os dirigíveis fossem avistados. Como tais veículos se moviam em baixa velocidade, soldados e civis até a 30km de distância podiriam ser avisados. Com o emprego de baterias dispostas a cada 10km, o alcance do alarme seria ainda maior. Se incomodou o inimigo, não se sabe, mas a geringonça estourou muito tímpano de recruta desavisado. Os dirigíveis logo foram substituídos pelos aviões e a maioria das war tubas" virou sucata. Na Segunda Guerra Mundial, assustados com os ataques alemães, alguns comandantes ingleses levaram as cornetonas para o litoral. Mas logo viraram piada e chegada do radar mandou tudo de vez pro ferro velho. Também parece piada, mas engenheiros alemães desenvolveram um fuzil em curva para o soldado atirar protegido pelo canto da parede ou do terreno. Dez mil peças foram produzidas. Um fiasco. 
Tais bizarrices foram tema de um debate recente sobre a proliferação de aplicativos para celular. Há coisas úteis, como o aplicativo para chamar táxi, e há criações dignas de um professor Pardal. Em muitos casos, complicam tarefas simples que o analógico resolve melhor. Um app que indica se a melancia ou o abacaxi na feira estão maduros maduros. Dá para viver sem isso. A rede está lotada agora de aplicativos que ensinam a economizar água. A intenção é boa, mas um deles tem dicas do tempo da vovô: fechar a torneira enquanto escova os dentes, desligar o chuveiro enquanto ensaboa, cronometrar o banho de acordo com uma tabela decrescente, meta de consumo etc. O chato do app fica avisando por áudio essas obviedades. Tem um que recomenda não deixar a torneira pingando e faz um cálculo imediato do desperdício/litro/hora. E, si, está à venda um app para quem quiser controlar quando a namorada está menstruada para não perder tempo indo à casa dela. 
No tempo da Revolução Industrial, os gênios achavam que tudo se resolvia com uma máquina; hoje, os nerds acham que nada funciona sem app. Dizem que uns amigos, depois de muito insistir, conseguiram tirar um nerd da frente do computador e levá-lo para tomar um chope pela primeira vez. O cara gostou tanto que resolveu fazer um aplicativo que transforma o iPhone em uma tulipa de chope. Fez. Está à venda. E o nerd nunca mais voltou ao botequim. 
A palavra dos especialistas: cerca de 90% dos apps são absolutamente dispensáveis e tão inúteis quanto as "war tubas" e o fuzil em curva.     


Fuzil em curva para atirar na esquina. Reprodução. 

2 comentários:

C. Medeiros disse...

A maioria dos apps desenvolvidos pelos jovens nerds é brincadeirinha, piadinha, pegadinha. Perde-se um tempo enorme com essas bobagens.

Still disse...

isso aí é coisa de uns garotos idiotas, alguns apps me lembram aquela babaquice do tamagochi. Mas tem gente séria fazendo coisa séria