sexta-feira, 27 de março de 2015

Humor: Câmara dos Deputados, segundo Eduardo Cunha, vai construir um shopping em parceria público-privada. Como é que ninguém pensou nisso? Finalmente vai começar a reforma política

por Omelete
A Câmara dos Deputados pretende construir um shopping em parceria público-privada. Tudo a ver. Com tantas bancadas de setores corporativos, a instituição já parece mesmo mais privada do que pública. A iniciativa está sendo vista como o primeiro passo da reforma política. E não deixa de ser uma inovação: o Brasil passará a ter o único Parlamento do mundo que arrumou um sócio privado. Claro que se diz que certos deputados já foram privatizados por doações de empresas em campanhas eleitorais, mas a ideia do shopping é revolucionária e abrirá muitas possibilidades. Se a reforma política não for feita, pelo menos a reforma do prédio estará garantida. O shopping poderá abrigar academias, uma pizzaria de verdade não a simbólica, centros de cirurgia plástica e botóx, outro para tratamento de queda de cabelo, de cura da impotência, bancos para facilitar a vida dos usuários, agências de viagens e escolas para redação de projetos de lei. E qual será o nome do empreendimento? Parlashopping? Deputashopping? Câmarashoping? Isso ainda vai ser votado em uma PEC (Projeto de Emenda à Constituição).
Tendo em vista o alto poder aquisitivo do público-alvo, o shopping tem tudo para ser um sucesso. Poderá até virar uma instituição da República e se transformar em um quarto poder ao lado do Executivo, Judiciário e Legislativo. Está previsto que cada partido terá direito a uma 'cota shopping", isto é, poderá indicar um funcionário para cada loja.
Não entendo de urbanismo ou de plano diretor de Brasilia, mas me parece que aquela região não admite comércio. Ou já admite? Se realmente estabelecimentos comerciais forem permitidos na área, o pioneiro shopping dos deputados abrirá caminho para lojas no Planalto, no Itamaraty, nos Ministérios. Aqueles arcos e vãos livres do Niemeyer são perfeitos para abrigar um feirão, um sacolão, uma loja de automóveis. Um puxadinho em cada prédio desses poderá receber centenas de lojas, casas lotéricas e lanchonetes, criando emprego, atraindo investimentos.
Claro que o regimento da Câmara deverá ser modificado para que a Casa possa conviver harmoniosamente com um empreendimento comercial.  Caso um deputado tenha que se ausentar de uma sessão para fazer compras, basta trazer um ticket da loja que sua falta será justificada. Cada deputado terá direito a um carrinho de compras, que poderá levar para o Plenário, se quiser, antes de levar as compras para casa. Poderão também contratar um "personal shopper" para agilizar suas compras e liberá-los mais rapidamente para suas funções republicanas.
O shopping é da Cãmara mas os senadores poderão frequentar, terão desconto e vão poder pagar na parcela em dez vezes. Um grupo de deputados prefere, em vez de desconto, que as compras sejam subsidiadas com o Fundo Partidário. Como medida educativa e para mostrar a importância do Legislativo, as lojas deverão, de preferência, ter nomes sugestivos: CPI, Constituinte Exclusiva, Projeto de Lei, Comissão, Plenário, Veto, Bancada, Base Aliada, Oposição, Cassado, Indiciado, Renúncia, Verba de Representação etc.
Uma ideia ainda em estudos é que o título eleitoral passe a ser cartão de crédito e débito, facilitando a vida do cidadão que queira ir ao shopping da Câmara e, como a ideia é muito boa, às futuras lojas das Assembleias e Câmaras de Vereadores de todo o país que certamente terão seus próprios empreendimentos comerciais.
E mais: o shopping será democraticamente aberto ao público. Mas só os líderes dos partidos e os titulares de Mesa Diretora e presidentes de Comissões poderão fazer rolézinho.
Afinal, democracia não é sinônimo de bagunça.

5 comentários:

J.A.Barros disse...

Enfim Brasília vai ser reconhecida como um grande favelão, que na verdade é.

Carla disse...

É humor mas o pior é que do jeito que estão as coisas até poderia ser verdade

AB.Dias disse...

Li hoje que essa brincadeira vai custar 1 bilhão. E qual vai ser a empreiteira? Galvão? Ou do genro do JK, Paulo Otávio, ou de Luiz Estevão, ex-senador? Ou a Delta?

J.A.Barros disse...

Quer dizer então que o Iglu do Niemeyr de Parlamento a Gran Circo vai agora virar um "Shopping"? E as lojas vão vender o que? Empregos na Petrobras? Licitações ilicitas? Propinas para Eletrobras, Petrobras, Sacanobras, Bordeubras? Afinal que tipo de mercadorias esse "Shopping"irá vender?

J.A.Barros disse...

O JK brigou com o seu genro há muitos anos e saiu da empresa e foi trabalhar na Bloch Editores com Adolpho Bloch seu amigo.